Bloody Bones escrita por Bea


Capítulo 6
Capítulo 6




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Zack já tinha visto muito em sua curta vida. Também já ouvira sobre muitas coisas e julgou absurdo tudo que não poderia provar com sua lógica. Entre muitas coisas que praticamente foi “forçado” a acreditar, existe a história dos vampiros.

A verdadeira história dos vampiros foi perdida em meio de tantas mentiras. Os únicos que sabiam o que é verdadeiramente ser um, eram os próprios vampiros. Era totalmente injusto que esse casal de vampiros, o qual foi tão esperto e inteligente quando humanos, saibam praticamente nada.

Estavam os três no apartamento de Brennan. Ela e Zack aguardavam na sala enquanto Booth preparava café.

- Desculpe pela cozinha, Drª Brennan...

- Nada que não se possa resolver. – Responde ela despreocupada – Mas por que fez aquilo?

- Queria ter certeza do que eram.

- Mas se não fôssemos, iríamos descobrir que era você do mesmo modo.

- Já fiz testes. – Ele adicionou uma nota de cansaço à sua fala – Não tem como purificar o sangue, ou tirar as partículas que não nos pertencia.

- E qual é a sua história?

- Hey! – Booth chega e entrega uma xícara para Brennan e outra para Zack – Não vão partir para a parte boa da história sem mim, uh?

Booth se sentou ao lado de Brennan e esperou.

- Bem, não é uma grande história...

“Quando se é um vampiro, demora-se muito para se acostumar que uma xícara de café não irá saciar sua sede como o sangue de uma pessoa. Vampiros normais sentem sede de sangue de pessoas que não conhecem como um modo de proteger quem realmente o apoiou, o ama. Isso não tem lógica nem uma, principalmente com o caso da Drª Brennan aqui na frente de nossos olhos, mas é assim. Eu estava tentando ser invisível aonde me mantinham, eu fazia os tratamentos que mandavam e conversava com Sweets quando ele vinha verificar meu estado psicológico.”

“Um dia entrou um novo ‘louco’, era assim que o definiram. Ele era um vampiro e com o passar dos dias sua sede aguçou e ele não teve escolha. Então me atacou, mas não finalizou a ‘lanche’ e eu acabei me tornando um de nós. Desde então aprendemos a escolher a vítima certa, que não traria tanto impacto. Quando a coisa ficava crítica, trocávamos sangue. No caso eu tirava meu sangue e dava a ele. Eu não cedia meu pescoço a ele, não se preocupe Booth.”

Booth olhou um pouco mais aliviado para Zack. Poderia ser um vampiro inexperiente, mas já sabia que a troca de sangue direto do pescoço era algo como uma prova de amor. Eu me dôo a você e você se doa a mim. Como amor.

- Certo, eu não estava esperando uma história com final feliz mesmo – Booth pousou a xícara em cima da mesa e encarou Zack por uns segundos – O que há com Brennan?

- Ela é uma das Exceções.

- Ah, jura? – Booth foi irônico.

- Você não me entende. As Exceções, Drª Brennan é uma delas. Deles. Não sei.

- E o que há de errado com as Exceções?

- Não sei.

Booth levantou-se levando as mãos à cabeça tentando extrair a raiva. Andou até a sacada sentindo, ao mesmo tempo, que Brennan mal se movia e Zack sentia-se culpado.

Respirou fundo. Muitos aromas de sangues invadiram seu olfato. De modo irônico, isso o acalmou. Brennan se levantara. Ele sabia que ela tentaria consolar ele, e não iria conseguir. Mesmo assim, não a impediu.

- Parece que eu ser diferentes dos outros surpreendeu mais a ti do que a mim.

- Eu não sei o que fazer Bren. Não sei em quem acreditar. Não sei o que é o melhor para nós. Eu não sei...

- Entendo – Brennan sentiu-se estranha ao entender alguma coisa que não necessitasse de lógica – Você não é acostumado a não entender.

Booth apenas assentiu, inspirando novamente em busca de algo diferente. E o encontrou.

- Sully. – Ele disse.

- Quê? – Brennan.

- Subindo às escadas. Ele não pode vir aqui! – Booth atravessou a sala em alguns passos e apagou as luzes – Apaguem as luzes. Não estamos em casa!

O trio ficou em silêncio no escuro. Brennan chegou perto de Booth sem que ele percebesse. Os dois entrelaçaram as mãos, agora respirando devagar e em intervalos longos. Não saberiam até quando os dois iriam segurar a vontade de tomar o sangue de Sully. Escutaram três batidas.

“The first hint of the storm is not a thunderclap. It’s a knock”.(“O primeiro sinal da tempestade não é uma trovoada. É uma batida”) Essas palavras recordaram sutilmente algo, mas Brennan não soube dizer como elas vieram parar em sua mente. Mas eram verdadeiras, reais, e faziam ela se arrepiar. Brennan odiou por um instante sentir essa pequena demonstração de medo. Apertou o braço de Booth mas ele puxou. Ele estava andando.

- Booth! – Brennan sussurrou alerta.

Não conseguiu impedir. Ele abrira a porta.

Uma brisa sutil entrou pela porta trazendo de brinde uma pequena amostra de como seria agradável o sangue de Sully em sua boca. Brennan fechou os olhos, inconscientemente, e prendeu a respiração.

- Sabe que horas são? – Booth disse a Sully.

Brennan começou a ver as coisas mais coloridas, novamente, as coisas quentes se destacavam. Sully era o sol naquele momento.

- Brennan não pode sair do Jeffersonian – Disse Sully em um ato de coragem.

