O laboratório da equipe forense do Jeffersonian já impressionava a qualquer um com certa facilidade. Mas o laboratório que Hodgins tinha em sua própria casa impressiona ainda mais, primeiro por ocupar um andar inteiro de sua pequena mansão e segundo por ele sempre chamar aquele lugar de casa.

Brennan, que dificilmente se impressiona com um laboratório, teve que andar vagarosamente, para tentar obter cada mínimo detalhe em cada canto que sua visão poderia alcançar. Booth mesmo não passou da porta.

- Sejam bem-vindos. – Saudou Hodgins animado, já sabendo que essa seria a reação do casal.

- Booth? – Angela pôs uma mão sobre o ombro do ex-agente – Vamos deixar os dois brincando de ciência e eu vou te mostrar um quarto onde você possa ficar.

- Onde ela vai ficar?

- No laboratório. – Angela olhou para Hodgins e Brennan andando mais adiante, conversando rápido e um tanto animados. – Não se preocupe, Hodgins nunca faria nada que pudesse comprometer Brennan.

Booth assentiu uma vez com a cabeça, descendo as escadas com Angela e depois subindo para o terceiro andar.

Hodgins estava ansioso para o começo do plano de Brennnan. Contava para ela os procedimentos que utilizaria, assim como os equipamentos. Podia ver nos olhos da antropóloga, apesar de ela não afirmar livremente isso, que estava maravilhada com o lugar. Hodgins tinha decidido dar sua vida à ciência, e desde que se tornou dono de uma grande fortuna, começou a investir neste grande laboratório e assim entregar-se de corpo e alma aos estudos. Mas Angela surgiu em se caminho e seus planos mudaram. Ele não se arrependia nenhum pouco disso.

Agora Hodgins podia ver que valeu todo seu investimento. Apesar de que não é algo para Angela, para si ou para seus filhos, ele sentia-se um pouco mais realizado com a vida.

Os primeiros dias depois da chegada de Booth e Brennan passaram-se muito rápido. Logo passou o primeiro mês e a metade do segundo. Brennan estava na cama onde estaria no restante dos outros meses, totalmente monitorada e restrita de muitas coisas. Booth estava ao seu lado, segurando sua mão.

- Booth?

- Sim?

- Conte para Hodgins.

- Contar o quê? – Interveio Hodgins, que estava a alguns metros do local organizando instrumentos que poderiam ser utilizados em uma cirurgia de emergência. Estava longe de ser médico, mas teria que fazer um milagre, caso fosse necessário.

- Booth...

- Okay. – Disse ele primeiro para Brennan, depois se dirigiu a Booth. – Nós... Eu...

-Nós. – Corrigiu Brennan.

- Nós... Nós queremos de contar uma coisa. É sobre Zack.

Hodgins não precisou de mais palavras. Sua mente era ágil demais para fazer a reação, mas lenta o suficiente para não impedi-lo de fazer alguma coisa. Ele avançou para cima de Booth, agarrou seu pescoço e apertou do modo que achou que seria mais dolorido.

Booth foi pego de surpresa. Foi empurrado em direção de Brennan, que igualmente assustada levantou bruscamente, fazendo grande parte dos fios conectados a si escaparem de seu corpo. Principalmente, este ato fez com que o instrumento que isolasse seu útero de seu veneno deslocasse.

- Hodgins, pare, PARE! – Ela pôs as duas mãos sobre a barriga – Ta acontecendo alguma coisa, HODGINS!

Ele soltou Booth apenas para ver o que Brennan falava. Ao notar a situação, viu que seria uma boa hora de pôr seus dotes cirúrgicos em prática.

Booth foi jogado para fora do local por Hodgins. Sabia que se quisesse, tinha força física o bastante para permanecer. Mas estava ciente que não tinha forças psicológicas para presenciar o momento.

Desceu as escadas pulando de três em três degraus, indo correndo para algum lugar onde pudesse respirar ar livre. Encontrou Angela no jardim, sentada num banco, apoiando seus pés num troco. Tinha um bloco de folhas brancas equilibrado sobre sua barriga que chegarias aos nove meses em poucas semanas.

Ela olhou curiosa para Booth, tentando amenizar um sentimento de preocupação com o que poderia ter acontecido que começava a tomar sua mente. Observou ele atentamente enquanto chegava ao local onde ela estava e então sentar-se em um outro banco.

- O que...? – Ela começou.

- Não sei. – Ele a interrompeu. – Em um momento estávamos todos bem, conversando. No seguinte Brennan queria que eu contasse para Hodgins umas coisas e depois deu umas complicações... Arght!

Ele urrou batendo o punho no banco, deixando uma saliência onde sua mão encontrou o concreto.

- O que você contou para Hodgins? E eu já que não vai querer me contar por causa das crianças, mas Booth, não vai adiantar, eu vou descobrir.

- Não é simples... – Ele analisou seu rosto, tentando definir o que seria melhor para ela.

- É sobre Zack?

- Que-ê? – Booth franziu a testa, não entendendo a pergunta de Angela.

- Foram vocês. Não precisam dizer. Lá no parque, quando vocês me disseram o que eram, eu relacionei. O lugar, a sede, como Zack foi achado... Me surpreende Jack não ter feito a relação. Nessas horas que eu fico em dúvida em quem é realmente o gênio da casa.

- Por que não contou para Hodgins?

- Porque ele não suportaria. Você o mataram e abandonaram seu corpo, sim. Mas foi num lugar tão óbvio e o estado do corpo não implicava em nada o reconhecimento, mesmo sem estar com sangue. Acho que no fundo vocês não queriam isso.

- Claro que não. Naturalmente temos que matar pessoas e consequentemente odiamos isso. Sully foi um caso distinto do que uma simples alimentação e Zack um caso mais diferente ainda.

- Imagino...

- Ele queria nos matar.

- Booth... – Angela pos o bloco de notas de lado e virou-se um pouco para ter um mínimo de conforto. – Esse negócio todo de vocês está deixando-os loucos. Zack sempre foi mais vulnerável, sabemos disso. Com certeza vocês têm uma grande história por trás disso para nos contar.

- Com certeza. – Booth tomou ar, tentando esclarecer a mente. Algo apurou seu olfato. – Angela?

- Sim?

- Sua bolsa estourou.