Clan Of Vampires - The Letter escrita por weednst


Capítulo 32
31 O amigo de Lucas




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Não era baixo, era um pouco mais alto que eu, chutaria 1,78. Aparentava ser um pouco mais velho que eu, parecia ter uns 23 ou 24 anos. Vestia-se por uma camiseta cinza e jaqueta de couro preta, calças jeans escura e uns tênis juvenis. Adornava uma corrente pequena e prateada no pescoço, algo como um talismã. Não consegui visualizar o pingente, pois estava muito bem guardado dentro da camiseta.


Ele finalmente se aproximou e parou na minha frente com as mãos firmes no aro da cadeira. Notei o cabelo cortado em forma de terrina, meio picotado, totalmente bagunçado. Alguns fios grudados na testa, ele estava transpirando
um pouco, eu acho. Suando frio talvez. O nariz era parecido com o meu, sendo um pouco menos de batata-inglesa e mais afilado. Os lábios eram finos e tão descolorados quando os de Lucas Oliver. Ele também tinha uns traços de olheiras arroxeadas, entretanto Lucas ainda ganhava destaque, pois as do amigo de Lucas eram tão sutis, somente olhos realmente perceptivos para notar. Olhos como os meus.

Eu quis detectar a coloração dos olhos dele, mas ele não olhou diretamente pra mim e havia uma confusão de luzes cianóticas no ambiente, que certamente não permitiriam. Ele encarou Lucas e o mesmo pediu para que ele se unisse a nós. Ele sentou-se a minha direita.


— Querida Annie... Quero que você conheça o Loo. — disse apontando para o menino.
— Loo? — repeti de uma forma patética.
— Cala a boca Lucas! — disse o menino — Meu nome é Locke - desta vez ele me encarou.

Olhos em tons esverdeados, tão escuros quanto uma noite sem estrelas.
Talvez fossem as luzes, eu não sei, mas aqueles olhos pareciam muito com os meus olhos, a mesma tonalidade.


— Loo para o pessoal. Não seja tão hostil. — reprimiu Lucas de uma forma descontraída e cínica.

— Qual é o seu nome? — indagou-me Locke — A sua voz era tão calma e tenebrosa, como uma canção de terror. Nossos olhos se encontram por um momento aberto, era como se eu já o conhecesse, eu o conhecia? De outras vidas, talvez. Ele era tão familiar. E o som da sua voz, eu já tinha escutado aquele som em algum lugar. Era só impressão?

— Annie — Lucas me tirou dos devaneios.
— Roc — disse — Meu nome é Roc.

— É um prazer conhecê-la pessoalmente. — uma olhadela.

Continuamos ali por mais algum tempo, conversando sobre bobagens.

Apenas Lucas e eu, Locke se manteve quieto e compenetrado, na defensiva. Parecia nos observar o tempo inteiro, ou melhor, parecia me observar. Não falou muita coisa, ou praticamente nada, como dizem, entrou mudo e saiu calado. Lucas ausentou-se por um instante e marchou até o banheiro. Resolvi quebrar o silêncio.

— Há quanto tempo você e Lucas são amigos?

Ele me olhou estático e depois sorriu um pouco, um riso quase imperceptível.

— Nos conhecemos há alguns anos. Ele e eu somos próximos, pois andamos com a mesma turma, por assim dizer.

Lucas tinha uma turma? Oh, Céus.

— Vocês têm uma turma?

— Sim — Limitou-se a dizer.

— E o que vocês fazem exatamente, quer dizer juntos, como uma turma?

— Desculpe Roc, acho melhor você perguntar ao Lucas.

Eu sorri sem jeito. Maldito mistério.

Eu já tinha acabado de comer, então estava findada a ir pra casa, mesmo sem querer muito. De modo que eu ia chegar e dormir, não havia muito pra mim lá.

