Bloody Bones escrita por Bea


Capítulo 20
Capítulo 20




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Após tomar um longo e bom banho, Booth foi busca Parker da escola. Abraçou o filho forte e gravou na memória cada centímetro do rosto que já conhecia perfeitamente. Observou o pequeno andando, ciente de que talvez seria a última vez que veria isso, mas agora não conseguia mais chorar. Resolveu entrar no apartamento e Rebecca o barrou na porta.

- Você, no corredor. – Exigiu ela.

- O que...?

- O que você pensa que está fazendo? – Ela fechou a porta e se distanciou alguns centímetros.

- Visitando meu filho.

- Não, você veio se despedir dele, do mesmo modo que fez quando caiu no mundo com Brennan.

- Eu não desapareci, eu ligava, três vezes por semana.

- E agora você vai ligar?

Booth abaixou a cabeça pensando no que falar. Uma onda de honestidade o tomou. Não podia ser sincero. Resolveu mascarar a verdade.

- Bones está gravemente doente. Sweets também está mal, está pior que Brennan.

- E o que isso tem haver com você?

- Brennan esta grávida, ela está em uma cirurgia agora. Não sabemos se alguma das duas irão sobreviver.

- Grávida?

- Por isso que retornamos, para fazermos o acompanhamento da gestação dela.

- Mas você saiu, ficou um mês fora.

- Foi para tentar achar algo que a ajudasse nessa... doença...

- E o que Sweets tem haver com isso?

- Ele acabou sendo contaminado e digamos que eu achei uma possibilidade de achar a cura...

- Me explica isso direito. – Ela balançou a cabeça – Você também tem isso?

- Tenho.

- É ruim?

- É, mas é perigoso para vocês, não para mim. Por isso tivemos que sair.

- Brennan que te... passou?

- Por favor, não pense que é um daqueles tipos de doença, não.

- Pois é o que parece.

- Olha, não se preocupe com isso, certo? Eu posso ficar aqui com Parker, você e todos. Mas se Brennan morrer... Cada centímetro dessa cidade me lembra ela. Se Sweets morrer, foi a minha culpa.

- Como sua culpa...?

- Rebecca, não me exija explicações. Eu não vou te dar.

- Certo, então só me diz uma coisa: Você vai sumir?

- Nunca vou sumir, eu...

- Vai sair do país?

- Se Brennan morrer, sim.

- E ela...?

- Talvez.

Rebecca abraçou Booth pelo pescoço e Booth conseguiu projetar perfeitamente como seria tomar o sangue dela. O gosto do sangue terrível de Sweets ainda estava em sua boca e ele percebeu que tinha que tomar algo decente. Seu celular tocou de repente. Pegou no aparelho na mão e as cores da tela se embaralharam.

- É Hodgins. – Ajudou Rebecca.

- Booth. – Ele atendeu.

- Onde você está?

- Vim ver Parker.

- Sweets acordou.

- E ele é...

- Não. Apenas um psicólogo. Mas ele não se lembra de nada da vida de...

- Vampiro.

- Vampiro? – Rebecca repetiu ao ouvir Booth.

- E Brennan? – Booth ignorou Rebecca e voltou a falar com Hodgins.

- Viva.

- E a criança?

Hodgins não respondeu. Booth desligou o celular e deu alguns passos para trás até encontrar a parede e bater contra ela. Rebecca caminhou vagarosamente até ele. Seeley Booth chorava de um modo tão desesperado que ela não sabia o que fazer.

Brennan abriu os olhos e no mesmo momento soube o que tinha acontecido. Tornou a fechar os olhos e começou a chorar.

- Eu lamento Brennan, fiz tudo que podia... – Falou Hodgins, que estava sentado e uma cadeira ao lado da cama de Brennan.

- Ela morreu! – Brennan gritou.

- Desculpe, desculpe! – Hodgins não sabia o que fazer.

- Não foi culpa dele, Bones...

Booth entrou na sala. Tinha os olhos inchados e uma semblante cansado. Hodgins se levantou e deu um abraço apertado no amigo.

- Não foi sua culpa Jack, você salvou Brennan e lhe devo a vida por isso.

- Lamento muito cara, mesmo.

- Pode me deixar sozinho com Brennan um instante?

- Claro.

Booth se sentou na beirada da cama de Brennan e tirou uma mecha de cabelo da frente do rosto dela pondo atrás da orelha.

- Como se sente?

- Péssima.

- A culpa não foi de Hodgins.

- Eu sei.

- E nem sua.

- Eu consigo nem gerar uma criança... – As lágrimas começaram a escorrer novamente.

- Shh, não chore. Hodgins te contou a boa notícia?

- Sweets está vivo?

- E...

- Não vampiro.

- Mesmo?

- Mesmo. Seremos normais novamente. Teremos nossas vidas de voltar e teremos um ao outro.

- Como ele está reagindo? Efeitos colaterais?

- Não vi ele ainda... Mas acho que não. Sweets disse que ele é só um psicólogo.

- Vamos tentar.

- Vamos conseguir, Bones.

- Vocês sabem que ainda assim há riscos, correto?

- Sim. – Responderam ambos.

