Ele tinha que me questionar, me espremer contra a parede. E eu tinha que escolher entre: Verdade ou Desafio.

Seus olhos me aferido. "Verdade ou desafio. Escolha agora, ou pague pra ver"

Ele avançou seu olhar fundo pra mim, e eu não consegui pensar em nada mais. Era o azul me deixando confusa, bagunçando todas as coisas na minha cabeça, afastando minha sanidade.

Eu podia ver minha mente girando, girando, e girando... tolamente desorientada, tentando descobrir qual era a porcentagem de risco de cada coisa. Escolher verdade? – Desafio, ou pagar pra ver?

Os olhos dele eram duas lâminas amoladas, apreensivo por minha resposta. Apreensivos por me ferrar. Toda a tensão sobre meu corpo.

Ansioso para atirar meu cadáver delicado contra o muro invisível que pairava entre nós. A turma não existia ali — aquilo era um confronto direto. Entre o menino das grandes olheiras arroxeadas e eu.

Pensei no fato dele ter se decidido ou não – "Lucas gostava, ou não de mim?"

Eu não tinha certeza de nada.

— Hello, honey! Estamos esperando! – apressou Melena.

— Eu escolho desafio! — disse quase como instinto.

Aquela resposta caiu como uma bomba sobre ele. Percebi que ele esperava que eu agisse diferente. Ótimo. Meu coração perdeu uma batida e ganhou várias outras. Acelerado. Mãos suando. Peito palpitante.

Lucas ergueu-se da roda. Suas pernas eram graciosas em cada movimento, parecia que tudo era meticulosamente calculado nos mínimos detalhes. Suspirei a espera do desafiar. Esperei pelo pior.

— Desafio você a escolher um desafio pra mim! – disse Lucas.

— Hei isto é valido? – ouvi um resmungo.

— Claro – segredou alguém.

— E o que isto significa, Lucas? – perguntei.

— Você sabe... – jogou de volta a mim.

De repente não havia murmúrio algum.

Olhei para todas as faces presentes naquela sala. Eles me olhavam também, Lucas e todos os outros.

Olhei finalmente para Melena, que apenas devolveu o olhar meio segundo após. Olhar súbito, espantoso, algo muito imediato à inveja. Depois disto, ela disse em alto e bom som:

— Eu não sei, não estou certa disto... Mas, nunca vi nada parecido. Ela não pode escolher seu próprio desafio e atirá-lo para você.

— Melana, — disse Lucas – você precisa estar aberta a novas idéias. Precisa ter uma nova perspectiva do jogo, experimenta é divertido.

— Então Roc... – disse Anabel com uma voz autoritária – Estamos esperando.

Anabel, a esta altura do campeonato improvisava mais de mil sinais direcionados a mim. Piscou como uma pessoa que sofre de TOC, silabou algo parecido com: ‘ Vamos! Eu estou aqui. Oh meu Senhor, me escolhe! ’ Gesticulou com as mãos e pescoço – Eu fiquei atordoada, mas devo confessar que ela não foi à única – Todas queriam a mesma coisa. TODAS.

Houve alguns burburinhos, mas de repente tudo cessou. E eu voltei a ser o centro das atenções. Eu me virei para Lucas, e ainda assim, podia sentir Anabel me encarando com o canto dos olhos. Eu não estava surpresa com aquilo, eu não estava surpresa com o comportamento imaturo do corpo estudantil feminino. Eu poderia sentir as emoções se aflorando e me esmagando. Verdadeiras leoas em busca de carne fresca.

— Está bem, — peguei um lápis HB2 que pairava atirado ao chão  — eu desafio você a beijar...

— Anabel — disse apontando o lápis.

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