Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 71
70 Humilhação




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Uma garota ferida pelo Amor.

Eu precisaria sepultar meus sentimentos – E afogá-lo no mar de decepções. Enterrá-lo a exatos sete palmos do chão. Essa foi uma lição difícil para os meus dezessete anos. Eu teria que enterrar e considerar morto, uma pessoa viva.

Eu não sabia bem como faria isso, como conseguiria continuar minha vida? Como conseguiria ir à escola todos os dias, como conseguiria juntar os pedaços do meu coração, como conseguiria me erguer e respirar outra vez, totalmente sozinha. Aquelas três palavras: Eu te Amo, nunca mais seriam articuladas para mim, ou eu nunca mais as diria. Nesse momento não foi só o sol que desapareceu no horizonte, foi minha vontade de reagir.

Fui para casa e me deitei na minha cama, procurando não desabar em lágrimas. Questionável que não deu certo. Eu desmoronei como há tempos não foi imaginável, chorei como um anjo que tem seus braços quebrados. Abracei meu travesseiro com tanta força que fiquei mortiça, afundei meu nariz no travesseiro tentando abafar meus gritos, medos, e prantos. Perdida.

Adormeci na dor.

♦♦♦

No outro dia acordei com o sol maléfico do meu despertador matinal. Afundei meu indicador no botão soneca e me icei depressa. Fui ao banheiro e fiz o que tinha que fazer, não olhei no espelho, pois não quis recordar que amor e suicídio estavam automaticamente acoplados.  Vesti meu uniforme cinzento, All Star nos pés, e óculos escuros na cara para tentar minimizar os danos de uma noite mal dormida, uma noite que teve como resultados olhos inchados, mesmo sem ver meu reflexo era possível notar a bolsa que se formava envolta deles. Mega inchados.  Minha imagem era lamentável. Eu me rejeitei. Desci e minha mãe tinha saído – ido ao supermercado, como dizia seu bilhetinho doce —, o que era ótimo, afinal não teria que explicar minha aparência de soldado que fracassou na guerra. Melhor assim. Bebi meu café, peguei minha mochila e fui para a escola.

Enquanto caminhava eu podia sentir meu comprimido quando o pânico começou tomar conta. Eu pensei que teria que encarar um grupo de adolescentes resolutos, enquanto minha vida imergia. Isso era… totalmente demais para mim. Contudo eu tinha que conseguir muitas garotas de dezessete conseguiam, eu tinha que arranjar um jeito. Meu jeito.

Quando atingi à escola, ainda não tinha batido o sinal. E ele não foi visto no pátio. Ótimo. Caminhei para a sala de aula de um modo apressado, com o maior cuidado de esconder meu rosto — Como alguém famoso saindo de um aeroporto qualquer. Cheguei cedo à sala estava deserta. Afundei na ultima carteira e dei um longo suspiro. As coisas ficaram quietas por um instante, até o excêntrico perseguidor aparecer, maldito radar que ele tinha para me seguir.  

— Olá Annie, você está bem? — Pergunta fechando a porta atrás de si.

— Estou muito bem.

— Óculos escuros na sala de aula? — perguntou conjeturado.

— Conjuntivite granulosa. — Respondi com sarcasmo.

Ele assentiu e caminhou para sentar-se ao meu lado. Os olhos de Lucas estavam ainda congelados em mim — me examinando como uma formula secreta. Aquilo me irritou um pouco. Por um momento, houve silêncio. E então ela estendeu a mão e agarrou as minhas, eu olhei abismada.

— O que ela está fazendo? – Quis saber.

 Ele então se curvou de vagar e deu um beijo direto nas costas da minha mão. Depois disso eu puxei a mão, enrubescida.

Ele se afastou e eu vi a expressão no rosto branco dele.

— Quero que você veja uma coisa — disse Lucas finalmente.

Eu esperei. Ele abriu a mochila e aproximou o caderno preto, o nebuloso caderno preto.

— Olhe.

Eu peguei com as mãos um pouco trêmulas. E abri a primeira página com um cuidado estranho. E meus olhos percorreram aqueles traços sobre as linhas azuis. Era minha fisionomia. Perfeita, em cada traço. Igualzinha a mim. No desenho, eu estava com uma cara nada amada, pelo contexto prestando atenção em alguma aula chata do Ensino médio — Olhei a data, me assustei ao entender que era o primeiro dia de aula dele. Fui folheando e o caderno estava recheado de coisas sobre mim, caricaturas, retratos, informações, épocas, encontros, endereços, traços da personalidade, gostos, desgostos, enfim tudo naquele caderno era sobre mim, tudo girava ao meu redor. Havia tantas imagens minhas — que eu fiquei de certa forma lisonjeada e sobressaltada.

— Lucas, o que significa isso? — disse olhando para ele com minha boca em forma de “O”.

Ok, isso pode ser exagero. Isso é contra as regras, você sabe. Mas desde o primeiro dia que te vi, eu... Bem, não importa.

— Você é um artista pessimamente perseguidor. – disse ainda admirada.

— Você gostou?

— Você sabe o que é loucura. Você ficou obcecado por mim, todos esses desenhos... Todas essas informações... — Eu parei e sorri.

— Você é um cara legal, Lucas. Mas é muito estranho.

— Estranho, por que gosto das suas feridas? Por que quero ficar perto de você? — Ele era um joga-charme barato.

Ele olhou para mim com aquele tom sério e totalmente obstinado.

Não tinha certeza de como estava me sentindo com aquilo.

— Me conceda uma chance, Annie? — Mordi de volta um sorriso, impossível negar que meu ego se sentia lisonjeado por Lucas Oliver insistir por mim. Mas era insanidade.

— Eu acabei de terminar um namoro. Não quero me juntar a ninguém, muito menos a você. — Eu tinha que ser grosseira? Sim, eu tinha que descontar.

Ela ficou lá parado por alguns segundos para deixar latente a sugestão de que ele não servia para mim. Mas nada que eu dizia parecia abalá-lo o suficiente. Continuou sério, e desviou o olhar. Depois de um tempo, agarrou a mochila dele e soprou uma frase para mim, prestes a sair da sala.

— Você é uma bruxa.

— E você é um lesado que não sabe quando não é bem-vindo.

Ele retornou até mim e inesperadamente puxou meus óculos sombrios, e toda a minha dor foi divulgada. Lucas e eu trocamos um olhar, e pela primeira vez, eu li os pensamentos no rosto dele, era piedade. Dessa vez fui eu quem tomou os óculos da mão dele e arrastei minha mochila para longe dali. Fui me refugiar no banheiro feminino. Foi desse modo que escutei Anabela e outras garotas da sala – fofocando sobre minha vida pessoal.

“Nossa eles terminaram, vocês estão sabendo?”

“Também, ela não transava com ele, nenhum garoto agüenta isso”

“Ele deve ter encontrado alguém mais quente que ela, afinal ela é tão sem-sal”

" Será que agora eu tenho chance? Tony é mesmo um pedaço de mau caminho"

“Verdade, uma tartaruga faria mais sucesso!”

Elas gargalhavam.


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