Aquela noite tinha sido uma das melhores da vida dos dois, se sentiam tão bem, tão completos. Como a única que ficou sabendo o que realmente tinha acontecido naquela noite foi Tomoyo, Sakura e Shaoran, para ficarem juntos, tiveram que passar o resto da noite na varanda, aonde praticamente ninguém ia. A desculpa para as outras 3 amigas, era que o casal estava separado e ficando com outras pessoas. E acabou dando certo, nenhuma delas suspeitou nada.

Depois de tudo o que tinha acontecido, quando chegaram em casa, Sakura e Shaoran resolveram não falar mais nada um com o outro, mesmo querendo ficar mais tempo juntos. Apenas se olharam, sorriram e cada um foi para o seu quarto, seus pais já estavam dormindo.

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Amanheceu um belo domingo ensolarado. Estavam todos tomando café da manhã.

- Estou com vontade de fazer um passeio à tarde – disse Fujitaka - o que acham?

- Acho ótimo, querido, um passeio em família vai nos fazer bem. – Yelan se animava.

Sakura e Shaoran se olharam, não podiam deixar isso acontecer. Seus pais poderiam perceber o que estava acontecendo com eles.

- Sabe o que é pai, - Sakura falava um pouco nervosa – nós estamos cansados de tanto dançar ontem...

- É. Eu queria descansar esse domingo, afinal, amanha começa a longa rotina de trabalho e estudo – Shaoran tentava desculpar-se.

- Ora, o que é isso? Vocês dois sempre gostaram desses passeios. – Fujitaka não desistia da ideia.

- Pois é, pai, mas estamos cansados hoje.

- Deixem disso, esse final de semana não saímos em família, – ele insistia – vai ser bom distrair um pouco, respirar ar puro do parque, descansaremos um pouco por lá. Vamos, será revigorante, principalmente para os dois que estão tão cansados.

Vendo que não adiantava continuar insistindo, Sakura e Shaoran concordaram em ir, mas ficaram preocupados e evitariam ao máximo ficar perto um do outro.

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Caminharam pelo lago e estavam passando pelo parque, quando Yelan notou que os dois jovens não havia trocado uma palavra entre eles.

- Está certo, o que aconteceu com vocês dois? – ela tinha parado de caminhar e fitava os dois.

- O que foi, Yelan? – Fujitaka havia parado ao perceber que sua mulher não estava ao seu lado. – Porque parou?

- Nossos filhos... Eles não falaram nada desde que saímos de casa. Alguma coisa aconteceu.

Os dois jovens, que estavam distantes um do outro, gelaram com a afirmação.

- Qu-que isso, mãe... n-não aconteceu nada... – Shaoran tentou convencer.

- É verdade, Yelan. T-ta tudo normal, como sempre foi... É que estamos cansados, sabe, então...

- Vocês não me enganam, algo aconteceu... – Os dois jovens se olharam e temeram o que estava por vir - O que houve ontem à noite para deixá-los assim?

Sakura e Shaoran ficaram atônitos, não sabiam o que dizer ou como fugir daquela situação. Por um momento passou pela cabeça da menina uma ideia que poderia dar certo.

- Tudo bem, Yelan... – ela abaixou um pouco a cabeça para não ter que olhar para ninguém - Eu vou contar o que aconteceu...

Shaoran quase teve um infarto.

- O-o q-quêêê?? Ficou doida, Saku... – ele tava já desesperado.

- Não vou mais esconder isso, vou contar o que aconteceu ontem...

- Mas...

- Deixe ela falar, filho.

- Ontem, um tempo depois que chegamos à boate, um menino chegou perto de mim... Quando Shaoran o viu, colocou-o pra correr – ela cruzou os braços fingindo estar chateada, Shaoran estava boquiaberto – Ele até que era bonitinho – Sakura deu um risinho provocativo e olhou para Shaoran que soltava fumacinhas de ciúmes - Então, ele ficou grudado a mim a noite toda não deixando nenhum outro menino se aproximar... Poxa, eu já estou na época de arrumar namorado... – ela fez um biquinho olhando para o pai e Yelan – Por isso to brigada com esse bobo desde ontem... Pergunta só para a Tomoyo, se Shaoran tentar desmentir... Ela viu tudinho o que aconteceu ontem...

