Edward’s POV

Eu não sei quanto tempo eu fiquei ali no chão chorando, Alice estava do meu lado também chorando, mas eu simplesmente não conseguia me mover.

Em determinado momento Alice sumiu e depois voltou com nosso pai, ele me colocou no sofá da sala de espera e tentou me acalmar, ele até ameaçou me dar uns calmantes, eu não queria calmantes de jeito nenhum, consegui pelo menos parar de chorar, mas por dentro eu estava destruído, enquanto eu não tivesse notícias eu não ficaria bem. Não muito tempo depois minha mãe e Jasper chegaram. Mas logo eu perdi o controle e chorei igual criança no colo da minha mãe. Eu precisava saber como Bella estava, minha vontade era atravessar aquela porta e correr atrás dela, mas eu sabia que não podia.

Meu pai tinha ido atrás de informações. Minha mãe, Alice e Jasper tentavam a todo custo me acalmar, falando que tudo ficaria bem... Só que eu simplesmente não conseguia, as imagens de Bella mais cedo inundavam a minha mente, eu morria de medo de perdê-la, de perder Liz e esse pensamento fez com que eu soluçasse mais alto.

— Calma meu filho, vai ficar tudo bem, a Bella é forte...

— Eu estou com muito medo, mãe.

— Querido, ela está em ótimas mãos, vai dar tudo certo, você vai ver. – Ela fazia carinho nos meus cabelos, igual quando eu era criança.

Alguns minutos depois eu já tinha conseguido parar de chorar. Alice trouxe um café para mim, que eu tomei sem discutir, eu estava precisando.

Comecei a andar de um lado para o outro, eu já estava angustiado até que a porta da emergência foi aberta bruscamente e a Dra. Jane, assistente da Victoria, saiu de lá ofegante, provavelmente deve ter vindo correndo, meu coração perdeu uma batida.

— Como ela está? – Alice foi mais rápida do que eu.

Ela se virou para mim e disse:

— Edward, a Bella precisa de você. – Milhares de coisas passaram pela minha cabeça. – Vem comigo, por favor.

Eu ainda estava parado no lugar sem reação, a voz da minha mãe me tirou do transe.

— Vai filho. – ela disse me encorajando.

No segundo seguinte eu já estava com a Dra. Jane no corredor da emergência.

— Pelo amor de Deus, me fala o que está acontecendo, Jane. – Ela estava alguns passos na minha frente, ela se virou para mim e parou respirando fundo.

— Edward, a gente precisa de você calmo. – Ela estava andando muito com Victoria, já estava falando igual a ela. – O útero da Bella não aguentou e rompeu a Dra. Victoria conseguiu controlar a hemorragia, mas a gente vai precisar fazer o parto ou a bebê não vai aguentar... - antes que ela continuasse, eu disse exasperado:

— COMO? MINHA FILHA JÁ VAI NASCER? A BELLA ESTÁ DE 7 MESES!!! NÃO... – foi à vez de ela me cortar.

— Edward. Calma. Respira. – eu fiz o eu ela pediu. Eu estava quase arrancando meus cabelos de tão forte que eu estava puxando. – Como eu estava dizendo a Bella está muito fraca, e os sinais vitais da bebê não estão muito bons e o parto vai ter que ser normal.

— O QUÊ? ISSO É LOUCURA. – Parecia que eu estava dentro de um pesadelo, eu só queria acordar.

— Se nós fizéssemos uma cesárea NENHUMA das duas iriam resistir, a Bella perdeu muito sangue. E por incrível que pareça a bebê já está encaixada, tudo está encaminhado.

— Eu não consigo acreditar que isso está acontecendo. – Lágrimas escorreram dos meus olhos. – O eu vou fazer?

Nós tínhamos voltado a caminhar entramos em uma sala e Jane me passou um pijama de médico, máscara, e tudo o que eu precisava para entrar na sala de cirurgia.

— Você literalmente vai dar força para Bella, ela não vai conseguir fazer isso sozinha. – Eu assenti – Você vai sustentar Bella enquanto ela faz força. Ela mais do que nunca precisa ter você do lado dela Edward.

Eu não conseguia responder, só assentir. Lágrimas não paravam de cair dos meus olhos. Depois de pronto, nós fomos para o “tanque” fazer toda a higienização.

Mais uma vez Dra. Jane se virou para mim e dessa vez segurou os meus ombros.

