Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 8
7 Compatibilidade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/106151/chapter/8

Voltamos ao carro.


Eu fechei meu guarda-chuva e o acomodei entre minhas pernas. Atirei minha mochila no banco de trás e ela repousou ao lado da mochila de Lucas. Coloquei o cinto de segurança e observei Lucas. Ele mantinha-se com o crânio entre o estreito vão dos braços, que agarravam retos e firmes o volante. Pensei em perguntar: "Sente-se bem Lucas?". Mas desisti.

Os cabelos levemente molhados mostravam uma falsa perfeição existente ali. Eu o notei, ele era de fato atraente como as meninas do colégio Nebraska achavam – Encantador do jeito avesso. Exótico. Muito estranho mesmo.

Demorou um pouco para partimos. Ele admirou o nada por um longo momento. Os pára-brisas trabalhavam com muita eficiência. Enquanto a chuva parecia somar. Lucas moveu seus dedos para tocar o luminoso radio prateado. E o silêncio foi quebrado.


Olhou para mim velozmente e voltou à cabeça. Eu fiz o mesmo. Mas antes notei que havia um livro – no espaço oco planando bem acima do rádio. Fixei nele, até conseguir concluir todo o titulo. Letras bonitas e rubras estavam quietas em capa dura. Algumas letras estavam reclusas da minha visão. Em uma grafia gótica e tortuosa, eu li – Drácula.

Algo inquieto borbulhou em meu turvo pensamento matinal. Algo próximo de uma alusão tão intíma e extraordinariamente particular, que nem eu mesma conseguiria saber. Era pertubador ficar tentando pegar algo abstrato no ar. Ler as entrelinhas. Algo que deveria te pertencer, algo que nunca tinha sido meu. Era como ter a réplica dos problemas, o interruptor mágico, ou a chave premiada. Tudo que eu sei, é que o tal pensamento fora um flash, uma espécie de estrela cadente extremamente apressada para dar explicações. Fiquei no vácuo.

( Talvez isto tenha haver com este livro)

Fora a única frase.

Minha face estava submergida na desordem e na euforia do clarão que foi arrancado da minha mente há poucos minutos atrás. Lucas apreciou a garoa e observou meu rosto brevemente. Logo após, aumentou o calibre do rádio, até então estava quase inaudível. O aparelho tocava uma melodia quase feliz. Para ser honesta aquela canção me apresentava a luz do sol em dias incomuns.

— Lucas? – Ele me olhou de canto.
— Hum? – murmurou.

— Por que você nunca anda com ninguém na escola? Parece que tem alergia mortal das garotas.

— Claro que eu ando. – ele franziu a testa. – Estou andando com você.

— Não deveria andar com uma garota reclusa. Falo das outras.Existem muitas outras no colégio, que dariam um dedo para estar no meu lugar – pensei em Anabel.

— Não quero o dedo de ninguém. E as outras não servem para andar comigo.

— Não é? – perguntei enraivada pela explicação narcisista. Ele maneou a cabeça negativamente.

— Cara...Elas não iam querem andar com você se soubesse realmente quem é o mudinho estranho da sala.

— Eu sou o mudinho estranho? – perguntou sem grande espanto.
— Arhm. Então...O que na sua visão hipócrita e terrivelmente soberba...faz pensar que elas não servem para andar com você?

— Elas não andariam comigo pelos motivos certos.
— Por que elas andariam com você então? – indaguei interessada demais.
— Elas andariam comigo por que sou o enigma a ser descoberto. Você por outro lado – molhou os lábios – anda comigo por que sou a ultima alternativa.

— Ultima alternativa? – eu gargalhei sem vontade. – faz-me rir.

— Você não suporta mais olhar para aqueles rostos felizes...Sempre falando de luxuria e álcool...Festas imbecis...e como suas carreiras futuras serão brilhantes. Você simplesmente não se encaixa.

— Eu ainda posso ter um futuro!

— Futuro? – ele deixou um riso diabólico escapar.

— Futuro? – continuou — Vai ser como o resto dos mortais. Criar crianças fedorentas. Trabalhar em um departamento imbecil...Aturar um chefe rechonchudo e mandão....Ir ao supermercado....E se dar conta do quanto ganha mal no fim do mês. Sem contar os problemas banais da humanidade. Violência...Caos...Medo...


Eu estava pasma. No melhor dos sentidos.

Eu poderia ter aplaudido a performance de Lucas Oliver – mas não o fiz. Não por não ter tido uma incrível vontade, e sim por ter ficado surpresa demais para me mover. De algum modo aquilo me entupiu de probabilidades – poderíamos ser amistosos. Realmente tínhamos esta posse. Equivalemos à compatibilidade – psicologicamente falando.

Eu tinha por fim, encontrado alguma pessoa no planeta, que pensasse precisamente bem, como eu. Meu rosto contorceu-se em um aéreo e fugaz riso. Lucas permaneceu incógnito, mãos ainda pregadas no volante. Olhos adiante. E pela primeira vez comecei a ver alguma qualidade que prestasse naquele garoto opaco de ENORMES OLHEIRAS, de um riso quase invisível, que ponderava sobre tragédias mundiais, como nenhuma pessoa jamais ousaria .

Comecei a sentir que de algum modo eu iria apreciar a companhia dele. Ao menos parte dela – Ele possuía a imprudência de balões escuros. - Era uma simpatia nascendo por ele, nascendo por mérito daquelas palavras. Seu jeito curioso de ver tudo era...excitante. Repentinamente eu entendi porque os outros não se adaptariam a companhia dele – Milhares de outras garotas tentaram, mas só eu fui à escolhida. E agora eu compreendia parte desta razão, obvio que não tudo. Era impossivel compreender Lucas. E isto era parte do jogo, parte do universo sombrio que escondia algum segredo, entretanto, eu teria paciência. Afinal ele era muito incompreensível para me entregar tudo de bandeja.

E eu gostava disto também.

— Onde iremos após as aulas? — Ele perguntou depois de estacionar em frente ao colégio.

— Ao centro da cidade, o local eu ainda não decidi.

— Hum. Entendo. – disse pegando minha mochila e me entregando.

Descemos. Ele bateu a porta do carro e caminhamos um escasso a pé. Ele mantinha-se circunspeto. Sua irreprochável pose. Reparei que o chuviscar tinha dado uma pequena trégua.

— Escute isto, quando sair da prova. – disse me entregando um pequeno Ipod prateado.
— O quê? – disse meio confusa, obtendo o pequeno objeto em minhas mãos.
— Você vai gostar – disse ele - Eu gosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Clan Of Vampires - The Letter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.