- Então foi isso... – Yelan falou – Sabia que algo estava errado.

- Não vou te desmentir não, irmãzinha – a última palavra ele disse com tom de deboche – Fiz isso mesmo e faria de novo... Não iria deixar nenhum marmanjo chegar perto. – Shaoran completou sorrindo.

- Unff – Sakura soltou um muxoxo.

- Hum... Gostei de saber disso, fez muito bem, Shaoran. Sakura ainda é muito nova pra namorar.

- Papai!

- Isso mesmo, estou satisfeito que Shaoran cumpriu muito bem seu papel de irmão – os jovens se olharam com vontade de rir, mas mantiveram a ‘atuação’ – Vamos continuar nosso passeio, já está quase na hora de lancharmos.

- Vamos, mas eu não quero andar ao lado do Shaoran... – ela olhou de soslaio para Shaoran com um pequeno sorriso lateral e ele soltava um risinho irônico.

Na realidade, o que contaram não foi mentira, apenas omitiram os detalhes...

O passeio durou mais meia hora. Eles fizeram um piquenique debaixo de uma das cerejeiras que havia no parque. Ao voltar para casa, Sakura foi para seu quarto, conversou por um bom tempo ao telefone com Tomoyo, depois foi terminar um trabalho escolar no computador. Shaoran aproveitou o finalzinho da tarde para preparar algumas coisas para o dia seguinte e após isso ficou mexendo no computador.

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O início da semana chegou e, junto, a rotina também. Fujitaka foi trabalhar cedo, Sakura foi para o colégio e Shaoran para o curso. À tarde os dois jovens almoçavam com Yelan e em seguida Shaoran e a mãe iam trabalhar. Sakura estudava a tarde e descansava um pouco. À noite todos jantavam juntos e depois os dois estudavam.

Foi deste modo durante a semana inteira. O jovem casal só se via no café da manhã, no almoço e à noite. Nessas horas eles estavam sempre acompanhados de Yelan e Fujitaka, então tinham que se controlar. Não podiam deixar passar nenhum olhar apaixonado, ou suspiro, muito menos que a vontade de se beijarem tomasse conta dos dois. E assim foi na 1ª semana.

Chagou novamente segunda-feira. À noite, Shaoran e Sakura estavam quase terminando de estudar, quando ela escreveu num papel e colocou discretamente no livro dele.

‘I-r-m-ã-o-z-i-n-h-o, tive uma ideia... Já que não podemos

conversar abertamente enquanto papai e Yelan estiverem aqui,

que tal conversamos por MSN?

Os dois não suspeitariam de nada...

De sua i-r-m-ã

que te ama, Sakura’

Shaoran escreveu rapidamente a resposta e colocou em cima do caderno dela.

‘Querida IRMÃ,

Gostei da ideia, mas não sei se aguentarei ficar apenas no MSN

com você, sem poder te dar nenhum beijinho...

Mas tudo bem, me conformarei por enquanto.

Passarei a terminar de estudar 20min antes do normal, começando por hoje.

                                                                       Do seu IRMÃO amado,

Shaoran’

Os dois riram baixinho. Shaoran se levantou e foi para seu quarto. Uns minutinhos depois, Sakura foi para o dela.

E assim foi na segunda, na terça, na quarta... Porém quinta-feira, o coração apaixonado falou mais alto. Estavam os dois conversando no MSN, quando Fujitaka e Yelan foram dormir. Ao ouvir a porta se fechando, Shaoran digitou:

SHAO: Sabe, eu não aguento estar tão pertinho de vc e não pode te beijar, te abraçar

SAKI: Eu tb! queria tanto ter vc aqui comigo... só de pensar que vc ta no quarto aqui em frente, da vontade de correr até ai, só p/ te da um beijo

Shaoran não lhe respondeu.