— Agora você precisa ser forte por três! Respira fundo, enxuga essas lágrimas que sua mulher está te esperando.

Me virei, respirei fundo, limpei as lágrimas e apertei o botão que abria a porta.

Meus olhos caíram direto na Bella, ela olhava para o teto, seu rosto era um misto de cansaço e dor, ela tinha uma camada de suor na testa, lágrimas grossas escorriam de seus olhos. Ela estava muito fraca, queria poder bombear sangue por nós dois. Acabar com o sofrimento e a dor dela.

Victoria quando me viu somente acenou com a cabeça. Caminhei até Bella e passei a mão na sua testa, tirando o suor dali. Eu queria chorar, mas estava me segurando por elas, no segundo seguinte ela me olhou, suas lágrimas ficaram mais intensas.

— Meu amor, não me deixa, por favor. - Sua voz saiu mais baixa que um sussurro. – Eu tô com muito medo, Edward.

— Calma meu amor, eu tô aqui, pronto, não vou sair do seu lado. – Enxuguei as lágrimas dela.

— Tá doendo muito Edward, eu não tô sentindo a Liz mexer – ela deu um soluço alto.

— Já vai acabar meu amor, fica calma. – Não consegui me conter as lágrimas começaram a descer livremente pelo meu rosto. – Eu não estava suportando ver a Bella naquela situação.

— Fala para mim que vai dar tudo certo dessa vez, que vai ficar tudo bem, que ela vai ficar bem...

— Vai meu amor, você vai ver, nossa filha vai ser linda, igual a mãe.

Tomei um susto quando Bella gritou e se contorceu.

— VICTORIA, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – Perguntei virando desesperado para a médica.

— É o efeito do remédio, eu precisei induzir as contrações, ela já está quase lá.

— Mas e o útero? Como você vai conseguir? – Como tudo isso ia dar certo?

— Eu estou controlando e monitorando tudo, não precisa se preocupar com isso, a hemorragia está controlada.

Depois de quase uma hora e vários gritos de Bella, finalmente tinha chegado a hora.

Me sentei atrás dela como Jane tinha me explicado, Bella ficou no meio das minhas pernas, ela tremia muito.

— Bella, eu vou contar até três, aí você empurra, ok?!

— Tudo bem. – Ela estava ofegante, Bella estava realmente muito fraca.

— 1, 2, 3 empurra. – Bella segurou minha mão com toda a força que tinha e empurrou, em seguida ela caiu nos meus braços.

— Eu não vou conseguir, Edward... – ela chorava copiosamente. – Eu não tenho forças.

— É claro que vai meu amor, eu tô aqui com você e vai dar tudo certo. A Liz quer te conhecer. Você é a mulher mais forte que eu conheço. – Enxuguei as lágrimas dela e acenei para Victoria que esperava.

— Vamos Bella, só mais um pouquinho e já vai acabar.

E mais uma vez ela fez força.

Eu ficava murmurando no seu ouvido coisas como “vamos meu amor, você consegue”,” só mais um pouquinho, tá acabando”.

Depois do que me pareceu horas com Bella ali nos meus braços eu ouvi um som que fez meu mundo todo parar, um chorinho fraco. Liz finalmente tinha nascido.

 Agora Bella estava encostada no meu peito, respirando fundo.

— Pronto meu amor, acabou ela nasceu. – Só percebi que chorava quando senti as lágrimas queimarem meu rosto.

— Eu quero ver ela. – Bella disse num fio de voz. – Eu quero pegar a Liz. Suas pálpebras estavam pesadas, quase se fechando e seu rosto estava pingado de suor.

— Ela já vem, já vão trazer ela. – Eu realmente contava com isso. Liz tinha que estar bem.

Eu conseguia ouvir o choro dela, o que fez meu coração se aquietar um pouco, se ela estava chorando é porque estava viva.

Depois de alguns minutos Victoria a trouxe, ela estava enrolada em uma mantinha rosa, assim que Liz foi colocada nos braços de Bella, a neném parou de chorar.

Liz era perfeita, apesar de estar inchada ainda, eu podia ver que as feições eram muito parecidas com as de Bella, mas os poucos fios de cabelo que tinham eram cor de bronze e os olhos ainda eram um mistério. Seu rosto estava coradinho por causa do choro, mas dava para perceber que sua pele era bem branquinha como a de Bella. Ela era minúscula, parecia uma bonequinha. Eu e Bella não conseguíamos dizer nada só chorar de felicidade.

