Anthony, inexplicável capacidade de me deixar cada vez mais apaixonada. Como se não houvesse nada melhor no mundo, nada melhor para fazer, tudo que eu desejava era passar meus dias ao lado dele. Se eu pudesse continuar ali , eu poderia achar que tudo estava impecavelmente normal. Mas não estava. Parte de mim sabia que algo estava errado. Muito errado.

Entretanto, resolvi tentar fingir que estava tudo bem. Eu poderia tentar.

Tony sentou na beirada da minha cama e olhou para mim, mãos estendidas, entrelaçando meus dedos. Mãos quentes, se contrapondo as minhas pequenas e gélidas mãos. Ele afundou em meus olhos. E havia algo tempestivo naquele olhar. Uma exigência.

Minhas mãos se soltaram das mãos dele. Eu toquei seu rosto com candura. Ele trouxe meu rosto perto dele, tocando nossas testas. Eu queria que ele soubesse que eu estava ali. Que eu queria estar ali.
Que não havia nada mais no mundo que me importasse. Eu o queria.

– Eu tenho sentido a sua falta – revelei.
– Eu também senti.

Seus olhos estavam fechados. Seus lábios se moveram em direção a minha boca, ele inclinou-se. Senti a maciez dos seus lábios tocarem os meus, mas ele estava impaciente, agressivo e audaz. Foi um beijo diferente. Algo ardente. Havia pressa ali?

Ele emaranhou seus dedos em meus cabelos, segurando-o. Sem entender direito, eu invadi seus cabelos com os meus dedos. E devolvi tudo na mesma veemência. Até não sustentar mais o ar em meus pulmões e empurrá-lo para bem longe. Eu respirei rápido e entrecortado. Ele estava normal, diferente de mim ele tinha bons pulmões. Mas eu sabia que seu coração estava a mil.

– Afinal, o que quer dizer isto? – meu tom informal e sem fôlego – O que deu em você? - Eu ri. Ele também.

—Eu não sei, talvez eu ache que dois seja melhor que um. Talvez eu queira pedir desculpas por ter sido tão imaturo ontem. E talvez eu não tenha como lutar contra o que eu sinto por você. Eu a desejo, Roc.

Ele me fez avermelhar.

Continuamo-nos nos apreciando. O castanho e o verde dos olhos. Eu sinto as batidas do seu coração, eu deixo que ele sinta o meu também. Ele era o mais próximo que eu chegaria do paraíso.

Ele me beijou outra vez.

– Você é tudo que eu quero, tudo que sempre quis.

– Sério? – desconfiei de tanta afeição. Ultimamente só brigávamos.

– Sério.

Deitamos um ao lado do outro, para fazer absolutamente nada. Era tão legal fazer nada ao seu lado. Era um máximo.

— Tony, você diminui minha dor.

Ele retribuiu meu comentário com um beijo sutil na minha testa. E eu pedi bis.

***

Ergui uma sobrancelha. Seu sorriso se rendeu nos cantos, mostrando suas covinhas sexys. Eu soube que tinha algo ao mesmo tempo.