A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 56
Capítulo 9 - Revelações (P2)


Notas iniciais do capítulo

Continuação do cap anterior já que o Nyah não permitiu a postagem dele inteiro.



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POV Zack

A princesa estava certa, o cheiro de sangue estava fortíssimo. Seguimos andando em direção a floresta. Ouvi alguns homens cochichando logo atrás.

- Han, olha o tipo da garota, vai se esfolar toda com essa roupinha. – eles se referiam a princesa que com certeza ouviu isso, mas ignorou.

É triste saber que os humanos se preocupam demais com a aparência e esquecem-se do que realmente importa.

Ao contrário do que eles disseram, ela obviamente não teve nenhum problema em andar pela floresta e ainda andava mais a frente de todos, a seguimos tranquilamente. Estávamos em silêncio, apenas alguns cochichos ecoavam a nossas costas.

Após, acho, uns dois quilômetros nós chegamos a uma clareira, lá estava a casa de madeira. Era simples, porém estava praticamente pintada de sangue, havia mensagens em torno da casa inteira, alguns agentes já estavam por lá e pegavam amostras de sangue para descobrir a quem pertencia.

Os corpos já haviam sido movidos e postos ao chão dentro de um saco plástico preto.

Ao redor da clareira tinham homens armados e alguns olhavam com óculos de sensor de calor em direção a floresta. Um deles correu até, ao que parece, chefe da missão e disse.

- Nenhum vampiro ou ser identificado ao leste senhor.

- Não será com sensores de calor que identificará vampiros. – disse a princesa às costas do homem e ele se virou com a expressão fechada.

- E quem é a senhorita? Alguma lunática? – perguntou debochado e eu e Ângelo que estávamos logo atrás da princesa rosnamos.

- Tenha mais respeito pela princesa! – ela nos ignorou e deu de ombros para o homem e então disse.

- Se prefere nos chamar assim, eu sou.

O homem ergueu as duas sobrancelhas com indiferença e então praguejou.

- Só podem estar doidos em mandar os seres que cometem esses crimes para cá... Estão mostrando ao ladrão o caminho para o cofre.

- É realmente uma pena que pense dessa forma. – disse a princesa. – Agora se me der licença eu gostaria de verificar a casa.

Ele deu de ombros e então virou dando o caminho e ainda teve o desplante de dizer.

- É perigoso que alguém tão delicada como você esteja em um lugar tão perigoso como esse... Talvez devesse tomar cuidado.

- Isso é por um acaso uma ameaça? – perguntei olhando feio e ele deu de ombros.

- Entenda como quiser.

Rosnei, mas Ângelo me segurou e nós seguimos a princesa.

- Não ligue para ele é um arrogante idiota.

POV Edward

Já fazia um bom tempo que aquela mulher estava ali comigo, me dizia planos contra Bella, contra mim, contra Daniel, contava histórias loucas... Se eu achava que Victória não estava em sua sanidade normal, essa mulher consegue estar ainda pior.

- Quem diabos é você?! – perguntei pela quinta vez, mas tudo o que ela respondia era.

- Logo saberá. – e mandava uma piscadela.

Em quanto não me torturava ela ficava falando consigo mesma coisas do tipo.

- Vou trazer o caos de volta.

- Ela não podia ter me traído.

- Não, não... Não foi culpa dela, foi tudo por causa daqueles idiotas metidos a salvadores... Não! Foi por causa dele Argh!

- Ela o matou, não foi ele...

Louca. O pior é que ela ficava mexendo as mãos freneticamente, como se gesticulasse para alguém, mas a verdade é que ela falava com ela mesma. Repito, louca.

Sua mente estava completamente desconexa e não sei se era eu que estava fraco ou as imagens que passavam tão rápido que eu não podia acompanhar.

De repente ela parou de falar e sorriu olhando para mim.

- Porque não aguça um pouco mais seus ouvidos?

Estreitei meus olhos e então os fechei fazendo o que ela disse.

Não consegui escutar nada e então ela deu um tapinha na testa e riu.

- Não adianta aguçar seus ouvidos... Terá que ler algumas mentes lá de fora.

No começo tudo o que escutei foram vozes diferentes, como se fossem apenas murmúrios, não consegui identificar alguma voz, estavam todas muito emboladas como se falassem ao mesmo tempo, então elas começaram a clarear e só assim eu percebi que elas viraram gritos.