Eu sentia que dessa vez seria diferente. Quem quebrou o silêncio foi Bella.

— Ela é perfeita. – Sua voz era mais baixa que um sussurro.

— É sim meu amor, é a nossa garotinha. – Eu estava hipnotizado, queria parar o tempo e ficar com as minhas meninas assim, para sempre protegidas no meu braço. 

— Vocês fizeram um trabalho incrível. – Victoria estava perto da cama observando tudo, eu estava imensamente grato por tudo o que ela tinha feito, palavras nunca seriam suficientes para agradecer. – Eu não queria ter que fazer isso, mas a Liz é prematura, ela precisa da incubadora.

— Ela está bem mesmo Vic? Não minta para mim. – Eu podia ouvir o desespero na voz de Bella.

— Sim Bella, mas ela precisa, você não tinha completado nem oito meses ainda. Mas não se preocupe ela nasceu com uma ótima saúde. Caso contrário em nem poderia ter trazido ela aqui.

— Victoria tem razão, meu amor. – Eu incentivei. – Agora vão cuidar muito bem dela.

— Edward, vai com ela por favor, não deixa ela sozinha. – Ela ainda estava ofegante, Bella beijou a testinha de Liz - Mamãe te ama muito, anjinho - e a entregou para Victoria. Eu queria me dividir e ficar com as duas, mas fiz o que Bella me pediu.  

— Tudo bem meu amor, eu já volto. Eu te amo muito, obrigada por nossa garotinha. – Beijei a testa e os lábios de Bella.

Eu já estava saindo da sala de cirurgia com a pediatra, quando ouvi os aparelhos apitando loucamente.

— ELA ESTÁ EM CHOQUE, ADRENALINA, RÁPIDO. – Ouvi Victoria gritar. – Meu coração parou, Bella estava indo embora. – ALGUÉM TIRA ELE DAQUI, AGORA.

— NÃO, EU PRECISO DA MINHA MULHER, EU PRECISO DA BELLA. – Eu não conseguia enxergar quase nada, eu chorava desesperadamente, o ar faltando nos meus pulmões.

Um enfermeiro me tirou a força da sala de cirurgia, assim que atravessamos a porta minhas pernas perderam o resto de força que eu tinha, cai apoiado na parede chorando desesperadamente. O que estava acontecendo? Bella não podia me deixar, não podia deixar nossa filha, isso não podia acontecer. Vi a pediatra levando Liz para a UTI neonatal, mas não tive forças para acompanhar.

Não sei como, mas meu pai apareceu ali.

— Vamos lá para fora filho, você não pode ficar aqui. Assim que possível teremos notícias da Bella. – Eu não queria me mover, mas eu sabia que ele tinha razão. Saí apoiado no meu pai, eu não tinha mais forças. – Acabei de falar com a pediatra e os primeiros exames da Liz estão ótimos, acima do esperado para uma bebê prematura. – Carlisle disse com cautela, uma pequena luz naquele imenso túnel escuro no qual eu estava.

— Pai, eu não sei o que vai ser de mim se a Bella morrer. Ela não pode morrer. – Os gritos de Victoria ainda ecoavam nos meus ouvidos.

— Não pense isso Edward, Dra. Victoria é excelente, a Bella vai sair dessa. – Eu queria e muito acreditar nas palavras do meu pai.

Voltamos para aquela maldita recepção, eu desabei na cadeira e voltei a chorar, eu não queria falar com ninguém, eu só queria minha Bella bem.

— O que houve, Carlisle? – Senti minha mãe me abraçando. Alice apareceu com um copo de água para mim e se agachou do meu lado. Tomei a água por puro reflexo.

— Tiveram que fazer um parto de emergência, a Liz está na UTI neonatal, mesmo nascendo prematura ela está bem, já conversei com a pediatra, mas ela precisa ficar na incubadora até ganhar peso necessário.

— Que loucura. E a Bella? – Alice foi a primeira a perguntar. Eu tinha medo da resposta do meu pai. Carlisle respirou fundo antes de responder.