Fiz menção de içar-me da mesa. Quando senti dedos completamente gelados me tocarem na mão esquerda, esquivei-me por tendência natural. Pois era o toque mais glacial que eu já havia sentido na minha vida, muito mais gelado do que qualquer tempo frio.

— Aiii — reclamei — Que mão gelada! – soltei.

— Desculpe-me por tocá-la – disse Loo em tom baixo.

— Alguma coisa? – perguntei arcada minha sobrancelha e voltando a sentar.

— Aonde você vai?

— Vou pra casa – respondi meio confusa.

— Espere, acho que Lucas vai querer de dar uma carona.

— Acho que já escutei o que Lucas queria demais por hoje, sei o caminho e vou só.

Ele levantou suas sobrancelhas em inquisição.

— Você não quer ir pra casa. Então, por que vai?

— Como é? – eu estava na defensiva.

— Não é nada – disse obviamente desistindo.

Eu me alcei e peguei o caminho de volta para minha casa.

Cheguei lá por volta das 19horas. O céu ainda não estava extraordinariamente tenebroso, então tudo bem. Conversei alguma coisa com a minha mãe a respeito do meu dia. Jantei, e fui me recolher, eu não tinha sono algum, era cedo ainda, no entanto eu só era próspera quando dormia e sonhava, e isto era tudo. Eu precisava sonhar, eu precisava desesperadamente sonhar. Eu adorava quando minha cabeça criava imagens distantes e quase inconscientes do que eu julgava ser meu mundo próprio. Longe do mundo real.

Mas aquilo não aconteceu tão cedo, eu cochilei, mas não o suficiente para sonhar com algo, eu estava um pouco inquieta por alguma coisa, que eu não sabia explicar direito. Deveria ter haver com o amigo e com Lucas e com aquele clima estranho que rondava tudo que Lucas tocasse, fosse de origem vegetal ou animal. Nem mesmo os objetos escapavam. Ele tinha uma turma secreta? Como eles eram? O que eles faziam juntos?

Decidi ir para a sala. Agarrei meu edredom e desci as escadas como uma criança.

Eram praticamente 1h da madrugada, eu ainda não tinha conseguido pregar os olhos direito. Logo me esparramei no sofá como um sanduíche de marmita, meus pais dormiam desde que a noite teve inicio e fiquei feliz por isto. Pois só desta forma eu não ia levar bronca por estar acordada.

Meu dedo ficou apertando o botão do controle remoto por um bom tempo, quase o afundado. Zapeando na tevê. Até que achei algo que me chamou atenção, um filme antigo sobre “vampiros”. Meu coração acelerou. E meus olhos se abriram instantaneamente.

Certas vezes passava algo sobre o mito dos vampiros, e isso era uma coisa que eu não podia perder. Era uma coisa estranha da minha infância que ficou em mim, que vez ou outra voltava. Nunca fui mesmo uma menininha de gostos normais. Eu gostava mesmo da ação e da aventura e do perigo que sempre os acompanhava. Sem contar aquela atmosfera sombria e totalmente perigosa.

E até hoje era deste modo, eu ficava maravilhada cada vez que eles apareciam na tela. Fosse à forma de desenho, filme ou seriado.

Eles eram tão fortes, ágeis e misteriosos. Quando o filme teve fim, começaram a subir os créditos. Eu bocejei, tentando me convencer de que o sono havia chegado.

Eu instintivamente olhei para o relógio e ele marcava exatamente 3h da manhã, “hora de dormir” eu falei para mim mesma.

Daqui a algumas horas o Sol estaria nascendo, e eu ainda calçando meus chinelos para ter o sono dos justos. Subi as escadas, com passos pesarosos, em mais uma forma de me enganar a mim mesma e fingir ter sono. Quem sabe assim, Mórfeu não esquecia-se de mim, como tinha feito nos últimos sete meses.

Eu cheguei até meu quarto e joguei-me em minha cama.

*-*


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Notas finais do capítulo

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