A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 71
Capítulo 19. Briga na justiça


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Desculpem a demora, mas sabem como é né? Esses caps são gigantes e eu preciso estar empolgada para escrevê-los hahahh
Mas acho que vocês vão gostar desse ^^



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Capítulo 19. Briga na justiça

POV Carlisle

Eu, Edward e o advogado, chamado James McGonagol, seguimos até meu escritório. Meu filho pediu para que eu o acompanhasse, pois sabia que o doutor precisaria falar comigo também. Os outros ficaram na sala, não que não pudessem escutar o que estávamos falando, mas creio que o advogado se sentiria mais confortável sem tantos olhares sobre ele.

- São seus extintos... É normal querer fugir de uma casa cheia de vampiros. Pelo menos no primeiro momento. - disse Edward.

McGonagol arregalou os olhos para meu filho que fez uma careta.

- Pensei que Kathy tinha lhe dito que eu leio mentes... Não, infelizmente não posso desligar. Não por não querer, mas por não conseguir mesmo.

- Isso é assustador. - disse o advogado, mas então deixou um sorriso escapar. - Podemos usar isso ao seu favor... Mas antes preciso perguntar... Bem você já sabe.

- Sim, eu quero a guarda de Bernardo. Não porque minha amiga pediu-me, mas porque ele é meu neto e eu o amo. Quero ele ao meu lado, quero continuar sua educação. Fazer com ele o que eu não pude fazer com o meu filho.

- Entendo... Katharine contou-me um pouco da sua história e foi bom o senhor ter vindo também. - olhou para mim, apenas assenti. - Bem, eu conheço a advogada que está por trás de Tereza, e ela não é do tipo que joga limpo. Então vai levá-los ao descontrole, ela é extremamente irritante... Mas enfim. Provavelmente ela vai questionar o porque de não terem impedido a morte do pai do menor entre outras feridas de família. Por isso precisarei dos depoimentos de vocês dois, são os mais velhos desse... Dessa...

- Família? Clã? - ajudou Edward sorrindo. - Não nos ofendemos. E sim, somos os mais velhos.

- Ok... Er, mas... Bem, a minha prioridade é fazer o melhor para Bernardo. Então terei que conversar com ele a sós, longe de audições aguçadas.

- Não há problema, só pedimos que fique na cidade. - concordei e meu filho assentiu.

- Claro, claro... Mas vamos ao que interessa. Esse vai ser um caso que repercutirá pelo planeta e...

[...][...][...]

James não mentira em dizer que o caso repercutiria no planeta. Tanto que tivemos que viajar para Washington, D.C. para que ocorresse um júri popular. Os juízes não queriam a responsabilidade de deixar que uma criança convivesse com vampiros legalmente.

O fórum estava lotado de jornalistas que se afastavam quando qualquer um de nossa família passava.

- Vovô! - correu Nessie até mim.

Era impressionante a hesitação das pessoas com a aproximação de Nessie com qualquer um de nós e ao mesmo tempo o alívio quando viam nossas feições completamente apaixonadas por aquele anjinho.

- Sim meu bem? - perguntei a pegando no colo.

- Só vim me despedir. - sorriu dando de ombros.

Ela estava com uma jaqueta cor de rosa enorme que a protegia do frio. Aquilo era desnecessário já que seu sangue era muito mais quente do que de um humano de modo que ela não passaria frio. Mas do jeito que sua mãe era. Sorri. 

- E aonde você vai? Posso saber?

Ela fez biquinho e colocou a mão em meu rosto. A multidão de jornalistas sumiu de minha vista dando lugar a Edward lhe dizendo que aquele lugar não era para criança, depois a imagem foi para Jacob e por último uma sorveteria. 

Gargalhei. 

- Sua mãe sabe de seus planos?

- Shhiu vovô, é segredo. - colocou as duas mãozinhas em minha boca abafando meu riso.  

 - Vamos Nessie? - chamou Jacob estendendo seus braços para a pequena que não se fez de rogada e saltou para o colo do lobo. - Já se despediu de todos?

Nessie assentiu sorrindo. Jacob bateu em minhas costas em um cumprimento.

- Vai dar tudo certo.

- Assim espero. - respondi antes de seguir o caminho até minha família.

Alice estava com o olhar vago ao lado de Jasper. Emmett ria juntamente com Bernardo enquanto Rose bufava. Sorri para eles e Esme veio me cumprimentar com um beijo delicado. Passei meu braço por sua cintura a trazendo mais para perto. Edward e Bella se aproximaram junto com o advogado.

Por mais que a situação fosse ruim e nos deixasse inseguros, não pude controlar os pensamentos felizes que invadiram a minha mente. Nossa família estava unida, mais do que nunca. E unidos não deixaríamos que Bernardo se afastasse. Esse mês que ele passou convivendo diariamente conosco o aproximou ainda mais de cada um. Todos nós tínhamos carinho muito grande por ele que mostrou ser um garoto doce como era a avó, porém sem deixar de ser arteiro como um adolescente normal.

Ele e Bruninha se juntavam para reclamar da comida terrível de Bella, os dois demonstravam extrema amizade. Bruna o ajudou bastante na primeira semana após a morte de Katharine não deixando de jeito nenhum a tristeza aparecer no primo.

Nos momentos nostálgicos Edward conversava com ele, pedia que contasse sobre seus pais e sobre seu avô que o criou. Meu filho gostava de ouvir as histórias e Bernardo gostava de contá-las. Depois Edward contava também sobre os lugares para os quais viajamos e curiosidades de cada local.

Minha Esme praticamente o adotara como mãe assim como fez e faz com todos nós, sempre cuidando e se preocupando com cada um. Sempre sabendo falar ou agir exatamente como precisamos em determinado momento.

Alice ganhara um novo modelo para as suas experiências de moda. Não sei como Bernardo tinha paciência em sair com a baixinha para comprar roupas e adornos. Jasper que saía junto para salvá-lo das garras de sua fada dizia que por incrível que parece se divertiam. E o garoto era bem humorado em imitar os saltos da vampira ao encontrar uma roupa que gostara, ou então provocá-la chamando-a de titiavóvamp.  

Quanto a Emmett não foi grande surpresa. Ele agrada a todos com seu bom humor e Bernardo foi mais um a ser conquistado pela criança da casa.

Assim como Esme eu adotara Bernardo como mais um filho. Ele se mostrou comigo um garoto muito inteligente e preocupado com o futuro. Diversas vezes pediu para visitar meu escritório e olhar alguns livros de medicina que eu tinha. Ele demonstrava algum interesse pela profissão e eu e Charlie não nos importávamos em sanar suas dúvidas a respeito. Logicamente que ele se empolgava ao notar todo o nosso amor pela medicina, mas ainda não sabia ao certo o que pretendia fazer quando fosse a hora de escolher uma faculdade, ainda tinha alguns meses para pensar.

Mas o que me surpreendeu realmente foi a sua amizade com Rose. Não sei ao certo como aquilo aconteceu, acredito que depois dela ter lido um e-mail que ele mandara para a garota que ele ficou, como dizem os jovens de hoje, na festa de formatura. Ele e minha filha de temperamento difícil se deram extremamente bem e conversavam sobre coisas que nunca imaginei Rose se importando.

Alice bufou.

- Não pode se basear por isso Alice. - disse Edward calmamente. - Já sabíamos que entraríamos em julgamento perdendo.

- Não sei como consegue se manter calmo. - comentou Jasper.

Meu filho deu de ombros.

- Estou confiante. - sorriu.

- Vamos? Está na hora. - chamou James após uma olhada no visor do celular.

POV Bella

Sentamos-nos na primeira fileira atrás de Edward e do advogado. Do outro lado estava Tereza e sua advogada que apesar da juventude seu rosto era severo como uma pessoa mais de idade.

Os bancos lotaram com jornalistas e pessoas interessadas no rumo do julgamento. Obviamente câmeras ou gravadores não eram permitidos o que não impedia dos jornalistas de manterem seus ouvidos atentos para narrar mais tarde tudo aos jornais.

Assim que o juiz entrou e começou a falar o número do processo e sobre o que seria senti Bernardo ficar tenso ao meu lado. Peguei sua mão e a segurei firme. Ele apertou minha mão com toda a sua força.

- Vai dar tudo certo Bernardo, não tenha medo. - sussurrei alto suficiente para ele me ouvir.

Edward se mexeu incomodado a nossa frente.

