Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 57
56 Eu não sou imune


Notas iniciais do capítulo

Aeeeeee queridas leitoras do meu coração!! Que saudade de vocês e de tudo isso aqui!
Como prometi, estou de volta. A história está bem mais comentada do que quando a deixei e isso é totalmente gratificante! Obrigada mais uma vez... Pelo calor humano. E por mais uma recomendação ( Fourby ficou ótimo! ) Emoção total...Vou postar..Será que vocês irão me abandonar? HAHAHA Espero e torço aqui para que não.



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Dentro de algum lugar o sono me recebeu como uma brisa.

Acordei e o sol já estava no lacere. Droga, já tinha passado do meio-dia. Provavelmente eu fui dormir tão tarde ontem que perdi o café da manhã. Semicerrei meus olhos, e ergui um pouco o corpo, procurando a presença dele. Nenhum sinal manifesto. Encontrei apenas a sua ausência.

Afundei outra vez no meu travesseiro, instintivamente passei a mão em baixo dele e senti algo.

Rapidamente puxei o que quer que fosse, e vi que era um bilhete — minúsculo com letras tortas.

“Bom dia Annie, eu adorei nossa festinha do pijama. Espero que ela tenha sido boa para você também. Agora, olhe em baixo do seu leito.”

Imediatamente uma ruga precoce se estreitou na minha testa, demorei alguns segundos para me mexer. Depois, saltei da cama e olhei o que havia lá embaixo.

Havia uma caixinha pequena com um bilhete. Duas frases.

"Libélula – Pequena, bela, um olhar atenta e assaz predadora. Sei que vocês têm muito em comum."

Dentro da caixinha minúscula havia um colar dourado e fino parecia ter sido tecido com fios de ouro, incrivelmente delicado – na ponta um pingente de libélula com as asas negras e delicadas. Era simplesmente perfeito.

Eu o peguei com cuidado como se a libélula fosse escapulir por entre meus dedos, ou talvez se partir e ganhar vôo. Coloquei o colar em volta do meu pescoço, e fechei o pingente. Desconsiderei o bilhete estúpido.

                        ***

Domingo era o dia que eu deveria achar acolhedor e ameno, até seria, mas eu não pensava desta maneira, ao avesso, eu o achava suficientemente desagradável. Aliás, tudo que antes me era genuinamente divertido e feliz, hoje não era mais. A presença de Anthony tinha sustentado tantos domingos – sábados e dia-santos, que agora tudo eram um enorme vácuo. Era só mais um domingo, entre tantos outros dias do ano. Só mais um.

Anthony sugara o melhor de mim, ele sugou minha vida e alguns bons anos. Anos que poderiam ser aproveitados de outra forma, anos que não seriam desperdiçados – Eu nunca mais iria ter um coração capaz de bater por outra pessoa, eu sabia disto. Eu sabia disto bem antes dele ter dado sinais. Antes de ele ter me maltratado em sortidas ocasiões. Meu coração não era mais simbolicamente proveitoso, ele destroçou meus sentimentos.

Ele deveria estar feliz, certo? O vácuo que senti naquele dia, se fez doer, como em tantos outros dias que se seguiram. Não fazia sentido, quer dizer, por que alguém iria querer quebrar um coração totalmente saudável? Deus, como deixei alguém ter tanto controle sobre mim? Como fui capaz de entregar minha vida, minha alma e meu coração nas mãos erradas, mãos humanas. Mãos de um covarde, que não soube lidar com tudo isto, que não soube lidar com o amor verdadeiro. Bobagem – Eu era a culpada, a culpada por não ter visto os sinais, a culpada por ter uma estúpida romântica-não-assumida. 

“Você prometeu pra mim que seria esperta, você disse que nada disso iria acontecer, jamais. Você jurou nunca amar. Você foi uma tola, como todas as garotas do universo.”

Meu eu Racional e Infantil berrou suas cobranças através do meu crânio.

Eu já tinha descido e almoçado, mas naquela ocasião eu me encontrava atirada na minha cama, me sentindo miseravelmente abatida. O brilho solar só me fazia sentir mais destruição, era fácil me sentir melhor quando o sol não estava lá para me lembrar do dia maravilhoso que eu estava perdendo – Mas ele estava lá. Eu estava sozinha com a pessoa que eu mais detestava, eu estava apenas comigo mesma. Detestava a mim mesma, porque não havia afastamento, alienação, ou abdução. E não havia como aparentar um riso forçado para si próprio, era idiota. Mentir era como uma incumbência impossível, eu tinha que encarar a mim mesma. E era um momento horrível para nós duas. Sim, nós duas. A parte emocional e a parte racional. Lóbulo direito e esquerdo. Ambas fundidas na missão de achar seu lugar no planeta, ambas perdidas, unidas e tombadas. Ambas não poderiam manter o foco. Ambas eram apaixonadas pelo mesmo cara. A diferença era que a parte racional sabia que deveria esquecer e continuar a vida, a parte emocional por sua vez, sempre queria bancar a estúpida e se jogar nos joelhos dele, arrastá-lo para uma cabana pequena e viver da pesca marítima, de preferência em uma ilha.

***

“Cale a boca, você queria estar com ele tanto quanto eu. Eu não escutei você se queixar no principio” Disse a parte totalmente Emocional.

“ Eu lhe disse para não confiar nele, pensei que você soubesse o que estava fazendo. Será que eu tenho que lhe dizer sempre o que fazer? Você provocou a avalanche ” Retrucou a Racional.

“Você só enxerga os fatos, por você nós estaríamos sem ninguém até hoje, certo?”