Junto com os gritos escutei diversos rosnados.

- O que está acontecendo? – perguntei em um murmúrio e ela apenas sorriu sem me responder.

Voltei a prestar atenção ao barulho do lado de fora, então eu reconheci um grito e aquilo me desesperou.

Era um grito de dor de minha princesa e então todas as outras vozes se calaram.

- Bella. – murmurei e então comecei a me debater para sair daquele lugar e ajudar Bella. – BELLA! – comecei a gritar desesperado.

A mulher ria, mas eu não me intimidei e continuei a gritar sem parar, sentia minha boca seca, mas não me importei e continuei.

- Não adianta gritar, ela não te escutará... Edward, estamos no porão de uma casa, e além do mais esse lugar é a prova de sons, acredite em mim. – disse ela de forma calma e doentia.

Mandei-lhe minha melhor feição de desgosto e olhando em seus olhos berrei.

- BELLA! – ela revirou os olhos, mas não me impediu de gritar.

Quando seu grito de dor parou eu pude escutar outras vozes, grunhidos e o rosnar de muitos seres, eu não fazia idéia do que havia acontecido, fiquei tão desesperado que eu não conseguia me focar em uma só mente.

- Pelo amor de Deus! BELLA!

Eu fiz tanta força em meus braços que consegui soltar um deles, a mulher nada fez, apenas se divertiu com meu braço caindo ao lado do meu corpo. Eu não conseguia mexe-lo, era como se ele estivesse dormindo por falta de circulação.

“Bella!” – tentei por pensamento. – “Vamos meu anjo, me responda... Por favor.”

POV Jacob

Eu não agüentava esperar notícias, eu estava ficando ansioso de mais. Levantei-me do sofá e fui em direção a floresta me transformando em lobo.

Logo a imagem de uma floresta passando rapidamente por mim em diferentes ângulos surgiu. Era o bando que já ia para o lugar.

“E aí Jake!” – me cumprimentaram.

“Sem papo, foco!” – repreendi e eles logo deixaram de pensar em besteiras e seguiram correndo rapidamente.

Através da mente deles pude sentir um rastro diferente, um cheiro misturado de vampiro com seres da lua e logo percebi que não eram amigos.

“Mais rápido.” – disse me segurando para não correr junto.

POV Jane

O celular tocou e logo vi o nome de Aro no visor.

- Sim mestre? – atendi e logo ele disparou.

- Já fez o que lhe mandei? Quero você em Forks ainda hoje.

- Está feito, a filha da princesa parece ter no máximo 5 anos, obviamente paralisou seu crescimento. – não conseguir evitar o nojo em minha voz ao me referir aquela mongolóide.

- Ótimo! Felix e outros rastreadores estão te esperando na entrada de Forks, limpem tudo por lá.

- Sim mestre.

Guardei o celular na bolsa e corri em direção aquela cidade fim de mundo.

POV Bella

Eu tinha uma sensação estranha dentro daquela casa, apesar de não ter encontrado nada além de destruição e terror lá dentro algo me puxava naquela direção.

Sinceramente estava enojada com toda a frieza e maldade. Tantas vidas, tanto sangue...

Passei pela porta da frente e desci os três degraus, finalmente respirando um pouco de ar puro. Fechei meus olhos deixando que meus sentidos aguçassem ao máximo.

Embaixo de meus pés eu sentia cada movimento a minha volta, cada andar, cada corrida. A brisa que ao mesmo tempo em que bagunçava meus cabelos, trazia com ela o som das vozes, o som dos animais o som dos movimentos... O som de um bando correndo ao leste e um bando menor correndo ao oeste.

Isso não é bom. Se forem inimigos estão prestes a nos deixar encurralados.

- Eu não disse que esse lugar não é para donzelas? – a voz do homem que a pouco me subestimou ecoou perto de mais e eu abri meus olhos encontrando dois orbes castanhos quase pretos me encarando divertido. – Vá para casa senhorita, aqui não é lugar para você.

Ele assumiu um tom sério e ameaçador, talvez por que todos os seus subordinados estavam nos olhando. Suspirei.

- É melhor tirar todos daqui. – disse suavemente em tom de aviso e ele riu divertido.

Revirei meus olhos, orgulhoso e teimoso. Argh!

- Qual é o seu nome senhor? – perguntei sem tirar meus olhos dos dele que ainda sorria divertido.

