Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 72
71 Beijo Roubado




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/106151/chapter/72

Fiquei lá, escutando toda aquela conversa e querendo destruir alguma coisa. Não contrário, me remoí de fúria — aborrecimento — e ira integral, me senti a pior garota da face da terra, enquanto meu nome derretia na boca repugnante delas — principalmente de Anabela. O prazer dela em me pisar era completamente pessoal. Quando aquelas piranhas partiram, sai do banheiro me sentindo desprezível, como se aquilo fosse ainda mais possível. Olhei meu reflexo na limpidez do espelho e percebi meus olhos esverdeados, irritados, acesos e cabisbaixos. Todo o tempo que estive escutando aquele veneno, minha mente tremia, eu não sabia como elas tinham ficado sabendo do fim do namoro, mas eu ia fazer com que elas se lembrassem que mesmo longe de mim, Anthony não era um cão vira-latas sem dona. Eu iria reagir, eu tinha que reagir, isso fez meu estômago borbulhar e se retorcer. Eu estava totalmente fora de controle.

Sai do toalete e caminhei com passos velozes, os alunos já estavam em peso no primeiro andar, esperando o inicio das aulas, olhei rapidamente para minha sala, e Anabela continuava lá, rindo com suas amigas megeras — possivelmente alongando a calúnia sobre meu namoro findado, mas ela ia ver, aliás, ela não esperava para ver. Ultrapassei minha sala, até alcançar a porta do segundo ano, então eu o vi. Parado, meio cabisbaixo, totalmente luminoso. Obstinada eu caminhei até sua carteira e parei. Ele olhou para mim e sorriu independentemente de qualquer reação minha. Peguei sua mão e disse:

— Vem comigo, Anthony.

Sem pestanejar ele caminhou entre os colegiais. Seguindo-me aonde quer que eu desejasse. Parei no lugar utópico — No meio do corredor, bem em frente a minha sala de aula, bem no espectro de Anabela e das suas cobras. — Olhei na direção delas com um olhar vingativo, algo intrépido, destemido, um olhar que determinava muito bem os pontos e vírgulas naquela droga de colégio. Deixei minha mochila cair dos meus ombros, então me inclinei para beijá-lo. Bem dizer, eu me arremessei em seus braços, que logicamente me acolheram com potência. Beijei-o de uma forma eufórica, ele fez o mesmo, coitado, não entendia nada. Entretanto obedecia. Ele corresponderia ao meu beijo sucessivamente. Ele era um garoto, garotos eram assim, tão vulneráveis. Os estudantes fizeram um alarido, uma bagunça juvenil a nossa volta. Alguns aprovavam, outros eram moralistas e hipócritas, mas a maioria eram fãs do “Casal” que bateram até palmas e assoviava, eu nem sabia que tinha fãs, mas eles estavam lá. Só o larguei quando não conseguia mais respirar.

Isso.

Eu olhei em volta e os holofotes estavam centrados em mim — Prestigio, uma droga de fama de cinco minutos e o olhar de desilusão de Anabela algumas bocas em forma de “O”. Aquilo não tinha preço, vencer seus inimigos pelo beijo de um garoto.

Anthony foi a ultima expressão em que reparei, ele ficou estancado. Parado. Sem reação. Talvez esperando alguma explicação plausível para aquele beijo, mas essa explicação não chegaria.  

— Isso significa que estamos juntos outra vez? — Perguntou já contente.

— Significa que tornei esse momento memorável. — falei pegando minha mochila do chão e deixando todos para trás.

Os outros adolescentes riram eufóricos. Não olhei para trás.  

Fui para a sala de dança.

Sentei no pufe verde florescente e fiquei por lá, esticada. Batuquei os pés no chão de madeira. Decidi que não assistiria à primeira aula.  A solidão às vezes era legal, principalmente quando sua consciência lhe gritava sobre impulsividade e maluquice. Eu me sentia envergonhada, mas eu tinha feito minha cama, eu não ia me desculpar por isso. Balancei minha cabeça sentindo a culpa me arrumar, tentando vencer a batalha mental, que se tratava de represália. Afinal, eu tinha calado a boca de Anabela, não era esse o propósito? Sim. Era isso e pronto.

