É incrível como os monstros adoram me atacar justo quando está tudo bem.Estávamos eu e Annabeth sentados num ônibus, um dia antes de o verão começar.Eu havia a encontrado no Empire State para tomarmos esse ônibus que nos levaria até um ponto perto do acampamento e depois caminharíamos até lá.Mas tudo mudou quando uma garota de 12 anos entrou no automóvel.Annabeth estava me contando sobre seus planos para o Olimpo, enquanto a menina se sentou dois bancos à nossa frente.

     ̶ Eu estava pensando em mudar a entrada da sala do trono, mas ainda não sei se devo.

     ̶ Mas o que você quer mudar nela?

     ̶ Eu não... Percy... ̶ disse Annabeth, olhando para a garota  ̶ acho que ela…

     Quando ela abriu a boca para terminar a frase, o ônibus freou fortemente e eu pude ver uma grande barreira de fogo à sua frente. A esta hora todos estavam saindo desesperadamente e então só restavam eu, Annabeth e a menina. De repente, uma criatura horrenda surgiu na porta de entrada. Uma fúria. Me levantei e saquei minha espada, contracorrente. Annabeth colocou o boné dos Yankees que sua mãe lhe dera e logo ficou invísivel. Estranhamente, a garota olhava na direção da fúria, como se soubesse que ela existisse. Não era possível. Será que… será que havíamos achado uma meio-sangue?

   ̶ Percy!  ̶ gritou Annabeth quando a fúria arrancou um banco e o jogou em minha direção  ̶ cuidado!

    ̶ Alectó! ̶ eu resmunguei me desviando do banco.         

     ̶ Garoto tolo!  ̶ ela rugiu  ̶ não sou fraca como minha irmã!Sou Megera!Mas isso não importa. Onde está a garota?!

     ̶ Que garota?!

     ̶ Não se faça de bobo!Sei que ela está aqui!Vocês não podem esconder isso de mim!

   Nessa hora Annabeth tirou seu boné e eu pude vê-la atrás do monstro, segurando a faca de bronze celestial que Luke havia lhe dado anos atrás. Quando ela ia atacar, Megera se virou e a levantou pelo pescoço.

    ̶ Uma filha de Atena!Nada mal. Mas acho que deveria ser mais esperta.

    O rosto de Annabeth estava vermelho. Ela fumegava de raiva. Aproveitando a distração da fúria, corri até a menina, que estava escondida em um dos bancos e sussurrei:

    ̶ Não saia daqui até eu voltar, está bem?Sou amigo. Pode confiar em mim.

   A estranha acenou a cabeça vagarosamente e então parti para o ataque. Enquanto Megera analisava sua presa, tentei atacá-la por trás, mas ela se virou e me deu um golpe na barriga. Annabeth, que estava no chão, se levantou e, antes que o monstro chegasse até a menina, atirou sua faca, que foi parar na nuca da fúria. Megera soltou um grito de dor e explodiu em uma nuvem de pó. A barreira de fogo se desfez e percebi que não havia ninguém nas redondezas.

   ̶ Está tudo bem. Pode sair agora ̶ eu disse para a garota

   Ela tinha cabelos cor de bronze volumosos e olhos verdes. Devia ter onze ou doze anos.

    ̶ Vocês viram aquele monstro também? ̶ ela perguntou com uma voz trêmula.

   ̶ Sim ̶ respondeu Annabeth, procurando parecer calma ̶ está tudo bem.Ela morreu.Qual é seu nome menina?

   ̶ Megan. Megan Jones. O que está acontecendo?

   ̶ Megan, você sabe alguma coisa sobre mitologia grega? ̶ eu perguntei

̶ Sim! ̶ disse ela, animando se ̶ Se sei!Já fui à Grécia sabia?Sei muito!Sei sim!

̶ Bem, todos os deuses e criaturas mitológicas existem. E você é filha de um deus ou deusa. Você conheceu algum de seus pais?

̶ Apenas minha mãe. Meu pai nos deixou quando eu era muito pequena. A única coisa que tenho dele é um colar. Mas eu o esqueci em casa. Mas... os deuses não existem...não podem ...mas...como?

̶ Megan, venha conosco.

  E assim entramos em um carro vazio e dirigimos até o acampamento. No caminho contamos tudo a Megan e ela ficou boquiaberta, irradiando felicidade. O porquê de tanta alegria eu não entendia. Ao chegar no acampamento, Quíron disse a Annabeth que levasse Megan para fazer uma tour e explicar como tudo funcionava e me levou até a casa grande. Fui resignado para um grupo de meio-sangues que acabava de chegar com Grover. Tinha que olhar seus nomes numa lista e checar se estavam todos lá. Eram 18: Adrian, Alex, Bailey, Caitlyn, Carina, Chloe, Cooper, Dana, Devon, Drake, Giselle, Jake, Jenna, Justin, Kim e Sophie. Eram normais e ainda não sabíamos quem eram seus pais Olimpianos. Só havia uma pessoa diferente. Jenna era linda. Tinha longos cabelos louros e lisos, olhos cinza penetrantes, bochechas levemente coradas e lábios rosados. Tinha certeza que era filha de Atena.

̶ Muito bem, novatos. Hoje à noite é a cerimônia de reconhecimento, ou seja, hoje saberemos quem são seus pais. Dispensados!

E assim todos foram fazer outra coisa. Essa tal cerimônia de reconhecimento era uma coisa nova. Funcionava assim: os meio-sangues novatos se sentavam no chão em volta da grande fogueira e então seus pais olimpianos os reconheciam como seus filhos e depois todos íamos jantar.

Na hora marcada estavam os todos novatos (que eram muitos) sentados em volta da grande fogueira. No final, descobrimos que Adrian era filho de Dioniso; Alex e Drake eram filhos de Hefesto; Caitlyn, Carina, Giselle e Chloe eram filhas de Afrodite; Bailey e Kim de Ares; Justin, Jenna e Sophie de Atena; Hilary e Jake de Deméter; Dana era filha de Hades; Devon era filho de Apolo e Cooper de Hermes, além dos pais de outros meio-sangues que nunca vira na vida. A única na roda que não havia sido reconhecida era Megan, até que a imagem de um tridente começou a tremeluzir acima de sua cabeça. Todos olharam para mim ao mesmo tempo. Eu corei e comecei a me desesperar. Olhei para Annabeth. Depois para Grover. E depois para Quíron, que disse:

̶ Megan... você é filha de Poseidon.