- Ela já saiu. E você provavelmente nunca mais irá vê-la.

- Cadê ela? – Sully se inclinou para o lado para olhar dentro do apartamento – O que há com ela?

- Saia!

- O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?

Sully empurrou Booth. Na realidade, tentou. Booth ficou totalmente imóvel e foi a vez dele empurrar seu agressor que foi parar na parede oposta do corredor. Sully se levantou rápido e partiu para cima de Booth, que o segurou o jogou para dentro do apartamento.

- TIRE ELE DAQUI! – Gritou Brennan, agora tampando o nariz.

- O que DIABOS está acontecendo aqui?! – Sully olhava de Booth para Brennan repetida vezes.

- Eu não gosto de você, sério. – Booth falava de olhos fechados para ter um mínimo controle sobre si – Mas não é por isso que vou matá-lo, então vá embora.

- BOOTH! – Brennan gritou por puro exagero – Zack sumiu.

Brennan acompanhou o olhar de Booth enquanto ele examinava o ambiente. Sully dava alguns passos para trás, indo ao encontro da parede.

- Zack. O que vocês fizeram com ele? – Sully perguntou, novamente demonstrando coragem.

- Fizemos nada com Zack. Ele fugiu! – Booth soltou o ar, depois inspirou, e o cheiro do sangue de Sully penetrou em suas narinas – Diabos Sully, eu juro que não quero te matar!

- EU FIZ NADA CARAMBA! – Sully gritou.

Brennan começou a imaginar que a coragem de Sully talvez fosse real. Mas aquele não era um mundo onde quem era honrado era o que tinha coragem, e sim, os que tinha poder. Quem era o predador. E naquele momento Brennan conseguia distinguir cada coisa viva em um raio de vinte metros, em qualquer direção. Mas nada lhe era não apetitoso como Sully. Só de olhar para ele, sua saliva se tornava mais doces, o coração entrava no compasso certo para receber uma grande quantidade de sangue, aquele sangue. Tudo em Brennan se tornava predadora.

Booth no fundo tinha pena de Sully. Sempre quisera o impossível. Ele sabia de tudo um pouco, mas não tinha nada. Booth podia até ser o que é, mas era alguém, na realidade. E como vampiro, Booth não entendia o motivo de tanta sede pelo sangue de Sully. Não tinha comparação ao modo que queria desesperadamente o sangue de Brennan, por que com Brennan era uma espécie diferente. E ele a amava e era isso que esse desespero significava. Mas também não poderia ser comparada à vontade de tomar o sangue de desconhecidos, pois essa sede só aparece quando fazia algum tempo que não se alimentava, que não o caso.

E então Booth tinha pena de Sully. Pobre Tim Sullivan. Iria morrer. Cada músculo do corpo de Booth já se preparava para o ataque. Ele sabia onde e como morder para matar. A única coisa que o prendia na ‘vida real’ era Brennan. Mas ela já não estava mais pensando como humana, ela era um animal, e era nisso que Booth estava se tornando. Um animal.

Não havia ódio nos olhos de Booth. Parecia desespero, Sully não conseguia definir exatamente o que era. Por um momento o agente se perdeu em pensamentos, tentado atribuir um nome ao que via. Terror, desespero, ódio, medo, rancor, inveja... Nada, nada, nada! Sully olhou para Brennan, ela tinha as duas mãos no rosto, tampando os olhos e o nariz. Sua expressão – a pouca que aparecia entre as mãos – poderia ser comparada à dor. Olhando novamente a Booth, sentiu uma onda de coragem partir de seu peito e percorrer cada centímetro de seu corpo. Tomou ar e ficou em pé, encarando um após o outro. Foi em uma troca de olhar, de Brennan para Booth, que Sully descobriu o que Booth sentia. Fome. Sussurrou. Booth sorriu e negou com a cabeça. Sede. Ele respondeu. Depois, só há dor. As mãos não alcançavam nada. Ninguém podia ouvir seus gritos, nem ele mesmo. Sully esperou os flashs de sua vida passar na frente de seus olhos, mas eles não vieram. Só havia o preto. E dor. Muita dor.

Temperance não tinha notado o quando Sully era bonito antes de ver ele seco e morto em sua sala de estar. Mas isso não a abalava totalmente. Parte de si sentia-se muito mal por ter matado quem um dia já a amou. Mas sua outra parte, a potencialmente dominante, estava imensamente agradecida por ser ouvida e ter ido saciar sua sede imensa. Brennan fechou os olhos de Sully com cuidado. Sentia-se viva. Muito viva. Mais do que nunca. Riu por um segundo percebendo que não havia lógica alguma nisso.

- Que foi Bren?

- Eu me sinto viva.

- Eu também. – Booth sentou-se no sofá encarando o rosto inflexível de Sully – Mas me sinto decepcionado comigo mesmo.

- Eu não posso me sentir viva. Sentir-se viva é algo que vem junto com o fato de que um dia todos devem morrer, então, nos sentimos vivos.

- Mas nós não morreremos. – Booth fecha os olhos e pensa por um segundo – Não adianta tentar encontrar lógica nisso. Nada no mundo dos... No nosso mundo tem lógica.

- TEM que existir uma lógica.

- Você acha que temos tempo para algum tipo de lógica? – Booth aponta para Sully – Já nos entregamos ao outro lado.

- Ao outro lado? – Brennan pensou por um segundo sem entender, mas resolveu não perguntar. – Temos que tirar o corpo de Sully daqui e encontrar Zack.

- E fugir. – Booth.

- E fugir. – Brennan.


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