— Bella entrou em choque depois do parto, ela está passando por uma cirurgia agora, para conter a hemorragia. – Alice caiu sentada e começou a chorar, minha mãe me abraçou mais forte. – Eu não conseguia fazer nada além de chorar. Eu queria acordar e estar em casa ainda, com Bella e nossa filha seguras ao meu lado. Jasper não disse nada, apenas sentou e abraçou Alice. Eu entendia, não tinha o que dizer numa hora dessas.

Eu não conseguia entender, Bella estava bem, estava se cuidando, por que isso estava acontecendo? Que tipo de karma era esse? Não sei quanto tempo se passou, se foram minutos, horas ou dias até Victoria aparecer.

Ela entrou na recepção com ar de cansaço. Levantei e fui em sua direção, desesperado por notícias da minha Bella.

— Antes de mais nada, agora está tudo bem. – Soltei o ar que eu nem tinha percebido que estavam presos nos meus pulmões. – A Bella está na UTI, mas só por hoje. Ela precisa se recuperar, ela perdeu muito sangue e ficou muito fraca. O pior já passou gente. – Abracei Victoria aliviado.

— Obrigado, muito obrigado. Eu não ia saber viver sem ela. – Eu nem me importava de parecer um bebê chorão. Minha mulher e filha estavam vivas e só isso importava agora.

— Eu só fiz meu trabalho Edward. E você ajudou muito também. Sem você a Bella não teria conseguido passar por aquele parto normal.

— NORMAL? – Minha mãe e Alice falaram ao mesmo tempo.

— O útero da Bella não aguentou, precisamos fazer um parto normal, para uma maior segurança de mãe e filha, foi arriscado, mas era a melhor saída para o caso. Ela já tinha perdido muito sangue, fazer uma incisão só pioraria a situação. – Victoria explicou pacientemente. – Isso não é comum, mas acontece.

— Quando eu vou poder ver a Bella e a Liz? – Eu precisava ver com meus próprios olhos, não que eu não acreditasse em Victoria, mas eu só ficaria realmente bem quando visse as duas.

— A pediatra me falou que você já pode ir até a neonatal ver a Liz, você pode levar um acompanhante se quiser. A Bella ainda vai demorar um pouquinho, mas eu te aviso assim que estiver tudo liberado para você subir. Agora preciso ir pessoal, fiquem tranquilos que tudo está bem.

Todos agradeceram ela. Abracei Victoria  mais uma vez, o alívio preenchendo as minhas veias.

— Mãe, vem comigo ver a Liz? – Os olhos de dona Esme se encheram de água.

— Toma Edward, leva meu celular e tira um monte de fotos da minha afilhada por favor. – Alice me entregou o celular e me abraçou, mesmo rindo, as lágrimas escorriam dos seus olhos, eu sabia que ela entendia a minha escolha e logo eles também poderiam visitar minha garotinha.

— Obrigada Allie, eu vou tirar. Já voltamos pessoal. – Abracei minha mãe de lado e fui rumo a UTI neonatal.

Uma enfermeira veio até a porta e nos deu passagem.

— Sua filha é linda Dr. Cullen, parabéns. Preciso que você troque de avental antes de ver a Liz. – Ela disse simpática. Olhei pra baixo e vi que ainda estava com o pijama todo sujo de sangue. – Aqui o da senhora. – Ela entregou para minha mãe, que logo colocou.

Me troquei rapidamente e logo fizemos nossa higienização.

Nos aproximamos da incubadora, meu coração acelerado no meu peito. Apesar de já ter visto ela, foi tudo muito rápido.

Liz mexia os bracinhos e pernas, toda agita. Eu nunca me cansaria de olhar para ela. Modéstia a parte, ela era a bebê mais linda que eu já tinha visto na vida.

— Meu filho, como ela é linda. – Minha mãe finalmente soltou as lágrimas que ela passou segurando nas últimas horas.

— Ela é a Bella todinha, tirando o cabelo e os olhos que a gente ainda não sabe. – Abracei minha mãe mais uma vez. Eu não conseguia descrever o que eu estava sentindo, a emoção de ver a minha filha bem.

Liz olhava tudo, ela era muito atenta, a minha pequena. – Sorri para ela e toquei a sua mãozinha minúscula.

Tirei várias fotos com o meu celular e com o celular de Alice. Enviei as fotos para quase todos os meus contatos. Aos poucos tudo estava ficando bem.

Só faltava uma coisa para a minha felicidade ser completa: Bella estar do meu lado.