Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 50
49 Falando sobre o futuro




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Anabel voltou a se sentar na cadeira que a pertencia, onde tinha estado antes – vagando o espaço de Lucas. Anabel conseguiu arremessar metade daquela sujeira que não era da minha conta em minha direção. Acertando-me em cheio – Ela havia conseguido, parte de mim se sentia culpada. Realmente culpada. Imaginei se Tony fizesse isto comigo – Cruzes, eu não gostava nem de pensar. A traição não era um sentimento nem de longe tangível – mas seria como levar mil facadas no coração e ainda de algum jeito continuar existindo, aquilo deveria doer.


Era tremendamente horrível e baixo. O pior de tudo aquilo, era que alguma parte de mim gostou de ouvir que Lucas tinha sonhado comigo. Talvez a parte mesquinha e totalmente idiota. Mas era imprescindível. Algo em mim sorriu distraída, se sentindo universalmente lisonjeada. Lucas tinha sonhado comigo. Droga, grande coisa! Reprimi a mim mesma.

Já estávamos caminhando para a terceira aula, quando senti meu celular vibrar pela segunda vez, resolvi checar. Havia duas ligações perdidas de Tony, mais uma mensagem. A outra mensagem dizia respeito a Lucas – Aquilo só me fez sentir péssima. Olhei para cima, para me assegurar que ninguém iria me desvendar e passei meus dedos pelo aparelho. A pequena tela se acendeu.


De Tony:

Meu Amor, está tudo bem com você?Você não retornou as minhas ligações. Vamos nos encontrar na hora do intervalo? Amo você pra Sempre e muito além. S2

De Lucas:

Olá, Annie querida. Como você está? Aposto que sentiu minha falta. Infelizmente, hoje tive negócios a resolver. Pego você na saída.


O sinal do intervalo explodiu – Estridente e febril. Eu o detestava, mas eu estava necessitando de um fragmento entre as aulas – Aquela fora uma manhã penosa e cheia de surpresas parcialmente desagradáveis, o clima entre mim e Anabel estava pesado demais. Eu precisava tomar ar puro.

Esperei todos saírem e pisei na ampla superfície do corredor da ala leste – Ele se estendeu, enquanto eu via os corpos juvenis andarem acelerados em direção à escada. Desacelerei meus passos – Eu não estava com pressa. Deixei a afobação para os demais. Respirei profundamente e senti o frio entrar por minhas narinas. O tempo iria mudar bruscamente presumi.

De repente um contorno se aproximou de mim, me segurando por trás. Senti aquele aroma arejado e másculo. Era o cheiro de Anthony. Um beijo estalou na minha bochecha – E minha zanga por ele derreteu como sorvete sob o asfalto quente. Droga, eu conseguiria sem grandes esforços odiar alguém até a oitava geração, mas isto não se aplicava a ele. Com Tony eu não conseguia ficar brava por muito tempo, não por tempo satisfatório. Eu me odiava por isto. Eu queria detestá-lo, eu queria puni-lo por ter agido como um babaca comigo, mas eu não conseguia. Diversas vezes eu construía um muro mental – aéreo – intransponível – e potente. Ninguém sabia como passar por ele, Tony sabia. Eu sucessivamente colocava Anthony do lado oposto, mas ele sempre dava um jeito de arruinar a muralha, sem grandes dificuldades. Um sorriso apenas.


― A senhorita está desacompanhada? ― disse ele com uma voz amável. 
         ― Caramba – disse com um riso torto – Meu namorado pode aparecer a qualquer momento.

Ele sorriu espontaneamente, enquanto colocava sua mão destra no meu quadril.

― Ele é um cara de sorte. Infelizmente vamos ter que travar um duelo – Eu ergui minhas sobrancelhas – O que é? Não posso abrir mão da menina mais bonita da escola.

Eu coloquei um sorriso na minha voz.

― Está bem, lutem e se matem. Enquanto eu fujo em direção as colinas.

Descemos as escadas e fomos para as arquibancadas da quadra de vôlei. Não era exatamente uma “quadra de vôlei”, mas como o professor de Ed. Física não sabia da existência de outros esportes, passamos a chamá-la assim.