Nem Booth ou Brennan tinham falado com Sweets ainda. Na primeira oportunidade já se juntaram com Hodgins para dar início ao processo. Brennan estava frágil das recentes cirurgias e a densidade do veneno era diferente de Booth, iriam tentar em uma dosagem menor. Ainda assim ainda iam tentar.

- Vocês têm certeza?

- Por favor Sweets, sabemos o que queremos. – Booth deitou-se na segunda maca e arrumou o travesseiro abaixo de si – Vamos logo com isso.

- Fizeram as cartas?

- Cartas? – Brennan perguntou.

- Sweets fez uma carta, caso desse errado. – Booth explicou. – Mas deu tudo certo, não precisamos fazer isso.

- Booth, eu quero fazer. – Interveio Brennan.

- Não se esqueçam que uma dos efeitos colaterais de Sweets é a perca de memória de quando ele era... como vocês.

- Perca de memória? – Os dois perguntaram juntos, surpresos.

- Sim, falei para você Booth.

- Booth. – Chamou Brennan sussurrando – Não vamos lembrar que estivemos juntos, da nossa filha...

- No fundo sempre iremos saber, Bones.

Booth se levantou e foi até a maca de Brennan. A abraçou e a beijou. Sussurrou em seu ouvido que a amava. Hodgins abaixou o rosto sentindo falta de sua esposa e seus filhos, do quão sortudo ele era pela vida que tinha.

- Hodgins? – Booth interrompeu seus pensamentos. – Tens papel e caneta?

- Claro.

Um a um, Hodgins desligou todos os aparelhos do laboratório. Não tinham mais utilidade agora. Apagou as lâmpadas do laboratório, deixando apenas uma acessa sobre as macas de Booth e Brennan.

Seus sapatos faziam barulho sobre os degraus de mármore da escada. Parou em na frente da porta próxima e observou Sweets deitado no sofá, lendo uma carta.

- Sweets.

- Dr. Hodgins. – Sweets sorriu, dobrou a carta e guardou no bolso interno do terno – Como eles estão?

- Bem, estão dormindo, acho.

-Você conseguiu?

- Consegui.

Sweets levantou para dar um abraço forte de comemoração.

- Você ainda parece triste.

- Eles vão perder quase um ano da vida deles. Vão ter que reconstruir esse ano se quiserem voltar ao que eram antes.

- Foi decisão deles. Como foi a minha. Olha, estou bem.

- Você perdeu nem 24h. Eles vão perder mais de um ano. Sabe o qual foi a última conversa deles? Eles disseram que por mais que perdessem a memória, não iriam esquecer do que viveram juntos.

- Isso é bom, não é.

- É bom, se fosse verdade.

Quando Brennan acordou, Booth já estava lendo sentado sua própria carta enquanto massageava o peitoral. Ela se sentou também. Passou a mão pela barriga e sentiu a deformação nela. Olhou em volta e não reconheceu o lugar.

- O que...?

- Acho que você também tem uma dessa. – Booth falou, erguendo sua carta.

Ela buscou pela folha e a acho embaixo do travesseiro. Ergueu na direção da luz para ver o que estava escrito.

Para Brennan da noite em que Ethan Walker foi preso.

Da Brennan que descobriu a vida.

- O que é isso?

- Uma carta. Parece que... Nós éramos vampiros ou algo assim.

- Vampiros não existem!

- Eu sei. E veja: nós íamos ter uma filha.

Brennan riu e se levantou, ignorando todas as dores. Pôs a carta sobre a maca e deu alguns passos.

- Acho que sofremos um acidente naquela casa abandonada.

- De acordo com a carta, fomos atacados por vampiros.

- Esquece essa carta, Booth.

- Brennan?

- Sim?

- Fui eu quem escrevi essa carta. Posso não lembrar, mas fui eu.

- Eu não vou ler a minha. Eu escrevi nada.

- Bones?

- Que foi Booth?!

Brennan já estava se irritando, pôs as mãos na cintura e ficou encarando Booth. Ele pulou da maca e afastou e cabelo do pescoço dela e passou os dedos por uma cicatriz discreta. Levantou a outra mão e pôs em seu próprio pescoço.

- Eu acredito. – Ele sussurrou. Pegou e então pegou a mão esquerda de Brennan e analisou um anel que ela tinha em um dos dedos. –  “você ama Brennan e a pediu em casamento. Sei que sabe disso, mas preciso te lembrar para não fazer nenhuma burrada que os separe.”. Era o que dizia a carta.

Brennan puxou a mão vagarosamente da de Booth e pegou sua própria carta e começou a ler com calma. Lágrimas escorreram enquanto lia. Booth aguardava a fitando ansioso. Ela se virou e girou o anel em seu dedo.

- Bones?

- Por estranho e inexplicável que pareça. Eu acredito.

Booth explodiu em um sorriso. Caminhou vagarosamente até ela e afastou novamente os cabelos do pescoço e ali deu um beijo. Brennan sorri, cada vez com mais certeza do que estava fazendo era o certo. Vampiros ou não, eles iam adiante. Um ao lado do outro.


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Notas finais do capítulo

Querem uma boa notícia? Terá epílogo (:



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