SAKI: shao?

SAKI: cadê vc?

SAKI: shaoran, pq ñ me responde?

- To aqui – ele fala ao pé do ouvido dela.

Sakura leva um susto tão grande, que seu coração batia descompassado.

- Ai! Que susto!

- Shh! Fale baixo, para não acordar nossos pais.

- Desculp – antes de terminar a palavra, Shaoran a puxou para si e lhe beijou os lábios.

Um beijo profundo, desejado desde o início da semana.

- Seu louco! Alguém pode ver.

- Eles já estão dormindo e a porta ta encostada.

- É, mas ela abre! – Sakura disse se esticando para ver a porta.

- Acalme-se ninguém vai entrar... Eu não aguentava de vontade de te beijar. – ele deu um selinho nela - Não resisti.

- Eu também queria muito isso.

- Vamos ter que tomar alguma atitude, Saki, não vamos conseguir manter isso por muito tempo.

- É verdade, não podemos nos ver apenas nos finais de semana.

- O que faremos?

- Vamos ter que pensar em alguma coisa... Mas não agora. É muito arriscado você ficar aqui, Shao.

- Tem razão vou voltar para o meu quarto – e anda até a porta – Ah! Já ia esquecendo...

- O quê?

- De pegar isso aqui – e a beija apaixonadamente mais uma vez. Um longo e maravilhoso beijo.

E assim foram dormir muito contentes e pensativos, pois teriam que resolver o que fariam para se verem ‘escondidos’.

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Mais um ensolarado final de semana chegou em Tomoeda. No sábado, Sakura, Shaoran, Tomoyo e suas amigas saíram para comer e depois resolveram patinar no gelo. Já domingo, os dois tiveram que ir à casa de Touya e Kaho com seus pais, e isso significava cuidado dobrado.

Conversaram tranquilamente durante o almoço. Fujitaka contou à seu filho e seu nora sobre o acontecido na boate. Kaho suspeitou na hora o que realmente havia acontecido, dificilmente algo passava despercebido por ela. Já Touya não notou nada, pelo contrário, assim como seu pai, parabenizou a atitude de Shaoran.

- Muito bem, Shaoran! Ah, se eu estivesse lá... Aquele moleque não sairia vivo. – Touya falava com os olhos fumegando de raiva.

- Pois é, mas tive que convencê-lo para que ele fosse embora... – Shaoran soltou sem querer.

- Convencê-lo? De que? – Touya perguntou curioso.

Sakura e Shaoran se olharam nervosos, mas não demonstraram. Ele havia feito uma burrada deixando escapar aquilo.

- É verdade... Convencê-lo de que? Essa parte vocês não nos contaram. – Fujitaka ressaltava.

- Bom é que... – Sakura tomou a palavra – O Shaoran teve que falar que era melhor ele não me perturbar, pois não queria estragar a noite do garoto, que inclusive acho que já o vi em algum lugar... – ela tentou disfarçar – Acho que era um antigo amigo seu Touya, da época do seu colegial.

- O que?? Algum marmanjo da minha idade tentou se aproximar de você? Ah, se eu encontro um deles na minha frente... – Touya esbravejava.

Sakura havia conseguido mudar de assunto, mas não ajudou muito a acalmar as coisas.

- Calma, Touya, eu não tenho certeza... Sabe o que é – ela tentava amenizar as coisas – Estava bem escuro, não dava para ver direito... Vai ver que eu me enganei. Vamos esquecer isso.

- Sua irmã tem razão, Touya. Se acalme, já passou. – Kaho acariciava o cabelo de seu marido e ajudava Sakura a ameniza as coisas.

            Após essa pequena confusão, a noite seguiu mais tranquila e a conversa fluiu para outros assuntos, o que deixou Sakura e Shaoran muito aliviados.