Eu apoiei minha cabeça no ombro largo de Anthony e ele passou o braço envolto do meu ombro. Eu suspirei profundamente.

― Você já pensou no que você vai fazer depois do colégio? – Me indagou.
― Eu não sei. Talvez eu me junte com uma gangue de motoqueiros e fuja desta cidade. Talvez eu vire hippie e vá fazer pulseiras para sobreviver. Talvez eu vá viver nas montanhas, ou em uma cabana na praia. Poderíamos fugir juntos, que tal? – Ele revirou os olhos e eu me afastei.

― Estou falando sério Roc ― disse em uma nuança de censura.
― Eu também estou ― disse ofendida.
― Estou falando de planos para o futuro. Estou falando de trabalho e faculdade.

Um leve sorriso apareceu em seus lábios.
Eu não estava brincando, aqueles eram os meus sonhos. Foram os nossos sonhos algum dia.

― Eu não pensei nisto. Eu pensei mais além ― disse mirando o nada.
― Querida, você precisa por os pés no chão ― Eu detestava ver ele falando assim.

― Você está parecendo minha mãe! ― destilei.


Anthony suspirou.

― Talvez você esteja certa. Mas nós queremos o melhor para você e sabemos das coisas. Eu só estou querendo o seu bem – Como me deixar para segundo plano? – Além do que... É seu ultimo ano.

― Você não era chato quando começamos a namorar ― Eu me virei para encarar os alunos.

― Eu não sou chato, eu tenho ambição e penso no nosso futuro. Sabe, você precisa conseguir um bom emprego e isso só ocorrerá quando você tiver concluido uma boa faculdade. Algo que tenha Status. Só assim poderemos nos casar ― Me casar? Oh, céus.

― Eu disse para você algo sobre o casamento desde o primeiro dia que te conheci, não foi?

― Sim. Mas achei que eu já a tivesse feito mudar de idéia.
― Pensou errado. Nunca vou me casar ― Ainda mais sendo você, Anthony.



Ele pareceu um pouco desanimado – seus lábios se alteraram para baixo e seus olhos adeririam ao nada. Eu o olhei esguelha e me perguntei o que aconteceu com aquele cara divertido por quem me apaixonei perdidamente naquele dia quente de Abril . Você deveria estar do meu lado, Tony. Jurou que permaneceria comigo – mesmo que eu decidisse fugir para uma cabana no meio do nada. E naquele momento eu soube, jamais teria me apaixonado por sua versão presente. Era como ter um romance com meu tataravô.

Eu suspirei e decidi me virar e caminhar um pouco pela quadra. Fiz um aceno e ele se içou de modo jururu. Começamos a andar em direção ao sexto de basquetebol no alto. Passos estreitos e desacelerados.

― Eu te amo ― disse ele.

Eu não disse nada.

De algum jeito eu não sabia se sentia o mais o mesmo – Eu estava certa sobre amar sua versão passada. Aquela que nunca mais iria retroceder do tempo – A ampulheta o prendera para sempre, de algum lugar onde eu não podia trazê-lo de volta a mim. Aquele menino divertido, sorridente, transparente e extremamente leal ao meu amor. Aquele que desenhava planos malucos e que amava as coisas simples da vida.

Eu sabia que as pessoas mudavam, mas nunca pensei que aquilo fosse ter valor para ele, eu achei que seriamos os mesmos ininterruptamente. Ele prometeu. Bela idiota que eu fui em acreditar – Achei que nunca brincaria de tola para alguém. Entretanto eu fui a própria boba da corte, e lá estava eu, namorando um menino alheio que falava em amor e dinheiro na mesma elocução. Droga.


― E você? – disse parando e me encarando.
― Eu o quê? ― disse ainda me libertando do transe.
― Você também me ama?
― Eu também ― soprei como se não fossem minhas palavras.

Ele sorriu contemplativo. Ele era insensível demais para perceber que estávamos beirando um penhasco. – Ele de um lado, eu do outro. Opostos mais uma vez.

***


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Notas finais do capítulo

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