De repente, como um script de filme. Meu maluco perseguidor entrou na sala. Tocou no interruptor e acendeu as luzes, acabando com a escuridão em que eu me escondia.

— Lugar errado, hora errada, Lucas.

Ele nada disse, apenas afundou no pufe vermelho que jazia próximo a mim, ficamos nos encarando. Lucas levou suas mãos à testa e esfregou seus olhos, mostrando-se obstupefato de alguma situação. Eu recuei, como se aquele gesto dele me trouxesse a superfície dos fatos mais uma vez. Seus olhos cortaram os meus.

— Eu conheço você? — Perguntou como um golpe de faca.

Ele continuou me olhando, inabalável. Eu fechei meus olhos, exausta dele.

— Diga-me o que você está pensando? — Perguntou com uma calma perigosa.

Eu hesitei, mantendo meu silêncio.

— Nós nos conhecíamos? Sim, — Ele riu quieto — pois acho que não conheço mais você, não depois dessa demonstração gratuita. Annie, eu posso lidar com más noticias. Então, me diga o que você está pensando?

Meu coração bateu mais rápido, não sei por que.

Ele passou a mão embaixo do queixo e deu um suspiro esgotado.

— Achei que vocês tivessem rompido os laços. — declarou. — Você não deveria ter feito isso, então, o que houve? — Lucas sabia como ser persistente e chato.

— Sua namoradinha. — Rompi meu silêncio — Anabela disse umas coisas a meu respeito, eu não gostei. Então eu fiz o que tinha de fazer.

Ele riu e isso me deixou ainda mais acanhada.

— Você acha que ele é seu domínio? — Lucas içou as sobrancelhas questionando.

— Não é da sua conta!

— Ele não é.

— Mas ele foi.

— Você não pode fazer isso outra vez, você me entendeu? — disse ele compenetrado. O azul me afrontando.

Eu o observei sabendo que havia mais do que uma dor de cotovelo não revelada. Ele estava tentando me dizer alguma coisa. Alguma coisa que não poderia ser discorrida. Mas talvez não fosse nada disso — Bobagem.

— Lucas, o que é que você quer comigo?

— Quero apenas que você volte a si, e pare de fazer criancices — Frase idiota. Momento frágil. — Quero que pare de lutar por batalhas que são perdidas. Quero que você enxergue que é insistentemente linda, e que merece muito mais da vida. Quero que você abaixe as armas para mim, e que saiba que eu estou aqui por você. Quero que você sinta isso... — Ele se ajoelhou na minha frente e pegou minha pequena mão gelada entre as suas.

Seu coração. Aquele som. Tum-Tum-Tum-Tum. Cada vez mais veloz.

Examinei seu rosto, o azul me encarando de um jeito diferente, gentil e pertinaz. Suas orelhas roxas perto do meu rosto. Meus olhos querendo fugir daquele momento romanesco, sonhador e falso.

— Você vai ter que fazer melhor que isso, Lucas. — disse tentando o afastar.

Logo em seguida percebi que tinha falado demais.

— Você que manda. — Ele estudou-me com um olhar intransigente.

Ele encostou seus lábios nos meus e fechou seus olhos, me beijou. Eu fiquei estática a principio. Meu coração triplicando as batidas de modo traidor. Lucas forçando pouco a pouco seus lábios aos meus, segurando a minha nuca, aprofundando o beijo, eu comecei a mover meus lábios sem saber ao certo como me portar, eu de olhos abertos vendo tudo aquilo. Era macio e era aterrorizante — Empurrei-o para longe com força.

Ergui-me de modo veloz, totalmente atordoada, horrorizada com o beijo roubado, corri para fora da sala.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!