Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 84
83. Tal como Anjos e Demônios


Notas iniciais do capítulo

Comentários são bem-vindos.
Fantasmas não são-bem vindos, a menos que comentem. ; )



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— Bem-vinda ao meu doce lar.



Meus olhos se arregalaram. Provavelmente porque aquela também era a residência de Lucas. Possivelmente porque algumas portas misteriosas estavam se abrindo para mim. Mera surpresa.


— Você fala sério? – Disse sem querer demonstrar meu deslumbramento, no entanto já me denunciando.

A expressão de Locke me lembrou que ele estava falando realmente sério. Cruzei os braços e fiquei bem atrás dele. Ainda olhando, bem... Ainda tentando entender aquela pequena casa. O portão era baixo e marrom, pequenas lanças afiadas com de preta marcavam para cima. .

Ele destrancou o pequeno portão e me deixou passar, bem como um cavalheiro, no tom de: Primeiro as damas. Atravessei e continuamos andando uns poucos passos até a porta frontal. Notei que a porta frontal era uma grande porta de madeira com vitrais artísticos em formas de flores, rosas para ser mais correta, em tons de vermelho e verde, era uma porta bela. Além disso, não pude deixar passar, havia uma abertura na porta, uma das rosas do vitral encontrava-se estilhaçada. Um furo – Parecia ter sido feito por uma pedra grande.

Ele enfiou a chave e girou na fechadura.

De modo repentino, sua mão tocou em um interruptor e minha admiração foi ainda maior. O semblante da sala era de abandono total. Um cheiro de mofo me invadiu as narinas, rapidamente eu cobri meu nariz com minha mão esquerda. Parecia que não entrava oxigênio naquele lugar há décadas, duvidei que alguém pudesse verdadeiramente habitar aquele lugar, não alguém que tivesse alguma sensibilidade olfativa, não alguém que tivesse alguma alergia.

Locke fechou a porta atrás de mim, mas eu não parei de notar o mobiliário.

No quesito moveis a pequenina sala, possuía apenas uma estante velha cor de acaju com um televisor e um aparelho de som da década passada, porém maciça de opúsculos.

Uns pares de sofá de couro em tom escuro, de dois e três lugares e uma mesinha pequenina e quadrada marcando o centro da sala, As paredes se prestavam em tonalidades pastel e uma luminária de pingos de cristais despencava. A decoração não era do tipo que procurava combinar, era uma decoração no mínimo, pessoal e incompatível. Atrás de mim, uma escada velha com um corrimão de madeira se arrastava para o andar de cima, coberta por um carprete encardido e fixo, meio amarelado. Cruzes.

Encarei-o antes de entrar, e ele me deu um sorriso meio fechado e tranqüilizador.

Entrei e me acomodei no sofá de dois lugares. Ele fechou a porta atrás de si e se afastou com um sorriso petrificado. Suas feições eram exatamente como as minhas até mesmo o cabelo em camadas que caiam suavemente na testa dele, de modo repicado, que bizarro, tínhamos o mesmo corte.

Olhar para Locke era como olhar para um espelho em uma versão alternativa minha, algo nele era eu, ou, talvez algo meu fosse dele. A diferença era que ele era uma versão mais bem resolvida de mim. Mais velha. A alma dele parecia completamente confortável com a própria pele, com a vida que levava, seja lá qual fosse ela. Locke era confiante e inexpressivo.

Ele se sentou de um jeito relaxado, o mais longínquo de mim. E passou as mãos sobre os cabelos castanhos. Depois esperou. Sabendo que eu tinha que falar algo, acenei e falei.

— Sua casa é bem empoeirada. Talvez você devesse consertar o aspirador de pó.

Ele limpou a garganta e disse:


— Bem... Não fico muito por aqui, na verdade quase nunca venho. Então, acho que estou justificado por toda esta desordem, de qualquer forma, queira me perdoar. Só achei que seria um bom lugar para conversarmos, é inabitado e extremamente secreto.

Eu engoli a seco. Ele afastou os seus olhos de mim.


— Aham. Não tem problema, que seja. – Eu disse.

Brianna , me lembrei como um relâmpago, Brianna era a razão do que tinha me levado até ali.


— Você tem namorada? — Fui direta e objetiva.