“ Estaríamos felizes, não choramingando em um domingo ensolarado”

“ Você não gostou de sentir os braços dele a sua volta, você não gostou da sensação de olhar para o céu azul e pensar nele, saber que ele também pensava em você? Você não gostou quando ele cochichava nossa canção predileta?Você está chateada, pela mesma razão. Veja os encaixes entre os dedos, a mão dele não está aqui”

“Pois é nada é o que parece. E eu posso superar a ausência dele, mas preciso da cooperação. Droga ele é só um cara, não é o amor da sua vida!”

Abafei meu pensamento com imagens de nós dois juntos, momentos felizes. Sabíamos que aquela ultima frase era uma calúnia, ele era o amor da minha vida. Ele era o menino errado, torto e desgraçadamente terno.

Ele era.

Meu lado racional jogou imagens contrárias na minha mente, coisas rudes. Meu lado racional jogava baixo. Sua especialidade, choque de realidade. Representação de brigas – gestos feitos para machucar, facas rasgando meu coração. Sangue e dor. Muito sangue e dor.

Meu lado racional tinha ganhado a batalha. Eu precisava esquecer Anthony, mas pretendia tê-lo próximo até ter sucesso. Até ganhar a guerra invisível.

Até construir um muro intransponível.

E foi assim que passei o resto do meu primeiro dia da semana. Sentindo a dor esmagadora, embora eu tentasse reverter o placar. Eu estavaperdendo. O que mais doía não era por si só a ausência de Anthony, era a sua presença. Era o poder que eu tinha coincidido a ele, seu domínio sobre mim, a propósito de todos os meus pequenos ou espaçosos acontecimentos, aquilo era sobre minha existência. Havia uma parte de mim, que queria agarrar-se para sempre nas lembranças, por que era tudo que eu tinha dele. E de algum modo seria tudo.

Segunda-feira tinha se arrastado até mim.
Eu estava sentada na arquibancada da quadra de vôlei, em meio ao pequeno ginásio. Em minhas mãos eu tinha uma apostila de mecânica quântica e um lápis. Aquela matéria muito me aborrecia, mas eu estava tentando mudar meus hábitos, afastar tudo que me era ancestral e pular direto para o presente. A verdade é que eu estava tentando abandonar todas as coisas que me lembravam Anthony. E isto incluía meu velho eu e meu horror pelos algarismos. Agora eu seria a melhor amiga dos números – Eu amaria os números, mesmo que isto me custasse. Droga, a quem eu estava arriscando iludir?

Eu fechei a apostila e a pousei do meu lado esquerdo com o lápis marcando a pagina. Me encolhi de modo a abraçar meus joelhos e tentei prestar atenção no jogo de vôlei – Outra coisa que eu nunca teve o mínimo mérito para mim. Aquilo eu pretendia manter.

De repente, vi um semblante notório andar por entre os corpos suados dos estudantes, em minha direção. Era Anthony.

Escutei a voz de ele estalar minhas batidas cardíacas. Eu era uma tola.

— Olá — disse sentando ao meu lado.
— Oi — respondi em tom estéril.
— Está tudo bem? — disse, aparentando prestar mais atenção nos abalos do jogo.

— Estou legal – Menti — E você?
— Eu estou bem também – Eu não sabia dizer se havia ajustamento em suas expressões. Talvez não fosse exatamente verdade.

— E quanto a nós? – disse ele crepitando os dedos de ambas as mãos.
— Não sei o que você quer dizer – Menti outra vez.

— Estou perguntando se está tudo bem. Sabe, entre nós... – disse voltando seu rosto para mim — Desde aquele dia no hospital, você está estranha comigo. Você soa distante, às vezes eu tenho a impressão de que você está me ... Bem, você está me evitando?

— Eu teria razões para isto? – expulsei tranquilamente em sua cara.
— Não, mas... – Ele queria mesmo discutir nossa relação arruinada agora?
— Então, eu tenho que ir – disse socando minha apostila no interior da mochila — Minha aula começa daqui a pouco.

Eu me ergui em passo acelerado, e aninhei a minha mochila jeans em um dos meus ombros. Mas Anthony me acompanhou.

— Espere aí! – disse ele me puxando para si.




Suas mãos fixas no meu quadril. Arrastando-me para ele, para perto dele. Sua face chegada demais ao meu semblante. Seu hálito com cheiro de bala de hortelã. Seu perfume particular, tudo isto era cruel comigo. Cruel porque eu sabia que não poderia resistir, e ele não me deu tempo para pensar em nada mais. Para formular um árduo NÃO. Para lembrar-se de como se pronunciava as palavras...

Seus lábios estavam presos aos meus. Flexionando-os com certa eficácia e ao mesmo tempo brandura. Eles eram quentes e úmidos. Aqueles lábios eram o encaixe exato para os meus. Aquele beijo fora sempre minha recompensa por ser uma boa garota, mera insanidade. Aquele toque era tudo que eu não poderia resistir, ou talvez eu não quisesse resistir. Mas que culpa eu tinha? Eu o amava, por Deus, com todo o meu coração, com toda a minha alma, com todo o meu ser – Eu me odiei por aquilo tantas vezes. Odiei-me por amá-lo com tanta profundidade e verdade, por corresponder ao seu toque com tanta urgência. Por esquecer das regras do colégio. Por esquecer suas mazelas comigo. Odiei-me por querer ele, ali. Por querer ele pra sempre.

Durou pouco, talvez alguns segundos. Mas à medida que seu lábios eram friccionados contra os meus, eu tinha absoluta certeza que um fio era tecido dentro de mim – Uma enfermidade, um mal, uma doença. Eu não saberia dizer adeus. Eu me sentia como uma boneca de pano, nas mãos de um cara cruel com um alfinete nas mãos.

***


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Notas finais do capítulo

Comentem bastante!



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