Tereza foi a primeira a depor. Ela optou por mexer com o emocional do júri. Com lágrimas nos olhos disse que não podia permitir que seu primo convivesse com vampiros, que não poderia deixá-lo em perigo. E que apesar de não ser rica tinha condições de criar Bernardo. 

- Falsa. - murmurou meu vampiro tão baixo que mal consegui escutar.

- Fique calmo Edward, já sabíamos que ela faria isso. - disse sobre a respiração e percebi Edward relaxar um pouco.

Dr. McGonagol levantou-se e perguntou a Tereza.

- A senhora conhecia Bernardo antes de saber da morte de sua prima Katharine?

- Sim, eu o conheci quando tinha seus 4 anos. Era tão bonitinho com seus grandes olhos verdes, um doce de criança. Foi impossível não ficar completamente encantada.

- Hun! - bufou o garoto ao meu lado. - Vovó disse que ela nem olhou na minha cara e mandou que me tirasse de perto dela porque odiava crianças.

- Se a senhora ficou tão... Encantada, porque não o visitou mais vezes?

- Morava em outra cidade, trabalhava a tarde inteira. Sinto-me mal por isso, talvez se eu tivesse me mudado não estaríamos vivendo essa situação hoje.

- E a senhora não podia telefonar? - Tereza ficou muda. - Mandar uma carta? Qualquer meio de comunicação?

- Eu, eu... - gaguejou.

- É verdade que seu relacionamento com Katharine não era bom?

- É lógico que era! Minha tia sempre foi boa comigo! Quem lhe disse isso?!

- A própria Katharine quando veio a me contratar. Prova disso é seu testamento que pede estritamente que seu neto não fique com sua família já que não existia relacionamento sadio com a mesma.

- Ora, apenas brigas de família... Não devemos levar em consideração mágoas antigas.

- Pelo que consta, a senhora insultou Thiago Masen, pai de Bernardo, dizendo que ele era um filho bastardo de uma prostituta e que seu filho bastardinho deveria ir para o inferno ser purificado...?

James lia em um papel as palavras ditas por Tereza quando Bernardo tinha apenas 4 anos. A boca da mulher abriu-se espantada enquanto seu rosto ficava vermelho de raiva.

- Essas palavras foram tiradas do diário de Katharine. - disse o advogado entregando para um dos jurados o diário de minha amiga então voltou-se para Tereza. - Porque a senhora quer a guarda de seu primo? Vingança? Mágoa? Algum motivo doentio? Porque eu não vejo nenhum sentimento amoroso em você em relação a Bernardo... Sem mais perguntas.

Uau! Senti Bernardo relaxar um pouco, mas ainda segurava a minha mão com força.

Edward foi chamado e a advogada chamada Christine Grace se adiantou para as perguntas.

- Acredito que todos aqui estejam cientes que esse processo não se trata de uma disputa de guarda normal entre uma família e outra e sim uma disputa entre uma família e um clã de vampiros.

- Discordo da senhora. - disse meu vampiro cortando o discurso da advogada que apenas ergueu uma sobrancelha corajosamente. - O júri está aqui para decidir com quem Bernardo será feliz. Não é esse o intuito? O melhor para o menor?

A advogada ignorou as palavras de meu vampiro.

- Falemos a verdade senhor Masen. Porque esse processo? O senhor é um vampiro, poderia muito bem pegar seu neto e sumir do mapa, já fizeram tantas vezes isso não é?

- Por ser vampiro sou submetido às leis dos vampiros. Por seu casado com uma lunar sou submetido às leis dos lunares. E por ter um neto humano sou submetido às leis humanas. Como a senhora sugeriu eu realmente poderia sumir do mundo junto ao meu neto, seria fácil para nós. Porém isso o deixaria infeliz. Não posso afastá-lo de seus amigos bruscamente como se eu fosse dono de sua vida.

- Muito nobre vindo de um vampiro que bebeu o sangue de sua própria esposa quase a matando. E sabem-se lá quantos mais matou quando conviveu com sua realeza vampiresca.

Vadia filha da puta! Segurei meu rosnado. Ela foi justamente nas feridas de Edward e não foi surpresa ver seu lindo rosto de anjo se entortando em culpa.

"Encara essa vadia Edward! Ela está te manipulando, jogando com suas fraquezas! Não deixa meu amor! Você é muito mais do que isso!" - disse por pensamento.

- Não me julgue doutora Grace antes de conhecer os fatos. Sim eu quase matei minha esposa ao beber seu sangue que lembremos bem, ela mesma ofereceu. E sabe por que ela o fez? Porque eu estava a 5 anos em cativeiro sem uma gota de sangue. Para você entender a relação, seria como um humano a mais de 3 meses sem comer absolutamente nada. Mas existe a diferença de que a dor do humano acaba quando ele morre de fome, a do vampiro persiste pela eternidade, pois ele não possuí mais forças para caçar. Agora eu perguntou doutora, o que a senhora faria se depois de 3 meses com o estômago vazio colocassem em sua boca um delicioso pedaço de pudim? Mesmo sabendo que aquele pedaço de pudim possa matar a pessoa que mais ama você não conseguira se controlar, porque sua mente não processa, não raciocina e naquele momento a única coisa que funciona é seu extinto e sua enorme vontade de viver.

O discurso de meu vampiro foi profundo e eu não pude evitar o aperto em meu peito ao me lembrar de seu estado.

- Quanto ao meu convívio com o que você chamou de realeza vampiresca foi um erro do qual não me arrependo de ter cometido, pois se eu não o tivesse feito não teria aprendido o que aprendi.

- Não enrole senhor Masen. Quantos humanos matou? É esse o exemplo que quer dar ao seu neto? O exemplo de um assassino?

Edward estreitou os olhos.

- Você não acusa um leão de assassinato quando ele se alimenta da pobre zebra, acusa? - meu vampiro estava começando a se tornar ácido.

- Jazz. - pedi em um sussurro.

- Pega leve Edward. - disse Emmett com um toque humorado.

- Perdoe-me doutora não quis ofender. O fato é que quando fui transformado meu pai ensinou-me a valorizar a vida humana, porém eu tinha apenas 17 anos e não se tem maturidade aos 17. Como qualquer adolescente eu tive meus anos de rebeldia.

- Então assume que viveu como um verdadeiro vampiro?

- Entendendo verdadeiro vampiro como um monstro que bebe sangue humano... Sim. Por 3 anos vivi desta maneira, mas não suportei mais tempo que isso.

- Não suportou? - perguntou confusa.

Acho que a curiosidade estava começando a interferir em seu discernimento de advogada.

- Veja bem, eu e minha família escolhemos esse tipo de vida não somente porque não nos esquecemos de nossa humanidade, mas porque possuímos dons que durante uma caça interferem. Meu irmão, por exemplo, tem a capacidade de sentir os sentimentos a sua volta. Então sempre que ele ia caçar ele sentia o medo de sua presa, a repulsa, o desespero e outros tantos sentimentos ruins como se fossem dele. Então cada vez que ele matava acabava morrendo junto. Em meu caso foi um estopim para a minha revolta, na época a humanidade vivia um momento mesquinho e eu acaba escutando muito mais pensamentos medíocres do que qualquer outra coisa. Concordava com meu pai no sentido de que vidas humanas não deveriam ser tiradas, porém não concordava com o todas as vidas humanas. Não concordava que um serial killer merecia viver, não concordava que um estuprador merecia viver. Então eu utilizei meu dom para na hora da caça não matar um inocente. Porém depois de um tempo eu comecei a perceber que havia um motivo por trás daquele bandido, havia um porque dele ser assim. E exterminar cada pessoa com maus pensamentos não estava resolvendo nenhum problema. E por pior que fosse aquele humano, na hora da morte seus pensamentos remetiam para momentos bons, para momentos com pessoas que ele amava, e por mais força que eu fizesse para acreditar que foi ele mesmo que traçou o seu destino eu já não conseguia acreditar em minha própria convicção. Matar humanos estava me fazendo mal. Então voltei para casa junto ao meu pai e mãe e desde então nunca mais tomei sangue humano.

Um momento de silêncio se instaurou e eu percebia as expressões dos jurados mudando pouco a pouco. Quando entramos no tribunal era notável que eles já estavam certos de sua decisão. Não permitiriam uma criança ser criada por um vampiro, porém ao escutar a história de Edward começaram a simpatizar com ele.

- Ok... Uma grande história. – ironizou a advogada. – Se o senhor não mais matava humanos, porque não foi atrás de Katharine, sua namorada quando era humano? Porque a abandonou grávida?

 - Eu não sabia que Kathy estava grávida. Pouco tempo depois que ela foi embora, a cidade foi invadida pelo surto de gripe espanhola. A doença devastou tudo e minha família não foi exceção. Se Carlisle não tivesse me transformado eu estaria morto.

- E depois de sua transformação não visitou sua amiga?

- Eu não podia.

- Não podia ou não queria?

- Não podia. Doutora Grace, entenda, não é tão simples conviver com humanos. Por conta de nossa dieta não morremos de fome, porém nunca estamos saciados. É preciso muito controle de cada um que assume essa dieta, por este motivo muitos vampiros admiram nossa família, pois eles não compreendem como conseguimos nos manter perto de humanos sem atacá-los. Quando somos recém nascidos essa fome é ainda pior, muito mais intensa. Foram necessários anos para que eu pudesse chegar perto de um humano sem atacá-lo. Se ainda fossemos em grande número como somos agora, meus irmãos poderiam me ajudar, porém éramos apenas eu e Carlisle. E mesmo assim, se eu tivesse algum tipo extraordinário de controle eu não poderia chegar perto de Kathy, pois ela notaria minha pele muito mais pálida, minha voz diferente, até mesmo o meu cheiro mais atrativo. Então eu acabaria morto por infringir a lei dos vampiros. 

- Seria morto apenas por sua ex-namorada notar que mudou? - perguntou cinicamente a advogada.

Edward tornou-se sombrio quando respondeu. 

- Com os Volturi não existe direito a defesa, não existe explicação para o ato, nem mesmo é necessário que se prove o crime. Se eles acham que você cometeu um delito eles agem. E não é mandando à prisões como os humanos e os lunares vazem. Os Volturi simplesmente exterminam aqueles que não lhes interessam.  

- Mas os Volturi têm interesse por você, não é verdade? Por causa de seu... Dom.

- Sim. Principalmente por mim e minha irmã. 

- De modo que nunca seriam mortos por eles.

Suspirei cansada. Não entendia onde ela queria chegar. Meu vampiro suspirou frustrado.

- Quando se aceita "trabalhar" para os Volturi, aceita-se também sua conduta. Eu não concordo com sua conduta e não sou o tipo de homem que se resigna a comandos de fins duvidosos.

- Essa recusa a trabalhar para eles poderia ocasionar uma guerra? - então era disso que se tratava toda essa conversa mole.

- Sim.

- E o senhor não acha que seu neto estaria em grande perigo em meio a essa futura guerra?

- Sim estaria em perigo, porém mais protegido do que longe de nós.

- Não acha uma atitude um tanto arrogante de sua parte?

- Não é arrogância doutora, é realidade. Mesmo que a indústria de armas humana já tenha tecnologia suficiente para nos enfrentar, vocês ainda estão em desvantagem. Somos muito mais fortes, rápidos e nosso raciocínio é mais rápido também. Infelizmente se hoje acontecesse uma guerra entre humanos e vampiros vocês perderiam. Posso garantir que eu e minha família temos condições de proteger Bernardo de qualquer perigo.

- Mesmo com um ataque surpresa dos tão perigosos Volturi? - ergueu uma sobrancelha prepotente.

- Sim. Nós somos o único clã capaz de fazer com que os Volturi pensem antes de atacar. Se eles planejarem algo, minha irmã Alice preverá.

- Ora, sua irmã prevê o futuro! Então já devem saber o resultado desse julgamento.

- As visões de Alice são subjetivas. Ela só prevê aquilo que as pessoas decidem fazer. Quando entramos nesse tribunal ela previu que perderíamos.

A advogada surpreendeu-se.

- Ela só viu esse resultado porque o júri já tinha em mente não permitir uma criança... Desculpe, adolescente ser criado por vampiros. Mas agora ela não pode mais ver, pois algo fez com que o júri mudasse de opinião e a certeza que antes existia não existe mais.

- Então essas visões são falhas?

- Elas não são falhas doutora. São apenas a comprovação de que o futuro não está gravado em pedra e que somos nós quem o construímos.  

- Concordo com o senhor. E pretendo dar a essa criança. - Bernardo resmungou ao meu lado. - Um futuro de verdade, sem perigos relacionados a vampiros.

Terminando seu discurso sentou-se ao lado de sua cliente. Doutor McGonagol levantou-se abotoando seu terno.

 "Jane está aqui!" - alertou Edward e eu logo repassei o recado aos vampiros do lugar.

- O que ela faz aqui? - perguntou-se Esme ecoando meus próprios pensamentos.

"Ela está sozinha, não consigo entender, parece que veio verificar o resultado do julgamento. Ela está concentrada demais nas palavras que estou dizendo. Não estou gostando nada disso!"

- Senhor Masen! - chamou o advogado ao que parece pela segunda ou terceira vez.

- Perdão doutor. - deu um meio sorriso. 

- Sem problemas... Farei poucas perguntas ao senhor, já que já deixou claro seu caráter e suas opiniões com as perguntas de minha colega. - Edward esboçou um sorriso. 

A advogada tentou desmoralizar Edward, mas acabou ajudando ele a colocar dúvidas no júri. 

- Disse que sua família é a única no mundo dos vampiros que faz com que os Volturi pensem antes de atacar. Por quê?

- Por causa de meu casamento com Bella. 

- Que é irmã do rei Daniel, princesa da Lua, estou certo?

- Sim. Por causa desta união os Volturi não podem inventar um motivo qualquer para nos destruir, já que se minha esposa se envolver conseqüentemente seu irmão se envolverá e então eles não terminarão muito bem, já que os lunares são mais poderosos que os vampiros, principalmente a família real. 

- Então seu neto, além da proteção de sua família também tem dos lunares?

- Sim. Ele e Bruna são muito amigos. Daniel nunca deixaria algo acontecer a ele. 

- Uma última pergunta. Se um dia Bernardo pegar uma doença, assim como o senhor pegou quando tinha 17 anos, o transformaria?

Não foi preciso muito tempo para meu vampiro responder essa pergunta.

- Não. Não o transformaria. Eu faria de tudo para curá-lo, mas nunca o transformaria, por motivo algum.

- Por quê?

- Porque o amo. Bernardo merece a chance de crescer, construir uma família, seguir uma profissão, ter filhos, netos, bisnetos, vê-los crescer sem a dor na garganta que vampiros sentem com a falta de sangue. Ele merece seguir o rumo natural da vida assim como sua avó o fez, pois o preço da imortalidade é caro demais. Quero dar a ele a vida que infelizmente seus pais não puderam ter por conta de uma fatalidade.

- Obrigada. - agradeceu James e Edward acenou levantando-se e seguindo para o seu lugar.

Nosso advogado permaneceu em pé e falou com o juiz.

- Excelência, Bernardo tem 16 anos, acredito que já tenha idade suficiente para dar sua opinião.

- É o que quer fazer rapaz? - perguntou o juiz.

Bernardo aperto minha mão com mais força antes de soltá-la e levantou-se.

- Sim. - respondeu simplesmente.

- Então pode falar. - pediu gentilmente o juiz.

POV Bruna

Sorri matreira e corri me jogando em cima de meu pai. Ele soltou um gemido falso de dor  então gargalhou.

- São nessas horas que me lembro o quanto você cresceu. - mandei-lhe a língua deitando ao seu lado no sofá.

Iríamos assistir a um filme novo que saiu em DVD. Mamãe fazia pipoca na cozinha. Eu estava feliz por esse momento em família que há tanto tempo não tínhamos. As coisas finalmente estavam começando a se acalmar. Papai prometeu achar um jeito de ajudar os lobos, mas como estamos em lua cheia nada podemos fazer. Finalmente as coisas estavam começando a se acalmar, então meus pais começavam há ter mais tempo para mim. E hoje é um desses dias que eles nada têm a fazer.

Os trailers passavam na TV enquanto a pipoca estourava na panela. O cheirinho de manteiga quente fazia eu e papai quase babarmos de vontade.

Meu telefone apitou de repente sinalizando uma mensagem.

De: Maggie

Para: Bruna

Oi Bruna, tudo bem?

Chego amanhã de viagem, preciso falar com você. E o Ber? Ele está bem? Estou acompanhando as notícias pela TV, que loucura!

Respondi rapidamente sem me importar com o olhar curioso de meu pai que lia descaradamente a mensagem. Revirei meus olhos internamente. Segundos depois outras duas mensagens chegaram, uma de Denis e outra de Anne. [N/a: Isso acontece sempre com a autora... Parece que meus amigos marcam hora para me mandar mensagem xD]

De: Denis 

Para: Brubs

Fala Brubs! Beleza? Já tem alguma notícia do julgamento do Ber?

De: Ana

Para: Princesa

Oi princesa! Bem? Semana que vem estou me mudando para a sua cidade! Estou tão feliz! Adeus cambada de arrogante!

Tia Alice disse que o julgamento iria demorar umas 3 horas, mas não sabia nada sobre o resultado, portanto teríamos que esperar. Estranhamente eu não estava nervosa, noite passada sonhara com Ber. Não sei se foi uma visão, mas algo me dizia que tudo acabaria bem.

Eu e meus amigos ficamos trocando mais algumas mensagens até que papai desistiu de acompanhar o papo.

Logo mamãe chegou com a imensa bacia de pipoca e ajustou o filme para rodar. Avisei a todos que iria assistir filme com meus pais e eles me mandaram vários divirta-se.

O romance era mais dramático do que romântico e eu e mamãe nos acabamos em lágrimas ao final. Papai dava risada de nós, mas eu bem vi ele escondido limpando uma lágrima.

Papai colocou no canal de noticiários para ver se já havia terminado a audiência, parece que o júri estava se decidindo e dentro de meia hora revelaria o veredicto.

- Vou tomar uma ducha. – avisei com a voz estranha de choro.

- Vai lá chorona. – provocou papai.

Mandei-lhe a língua. Meu telefone apitou novamente quando eu estava no meio da escada. Hoje estou requisitada!

De: Peter

Para: Princesa

Posso te ligar?

Meu coração deu um pulo em falso e eu corri para o banheiro ligando o chuveiro. Sentei na tampa do vazo e respondi que sim. Aqueles milésimos de segundo foram torturantes.

Três dias depois do dia em que Peter passara seu telefone eu lhe mandei uma mensagem perguntando como ele estava. Acabei me surpreendendo por passar o resto da madrugada conversando com ele. Foi algo tão natural. Desde então nos falamos quase todos os dias, ou por mensagens ou por fone.

Ele me contava da sua revolta com Malaky que estava lhe tirando do sério, mas não me disse ao certo o motivo. Contou-me que todos o olhavam diferente depois do desafio de meu pai. E que seus machucados já haviam se curado, mas Ângelo ainda não o tinha liberado para voltar aos treinamentos.

A voz de Alejandro Manzano soou do aparelho em minhas mãos e eu não sabia se olhava a foto que piscava na tela ou atendia para escutar sua voz.

http://www.youtube.com/watch?v=5pNd-CLtPqo&feature=related [Boyce Avenue - Find Me (Acoustic) (Legendado BR)][N/a: Vale muito a pena escutar!]

Optei por atender.

- Alo?

- Como vai princesa? – sua voz alegre, baixa e rouca que me fazia delirar soou.

- Estou bem. – sussurrei derretida como sempre.

Antes que eu perguntasse como ele estava Peter alertou-se.

- Está com a voz estranha, está tudo bem mesmo princesa?

Uma coisa que não mudava em Pete era a mania dele de me chamar de princesa, não que não fosse fofo, na verdade é muito. Mas sinto como se ele estivesse falando comigo por obrigação e não por gostar de falar comigo. Parei de contar a quantidade de vezes que pedi que ele me chamasse de Bruna.

- Sim, está tudo bem... É que eu estava me acabando em lágrimas depois de assistir um filme... Eu sei, é estúpido.

Ele riu do outro lado da linha.

- Não acho estúpido. Não sou tão insensível.

- Sei que não. – respondi alegre. – E como você está?

- Estou bem. - respondeu feliz. - Chefe Jackson me liberou para voltar aos treinamentos.

- Isso é ótimo Pete! Posso imaginar a falta que você sentiu disso. - sorri enrolando uma mecha de meus cabelos no dedo.

Sim... Além do mais não agüento mais ficar parado. Tia Jan está me deixando louco querendo me prender na cama. Acho que ela pretendia curar sua carência de cuidar de alguém doente, já que ela nunca precisou fazer isso comigo. - seu tom foi divertido me fazendo rir.

- Ela te ama como filho, é natural que queira cuidar de você.

Eu também a amo como uma mãe, afinal foi ela que me criou depois que meus pais se foram. - uma tristeza nostálgica apareceu em sua voz.

- Sente falta deles? - não foi uma pergunta.

Muita... Por mais que eu ame meus tios, eu sinto falta de uma orientação mais adequada... Digo, tem coisas que aconteceram e acontecem comigo que somente meus pais poderiam me explicar.

- Não se sinta sozinho Pete.

Não me sinto... Pelo menos não quando estou falando com você.

Sorri encantada. Peter tinha um jeito todo galante ao falar.

Já acabou o julgamento do seu primo?

- Ainda não, parece que vai levar mais alguns minutos... Mas tenho certeza que as coisas acabarão bem, tive um sonho com Ber. Não tenho certeza se era premonitório, mas quero acreditar que sim.

Hum. - percebi a mudança de humor em seu tom.

- Algo errado?

Escutei ele limpar a garganta.

Não, nada... É que, bem, na verdade te liguei para avisar que como voltarei a treinar não poderei falar contigo na mesma freqüência.

- Oh! Tudo bem... - controlei minha voz para não soar triste demais. - Você estará ocupado.

Pelo menos nos próximos meses... Ângelo disse que em breve teríamos a formatura dos novos agentes.

- E como funciona?

Pelo que ouvi falar dos veteranos, nós seremos submetidos a missões. Delas devemos cumprir pelo menos 90%. Então teremos um último teste que será aplicado por seu pai.

- Sério?!

Foi o que ouvi dizer.

- Tenho certeza que vai passar!

Tomara que esteja certa.

- Bruna! Morreu no banheiro?! - escutei minha mãe gritar. - Daqui a pouco sai o resultado do julgamento!

- Já vai mãe! - berrei de volta.

Tem que desligar.

- Sim... - murmurei chateada. - A gente se fala amanhã? - perguntei esperançosa.

Retornarei ao meu treinamento amanhã...

- Ah... - não consegui esconder meu desanimo.

Arrumarei um jeito de te ligar, nem que seja apenas para lhe desejar boa noite.

- Obrigada. - sussurrei.

Tchau princesa.

- Tchau Pete.

Desliguei o telefone tristemente, suspirei e finalmente me liguei que o chuveiro ainda estava ligado. Oh! Perdão mundo por estar acabando com sua água! Acho que foi o banho mais rápido que tomei em toda a minha vida.

Troquei-me quase voando e desci as escadas encontrando-me com meus pais grudados na televisão que anunciava que as primeiras pessoas saíam do tribunal.

- Porque demorou tanto? - perguntou mamãe.

- Estava no telefone. - respondi simplesmente e me joguei ao lado de papai no sofá.

- E deixou o chuveiro ligado por quê? - perguntou papai.

Fiz uma careta.

- Esqueci de desligar. - não era uma mentira.

POV Bella

Assim que Bernardo se levantou eu sabia que ele seria a chave para tirar a dúvida que o júri tinha, ou melhor o medo de tomar uma decisão errado. Alice dissera a pouco que quando os jurados fossem conversar eles concordavam em dar a guarda para Edward, porém tinham medo de que se tomassem essa decisão e algo desse errado no futuro se sentiriam culpados.

- Bem... - começou sem jeito. - Se minha vontade faz diferença nesse processo então eu digo que quero ficar com meu avôvamp.

Sorrimos com seu termo.

- Eu sei que parece loucura eu querer morar junto de vampiros, tenho consciência dos perigos, mas não tenho medo. Porque sei que eles nunca me fariam mal. Se vocês conhecessem essa família como eu conheço entenderiam do que estou falando. Basta alguns momentos para perceber que são uma família normal, com exceção da super força e super audição. - revirou os olhos. - O que é realmente irritante de vez em quando. - sorriu - Mas eles são extremamente unidos, mesmo levando as coisas com muito bom humor, quando um deles está com problemas todos se unem para ajudar. Talvez eles façam isso sem nem ao menos perceber, mas eu pude notar. Cresci em uma família pequena e sei como é difícil encontrar essa união em famílias grandes, vi isso diversas vezes nas casas de meus amigos.

Conforme ia falando sua voz ia ficando mais clara. Foi impossível não sorrir com suas palavras.

- E eles me acolheram com paciência, sem querer me obrigar a nada e cada um me conquistou de uma maneira diferente. O amor infinito de Esme faz com que eu me sinta com uma nova mãe, as conversas sobre faculdade com Carlisle e Charlie que não conseguem esconder a paixão que possuem pela medicina, a presença calmante de Jasper, as piadas grotescas de Emmett, a sinceridade brusca de Rose, as loucuras de Alice e sua mania de responder perguntas que nem ao menos pronunciamos, o carinho da professora Cullen e suas péssimas experiências gastronômicas, as  brincadeiras de tio Daniel, as sabias palavras de tia Nati, o forte gênio de Bruna, e a capacidade irritante e ao mesmo tempo boa de vovôvamp saber exatamente o que dizer em certos momentos, tudo bem que ele trapaceia em ler nossa mente, mas é ótimo ele ter essa capacidade.

Escutei o riso baixo de Edward. Bernardo sorriu.

- Nesse mês nós fomos ajeitar meu quarto. Quando fomos pintar as paredes Emmett acabou derrubando a lata de tinta em cima de Jasper que revidou jogando tinta nele e acertando ao vovôvamp e então virou uma grande guerra de tinta. Acho que nunca ri tanto em minha vida, as paredes de meu quarto ficaram coloridas com a mistura de tinta e o corredor da casa ficou cheio de mãos. Depois disso nós sentamos um ao lado do outro na frente da piscina escutando de cabeça baixa as broncas de Esme. - segurei meu riso com a lembrança, foi simplesmente hilário. - Até que todos nós apontamos para Emmett dizendo que foi ele que tinha começado. Naquele momento eu percebi que não me sentia mais sozinho depois da morte de minha avó. Entendem o que eu quero dizer? Não importa que eles sejam vampiros, quem tenham super força, ou que sejam muito mais velhos do que aparentam, eles são minha família. Não me separem de minha família.

Por fim ele suspirou e sentou-se novamente. Sorri para Bernardo que retribuiu nervosamente. O juiz anunciou um recesso de trinta minutos para que o júri se reunisse e tomasse sua decisão.

- Ai que coisa mais linda esse meu sobrinho neto! - pulou Alice abraçando Bernardo de lado.

Foi simplesmente impossível não rir.

- Ai! Alice! Não me esmaga! - reclamou fazendo-a soltá-lo.

Rimos novamente. Alice passou seu telefone para eu falar com Nati e a avisei que logo sairia o resultado e pelo sorriso da vidente tudo estava encaminhado. Avisei ela sobre a presença de Jane e ela disse que meu irmão me deu carta branca para acabar com a vadia se fosse necessário. Quase ri com seu comentário.

Edward e o doutor McGonagol estavam virados para nós com feições alegres, porém meu vampiro tinha uma ruga de preocupação.

- O que há de errado Edward? - perguntou Jasper provavelmente sentindo o que eu notara há pouco.

- Não é nada com o julgamento. - sorriu para Bernardo. - Seu discurso fez os jurados terem vontade de ser parte de nossa família. A maioria já votou que fique conosco. E irão decidir por nós. - o garoto sorriu largamente assim como todos.

- E porque a preocupação? - perguntei.

- A presença de Jane.

- Quem é Jane? - perguntou o advogado.

- Uma vadia Volturi. - respondeu Rose azeda.

- Rosálie! - advertiu Esme.

- Jane é uma vampira Volturi, foi transformada mais ou menos na mesma época que eu. É chamada pelas costas de bruxa porque tem o poder de causar a dor. - respondeu Carlisle.

- E o que ela faz aqui? - perguntou James.

- É isso que me preocupa, ela está lá fora apenas aguardando o resultado, mas nada em sua mente mostra o que ela pretende. Sua presença implica em somente uma coisa...

- Recados de Aro. - concluiu Carl.

Edward assentiu.

- Dan me deu carta branca. - pronunciei.

Jasper foi o mais rápido a entender o que aquilo significava.

- Não pode decretar uma guerra agora.

- É o que menos eu quero Jazz... Mas serei obrigada a fazê-lo se ela der o primeiro passo. Não posso permitir colocar minha família em risco. - respondi seriamente.

Alice arfou nos chamando a atenção. Ela fitava Edward, mas sem realmente vê-lo. Meu vampiro também tinha os olhos desfocados concentrado na visão da baixinha.

- Eu odeio quando vocês fazem isso. - reclamou Emm nervoso.

- Eu não acredito que ela fez isso. - grunhiu meu marido com um rosnado começando a se formar em sua garganta.

Emmett apressou-se a colocar suas mãos sobre o ombro do irmão. Para as pessoas que assistiam era apenas um cumprimento, para Edward uma prisão a cadeira.

- Não vá fazer nenhuma merda agora mano. Seja lá o que ela fez espera o júri voltar e dar sua decisão. - disse Emm seriamente.

Jasper tratou de acalmar os ânimos. Nem Edward nem Alice disseram o que viram, nos deixando extremamente nervosos.

Não tardou para que o júri pronunciasse sua decisão. Não fora nenhuma surpresa para nós, mas foi impossível não sorrir com o termino daquela novela. Assim que o juiz bateu o martelo e as pessoas começaram a sair Edward levantou-se e foi até Tereza.

- Tereza, espere, não saia daqui. - alertou.

- Porque eu faria algo que você me dissesse? - retrucou com o nariz empinado.

- Porque se sair lá fora você morrerá.

- Está ameaçando minha cliente?

- Não doutora. Estou avisando. Sua cliente fez um acordo com os Volturi e um dos membros da guarda está lá fora aguardando o pagamento de sua dívida.

Tereza ficou branca e sentou-se novamente. Parecia que a qualquer momento iria desmaiar.

- O que você fez? - perguntou a advogada com os olhos arregalados ao perceber que meu marido não mentia.

- Ela vendeu o próprio primo. Ela nunca quis criar Bernardo, ela brigou pela guarda para vendê-lo para os Volturi. - disse Edward com nojo. - Eu deveria deixar que Jane terminasse seu trabalho. Mas nenhum humano merece morrer por sua estupidez.

- O que eu faço? - perguntou em um sussurro.

- Espere, deixe que todos saiam. Já colocou muita gente em risco por causa de sua ganância.

Edward veio até nós com o semblante sério, mas antes que chegasse perto suficiente ele virou-se extremamente irritado. Ao acompanhar seu olhar percebi o por quê. A idiota saiu correndo para fora. Antes que qualquer pessoa agisse meu vampiro a seguiu como um flash e segundos depois eu escutava pessoas do lado de fora arfarem.

- Bernardo, não saia de perto de Esme e Rose.

Ele assentiu e eu corri atrás seguida dos outros.

Uma raiva assumiu meu corpo quando vi Edward na frente de Tereza com o corpo tremendo e então caindo de joelhos ao chão. Em menos de um segundo estava na frente de meu marido rosnando para a vampira que fechou a cara quando bloqueei seus poderes. Pela primeira vez em minha vida eu via Jane com roupas normais e cabelo solto, ela pareceria uma linda menininha se não fosse por seus olhos vermelhos. 

- Some daqui Jane, antes que eu faça você sumir! - rugi.

- Não se meta princesa! Esse assunto não lhe diz respeito! - retrucou.

- Você está atacando minha família, eu acho que me diz respeito sim!

- Vim apenas cobrar uma divida majestade. - fez uma reverência debochada. - Eu ainda não consigo acreditar que você não grite Edward. Você é o único que suporta meus poderes, até sua mulherzinha gritou quando eu quebrei seu escudo.

- Você não quebrou meu escudo Jane, foi eu que o perdi. Mas acredite em mim, não o perco mais.

- Que seja. - deu de ombros. - Vim cobrar minha divida. - sorriu como uma criança.

- Porque você não vai pro inferno! - retrucou meu marido já de pé ao meu lado.

Ela fez bico e sorriu.

- Onde está sua educação do século XVIII?

- Onde está a fogueira para queimarmos a bruxa? - retrucou meu marido.

Jane fechou a cara com um rosnado. Obviamente ela não gostava do apelido.

- Ok Jane, chega de brincadeira. Não vai chegar perto de Tereza. Muito menos vai matá-la. Você vai embora, vai dizer para Aro parar com essas merdas porque se continuar entenderemos como guerra declarada. E não é muito inteligente entrar em uma guerra para perder. - disse Edward seriamente. - E se algo acontecer a Tereza ou a sua família entenderemos da mesma forma.

A vampira pareceu entender o recado, mas então sorriu.

- Eu fico me perguntando quantos anos tem sua filha... - aquilo foi demais para mim.

Eu tremia da cabeça aos pés, mas meu arco e flecha de fogo permaneciam firmes apontados para a vampira. Tentei me acalmar, mas ela ousou ameaçar minha filha e meu extinto protetor explodiu em meu peito.

- Ouvi dizer que a princesa da Lua não mata seres que possuem alma. - disse ela sorrindo.

- Vamos ver se não. - as palavras saíram de minha boca sem o meu consentimento e só então eu percebi que mais uma vez não era eu no controle do meu corpo.

Jane pareceu notar a mudança em meu tom de voz.

- Ouse ameaçar minha filha mais uma vez e eu abrirei uma exceção em destruir sua alma podre!

A vampira sorriu e então sumiu de vista. Minhas mãos desfizeram a formação da arma e pouco a pouco elas abaixaram.

Porque dominou meu corpo novamente?! Gritei em pensamento. Você disse que nunca mais o faria! Que nunca mais apareceria!

Você é mole demais princesa!

Arrogante! Sai do meu corpo!

Edward apareceu em minha frente com a feição séria e aproximou-se lentamente de meu rosto.

- Você não é minha esposa. - disse em tom baixo suficiente para que somente nós escutássemos.

- É claro que sou.

- Não, você não é.

- E como sabe disso?

- Porque os seus pensamentos eu posso escutar Caos, os de Bella não. Então saia. Você não pertence a esse mundo.

Senti meu coração se apertar com suas palavras, ou seria o coração de Caos? Só sei que após Edward usar seu tom sério eu senti meu corpo leve e então era eu novamente o controlando.

Olhei apavorada para meu marido que me puxou para o seu peito.

- Tudo bem. Não tenha medo meu anjo. Vamos resolver isso.

"Eu não quero ela controlando o meu corpo novamente!" - pedi o apertando firme.

- Vamos cuidar disso. - sussurrou beijando o topo de minha cabeça.

POV Edward

Quando Bella me contou sobre Caos, nunca imaginei me deparar frente a frente com ela. Era estranho o sentimento. As duas tinham o mesmo corpo, porém os olhos... Eles nunca me enganariam. Aquela não era Bella e nunca conseguiria se passar por ela.

Apertei minha princesa mais forte contra mim, tentando acalentar seus medos. Depois pensaríamos sobre isso, agora deveríamos comemorar a vitória do processo. Virei-me sorrindo para meu neto que estava meio perdido ao lado de Esme e Rose.

Sorri para ele que retribuiu largamente.

- Só isso? Pensei que ia matá-la! - disse Tereza desesperada.

Fechei minha cara para ela.

- Depois do que fez considere muito termos ameaçado os Volturi.

Ela se encolheu com minhas palavras. A imprensa estava em peso do lado de fora loucos para uma declaração. Doutora Grace se aproximou de mim e de Bella e estendeu sua mão para um cumprimento.

- Desculpem pelos ataques lá dentro. Agora percebo que o júri tomou a decisão certa. - apertei sua mão assentindo. - Vou acabar com essa vigarista. - olhou com desprezo para sua cliente e andou em direção a imprensa.

- Essa é a nossa deixa. - disse Esme e nós concordamos.

Segurarei a mão de Bella e passei um braço sobre os ombros de Bernardo.

- Quer dizer então que eu trapaceio? - perguntei divertido fazendo-o gargalhar.

- Só um pouquinho.

- Só um pouquinho? Ah! Pare Bernardo! Fica puxando o saco do avô! Vou arrumar um neto para puxar o meu saco também! - reclamou Emmett.

- Carlisle o que você fez de errado na transformação do gorila? - provocou Jazz.

- Hey! Não chama meu ursinho de gorila! - reclamou Rose.

- Ah! Sim! Sim! Sim! - começou a pular Alice com seus olhos brilhando após uma visão. - Vamos comemorar!

Foi impossível não rir.

[...]

Voltamos para o hotel alegremente. Ignorando os olhares para nós. Gostando ou não chamávamos a atenção. Eu, minha esposa e meu neto subimos para o nosso andar. Tínhamos pego dois quartos, um de casal para mim e Bella e outro com duas camas de solteiro para Bernardo e Jacob.

Nessie dormiria ou conosco ou com Jacob. Meus irmãos e meus pais estavam em outros andares em quartos de casal.

Bella quase correu abrindo a porta que ligava nosso quarto ao quarto de Jacob. Antes que eu pudesse perceber ela já abraçava a filha com força. O lobo me lançou um olhar preocupado e depois sorriu largamente para Bernardo.

- Vamos ver quanto tempo leva para se arrepender da sua decisão. - brincou bagunçando os cabelos de meu neto. - Não param de falar na TV que seu depoimento foi crucial para a decisão do júri.

O garoto riu sem graça.

- Deve ter sido.

Sorri para ele e voltei meu olhar para minha esposa que estava sentada em uma das camas com Nessie em seu colo. Nossa filha passava as imagens de seu dia ao lado do seu Jake.

- Então o meu anjinho se divertiu bastante? - perguntou amorosamente.

Ela assentiu com entusiasmo fazendo seus cachos pularem como molas em suas costas.

- Mamãe vai tomar um banho e depois a gente vai sair ok? Jake, coloque um casaco mais quente em Nessie tá?

- Por Deus Bella, Nessie vai acabar derretendo com tanto agasalho.

Minha princesa estreitou os olhos para o lobo que ergueu as mãos se rendendo.

- Ok, ok... Não precisa me olhar assim. - fez uma careta segurando o riso.

Nessie pulou do colo da mãe e correu até Bernardo que prontamente a pegou no colo.

- Sim, também vou. - respondeu meu neto sorrindo após uma das mensagens de Nessie. - Sim, todos vão. - Bernardo riu. - Vamos convencer sua mãe a deixá-la tomar sorvete... Sim, um bem grande de chocolate com calda de morango. - ele fez uma careta. - Fazemos o seguinte então, para você com calda de sangue, para mim com calda de morango.

Minha filha sorriu largo abraçando o sobrinho. Não segurei meu riso com as imagens que ela passara para Bernardo.

Percebi então que minha esposa não estava mais no quarto e Jacob perguntava por pensamento o que tinha acontecido que deixou Bella tão preocupada. Aproveitei a distração dos menores e contei em velocidade vampiresca sobre a ameaça de Jane e também sobre a volta de Caos.

Minha princesa contou para o amigo sobre ela, então os que sabiam realmente o que acontecera com Bella na batalha no estádio de futebol somavam-se 4. Eu, o lobo, seu irmão e sua cunhada. Não que os outros não percebessem que algo havia acontecido, porém ninguém perguntou detalhes e Bella não se sentia a vontade para contar que perdia o controle de seu corpo por que sabe-se lá o que existia dentro dela. Não era algo trivial para se contar durante um jantar, por exemplo.

O lobo segurou seu rosnado ao escutar sobre a ameaça de Jane. Mandei-o se acalmar, pois ninguém permitiria a aproximação de nenhum Volturi.

- Se troquem para sairmos, Alice vai arrastar todo mundo para um shopping no centro, parece que tem um espaço bom para conversarmos e uns salões de jogos. Esme vai ganhar no boliche.

- Assim não tem graça. - reclamou Jacob.

Sorri concordando.

- Alice está eufórica, seus pensamentos são quase gritos do andar de baixo. Parece que algo bom vai acontecer para você Bernardo, mas Alice acaba de gritar para eu deixar a boca fechada antes que ela corte uma parte de meu corpo que Bella gosta muito.

- O seu cabelo papai? - perguntou inocentemente minha filha.

Bernardo e Jacob explodiram em uma grande gargalhada.

- Sim meu anjinho, tia Lice vai raspar a minha cabeça se eu contar um segredo para Bernardo. - ela arregalou seus olhinhos verdes.

- Então não fala nada papai!

- Pode deixar! - bati continência de brincadeira fazendo-a gargalhar.

Eu simplesmente amava seu riso. Por mim ela poderia rir para sempre que eu nunca deixaria de escutar e me deliciar. Logo Nessie estava puxando Jacob para trocar de roupa e eu me despedi para me ajeitar também.

Estranhei Bella ainda não ter saído do banho e fui até a porta notando que estava aberta.

POV Bella

Meu coração estava apertado em meu peito e uma vontade incontrolável de chorar veio. A água do chuveiro se confundia com minhas lágrimas. Sufoquei meus soluços e meu corpo pulava com espasmos. Não percebi o tempo passar até sentir braços de mármore circundar meu corpo e me confortar como só eles conseguiam.

As roupas de Edward logo estavam encharcadas, mas ele não pareceu ligar. Apenas apertou meu corpo nu contra o seu. Suas mãos deslizaram em minhas costas em um carinho delicado e pouco a pouco o choro foi acabando. Ergui minha cabeça para fitá-lo e perceber seu olhar preocupado.

- Estou com medo. - disse em um sussurro.

- Não tenha, eu estou com você. - respondeu beijando minha testa e então afastou-se para ter novamente o contato visual. - Daremos um jeito de Caos ir embora.

Fiz negativo com a cabeça.

- Por incrível que pareça, não é dela que eu tenho medo. - uma ruga formou-se em sua testa. - Caos pode ser irritante, arrogante e o diabo quando quer, mas eu sinto que ela ama Nessie e se caso ela dominar meu corpo novamente, sei que ela vai protegê-la.

- Está com medo dos Volturi.

- Estou como medo do que eles podem fazer a nossa filha.

- Eles não vão se aproximar Bella. Aro pode ser doente, mas ele não é burro. Se iniciar uma guerra sem motivo irá envolver nós, seu irmão e os Quileutes. Por mais laços e respeito que a guarda possui por ele, não irá aceitar uma missão suicida. Marcus e Caius não vão permitir. Eles têm senso de preservação pela vida.

Balancei novamente minha cabeça de forma angustiada.

- Você ainda não percebeu Edward? Eles já têm motivo. - sussurrei apavorada. - Jane o mostrou quando passou por nossa cidade assim que você retornou. E hoje ela confirmou as minhas suspeitas. 

Meu vampiro finalmente entendeu onde eu queria chegar e paralisou com os braços firmes a minha volta.

- Eles não podem nos acusar de criar uma criança imortal. - disse ele, mas eu via a dúvida em suas palavras.

- Nessie não cresce a 5 anos Edward. Eles podem nos acusar sim, por mais que ela tenha saído de dentro de mim. Ela é única. Eles podem mobilizar o mundo contra nós. Eles podem dizer que nós a transformamos completamente. Os vampiros ficarão contra nós, muitos podem se juntar aos Volturi, meu irmão não vai poder arriscar seu povo, eu não posso fazer isso, nem com nossa família... - fui cortada com suas mãos segurando meu rosto delicadamente e com seus lábios colando aos meus.

Seus olhos abertos fitando profundamente os meus. E eu pude ler em sua alma que ele nada deixaria acontecer a nossa filha. Ele poderia ser apenas um contra todo um exercito, mas eu acreditei e confiei no que vi.

Edward se afastou.

- Sim eles podem tentar fazer isso. Mas Bella, preste atenção no que vou lhe dizer. Nessie é uma criança. Uma criança que encanta a todos a sua volta, não importa a espécie. O desejo de Aro não é exterminá-la, ele quer é nos forçar a entrar para a sua guarda. A fazer parte de sua coleção de vampiros com poderes. E não pense que as pessoas se recusarão a entrar nessa guerra. Acha mesmo que seu irmão vai permitir que façam algo contra sua sobrinha? Acha que alguém iria seguir uma suposta ordem de não se envolver em uma guerra na qual o objetivo seria proteger uma criança como Nessie? Acha que nossa família não se envolveria para não se machucar? - meu vampiro suspirou. - Eu também estou preocupado, também sinto medo. Mas eu confio nas pessoas que amamos Bella. Ninguém vai deixar alguém que queira fazer o mal a Nessie se aproximar. Eu não vou permitir que nada aconteça ao meu anjinho.

Meus olhos voltaram a transbordar em lágrimas e meu vampiro sorriu amorosamente.

- Agora coloque um sorriso em seu rosto meu anjo, não gosto de te ver tão angustiada. Eu te amo e amo nossa filha. Não pense em coisas ruins. Uma vez escutei na mente de um andarilho que coisas ruins atraem coisas ruins, isso vale para pensamentos também. Não deixe que seus medos abalem sua fé.

Respirei fundo me acalmando.

- Não vou deixar. Nada de mal vai acontecer. - disse de maneira firme e me surpreendi por realmente acreditar naquelas palavras.

Sorri e Edward retribuiu, mas então fez cara feia.

- O que foi?

Ele balançou sua cabeça de um lado para o outro em reprovação.

- Estamos sozinhos, embaixo de um chuveiro, você está nua, colada ao meu corpo e eu não estou dentro de você! Que grande absurdo!

Senti minhas bochechas corarem com suas palavras tão diretas, mas não consegui evitar o sorriso.

Fique nas pontas dos pés para morder seu queixo. Então sussurrei.

- Então vem. - os olhos de Edward escureceram antes de ele me atacar com um de seus beijos alucinantes.

[...]

Fomos até um restaurante dentro do tal shopping que Alice nos arrastou. Os vampiros foram passear com exceção de Edward que nos fez companhia. Pode-se dizer que Jacob deu prejuízo para o Buffet... A conversa foi agradável, com os garotos falando besteiras e Nessie se lambuzando com a sobremesa.

Sorri ao ver Jake e Bernardo gargalharem com uma piada qualquer e meu marido acompanhar mais discretamente.

Edward se inclinou para beijar minha bochecha e olhou em meus olhos com uma pergunta muda.

“Estou melhor, não se preocupe.” – sorri e ele retribuiu com carinho.

- Vamos para o boliche? Quero saber quem vai ficar em segundo lugar já que nossa querida vidente já falou quem vai ganhar. – chamou Jacob ao perceber que Nessie acabara a sobremesa, com a boca lindamente lambuzada devo acrescentar.

Meu marido chamou o garçom enquanto eu levava minha doceira lavar a boca.

POV Bernardo

Não conseguia conter minha felicidade. O riso saía sem eu perceber enquanto Esme pulava feliz com seus strikes. Emmett pegou Nessie e ameaçou jogá-la em vez da bola. A pequena gargalhava.

- Não tio Eme! Não sou a bola! – dizia ela soltando gritinhos e gargalhadas.

- Mas você vai deslizar igual. – dizia ele brincando. – 1, 2, 3, i...

- Ah! – gritou quando Emmett a soltou rapidamente e depois a segurou fazendo a todos nós rir.

A rodada tinha acabado e eles resolveram jogar mais uma.

- Posso dar uma volta? – perguntei ao meu avôvamp.

- Sem problemas, só não saia do shopping. – pediu.

- Vou jogar. – disse sorrindo.

Ele abriu a carteira e me passou algumas notas, ia recusar, mas lembrei que eu estava sem dinheiro. Dei de ombros e saí do boliche entrando no salão de jogos cheio de adolescentes mais ou menos da minha idade.

Fui até a recepção para comprar fichas, acho que umas vinte seriam suficientes. Me senti um tanto perdido e sozinho, deveria ter pedido para alguém vir comigo... Aposto que Emmett iria gostar de apostar uma corrida no vídeo game.

[N/a: Gente, deu branco total aqui. Esse salão de jogos que eu me refiro são aqueles com várias máquinas sabe? Desde aquela que a gente tenta capturar os bichos de pelúcia, até aquela rampa que você joga a bolinha com força para acertar um dos buracos... Tem um lugar aqui em Curitiba que fica dentro de um shopping que se chama HotZonne, provavelmente tem em outro lugares também... Você gasta horrores nas máquinas para trocar aqueles papeizinhos por prêmios medíocres... Mas é divertido xD]

Mas preferi deixá-los se divertir no boliche. Uma garota de cabelos negros que se enrolavam em enormes cachos desde a raiz chamou-me a atenção. Ela brigava com a máquina de bichos de pelúcia. Não pude evitar rir.

Acho que meu riso foi alto demais, pois ela virou-se com os olhos faiscando de raiva para mim.

- Está se divertindo bonitão, quero ver conseguir pegar um urso. - provocou.

Ergui minhas sobrancelhas.

- Não deve ser tão difícil assim. - arregacei as mangas de minha jaqueta e coloquei uma ficha na maquina.

Segurei os dois controles e fui direcionando a garra.

- Qual você quer? - perguntei sem tirar os olhos da máquina.

Ela não me respondeu o que me obrigou a virar para olhá-la. Sua feição parecia surpresa. Seus grandes olhos negros me olhavam de uma maneira que não consegui compreender. Então ela mostrou um sorriso extremamente branco e totalmente debochado.

- Se você conseguir, eu quero o pingüim.

Estreitei meus olhos.

- Não duvide de um Cullen. - murmurei bravo para mim mesmo e voltei meu olhar para a máquina que já apontava sinais que meu tempo estava acabando.

Rapidamente direcionei a garra para onde estava o pingüim e apertei o botão. A garra foi descendo lentamente e então soltei o botão para que ela segura-se o pingüim.

Sorri largamente e olhei para a mulata ao meu lado. Minha feição era vitoriosa enquanto a garra levava o pingüim até o buraco pelo qual ele cairia diretamente em minhas mãos.

- Eu fosse você não comemorava antes da hora bonitão. - mais uma vez seus dentes brancos apareceram entre seus lábios de um sutil marrom.

Voltei meu olhar para máquina e percebi o pingüim cair da garra segundos antes dela se abrir no lugar que deveria.

- O que?! - exclamei irritado.

A garota gargalhou ao meu lado. Peguei mais uma ficha e coloquei na máquina.

- Agora é questão de honra!

Não faço idéia de quanto tempo passou com nós dois tentando capturar o maldito pingüim. Só sei que minhas vinte fichas se foram e as cinco dela também. Comprei mais trinta e dei quinze para ela que ficou sem graça, mas acabou aceitando. O engraçado era que ficávamos nos provocando dizendo que o outro não conseguiria e gargalhávamos cada vez que o pingüim caía.

Faltavam três fichas para acabar quando finalmente eu consegui capturar o bicho pela cabeça. Conforme ele se aproximava eu cruzava os dedos para ele não cair. Nós dois praticamente grudamos nossos rostos no vidro e então gritamos com um pulo quando finalmente conseguimos.

O pingüim caiu no buraco e logo ele estava em minhas mãos.

- Pegue. - entreguei para ela.

A garota me olhou novamente surpresa.

- Vamos, é seu. - insisti.

- Não posso aceitar, você comprou as fichas. É seu.

- Mas você estava tentando pegar o pingüim... Convenhamos, não seria muito legal eu ter um urso de pelúcia em cima da minha cama. - ergui uma sobrancelha e ela gargalhou e então deu de ombros.

- Poderia dar para a sua namorada.

- Ok. - disse e entreguei para o vento ao meu lado.

O pingüim caiu no chão e eu fiz cara de magoado o pegando novamente.

- Está vendo, ela não quer. - disse fitando a garota que sorriu tímida estendendo o braço para pegar o pingüim.

Sorri para ela.

- Ber! - uma voz linda e infantil me chamou.

Olhei para o lado e vi Nessie correndo em minha direção com seus cabelos balançando para todos os lados. Peguei-a no colo.

- Papai está chamando para irmos embora. - disse ela.

- Sua irmã? São muito parecidos. - disse a garota.

- Na verdade Nessie é minha tia. - respondi achando graça da situação.

- Sério? - perguntou perplexa.

- Papai é vovô do Ber. - disse a criança em meu colo confirmando o que eu havia dito.

- Nossa! - exclamou ela surpresa.

- Você é muito bonita Nessie.

- Você também! Sua cor é tão bonita! É quase igual a do meu Jake. - disse Ness inocentemente.

Sorri. Ela estava tão acostumada com o branco pálido dos vampiros que quando via uma pessoa negra como a garota a minha frente ou morena como Jacob, ela ficava fascinada.

Senti minha visão sumir enquanto a imagem de Nessie com um ursinho na mão aparecia. Então minha visão voltou a normal.

- Você quer um ursinho também? - perguntei e ela assentiu envergonhada.

Sorri.

- Ok! Ainda tenho algumas fichas. Qual você vai querer? - coloquei-a no chão perto da máquina.

- O morcego! - disse batendo levemente no vidro. - Posso tentar?

- Pode, mas não é fácil viu. - avisei e coloquei a ficha.

Tive que erguê-la para conseguir mexer nos controles. Eu e a garota tivemos que rir. Expliquei rapidamente como se mexia e ela concentrou-se levando a garra até o morcego.

Nossas bocas se abriram quando na primeira tentativa Nessie pegara não somente o morcego que ela queria, mas também um leão.

- Não acredito. Fomos humilhados por uma criança. - murmurou a mulata estática enquanto olhava para a menininha feliz que pulava com seu morcego e com seu leão.

- Vou levar o leãozinho para a Brubs! - sorri.

- Tenho certeza que ela vai gostar. - peguei a mãozinha de Nessie quando avistei minha família na porta nos esperando. - Tenho que ir. Fica com as minhas fichas. - entreguei a garota que agradeceu após eu dizer que perderia dinheiro se não as usasse.

- Tchau.

- Tchau.

Nessie saltitava segurando minha mão.

- Olha mamãe! Olha o que eu ganhei da máquina engraçada! Eu quero uma dessas lá em casa! - fez biquinho.

Nós gargalhamos com essa. Professora Cullen pegou a filha no colo.

- Vou pensar no seu caso mocinha.

- Quem era a garota bonita com você. - perguntou Rose com o olhar malicioso.

Revirei meus olhos.

- Está muito colada no Emmett. - ela riu.

- Mas sério quem era ela?

- Eu não sei. - franzi a testa. - Na verdade nós estávamos brigando com a máquina, nem perguntei seu nome ou nada.

- Vai encontrá-la de novo, daqui alguns anos. - disse Alice sorrindo.

- Onde? - perguntei curioso, eu tinha gostado da garota, ela parecia ser legal.

- Segredo. - fingiu fechar a boca com um zíper.

Revirei meus olhos. Meu avôvamp riu.

- Eu posso não prever o futuro, mas tenho quase certeza que Alice deixará escapar onde vai encontrá-la novamente... Essa fada não sabe guardar segredos. - provocou.

Alice lhe mandou a língua como uma criança mimada. Tive que rir.

[...]

Iríamos voltar para casa ainda hoje, ou melhor, na madrugada. Estávamos no aeroporto esperando o vôo quando algo veio a minha mente. Na verdade uma pergunta. Qual acordo minha prima Tereza fez com a vampira Volturi? Olhei para meu avôvamp que me olhava seriamente.

Sentou-se ao meu lado.

- Ela iria te vender para os Volturi. - explicou.

Franzi minha testa.

- O que eles querem comigo?

Meu avôvamp pareceu irritado, mas não era por causa da minha pergunta.

- Você lembra quando aconteceu aquela luta no estádio de futebol? - não tinha como esquecer. - Lembra-se que Aro te olhou com curiosidade?

Sim eu lembrava, mas logo você o cortou com um "Nem cogite essa hipótese".

- Sim... Aro ficou curioso para saber se nossos dons eram genéticos.

- Mas eu não tenho nenhum poder.

- Eu também não tinha quando era humano. Apenas muita facilidade em ler as pessoas, eu não escutava seus pensamentos, mas de alguma forma sabia o que elas estavam pensando. Quando fui transformado, essa "habilidade" tornou-se... Como posso dizer? Acho que sólida seria a palavra mais próxima.

- Então humanos tem poderes também? - perguntei e então lembrei da história de Alice, ela já tinha visões quando era humana.

- Exato... Só geralmente os poderes dos humanos são tão suaves que nem eles percebem, e acabam dizendo que é um sexto sentido ou um extinto aguçado.

- Então o vampiro viu algo em mim? Viu algum poder? - perguntei confuso.

- Não. Na verdade ele queria te transformar para tirar a dúvida. - sua feição estava irritada.

Senti minha espinha gelar. Nada contra vampiros, mas e não tinha vontade de me transformar em um.

- Não permitiremos isso, não se preocupe. - a voz de Carlisle soou a minha frente.

Só então percebi que todos prestavam atenção em nossa conversa. Menos Alice que brincava com Nessie em seu colo.

- Eu sei que não. - sorri.

Fim do capítulo 19.


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Notas finais do capítulo

Novas perguntas depois desse cap? Tudo se esclarecerá até o fim da fic, prometo ;)
O próximo cap se chama: Antigas tradições nunca morrem... Grande parte dele será a festa de aniversário da Bruna e tenham certeza que muitas emoções vão acontecer... Perceberam que eu estou louca para escrevê-lo ahahaha xD