Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 4
3 Não finja




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Enquanto eu caminhava de volta para casa. Arrastando-me de modo ligeiro. Passos longos e respiração entrecortada. O vento sussurrava friamente em meus ouvidos. Provocando-me uma sensação de desconforto. A temperatura desabava de
um modo espantoso. E nem ao menos estávamos próximos do inverno.
A rua era reta e longa, deserta. Olhei para cima.
E um céu obscuro pairava em cima da minha
cabeça com gordas nuvens roxas que se
locomoviam com uma velocidade incrível em direção ao Norte.

As nuvens tristes ameaçavam uma enorme tempestade, certas vezes eu poderia jurar que elas me seguiam pela cidade. Talvez aquilo explicasse minha maré de azar, ou meu mau-humor constante para absolutamente tudo a minha volta, e apensar do mau tempo, eu o amava de um jeito meio egoísta, não como amava o calor obviamente. O vento cortante açoitava minha face, e meus lábios encolhiam-se pelo tempo, mas quando eu tentava molha-los com minha saliva na intensão de protegê-los era bem pior, pois a saliva parecia ser ainda mais cortante.

o vento assoviou mais uma vez, e jogou meus cabelos em sentidos opostos, fazendo-me parecer um bruxa. Sem dó ou piedade. Eu fechei o zíper do meu uniforme até minha goela, e cruzei os braços, mas, não adiantou quase nada continuei congelando e com meu estômago pesando pela droga da minha gastrite nervosa.

Quando finalmente cheguei a minha casa eu já sentia o cheiro da comida fuindo pelo ar em todos os comôdos. Macarronada pelo aroma. Eu estava quase convicta. Joguei minha mochila longe, ela caiu cambaleando proxima ao sofá pequenino no canto da sala. Eu corri para o banheiro e lavei minhas mãos. Logo após sentei-me a mesa, minha comida já estava no prato.

— Olá. Como foi a escola hoje? — Perguntou-me minha mãe.
— Foi como sempre. — respondi seca.
— E como é sempre? — Indagou-me ela.

Eu enfiei uma garfada goela a baixo e me calei.

— Você anda tão desanimada, ultimamente. O que está acontecendo? — Seus olhos redondos e amendoados me encurralavam.
— Nada mãe. O problema é justamente este. Nunca acontece nada bom na minha vida.

Ela me olhou com um olhar estranho - meio de banda . Eu continuei.

— Eu detesto tudo a minha volta, eu não sou feliz naquele colégio. Eu não tenho amigos lá ou em qualquer lugar. É meu ultimo ano na academia e eu nunca fiz nada, nunca fui expulsa ou levei uma advertência por improvisar uma bobagem juvenil, ou não fiz as tarefas escolares, no entanto não me enquadro em nenhum grupo de super-gênio.

Recuperei o folêgo e continuei.

— Passei minha vida concorrendo com os nerds, mas sempre fui o 2º lugar. Eu nunca quebrei nenhuma regra, eu vivi a minha adolescência abaixando minha cabeça e fazendo o que tinha que fazer, e não o que eu queria FAZER. É sempre a mesma coisa, e agora eu tenho que decidir o que eu quero fazer da minha vida, sendo que nem ao menos tive uma de verdade até agora. Entende? — Eu a olhei com lágrimas nos meus olhos.

— Você deveria se orgulhar de ser alguém assim. -Mamãe disse enquanto enroscava a comida no garfo.

Para ela aquilo era só uma fase ruim. Para mim era o fim-dos-tempos.

— Eu desisto! - Abandonei meu prato e subi de cara fechada para o meu quarto.

Meu quarto era um espécie de santuário particular. Havia alguns meses que eu vinha sentido esta mesma sensação de... solidão. Eu acho.

Talvez a pressão do vestibular contribuísse. Eu sabia que não tinha chances alguma em uma universidade pública. E não queria mesmo ter. Era uma sensação estranha. Eu me sentia a pessoa mais desamável da face da terra. Era como se a vida já tivesse me dado todas as chances de ser alguém feliz, e eu a tivesse desperdiçado com pequenas coisas tolas. A verdade era que nem mesmo eu sabia o motivo da GRANDE TRISTEZA que se istalou no meu corpo e tragou minha alma ( ao menos parte dela ) – mas de algum modo ela era tudo em que eu me segurava: a TRISTEZA.

Sozinha em meu canto.


As lágrimas caiam diariamente – isto ocorria sempre quando as sombras do entardecer tomavam meu quarto para si. Após o triste crepúsculo. Eu acabei adormecendo algum tempo depois. E acordando logo mais. Fora apenas um cochilo macio.

O telefone tocara de forma estridente – Eu me ergui assustada com o barulho histérico. Mamãe entrou no meu quarto e me deu o objeto. Eu sabia que só podia ser uma pessoa. Apenas uma.

— Alô.
— Amor? – era a voz de Anthony.
— Sou eu Tony.
— Como você está? – sua voz era macia.
— Como sempre. Não vi você hoje na escola.
— Eu tive treino mais cedo. E só consegui sair praticamente agora.
— Ah. – arfei.
— Er... – ele parecia tomar coragem para falar algo.


— Que foi? – perguntei franzindo a testa, já desconfiada.
— Não vamos nos ver neste fim de semana.

A noticia caia como uma bomba. Ele era minha única companhia. Meu ponto de alegria e felicidade entre todas as coisas. Eu ainda conseguia sorrir, mas isto não acontecia com grande freqüência, apenas quando ele estava por perto. E agora tinha acabado.


— Tudo bem. – respondi sem alteração.
— Não vai perguntar o motivo?
— Não. Não vou. – eu estava aborrecida e com vontade de bater o telefone.
— Tudo bem. Então, se mudar de idéia me liga.
— Eu não mudo de idéia – devolvi.
— Eu sei. O pior de tudo é que eu sei! - disse com certa impaciência.
— Sabe o quê?

— O quão dura você é! – seu tom de voz parecia me puxar pra para uma briga. Eu ignorei a provocação. De algum modo era facil demais ignorar as coisas ao meu redor, ou, eu apenas fingia ter este poder.

— Eu tenho que desligar agora. Tenho a droga da prova pra me preocupar.
— Tudo bem. Ligue para uma de suas amigas neste fim-de-semana. Não fique enjaulada, acho que isto te faz mal.
— Claro Dr. House. Tchau. – disse desligando.

Eu coloquei o telefone no lugar. Voltei para a minha cama e me lancei nela com brutalidade.




( Ele me abandonou novamente )

(Como pode me abandonar em meu estado...)

( O que é mais importante do que ficar ao meu lado? )

Este pensamento ecoou na minha mente, chocando-se contra o meu crânio durante quase uma hora. Personificando meu sofrimento emocional em pequenas desritmias do miocárdio. Pequenas gotas de agua borraram meu rosto, enquanto um nó horrivel se fazia valer em minha garganta. Eu queria GRITAR. Entretanto calei-me no silêncio do vento. E me odiei por isto.

***



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