Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 54
53 Eu estou com tanto frio




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Aquela semana insistia em se arrastar descompassadamente – Foi à semana mais longa da minha vida, certamente a pior. Era sexta-feira. Enfiei meus livros na mochila, e deixei os portões da escola para trás de modo veloz – Eu tinha criado o hábito de ignorar o intervalo, me trancando no banheiro, até ser seguro sair. E da mesma maneira eu agia com as ultimas aulas. Consecutivamente suprimindo a findada aula, de modo que eu não queria uma trombada direta, não queria topar com Tony. Eu tinha sido cuidadosa o evitando, mas eu sabia que não poderia fugir dele para sempre – Embora a idéia tenha me soado em alto grau tentadora. Contudo, suas tentativas duradouras de infindas ligações diárias estavam me deixando louca, cada vez me encurralando mais. Eu falava com ele uma, ou duas vezes por dia – Conversas estas assaz ajustadas, ponderadas, anti-sentimentalismos, na realidade não deveriam durar muito tempo, talvez mais que 1 minuto, ou 2 minutos, era o tempo ideal para falar “Oi” e “Boa-noite”. Eu estava ficando cansada de fingir que estava tudo bem – Sim. Na mente poluída de rato egocêntrico de Anthony, estávamos bem, aliás, maravilhosamente bem. Nada obstante, até elogios eu ouvia dele, o que só aumentava minha repulsa por nosso relacionamento.  

Lucas não foi à escola na terça — quarta — quinta — e tão pouco na sexta. Eu não conseguia lembrar a conversa que tivemos no Retiro Verde, eu não conseguia fisgar todo o dialogo por completo, apenas algumas partes, partes escassas. Minha mente era uma enorme lacuna fria. Era como se parte da minha reflexão tivesse sido desfigurada, como se alguém tivesse estado dentro de mim, como se eu tivesse sido submergida por uma força incompreensível, uma força que minha mortalidade não conseguia obter.

Durante aquela mesma semana tive sonhos ruins todas às noites, sem exceções. Traição. Abandono. Choro. Grito. Desgosto. Solidão. Eu sentia tanto. Como ele pode me deixar? Eu o amei e eu o odiei tanto.

 ***

Sábado ao entardecer eu decidi peregrinar um pouco – Os ventos frios que o inverno arrastava com si, tornavam os dias incrivelmente curtos e congelastes, era tedioso observar o céu trajado de cinza o tempo todo, enquanto o sol permanecia imêmore a propósito de abrilhantar a cidade. A urbe parecia mesmo estar submergida na profundidade de algum buraco profundo – escuro e gelado.

Eu tremi. Eu vestia calças jeans, duas camisetas pretas de manga longa, e uma jaqueta acoplada com um gorro escuro por cima das outras roupas, mesmo assim eu ainda estava sentindo o frio tomar meu corpo, me senti despida.

Escutei apenas o barulho que meus tênis All Star cometiam quando marchavam sobre a pavimentação. Meu sopro era entrecortado e árduo – a temperatura deveria estar inferiormente a 12ºC. Soprei e meu hálito foi condensado a uma fumaça branca. Meus pulmões reclamaram. Continuei andando. Eu notei que poucas pessoas se sujeitavam a sair em uma quase noite congelante como aquela – Mas eu não podia e nem agüentava mais ficar em casa com Tony na minha mente.

Quando eu me preparava para virar a esquina da alameda das grandes e aborrecidas árvores, percebi uma sombra do outro lado da calçada. Era um rapaz, mais alto que eu, vestido inteiramente de preto. Apenas a cabeça descoberta – Cabelos soltos e castanhos quase loiros – Quase o mesmo tom dos meus. Atravessei a rua deserta e vi que aquele semblante veio ao meu encontro. Encarei-o. Ele fez o mesmo. O reconhecimento foi atirado sobre mim como um jato. Era Locke.

Ficamos frente a frente, enquanto o vento açoitava nossas faces.

— Locke – cumprimentei-o.
— Roc – disse acenando em um sutil gesto com o crânio.

A imagem dele era quase ameaçadora. Vestido de preto, pálido, com aquelas olheiras que só perdiam para Lucas – Embora hoje elas estivessem incrivelmente mais azuladas. Talvez fosse a escuridão do crepúsculo que estivesse tornando as
coisas mais pesadas. Os olhos dele chamejavam com um verde escuro, alvitrava
os meus olhos. Era incrível como tínhamos alguns pontos familiares. Ele era quase minha versão masculina. Claro, havia grandes distinções a serem consideradas.

— Qual a pressa? Para onde você está indo? – perguntou ele com uma voz baixa.

— Eu não sei – respondi – Gosto de caminhar sem destino. E você? – lancei a questão.

— Estou andando desnorteado. Quero ver o que eu posso encontrar pela noite.
— Uh. Certo — disse.

Combinamos mentalmente que iríamos continuar a andar a esmo na noite.
Iniciamos a caminhada juntos. Ele olhou para longe e soprou no ar gelado.
Ele sorriu ao terminar.

— Você parece aborrecida. O que há de errado? — disse.
— Bom, o inverno não é a minha estação predileta – disse na defensiva.
— Eu gosto — disse ele — O tempo frio tem truques fascinantes.
— Qual truque?

— A maneira como seu coração tem que trabalhar duro para aquecer seu sangue e espalhado-lho até as extremidades do corpo. É tão primoroso.

— Sim — Eu disse com um suspiro.
— Você não tem idéia.

Houve uma pausa.

— Como estam o Lucas e a Brianna?
— Provavelmente estão bem — Ele fez uma parada — Você não tem falado muito com Lucas, certo?

Assenti. Uma pausa, tempo suficiente para o meu palpitante coração bater meia dúzia de vezes.

Eu tinha passado minha ultima semana encarcerada na minha bolha particular. Lucas também não me procurou. Eu não sei porquê, mas ele alvitrava fugir de mim – Eu tinha questões sobre ter feito algo de injusto – torto ou desonesto para com ele. Entretanto, aquele dia no... Bem, no hospital foi algo intimo, estaria ele chateado comigo por fatos tão meus? Fatos tão drasticamente particulares? Eu tinha sido
rude e mal-educada, mas eu tinha as razões. Eu tinha justificativas, tais justificativas ainda latejavam. As cicatrizes estavam abertas, eu ainda sagrava. Ele não poderia entender? Afinal, fora isto não havia nada que justificasse nosso afastamento.

Engoli a seco.

— Locke – disse tentando parecer natural. Fracassei. – Lucas disse algo sobre mim? Algo que talvez eu tenha feito de errado, algo que pudesse ter feito ele simplismente se afastar de mim?

— Não — disse ele parecendo ponderar a ideia — Escute. Alguns dias atrás. Talvez dois. Lucas deu isto pra mim. Ele disse parar entregar a você.

Ele enfiou a mão no bolso da jaqueta.

***


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Notas finais do capítulo

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