Isto chamou sua atenção. Ele estreitou os olhos para mim e sorriu de um jeito desconcertante.

— Não — foi tudo que ele disse.
— Brianna o estima muitíssimo. Na verdade sua conta com ela é bem alta. Ela te acha super maneiro.

— Eu também a aprecio muito — ele deu os ombros.
— Você não gosta dela? — arrisquei o tudo ou nada.

Ele sorriu quase carinhosamente.

— Eu gosto dela como uma boa amiga — disse convencido.
— Tradução: Você não gosta dela.

— Bem, se você está querendo colocar tudo em preto e branco, tenho certeza de que não gosto dela da mesma maneira. Ela sabe disto tanto quanto eu. Ela é uma garota encantadora, mas existem pontes intransponíveis entre nós.

— Lucas não consentiria?

— Não — admitiu.



Eu ri e me reclinei, impressionada com a verdade apresentada. Aquilo não era real, eu poderia sentir bem abaixo da minha pele, existia pelo menos uns mil pretextos para ele não dar uma chance a Brianna, Lucas era apenas uma desculpa bucólica, não o verdadeiro motivo. Lucas era a máscara, ele mentia descaradamente para mim.

— Qual é o problema?

— Ela é a irmã do meu melhor amigo.

— Você não parece o tipo de homem que deixa uma mulher para lá, porque uma pessoa não dá a sua benção no relacionamento. Mesmo que a pessoa em questão seja o irmão.

— Você faz suposições demais.
— Eu tenho as minhas teorias.

Rimos e emudecemos por um pequeno instante. Eu engoli a seco. Aquele silêncio ficou pesado. Ele girou os olhos na minha direção, reservado. Aquela confissão nas entrelinhas de garoto mal-comportado tornou a rondá-lo. Seu rosto iluminou-se um pouco, quando viu que eu também possuía aquela declaração avassaladora nos meus olhos, aquela vontade desesperadora atrás do meu desejo. A resolução sempre presente em seu semblante, também não me era estranha. Apenas mais distante. Aquela determinação me era vaga. E naquele momento eu quis ser forte e determinada como ele parecia ser. Senti que ele também cobiçava algo que era meu, aquele olhar roubando meu ar. Ele era a escuridão e eu era a luz enevoada. Mas aquele rapaz parecia não se preocupar com isso. Nenhum de nós estava preocupado com aquilo que deveríamos ser – Não aquela noite. Não ali diante de nós. Com aquela coisa estranhamente gritante e familiar.


Ele se ergueu e caminhou na minha direção, acomodou-se exatamente do meu lado. Sem espaços. Aqueles olhos que hora eram ardor, hora em tom esverdeado, hora mais escuro que a noite, eles pareciam me decifrar – decodificando minha pretensão e medo. Lembrei da primeira vez que o vi. Ele poderia ser só mais um na multidão. Mas aquele rapaz não era. O semblante dele era nebuloso demais para se misturar com todos aqueles risos e instantes, parecia mesmo um peixe fora do aquário, uma peça aleatória. Ele não era dali, pois não pertencia de fato ao lugar. Ele era nebuloso e ao mesmo tempo tão fascinante.

— Por que está me olhando dessa maneira?
— Porque você não é como as outras.
— Não. Na verdade eu não sou! Aliás, eu devo ter batido minha cabeça quando era pequena.
— Por quê?
— Bom, por exemplo... Eu mal te conheço. E estou aqui com você.
— Acha mesmo? Acha que não nos conhecemos? Que não estamos conectados de alguma forma?
— Mm. Mm... – Mordi meus lábios – Eu não sei bem... Talvez, não faço idéia.

Ele então respirou profundamente, como se precisasse do ar para mais além de meramente respirar, como se ele precisasse dar uma noticia, uma nota ruim. Ele desviou o olhar dos meus, olhando para a escura tela preta da televisão. Eu não consegui desviar meus olhos da sua face. Então sua voz tornou-se mais circunspeta.

— Talvez tenha sido tua afeição de ser meiga e privilegiada tal como os anjos, ou terá sido porque és solitária e perdida bem como os demônios? — Ele confessou pausadamente, recitando um fragmento de algo que eu conhecia, de algo que eu já li.

Eu me senti como se um bloco de algum iceberg tivesse me congelado instantaneamente.

***


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Notas finais do capítulo

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