Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 74
73. Perigoso, ou não.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/106151/chapter/74

Olhei em direção as janelas e as cortinas sobrenadavam com o ar gelado da manhã. Esqueci-me de fechar a vidraça – merda, ele me visitou durante a noite? Aquilo já estava preocupante, sua caçada estava começando a me assustar.


E aquela carta, aquilo era uma terrível palhaçada, uma brincadeira ridícula e totalmente infantil. Como Lucas pensou que eu fosse cair naquilo? Certo, eu cairia nessa com 12 anos, mas era incrível o que alguns anos poderiam fazer. Existência de vampiros? Claro, fala sério. Será que eu precisaria fazer um colar com alhos roxos? Abri a gaveta do criado-mudo, amassei a carta e enfiei lá de qualquer jeito.


Fechei a janela sem fazer barulho, e fui até o toalete ter meu momento como uma garota. Depois de tomar um bom banho morno, vesti meu uniforme e lembrei que tinha recebido certo ultimato da bruxa loira – certamente eu teria que ficar depois da aula, presa, asfixiada por sua presença horrorosa e hostil. Então, decidi que pela primeira vez na minha vida eu iria matar aula, eu tinha uma boa
razão para isso, aliás, para ser honesta, eu tinha muito mais que uma razão apenas.

Tomei café. Calcei meu All Star. Peguei minha mochila. E parti. 
Decidi que o melhor local para passar a manhã, era o Recanto Verde, um lugar público, e bastante agradável. E assim eu o fiz me pus à longa caminhada.  E enquanto meus pés tocavam o asfalto, e o vento destruía qualquer forma apresentável que meu cabelo poderia sonhar ter, sorri vagamente ao pensar naquela carta, naquelas palavras tão desejáveis a mim em meus dezessete anos, virar vampira, se aquilo fosse real, seria uma boa escolha? Quer dizer, eu tinha muitos problemas enquanto humana, mas eu viveria bem melhor como uma criatura da noite? Será que eu conseguiria ser feliz para sempre ao lado de Anthony, seria mais fácil, seria adequado e romântico? Bobagem – Ri ao cogitar aquela insanidade.

Depois de chegar ao local, senti que a atmosfera era outra, o sol já começava a esquentar minha pele, e meu coração parecia tristemente confortável. Já não me sentia mais quebrada, bem, não totalmente, talvez apenas em parte.

 Atravessei os portões de madeira – também verdes. E comecei a caminhar pela passagem de pedras arredondadas que havia lá. Já havia um grande numero de pessoas no local, andando de bicicleta, de patins, patinete, se exercitando na academia ao ar livre, enfim, mas apenas eu parecia estar fugindo de algo, fugindo de mim e todos ao meu redor. Era difícil de explicar. Era terrível.

Fui adentrando na fileira de verde –  as grandes arvores me liquidaram, enquanto eu olhava para cima com os olhos semiabertos, observando os flashes solares que passavam através de suas copas. Era harmonioso. Respirei profundamente e senti o ar abraçar meus pulmões. Era minha paz, como diamantes no céu.
Continuei caminhando até alcançar a área das sombras, lá não havia sol, ainda não. Existiam mesas de madeira – estilo piquenique. Sentei-me em cima de uma delas, apoiei meus pés no banco, onde tecnicamente eu deveria sentar, e deixei que minha mochila descansasse ao meu lado.

 - Matando aula? – Escutei uma voz sair de trás do imenso carvalho. Virei-me assustada.
- Uh. – suspirei suavizada. Era Locke, parecia não ter dormido noite passada, suas olheiras estavam mais puxadas para o arroxeado, e seu cabelo estava mais curto? Certo, ele tinha mudado o penteado, pô agora ele estava ainda mais bonito.
- Desculpe tê-la assustado.
- Está tudo bem. – Disse me virando, ele se sentou ao meu lado, nas sombras frias.
- Então, estou surpreso em te ver por aqui.
- Então somos dois, - ele me olhou com um sorriso bonito de conquistador – Sabe, você seria a ultima pessoa que eu esperava ver aqui.
- Eu estou sempre por aqui.
- Uh. – murmurei.
- Estou tentando dar um tempo por hoje, por isso estou aqui.
Houve um silêncio desconfortável, depois ele quebrou a cadeia muda. Pigarreou e disse:
- Lucas me contou sobre vocês – Eu lhe lancei um olhar pasmado.
- O que ele te contou?
- Que vocês estão meio que conduzidos, sentimentalmente falando.
- Ah. Pelo amor dos céus, eu não estou nessa! – Fiquei surpresa ao vê-lo demostrar certo contentamento pela noticia. Era estranho dizer, mas agora eu sabia que minha atração por ele era reciproca, e eu me senti em perigo ao constatar isso.
- Alguma coisa errada? – Ele pareceu perceber o que eu estava sentindo.
- Nada de errado. Locke, você tem alguém, quer dizer, deu para perceber que Brianna gosta de você, e teve aquela garçonete...
- Brianna é uma boa amiga, irmã de um cara que considero muito, quer dizer, uma boa garota, mas não estou interessado. – Foi tudo que ele disse.
- Ela não é boa o suficiente para você? – impossível não perguntar.
- Eu não sou o cara para ela, honestamente não sou do tipo que gosta de ficar preso em uma relação. Gosto da minha liberdade.
- Entendo. – Mentira, eu não entendia porcaria nenhuma. Eu adoraria estar presa com alguém, essa que era a verdade.
Olhei para baixo, tentando encerrar o assunto.
Eu não era confiável. Eu queria apenas me jogar nos braços dele, e afogar todas as minhas magoas. E se ele desse o primeiro passo, sim, eu faria.


- E você tem alguém na sua vida?
- Eu tenho sim, mas não quero falar a respeito.
- Uh. Certo.
Será que ele não iria tentar me beijar ou algo do tipo, certo ele era mais velho que eu, era bonito, meio badboy, desapegado sentimentalmente, e gostoso, então, seria por isso que eu não o tinha gamado? Eu não era o suficiente para ele? Contudo, inesperadamente ele pareceu adivinhar alguns pensamentos meus, era como se ele conseguisse alguma sintonia com a minha mente.
- Quer ir para a minha casa, sabe para permanecermos mais a vontade?
- Tudo bem. – disse como se as palavras fossem desnecessárias.
A despeito de toda a emoção que eu sentia o frio na barriga que me assolou ao pensar que eu e ele estaríamos solitários, eu teria coragem de ficar com ele? – justificada – e dos resquícios de culpa, eu não pude impedir um sorriso lento se instalar em meu rosto. Aquele seria o primeiro dia que eu não estaria pensando nas consequências, o primeiro dia que eu iria fazer algo a respeito da dor que Anthony tinha me causado, eu acharia algum conforto nos braços de Locke? Eu conseguiria levar aquilo adiante?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários?