A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 57
Capítulo 10 - Por trás dos olhos azuis (P1)


Notas iniciais do capítulo

Amores, obrigada pelo carinho *o* Vocês são de mais! Já aviso que o capítulo está enorme (mais uma vez escrevi mais do que devia, acho que esse capítulo vale por 5), e a Bella vai sofrer mais um pouquinho... Mas acho que o final compensará... Alguém lembra o que eu tinha dito que aconteceria no capítulo 10? Ah! Esse cap está bem musical e peço que confiram as músicas, pois elas farão diferença se lerem em quanto escutam ;)



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Capítulo 10 - Por trás dos olhos azuis

POV Bruna

Os alunos pararam sua corrida quando perceberam o que ocorrera e não foi difícil ligar os pontos decifrando o que vovô realmente era. Observei a professora Lara abraçar o peito e seus olhos arregalados.

Troquei um olhar rápido com Bernardo que estava ao meu lado junto com nossos amigos que paralisaram antes da saída do refeitório.

- Nós precisamos tirar o Guto daqui... Seu pai não vai se controlar em quanto o cheiro do sangue estiver tão perto. – disse já andando em direção ao garoto que estava no chão e completamente em choque.

Bernardo veio atrás de mim e passou o braço de Guto em seu ombro e o ajudou a levantar.

- Você precisa andar cara. – disse Bernardo praticamente o arrastando, mas ele não se movia.

Olhei angustiada para frente. Vovô segurava o diretor com toda a sua força, mas o vampiro parecia mais forte que ele e olhava sedento para seu filho que sangrava horrores pelo joelho.

Tia Rose e tia Alice estavam perto de nós e preparadas para ajudar caso fosse necessário, mas eu não entendia porque ainda ninguém se mexeu para ajudar, será que não percebem que o vovô não vai conseguir segurá-lo por muito tempo?

- Não se meta Bruna! – avisou tia Ali provavelmente após prever eu tentar ajudar.

- Mas e o vovô?! – choraminguei desesperada.

Ela não me respondeu e aquilo me agoniou mais ainda.

Senti braços apertarem minhas pernas. Era Nessie que me abraçava assustada e com lágrimas nos olhos.

- Hey Ness, calma. – disse suavemente tentando transparecer uma tranqüilidade que eu não sentia.

Peguei-a no colo e juntas observamos o decorrer dos acontecimentos.

Um grande estrondo de vidros se quebrando ecoou pelo refeitório e nossas cabeças se voltaram para a janela do fundo.

Minha boca caiu quando vi tia Bella com o olhar determinado para o vampiro e seu braço direito esticado com a mão em punho completamente ensangüentado, a suas costas a janela em estilhaços.

- Tia Bella enlouqueceu. – murmurei.

- Me conta uma novidade. – bufou Jake que só agora percebi estava ao nosso lado.

Como se uma grande força aparecesse, o diretor parou de se debater e virou-se em direção a minha tia que em um movimento lento pulou a janela e saiu de nossas vistas.

O vampiro a seguiu e vovô grunhiu correndo atrás deles. Assim que desapareceram de nossas vistas uma árvore caiu na floresta e eu sabia que a luta estava no meio da floresta.

Ness colocou sua mãozinha em meu rosto e mostrou-me a imagem de sua mãe e percebi que ela perguntava por ela.

POV Bella

Escondida atrás da parede usei meus poderes para fazer com que o vampiro praticamente voasse em direção a floresta a qual eu sabia que estava com Jasper e Emmett a sua espera. Charlie corria logo atrás e eles o parariam e o ajudariam como pudessem.

Bem... Eu iria ter que dar um jeito no povo daqui do colégio, foi isso o que Alice sugeriu rapidamente em quanto Charlie segurava o vampiro e eu deixava Nessie segura junto de Jake. Ela o acalmaria já que sua transformação estava prestes a acontecer. Funcionou e então eu pude distrair o vampiro com meu sangue.

Suspirei e então pulei novamente a janela indo para dentro do refeitório.

Poucos alunos restaram ali, e poucos professores também. Seus olhares eram de medo e curiosidade, ao mesmo tempo admiração.

Logo me juntei a eles e Nessie pulou em meu colo e pôs sua mãozinha em minha bochecha me mostrando minha mão ferida.

- Não foi nada amorzinho. – murmurei beijando sua testa e sorrindo transpassando confiança.

Ela sorriu para mim e eu a pus no chão para que voltasse junto de sua prima.

Jacob se aproximou de cara fechada e enrolou um pedaço de pano em minha mão. Fitei-o nos olhos e sinceramente não entendia toda aquela amargura que via neles. Resolvi não tocar no assunto ele desviou o olhar e disse para todos.

- É melhor nos juntarmos logo aos outros, parece que correram para o ginásio.

Os alunos e professores foram andando meio atordoados, os segui, porém fiquei mais atrás para falar rapidamente com Lara.

- Não tire conclusões precipitadas, por favor... Deixe-o contar sua história. – pedi suplicante, mas seus olhos estavam frios e ela não se virou para me olhar.

Suspirei resignada e acelerei meu passo ficando ao lado de Jake que estava mais sério do que nunca. Ele segurava a mãozinha de Nessie que o olhava confusa. Ela deve ter passado alguma imagem para ele, pois meu amigo abaixou o olhar e sorriu levemente para ela.

Nós andávamos em silêncio, mas a feição de Jacob já estava me irritando.

- Fala de uma vez! Por que eu não agüento mais essa sua cara de bunda! – grunhi parando de andar e batendo meu pé no chão.

Acho que falei um pouco alto de mais já que os alunos e professores que estavam à frente se viraram para olhar. Ignorei-os e cruzei meus braços no peito fitando com raiva Jacob que me olhava com a mesma expressão.

Ele virou para Nessie e disse.

- Por que não vai com a sua prima até o ginásio Nessie? – ela assentiu e então andou até Bruna que mordia o lábio mostrando que não queria ir à frente. – Por favor, pequena.

Bruna bufou e de mãos dadas com a minha filha andou mais rápido.

Jacob virou para mim, mas não disse nada, como se estivesse decidindo se falava ou não. Os outros voltaram a andar, mas iam a passos lentos para tentar ouvir a fofoca.

- Desembucha Jacob! Sei que quer falar algo, então fale de uma vez! – disse brava e ele bufou.

- Você se acha no direito de estar brava por causa da minha expressão, mas quem deveria estar assim era eu Bella! Que porra você estava pensando quando decidiu virar lanchinho de vampiro?! – grunhiu ele.

Revirei meus olhos.

- Não viaja, já passei por coisas muito piores que essa. – disse emburrada e ele finalmente explodiu tudo o que estava sentindo.

- Que porra! Para de fazer essas loucuras! Não percebe que está se destruindo? Eu sei exatamente de todas as coisas que passou, mas pelo amor de Deus Bella, você não vai sobreviver à outra mordida de vampiro! Edward não está aqui para salvá-la de novo!

Seus olhos transmitiam dor e suas palavras quebraram meu coração.

- Jura? Nem tinha percebido! – minha voz estava magoada e senti meus olhos enchendo de água.

Jacob respirou fundo e continuou com a voz mais baixa, mas não menos intensa.

- Ninguém vai agüentar te ver morrer novamente... Eu nunca vou esquecer aquele dia Bella. Nunca! E sabe por quê?

Neguei com a cabeça em quanto às lágrimas corriam pelas minhas bochechas.

- Além de seus gritos estarem gravados em minha memória os gritos de outros também ficaram, acho que você não os escutou, mas eu gravei isso Bella! Nunca vou me esquecer do desespero de Charlie, de seu irmão, de seus pais com a impotência em te ajudar. O medo de Edward de ser ele o responsável pela sua morte. A dor dos Cullens ao verem você naquele estado, a reza baixinha de Esme em meios aos seus soluços.

“Mas o que mais ficou em minha mente foi os gritos de Bruninha, ela berrava te chamando para que você não morresse... Ela tinha apenas 6 anos Bella, o mesmo tamanho que sua filha agora... Será que não percebe que está prestes a fazer com que ela sofra o mesmo que sua sobrinha? Eu não vou permitir que ela passe pelo mesmo que Bruna passou há 9 anos, pois desta vez se algo acontecer, você não abrirá mais os olhos... Por que...”

Meu rosto estava entortado em dor quando sussurrei terminando o que Jake diria.

- Edward não está aqui. – dito isso eu desandei a chorar.

POV Jacob

Sei que o que eu disse foi pesado, mas minha amiga precisa reagir de alguma forma. Mesmo ela sendo capaz de se livrar do vampiro com facilidade, ela se arriscou muito se expondo daquela maneira.

Vampiros famintos nem sempre são previsíveis. E ela contara com o fato dele não correr rápido suficiente para mordê-la, mas Deus! Ele quase conseguiu e isso me fez relembrar tudo o que ocorrera há tanto tempo.

Estávamos sozinhos no corredor, todos já estavam no ginásio confusos com tudo o que aconteceu.

Abracei Bella desejando que ela desabafasse sua dor. Após alguns minutos fomos para onde todos estavam.

POV Bernardo

Foi impossível não escutar parte da conversa do treinador Black com a professora Cullen. O fato dela já ter sido mordida por um vampiro fez com que todos nós nos assustássemos.

Eu ainda não sabia de muitas coisas. A situação entre nós ainda era muito estranha, mas aos poucos eu estava me adaptando e aprendendo com a família Cullen. Vovó me incentivava dizendo que eu gostaria deles, que eram bons... Já os conhecia o suficiente para dizer que ela estava certa.

Todos possuíam suas peculiaridades, cada um com um jeito de ser acentuado pelo fato de serem vampiros. Bruna me contou sobre um pouquinho de cada um e algumas histórias também. Bem... A história de sua tia mordida por um vampiro ela não me contou.

Em outra hora perguntarei a ela.

Assim que chegamos ao ginásio ajudei Guto a sentar na arquibancada que já estava lotada de alunos assustados e professores em estado de choque, sem saber o que fazer.

O garoto estava mal, seus olhos vagavam longe e eu não enxergava mais a arrogância que sempre transpareceu em seu rosto. Agora a única coisa que via era um menino assustado.

Bruna se aproximou de nós e tentou chamar atenção de Guto.

- Hey. Você está bem? – perguntou ela se ajoelhando a sua frente e tentando olhar em seus olhos.

Ele pareceu cair na real e olhou com raiva para Bruna.

- Se eu estou bem?! Meu pai virá um monstro que tentou me matar e você pergunta se eu estou bem?! – berrou ele.

- Hey! Não adianta berrar com ela! – disse bravo por ele ter sido tão grosso. – Bruna não tem culpa do que seu pai se tornou!

- Acha mesmo que ele se tornou um monstro? – perguntou minha amiga friamente.

- Assim como seu avô. – disse ele na mesma frieza e eu temi que minha amiga voasse nele, pois ela fechou a cara e apertou os punhos.

- Vovô salvou sua vida seu imbecil! Ele deveria ter te deixado morrer para você deixar de ser tão trouxa! – berrou ela.

- Pega leve Bruna... – pedi.

- Não Ber, isso é ridículo, uma puta injustiça! – dizia ela bufando.

- Injustiça?! Quer dizer que seres que bebem sangue humano não são monstros? – perguntou irritado Guto.

Percebi que minha amiga se segurava para não voar no pescoço do garoto.

- Vovô se alimenta só de animais e ainda usa seus sentidos aguçados para salvar vidas de seres humanos, ainda acha ele um monstro?

- Quieta Bruna, espera Bella chegar que ela explicará tudo. – disse Alice baixo para que somente nós que estávamos perto escutássemos e então puxou minha prima para o lado e começou a falar com ela em um tom inaudível para nós.

Baguncei meus cabelos nervosamente, pois agora todos olhavam para cá de maneira acusadora, principalmente meu melhor amigo Denis. Eu entendia seu olhar de “Porque você não me contou!”.

Apenas encolhi meus ombros... Esse segredo não era meu, era de toda aquela família...

Eu não tinha o direito de expô-los, ainda mais depois de terem me aceito tão facilmente.

Meus devaneios foram interrompidos pelo grunhido de Rosálie que foi em direção a Jacob que acabara de entrar ao lado da professora Cullen que abraçava o próprio corpo e tinha olhos baixos.

POV Charlie

Corri atrás de Joseph com toda a velocidade, Bella o jogará contra a floresta com uma força impressionante e algumas árvores caíram pelo caminho.

Logo o alcancei.

O vampiro estava em posição de defesa para Jasper e Emmett parados a sua frente, ele virou-se rapidamente em minha direção notando que não podia fugir.

- Sei que está confuso, mas acalme-se... Tenho certeza que não quer machucar ninguém naquela escola. – disse de forma firme e ele rosnou.

- Não adianta Charlie, ele é muito novo, não está raciocinando direito. – disse Emmett se preparando para atacá-lo.

Joseph deu um passo para trás com a aproximação dele.

- Está o assustando Emm. – murmurou Jasper.

- Porque diabos estão se fazendo de estudantes? – perguntou Joseph sem sair da posição de defesa.

- Cada um de nós possui motivos distintos, porém temos algo em comum... Não queremos nos afastar de nossa humanidade... Não queremos ser monstros como aquela que te criou... Você não precisa ser assim também. – respondi deixando minha posição de ataque e erguendo meu corpo de forma tranqüilizadora.

Jasper e Emmett seguiram meu movimento assentindo as minhas palavras.

O recém nascido hesitante deixou também sua posição de defesa para uma ereta. Ele nos olhava desconfiado.

- Você se faz de médico para assaltar os bancos de sangue! – acusou-me e eu o olhei horrorizado.

- Eu nunca tiraria o sangue que pode salvar uma vida para me alimentar! – rebati. – Não somos vampiros como os outros, nossa alimentação é diferente e até mesmo incompreendida por muitos, mas é assim que nos sentimos bem...

Expliquei para ele sobre nossa alimentação e nossa vida rapidamente, ele não estava mais tão assustado, mas pelos seus olhos era possível notar a relutância em aceitar que nós o ajudássemos.

- Se eu levar a garota a ruiva vai me livrar disso. – disse ele retomando a posição de ataque de repente.

Nós nos posicionamos para segurá-lo.

- Victória mentiu para você... Acha mesmo que se tivesse algum modo de voltarmos a ser humanos não saberíamos? Ela está apenas te usando para conseguir o que quer. – disse Emmett seriamente.

- Sinto muito, mas nós amamos demais Nessie e se for necessário nós o destruiremos para protegê-la. – rosnou Jasper de forma firme.

- Por favor, Joseph, nós podemos te ajudar a se controlar, poderá chegar perto de seu filho novamente, poderá terminar de educá-lo, ele sentirá orgulho de você como nunca... Mas não faça isso. – pedi em uma ultima súplica e ele finalmente pareceu ceder.

O vampiro ficou hesitante e pelos seus olhos o medo passava.

- Ninguém vai atacar sua família, assim como nós podemos te ajudar, podemos também proteger aqueles que você ama até que você mesmo tenha controle para fazer por si só. – disse Jasper.

O vampiro então se sentou ao chão e colocou a cabeça entre os joelhos. Seu corpo subindo e descendo em soluços secos. Finalmente ele havia notado que não existia escapatória.

Troquei um olhar rápido com Jasper e Emmett e então disse a eles.

- Cuidarei dele, agora é melhor voltarem para a escola antes que notem que desapareceram de repente... Já basta eu ter revelado o que eu sou... Sinto muito se tivermos que nos mudar novamente. – suspirei cansado.

Emmett sorriu largamente e disse dando de ombros.

- Não me importo de me mudar novamente... Mas algo me diz que isso não vai acontecer.

Jasper revirou os olhos para o irmão e então os dois correram para a escola.

Aproximei-me de Joseph e sentei ao seu lado.

- Sei o que está sentindo... Mas garanto que vai melhorar depois de algum tempo. – murmurei em quanto relembrava a minha transformação.

POV Bella

Rose veio em direção a Jacob soltando fogo pelas ventas. Deus! Onde está a paz quando mais precisamos?

- O que disse a ela cachorro?! – grunhiu e Jacob fechou a cara e respondeu em um rosnado.

- Não me irrite sanguessuga... Não agora. – seus braços começaram a tremer e eu me coloquei entre ele.

- Rose, por favor... Dá um tempo, muita confusão em um dia só. – pedi suplicante e ele me olhou cética.

- Olha o seu estado Bella! Você... – sua voz morreu quando Jasper apareceu atrás dela colocando uma mão em seu ombro e dizendo calmamente.

- Depois Rose... Acho que agora Bella precisa falar com o pessoal.

Jazz me inundou de paz. Obrigada!

Eu precisaria estar raciocinando direito se quisesse dar um jeito nessa situação.

Após respirar fundo andei até Guto que estava na arquibancada e então me sentei ao seu lado.

- Charlie está cuidando de seu pai... Ele o ajudará... Seu pai não tem culpa do que se tornou Guto... – disse com calma e finalmente ele fitou meus olhos.

- Então de quem é a culpa? – perguntou bravo.

- Argh! Que garoto mais grosso! – grunhiu Bruna que estava em nossa frente.

- Quieta Bruna! – repreendi e ela bufou cruzando os braços no peito.

Voltei meu olhar ao garoto ao meu lado e disse.

- A culpa é minha. – disse e olhares arregalados me fitaram assustados em quanto minha família soltava murmúrios indignados com o meu ponto de vista.

Guto ficou sem jeito com as minhas palavras.

Os alunos e os professores estavam perto de mim para me escutar.

- Bella, pode, por favor, explicar o que foi que aconteceu hoje? – pediu o vice-diretor de maneira sutil... Ele era um bom homem.

- Não é obvio?! O pai dela é um vampiro! Um assassino que estava apenas esperando o momento certo para atacar, assim como todos eles! Um monstro entre nós. – desdenhou Carolina me olhando com nojo.

Bruna grunhiu e voou no pescoço da garota loira, mas antes que ela fizesse besteira Emmett a segurou pela cintura e a tirou dali tentando acalmá-la. Vi um sorriso escondido em seus lábios, para ele foi hilário aquela cena.

- Porque é tão difícil acreditar no que dizemos?! – grunhiu minha sobrinha batendo o pé no chão assim que Emm a soltou.

Suspirei e olhei-a diretamente nos olhos e disse.

- Da mesma forma que é difícil você acreditar quando digo que seu tio não está morto... Mesmo me conhecendo dês do dia que nasceu duvida de minhas palavras, então por que fica tão indignada pela dúvida de pessoas que nos conhecem a menos de um ano?

- É diferente. – murmurou Bruna com tristeza nos olhos.

- Será? – perguntei retoricamente com a voz calma e ela desviou o olhar.

Minha atenção voltou à Carolina e eu suspirei e finalmente disse fitando diretamente seus olhos.

- É muito fácil julgar o outro sem conhecer sua verdadeira história... É fácil repetir o que pessoas ignorantes falam na televisão... É fácil dizer o que uma pessoa é apenas olhando seu exterior... É muito fácil falar sobre assuntos que não conhecemos de verdade.

Minha voz fora calma, mas em nenhum momento eu tirei os olhos da garota que ao final de minhas palavras percebeu que não estava certa ao dizer o que disse.

- Ao contrário do que vocês pensam, vampiros não nascem vampiros e muito menos escolhem ser o que são... Se perguntarem a 100 vampiros o que eles prefeririam ser, humanos mortais ou vampiros imortais, 99 responderiam humanos mortais... Julgam sem conhecer, por ter medo de sua força sobre humana ou seus sentidos sobre humanos, mas sequer pensam que talvez eles pudessem ajudar com isso... Assim como Charlie o faz... Com seus sentidos mais apurados, ele tem melhores condições de salvar uma vida.

“E pelo amor de Deus não pensem que ele estava apenas preparando seu jantar... Isso é ridículo, pois ele não seria capaz de machucar nem a pior das pessoas... Charlie luta por toda a sua existência contra seus extintos, com todo o tempo de vida que ele tem aprendeu a se controlar e hoje quase não possui desejo por sangue humano... Se mantém vivo com sangue animal”

Pausei pensando em como eu continuaria. A atenção de todos estava voltada para mim. Minha cabeça estava a ponto de explodir com o estresse da situação.

- Por quê? – a voz de Lara cortou o meu silêncio, seus olhos estavam marejados e percebi que ela engolia com dificuldade.

- Ele não quer ser um monstro Lara, não igual ao vampiro que o transformou, não igual ao vampiro que matou sua esposa grávida... Ele não deseja a ninguém ver a pessoa que mais ama ser sugada até o ultimo pingo de sangue junto com seu filho que nem nascerá... Ele não deseja a ninguém sentir a dor que ele sentiu quando se contorcia no chão em quanto suas veias pareciam conduzir fogo ao invés de sangue... E o pior de tudo era a dor da impotência ao perceber que não conseguiria salvá-la daquele monstro.

“Será que é tão ruim assim lutar para não ser um assassino, lutar contra o sentimento de vingança que é o mais forte sentimento em um vampiro juntamente com o amor? Será que realmente alguém aqui tem o direito de chamá-lo de monstro? Algum de nós possui esse sentimento tão nobre e tão presente em Charlie? Hoje ele poderia muito bem apenas deixar que Joseph machucasse seu filho, mas ele simplesmente arriscou sua própria vida contra um vampiro 10 vezes mais forte e mais rápido que ele para que não houvesse mais dor. Agora eu pergunto novamente, isso é ser um monstro?”

O silêncio imperava no ginásio. Cada um com rostos contorcidos em pena e até mesmo arrependimento.

- E o que você tem a ver com isso? Por que disse que a culpa é sua? – perguntou Guto ao meu lado.

Meus olhos sobressaltaram um pouco e então minhas pálpebras abaixaram com a dor. Fitei o chão sem saber o que falar, pois se eu dissesse o porquê à culpa era minha eles saberiam sobre o que eu era e daí sim as coisas se complicariam ainda mais.

- Bella tem o sangue doce. – a voz de Jacob soou e todas as cabeças, inclusive a minha, se voltaram à forma grande de meu amigo.

Ele tinha o olhar sério e os braços cruzados no peito. O que diabos ele estava fazendo? Nossos olhares cruzaram rapidamente e tudo o que eu vi ali foi aquela seriedade que tanto estranhava em meu amigo.

Fiquei em silêncio em quanto ele continuava sua explicação.

- Para os vampiros, Bella possui um cheiro doce, como de uma sobremesa... Imaginem aquilo que mais gostam de comer... É o cheiro disso que Bella tem para os vampiros... Por isso essa louca se cortou no refeitório, porque ela mais do que ninguém sabia que chamaria atenção de qualquer vampiro com o cheiro do seu sangue. – Jacob me mandou um olhar magoado e ao mesmo tempo me repreendia mais uma vez com suas palavras, abaixei meu olhar. – Sua vida inteira foi perseguida por vampiros e seres que queriam seu sangue... Foi Charlie quem a protegeu dês de que ela nasceu.

“Olha se formos contar toda a história ficaríamos alguns dias nesse ginásio... Resumindo... A vampira ruiva que transformou o diretor o enganou e assim o convenceu de pegar Nessie para se vingar de Bella, por que seus pais mataram o parceiro dela que também queria matar minha amiga ali... É isso, essa é a história.”

POV Jasper

OH! MERDA! Porque eu não pensei nisso antes? É tão óbvio! Além do mais meu irmão nunca cairia em uma armadilha para ele mesmo!

POV Bella

Olhei incrédula para Jacob que agora bagunçava os cabelos nervosamente.

- E onde está a culpa da professora? – perguntou Maggie com a testa franzida.

- Essa é a questão... Bella não tem culpa, mas vai por isso naquela cabeça dura. – disse Jasper que só agora notei estava com Nessie adormecida em seu colo, ele devia ter a feito dormir para não escutar toda essa conversa.

Revirei meus olhos para eles e então voltei meu olhar para o vice-diretor que analisava tudo muito pensativo.

- Culpada ou não, vampiros sempre estarão na minha cola, ou seja, onde eu estiver haverá perigo para todos a minha volta... Entenderei perfeitamente se não me quiserem mais na cidade. – disse resignada.

Com minhas palavras um burburinho iniciou baixo até que ficou mais alto com todos falando ao mesmo tempo então os alunos cercaram o vice-diretor.

- Não, por favor... Não tem nada a ver a professora ser expulsa daqui!

- Eu só entendo física com ela!

- Essa cidade é parada demais, está na hora de um agito!

- Ah! Qual é, não é justo ela pagar por algo que não tem culpa!

Meus olhos arregalaram. Isso nunca havia acontecido em nenhuma cidade... Se bem que nunca contamos a verdade dessa maneira... Mesmo assim eu estava surpresa e também emocionada com aquilo.

- Hey! Silêncio! Todo mundo sentado porque eu já tomei minha decisão! – berrou o vice-diretor que acho que a partir de hoje seria o novo diretor.

Os alunos o olhavam de forma suplicante. Suspirei. Alguém sensato pelo menos. Posso estar emocionada com isso, mas seria uma loucura permitirem que eu continue morando nessa cidade sabendo que vampiros viriam atrás de mim e colocariam todas as famílias em risco.

- Não vejo razão para a senhora Cullen ir embora. – ok retiro o que eu disse sobre pessoas sensatas.

O agora diretor sorria para mim que o olhava sem entender. Os alunos comemoravam e minha família sorria surpresa.

Pulei da arquibancada ficando em pé.

- Espera... Você tem certeza disso? – perguntei. – Esse não foi o primeiro ataque e nem será o ultimo, quer mesmo arriscar?

- Não tem um guarda costas particular? – ele rebateu com uma pergunta. – Pensei que Charlie fosse seu protetor.

Meus olhos se arregalaram ainda mais e agora um sorriso brotava em meus lábios.

- Quer dizer que meu pai poderá continuar trabalhando aqui? – perguntei bobamente.

O diretor ficou sério de maneira brincalhona.

- E por que não? Nunca o vi com olhar de fome para ninguém... Nunca vi atacar ninguém... Ninguém desapareceu na cidade... E de todos os hospitais de que ele já trabalhou as taxas de pessoas que são salvas quadruplicaram... Não vejo problema... A não ser que isso seja pura fachada e ele esteja escondendo o jogo.

Ele ergueu uma sobrancelha e eu sorri mais largo ainda e respondi empolgada.

- É claro que não!

- Então está resolvido, não creio que a maioria seja contra... Ah... Acho que ainda temos uma aula não é? Todo mundo para as suas salas! – os alunos soltaram muxoxos em quanto se moviam para suas salas.

Suspirei feliz com essa decisão, talvez finalmente encontramos o lugar a qual pertencemos. A cidade que nos acolheria sem preconceitos... Pelo menos assim eu espero.

Aos poucos os alunos se dirigiram as salas, juntamente com os professores. Poucos eram aqueles que me olhavam de cara feia, eu não esperava que tudo fosse flores, mas a grande maioria me mandavam sorrisos de carinho e alguns me cumprimentavam com batidinhas leves no ombro ou apertos de mão, não do tipo cumprimento, mas aquele aperto sem esticar os braços, apenas um encostar de apoio.

Senti-me estranha, à minha cabeça veio à lembrança de muito tempo atrás quando eu andava de mãos dadas com Edward pelas ruas próximas ao castelo alguns dias depois do baile onde meus poderes se revelaram pela primeira vez e todos que me encontravam faziam uma reverência.

- Bella? – chamou Jazz e eu virei sorrindo para ele.

Jasper franziu o cenho provavelmente para a minha intensa troca de sentimentos em um espaço tão curto de tempo. Logo me senti culpada, se para mim era difícil lidar com meus próprios sentimentos, imagina ele que estava sentindo diversos?

Meu cunhado sorriu me dizendo com os olhos que não se importava com aquilo, mas logo sua expressão tornou-se séria.

- Quando... Tudo aconteceu, Edward mandou que tirasse Nessie daquele lugar não é? – perguntou e eu fiquei surpresa com a sua pergunta.

Ele embalava minha filha que dormia em seu ombro com o semblante sereno.

- Foi sim Jazz... – respondi ainda confusa.

Percebi que sobrara apenas minha família, Jake, Bernardo e Lara no ginásio. A professora estava distante de nós e massageava as têmporas.

Jasper bufou.

- Eu não acredito que deixamos passar isso... Quando Jacob estava falando sobre isso me veio à cabeça o porquê realmente tudo ocorreu... Eles não estavam atrás de meu irmão e nem de você Bella... Eles queriam Ness... – sua voz morreu ao perceber que minha expressão estava cansada e então ele concluiu. – Você já sabia não é?

Sorri fracamente e ele me olhou culpado.

- Isso me veio à cabeça também quando estava falando... Digo, agora é óbvio... Quando Edward mandou Bella chamar ajuda na verdade ele estava mantendo as duas seguras, o objetivo era pegar Nessie e desestabilizar Bella e Edward, os dois ficariam loucos se fizessem algo a pequena, e então as conseqüências viriam em efeito dominó. Victória não quer apenas se vingar de Bella, ela quer se vingar de todos nós que ajudamos a acabar com James... E a maneira mais fácil de fazer é arruinar com o pilar da família... No caso: Bella. Edward sabia disso, por isso preferiu se entregar no lugar delas. – disse Jacob.

Jazz assentiu demonstrando que também havia pensado nisso. Eu apenas suspirei, eu já sabia que Edward se entregara de mão beijada.

- É lógico, meu irmão não era burro. Não iria lutar sozinho se a situação não o obrigasse. – concluiu Emm.

Ficamos em silêncio por um tempo. Concentrei-me em fazer carinho no rosto de minha filha que ainda estava no colo do tio. Sorri para o anjinho dorminhoco.

- Aquela vez no parque... O que o vampiro queria? – perguntou Bernardo de repente.

- Papai disse que ele estava atrás de mim. – murmurou Bruna. – Mas acho que não era eu que ele queria pegar.

- Era Nessie. – concluiu Rose. – Mas que diabos! Ela já não nos fez sofrer de mais não?!  O que mais ela quer! – esbravejou bufando.

- Quer usá-la... Contra Edward. – disse Alice de repente com o olhar sério.

Todos a olharam com feições sofridas.

- Alice... Edward está mor... – começou Rose, mas a baixinha a cortou.

- Não está. Meu irmão não está morto.

- Mas e suas visões? – perguntou novamente Rose. – Por acaso viu ele?

Ela trocou um olhar rápido com Jazz que logo ficou com a feição surpresa e então fechou a cara e disse entre dentes.

- Isso é muito baixo.

- Já está na hora de vocês pararem de levar tanta fé em minhas visões que são claramente falhas... Não posso vê-lo por um simples motivo... Jacob contou do lugar na clareira perto de Forks... Um lugar completamente escuro... Eu vejo a escuridão, pensei que fosse por que ele estava morto e realmente a visão é idêntica quando um ser vivo não existe mais, mas a verdade é que eu vejo claramente o lugar onde ele está o problema é que essa visão é completamente escura assim como o lugar onde ele está. – Alice revirou os olhos para sua colocação de palavras repetidas.

Nós já havíamos conversado sobre isso em outra ocasião. Emm, Rose e Bruna olharam descrentes para minha cunhada que bufou ao ver suas feições.

- Ok... Vamos supor que esteja certa tampinha... Se Victória tem Edward, porque ela quer Nessie? – indagou Emmett.

- Porque ela quer obrigá-lo a beber sangue humano. – a voz de Charlie soou ao longe, mas nossas audições aguçadas captaram. – Deixei Joseph com Esme, tenho certeza que ela vai ajudá-lo em quanto resolvo alguns assuntos.

Rapidamente ele entrou no ginásio e trocou um olhar com Jacob que logo começou a falar rapidamente dos vampiros recém nascidos da clareira que disseram que ela queria que outro os transformasse. Charlie contou que conversou com Joseph e o mesmo ocorrera com ele e quando Victória descobriu quem ele era fez a proposta de ele raptar Nessie.

Aquilo me enjoou, não estava mais com vontade de falar sobre isso. Esse assunto me deixava muito mal. Jazz ao perceber meu estado disse que deveríamos ir logo para as salas.

Saímos do ginásio, mas deixamos para trás meu pai que olhava fixamente para Lara que estava com a cabeça entre os joelhos e aparentemente não percebera a presença do vampiro.

Segui até a sala do terceiro ano, onde eu daria a ultima aula antes das férias. Muitos alunos ainda estavam fora das salas e conversavam pelos corredores. Acredito que nenhum professor conseguirá dar sua ultima aula.

Emm, Rose e Jazz entraram na sala e eu os segui. Minha filha estava praticamente dopada no colo do tio. Como Charlie estava conversando com Lara minha baixinha não teria com quem ficar, então ela ficaria onde estava mesmo.

Meus alunos logo entraram na sala. Tentei passar alguma matéria, mas seria impossível. Todos estavam muito agitados. Soltei um bufo brincalhão e joguei o giz longe.

- Já vi que não conseguirei dar minha aula hoje.

Sentei-me em cima da minha mesa e suspirei.

- Vamos, perguntem.

Denis não hesitou em perguntar o que todos ali queriam saber.

- É verdade que a senhora já foi mordida por um vampiro?

- Cachorro escandaloso. – murmurou Rose sobre a respiração.

Parece que a sessão histórias não acabou ainda.

POV Lara

Minha cabeça rodava, eu não sabia mais no que acreditar em quem acreditar. Mas o pior era que eu sentia uma preocupação crescente em meu peito e as frases de Bella não saiam de minha cabeça.

“Ele não quer ser um monstro Lara”

“... Ele simplesmente arriscou sua própria vida contra um vampiro 10 vezes mais forte e mais rápido que ele para que não houvesse mais dor.”

“E o pior de tudo era a dor da impotência ao perceber que não conseguiria salvá-la daquele monstro.”

Eu sentia algo estranho, como se toda aquela história tivesse algo a ver comigo, como se eu fosse parte importante desse “jogo”, mas é ridículo pensar desta forma, Deus!

- Se ainda estiver disposta a escutar eu contarei tudo o que eu pretendia... Exatamente tudo. – a voz de veludo me fez pular e eu ergui minha cabeça para só então notar que eu estava sozinha com um vampiro dentro de um ginásio.

Estranhamente eu senti meu coração se aliviar ao perceber que ele estava inteiro. Não viaja Lara! Ele é um vampiro sua retardada! Ele é praticamente um super-homem.

Minhas mãos tremiam em quanto fitava seus olhos e meu coração batia freneticamente.

O vampiro ajoelhou-se em minha frente para que ficássemos na mesma altura, mas seu movimento rápido me assustou e eu pulei para trás.

- Desculpe. – murmurou ele. – Não quero que tenha medo de mim. – suplicou segurando minhas mãos contra as suas e nunca sua pele gélida foi tão significativa quanto hoje.

- Não tenho medo. – sussurrei e ele sorriu de maneira triste.

- Sei que está mentindo... Responda-me com sinceridade Lara, quer mesmo que eu lhe conte tudo? Está disposta a escutar e julgar apenas depois... Assim como prometeu?

Olhei em seus olhos. Meu coração parou de acelerar e então ele bateu calmo, como se ele fosse alguém pelo qual eu poderia confiar sem nenhum problema. Minha mente gritava para eu sair correndo, mas meu coração pedia para eu ficar e escutar tudo o que ele tinha a dizer.

Percebendo que eu não conseguiria fazer com que palavras saíssem de minha boca eu apenas segurei com firmeza suas mãos dando a entender que eu confiava nele. Deus isso é loucura!

Charlie então se sentou ao meu lado e com a voz calma começou a contar toda a sua história. Dês de quando era humano até os dias de hoje.

Minha boca estava aberta em um perfeito “O”. Se eu não visse e sentisse a verdade em cada palavra dita eu diria que isso é coisa de filme de ficção.

Fechei minha boca e abaixei meu olhar para nossas mãos entrelaçadas. Minha mente tentava absorver tudo o que ele me contou e confesso que estava difícil. Meu pré-conceito era muito forte para simplesmente mandá-lo para escanteio. Eu tinha uma idéia concebida por vampiros e seres da Lua, mas depois de escutar toda essa história, toda essa vida é difícil manter um pensamento coerente e até mesmo julgar alguma coisa.

Senti um toque gélido em meu queixo e logo notei que a mão direita de Charlie erguia meu queixo delicadamente em quanto sua mão esquerda ainda estava entrelaçada com a minha.

- Sei que é difícil absorver essa história... E me perdoe por meu egoísmo, mas eu não agüento mais estar tão perto de você e não poder te tocar...

- Charlie... Você está confundindo as coisas... Eu não sou René. – murmurei o cortando e ele sorriu.

- Nem você acredita em suas próprias palavras. – disse ele e eu bufei.

- Odeio detector de mentiras.

Charlie riu e se aproximou ainda mais de mim. Nossos rostos estavam tão próximos que sentia seu hálito gélido acariciar meu rosto.

- Terá tempo para se acostumar. – murmurou ele.

- Talvez você tenha trabalho em me fazer acostumar... Talvez dure minha vida inteira. – sussurrei.

Sim eu havia enlouquecido completamente. Estava me entregando a um vampiro! Alguém me interne por que eu estou com algum problema mental, pode ter certeza disso!

- Tenho alguns milênios de experiência na arte da paciência... Acho que posso lidar com isso. – Jesus Cristo que homem, quer dizer, quem vampiro é esse?!

- Eu acredito em você. – sussurrei tão baixo que pensei que ele não tinha ouvido.

- É só isso que espero que diga toda vez que eu disser que te amo. – murmurou ele e finalmente quebrou a pequena distância entre nós.

Sua mão escorregou para a minha nuca me causando arrepios e a diferença de temperatura entre nossos lábios me mandava choques por todo meu corpo. Senti como se eu tivesse ido às nuvens e ficado por lá.

Nossas bocas se encaixavam com perfeição e eu nunca beijara ninguém como Charlie. Foi mágico, foi lindo. Como se anjos cantassem a nossa volta e finalmente eu entendi que aquilo não era loucura e sim a coisa mais certa que fiz em toda a minha vida.

Suspirei separando nossos lábios, mas mantive meus olhos fechados e minha testa encostada a sua. Com dificuldade em respirar eu murmurei.

- Toda vez que disser que me ama eu direi apenas: Eu também te amo.

Então fui puxada para mais perto de seu corpo e beijada urgentemente por um vampiro que estava completamente apaixonado por mim... E eu? Bem... Eu também estava completamente apaixonada por ele.

POV Bella

Não faltava muito tempo para a aula acabar e eu nunca tive tanta vontade que o sinal batesse logo como hoje.

- Sim, eu fui mordida por um vampiro... Uma vampira para ser mais exata. – disse suspirando.

- A senhora não deveria ser uma então? – perguntou Maggie.

- Na verdade o veneno iria me matar se não fosse pelo pai de Nessie. – disse olhando para minha filha no colo de Jazz.

Franzi a testa para ele com falsa braveza.

- Está dopando minha filha. – ele riu.

- Ela se assustou Bella... É normal que queira dormir. – respondeu-me gentilmente e eu assenti preocupada.

Os alunos me olhavam impacientes, suspirei mais uma vez.

- Não vou conseguir escapar de contar essa história não é mesmo? Ok então... Eu estava no terceiro ano, assim como vocês... Eu andava meio doente, fraca e por esse motivo não consegui me defender muito menos fugir da vampira ruiva chamada Victória... Ela me mordeu no pescoço... – disse calmamente então acariciei a cicatriz praticamente invisível a olhos nus. – Ao sol a cicatriz é mais visível... Quando o veneno entrou em minha corrente sanguínea tudo o que eu consegui fazer foi gritar... Vocês não têm noção de como dói, é como se nosso corpo estivesse pegando fogo e é agonizante por que por mais força que você faça, por mais que você grite por socorro, não é possível acabar com a sensação de ser queimada viva... É realmente horrível.

Parei de falar tirando meus olhos do teto e voltando para os rostos curiosos de meus alunos e os olhares baixos de meus cunhados. Eles entendiam como ninguém aquela dor.

- Edward, meu marido, na época meu namorado... Sugou o veneno para fora do meu corpo, como se fosse veneno de cobra... Ele salvou minha vida... Bem, foi isso que aconteceu. – finalizei dando de ombros, tentando não demonstrar a dor que eu sentia.

Acho que não enganei ninguém... Minha sorte foi que o sinal bateu finalmente e as férias chegaram! Aleluia!

Antes de ir embora alguns alunos mais curiosos pediram para ver a cicatriz. Deus como existe curioso nesse mundo!

Agora, tudo o que eu queria era descansar minha mente e eu o faria se em meu coração não existisse a sensação de algo grande se aproximando.

[...]

[...]

[...]

POV Bernardo

Nunca senti o tempo passar tão rápido quanto nesses últimos dois meses. Tanta coisa aconteceu...

Denis compreendeu o porquê de eu não ter dito que sabia sobre Charlie... Só espero que meu amigo compreenda quando ele descobrir sobre os outros.

Minhas férias foram inesquecíveis, já que foram as primeiras férias com seres sobrenaturais. Apesar de todo o perigo, que eles sempre deixaram claro para mim, que eu passava estando tão perto deles nunca gostei tanto daquilo. Não, não estou interessado em virar um deles, mas que são divertidos isso são!

Os vampiros se revezavam para ajudar o Sr. Mellasu a se controlar, foram pouquíssimas vezes que eu o vi desde quando tudo aconteceu.

Na metade das férias, em uma tarde, ele ficou sentado em um canto do jardim observando as aulas de luta de Bruna. Neste mesmo dia conheci os pais de minha prima, eles tiveram a mesma reação que os outros ao me verem pela primeira vez, mas desta vez o sentimento foi recíproco já que eu estava acostumado a vê-los apenas na TV, fotos ou vídeos na internet.

Minha amiga me contara que sua tia estava a ensinando a lutar, na verdade a se defender. Neste dia seu pai se juntou nas aulas e foi realmente incrível de assistir. Era um domingo e todos os moradores da casa sentaram na grama para assistir. Ah! Esqueci de mencionar que a professora Lara freqüenta a casa dos Cullens com a mesma freqüência que eu e minha avó.

Temos certeza que a professora e Charlie estão de namoro, mas eles disfarçam muito bem em nossa frente.

Já que eu e ela somos ignorantes no quesito sobrenatural, os outros nos explicavam tudo o que perguntávamos, eu estava impressionado com a paciência deles... Er, exceto Rose... Ela é um tanto quanto esquentada, mas vira manteiga derretida quando Nessie está perto.

A Baixinha é um amor, sempre animando o ambiente, faz o treinador Black de gato e sapato.

Mas voltando no dia do treinamento de luta de Bruna com o pai e a tia... Foi impressionante, não tenho outras palavras. Ao mesmo tempo em que me admirava eu sentia medo por tanto poder.

Eles treinaram pela primeira vez com elementos como fogo e vento e seria realmente perigoso para nós, meros espectadores, se a mãe de minha amiga não tivesse formado um escudo em volta dos três, formando uma espécie de cúpula de treinamentos.

A professora Cullen mostrou a Bruna como formar um arco de fogo ou de gelo. O rei mostrou a ela como formar uma espada flamejante e outros tipos de “armamentos”, realmente interessante.

Ao final Bruna estava estirada no chão respirando com profundidade e completamente exausta em quanto seu pai e tia estavam sorrindo divertidos para ela sem nem um pingo de suor.

- Vamos maninho, faz tempo que não brincamos. – disse a professora Cullen com um sorriso arteiro e seu irmão retribuiu.

Os dois se posicionaram e logo eu enxergava apenas flashes de luta durantes 10 longos minutos, até que a professora passou uma rasteira no rei que caiu de costas no chão.

- Te peguei! – disse ela, mas antes que pudesse comemorar ele a puxou pela perna a derrubando ao seu lado.

- Não... Eu te peguei. – disse o rei divertido.

Foi impossível não rir. Ela ergueu a cabeça frustrada e rosnou de brincadeira e então voltou seus olhos azuis para os castanhos. Está aí uma coisa que ainda não me acostumei! A mudança de cor dos olhos dela.

Muitas outras coisas divertidas aconteceram depois disso e muitas histórias me foram contadas.

Alice mostrou os álbuns da família para mim, vovó e a professora Lara. Mostrou-nos fotos muito legais e nos contava de cada momento. As mulheres ficaram encantadas com as fotos do casamento de meu avô e a professora, fotos que eu não havia visto, fotos da princesa com asas abertas...

Bom, mas hoje era um dia realmente entediante... Estava assistindo uma aula de química que Deus! Eu estava quase caindo para o lado de sono.

Graças... Passou rápido e logo estávamos todos sentados a mesa do almoço conversando animados sobre os jogos do estadual. Nosso time estava melhor do que nunca e estávamos ganhando uma partida atrás da outra, também com um treinador lobisomem...

- Depois das novas táticas que o treinador Black nos ensinou nenhum time nos vence! – dizia animado Nick.

- Eu quero jogar a final contra City Of The Shades! – disse Denis com um sorriso sombrio e estralando os dedos.

[N/a: Mais uma cidade fictícia – jure! – Eu quis fazer um joguinho com os nomes... Como eles estão morando na cidade dos anjos (city of de angels), a cidade meio que “rival” é a cidade das sombras (of the shades), não quis colocar nada como inferno ou demônio porque ia ficar muito estranho uma cidade com esses nomes]

City Of The Shades é uma cidade tão pequena quanto a nossa e eles também possuem um time muito bom de futebol. A rivalidade começou depois que eles nos venceram 3 vezes seguidas em campeonatos passados, desde então eles nos zoam dizendo que somos seus fregueses e coisas desse tipo. Mas conforme vieram outros campeonatos nós os vencemos em diversas partidas e agora o placar está empatado 27x27.

- Vamos apagar aquelas sombras! – disse em meio aos risos que todos soltavam em nossa mesa.

- Vão com calma garotos... Ainda faltam 5 jogos para a final do campeonato, nem sabemos se vamos enfrentar esse time. – repreendeu Jacob, mas ele tinha um sorriso no rosto mostrando que só havia dito isso para não dar mal exemplo.

Nós gargalhamos alto com aquilo.

As meninas lideres de torcida estavam no pátio aproveitando todos os minutos livres para criar novas coreografias.

POV Jacob

Os garotos estavam animados com o campeonato e eu estava feliz com eles, tenho certeza que chegarão à final... Porém não posso aumentar ainda mais a auto-estima deles se não logo ficarão arrogantes e isso não é muito bacana.

Meu sorriso desmanchou quando escutei uma tosse.

Voltei meu olhar em direção ao som e avistei Bella com um lenço na boca em quanto tossia. Aquilo não era normal. Minha amiga estava desta maneira desde manhã, mas ela ignorou qualquer preocupação que eu e os outros expusemos.

Saí da mesa e a segui.

Quando estávamos no corredor perto dos armários dos estudantes ela se encostou na parede e começou a tossir forte, muito forte.

Corri até Bella lhe dando apoio e nesse momento ela começou a cuspir sangue.

DEUS!

Era como se ela estivesse vomitando sangue e aquilo me assustou muito.

- Bella! O que você tem? – perguntei desesperado com sua falta de resposta e mais cuspidas de sangue. – CHARLIE! – chamei sem saber o que fazer em quanto segurava minha amiga que se ajoelhava ao chão sem força nas pernas.

- Jake... – murmurou Bella tentando controlar o sangue que saia de sua boca.

- Estou aqui.

- Cuida da Nessie, por favor. – suplicou olhando diretamente em meus olhos por um breve momento e então voltou a tossir.

Seus orbes chocolate estavam temerosos, mas eu não via dúvida neles, quer dizer que ela sabe exatamente o porquê está acontecendo isso. Porém sua súplica, o sangue manchando grande parte de seu rosto e encharcando sua blusa me fez ficar mais desesperado do que eu já estava.

- Cala a boca Bella! Você vai ficar bem ta?! – disse quase rosnando.

Ela me olhou novamente e dessa vez sua expressão me repreendia como se eu não tivesse entendido o que ela havia dito.

- Até eu ficar... Bem... – sua voz estava entrecortada e suas pálpebras começaram a pesar.

Eu assenti com medo por minha amiga, mas ela não precisava me pedir aquilo, obviamente eu faria com todo o gosto!

Bella ficou com o corpo mais mole ainda em quanto seus olhos começavam a se fechar. Que porra! Cadê o Charlie!

- Bella?! – aleluia!

POV Charlie

Assim que ouvi a voz de Jacob eu levantei num salto da mesa dos professores.

- Essa era a voz de Jacob? – perguntou Noah com a testa franzida.

Assenti com a expressão dura já que um cheiro de sangue veio até minhas narinas e o pior de tudo é que eu sabia de quem era.

- O que houve Charlie? – perguntou-me Lara e eu engoli em seco.

- Bella... – murmurei e então corri com a maior velocidade para os corredores.

Assim que avistei Jacob apoiando a cabeça de minha filha e ela completamente ensangüentada e a ponto de perder a consciência minha espinha pareceu gelar.

- Bella?! – chamei correndo e me ajoelhando ao seu outro lado.

Ela começou a tossir cuspindo sangue. Eu sabia que essa tosse não era normal, mas ela é teimosa... Que droga!

Bella se encolheu ainda tossindo, sua blusa subiu o tanto suficiente para eu ver sua lombar e arregalar completamente os olhos.

Ergui sua blusa e os hematomas ali eram enormes, Jacob soltou uma espécie de latido assustado assim que acompanhou meus olhos. Viramo-la e erguemos a blusa na parte da frente para achar mais marcas rochas por toda a sua barriga.

Eram vários pontos de hemorragia interna.

- Deus!

Olhei o rosto de minha filha e perguntei chocado.

- O que foi que você fez?!

- Eu... Não po.dia deixar... Que o ma.tassem. – sussurrou antes que seus olhos se fechassem e ela se entregasse a inconsciência.

Minha vontade era de brigar com ela, lhe dar um longo sermão, mas agora eu não podia deixar que as emoções interferissem... Agora eu tinha que ser frio, para que meus sentimentos não atrapalhassem meu dever como médico.

- Jacob? – chamei em quanto pegava Bella no colo e levantava.

Ele seguiu meu movimento e me olhou preocupado.

- Ligue para Carlisle e diga que eu já estou chegando ao hospital... Bella está em coma.

Então eu corri. Corri sem me importar com os novos olhares que já estavam ali, de professores e dos Cullens. Corri como nunca antes indo diretamente pela estrada, sem carro, sem nada, pois acredito que minha velocidade estava muito superior a de um automóvel. Em minha mente apenas uma lembrança não saía de minha mente...


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Notas finais do capítulo

O capítulo ainda não acabouuuuu, corredno postar a continuação



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