- Capitão Brian Carter senhorita. – respondeu zombeteiro.

Atrás dele muitos homens riam descontraídos, exceto é claro aqueles que vieram comigo no camburão. Eles tinham feições nem um pouco amigáveis para os companheiros e para mim pediam desculpas com os olhos.

- Então senhor Carter, trate de se mexer e tirar seus homens da linha de fogo. – disse andando até a mulher que viera comigo no carro, mas antes que chegasse a ela Zack e Ângelo corriam em suas velocidades acima do normal até mim.

Eles me olhavam receosos.

- Princesa tem muitos vindo em nossa direção. – disse Zack rapidamente.

- Eu sei Zack já havia escutado. – disse de forma tranqüilizadora.

- Senhor! – gritou um dos homens que estava usando os óculos de sensor de calor correndo em direção ao Capitão Brian. – Tem... Tem... Lobos correndo em nossa direção, eles vêm do leste em uma velocidade impressionante.

- Todos apontem suas armas em direção a floresta, quero esses animais mortos! – ordenou o capitão.

- Não! Não são eles seus inimigos! – disse alto.

Meus olhos não saiam da floresta nas costas do capitão.

- Ora! Eu já me cansei de você... Quem pensa que é para me dar ordens... – sua fala morreu em sua boca quando ele escutou rugidos vindos de trás dele e então se virou não avistando nada.

Mas eu já enxergava juntamente com meus amigos, pelo menos dez vampiros correndo em nossa direção, comandados por uma mulher da lua.

- Não quero lhe dar ordens... Apenas quero salvar sua vida! – disse seriamente e dando um passo em sua direção.

Rosnei expondo meus dentes e mudando a cor de meus olhos, me coloquei em posição de defesa assim como Zack e Ângelo ao meu lado. O capitão arregalou os olhos pensando provavelmente que era para ele. Mas antes que ele falasse qualquer coisa corri em sua direção e o empurrei para trás.

Escutei o baque dele trombando em seus subordinados, e no mesmo momento os vampiros se revelaram na clareira.

Dos dez vampiros, três tinham salvação, apenas três não eram fantoches e estavam apenas no meio daquilo por indução ou até mesmo por ameaça.

Eles foram os primeiros. Corri em direção a eles e os separei dos outros, passei a rasteira no de camiseta vermelha o derrubando no chão. O outro de camiseta azul tentou me atacar por trás, mas antes que o fizesse eu desviei e com velocidade cheguei em suas costas e o chutei. Ele caiu em cima do de camiseta vermelha. O outro vampiro tentou me morder na garganta, mas eu fui mais rápida e pulei acima dele e então aterrissei com os dois pés em suas costas, impulsionei-o para baixo com uma ajudinha da manipulação do ar, que poderia ser muito bem muito pesado quando queria. O vampiro caiu ao lado dos dois.

Todos esses movimentos foram executados em menos de dois segundos. Aqueles três eram recém criados e não foram muito bem treinados para lutar, por esse motivo consegui rapidamente os colocar no chão.

Obviamente eles se levantariam, mas antes disso eu juntei suas mãos eu as congelei.

- Eu fosse vocês não fazia força para desgrudar... Sabe, às vezes vampiros perdem seus membros. – disse e mandei uma piscadela para eles que rosnaram em resposta, mas não tentaram se soltar, ou melhor, tentaram, mas ao ouvir o som de algo se partindo e percebendo seus pulsos lascando eles pararam com medo que o que eu havia dito realmente acontecesse.

Bem... Recém nascidos não sabem que depois que os membros de um vampiro são retirados eles podem voltar para seus corpos.

Sorri satisfeita e me virei para perceber que todos me olhavam com olhos assombrados.

Olhando para os humanos tive a impressão que seus olhos sairiam da sua cabeça, principalmente o capitão. Eu quis rir por ele ter se enganado tanto comigo.

Olhei para Zack e Ângelo, eles estavam concentrados nos vampiros, mas nem por isso deixaram de me olhar de maneira assustada.

Os vampiros que estavam nos atacando pararam de correr me olhando com raiva. A mulher da lua sorria encostada a uma árvore, como se apenas curtisse um show particular. Era ela que eu ia pegar no final dessa luta.

Um uivo ecoou pela floresta a nossa volta, sendo seguido de vários outros. Os lobos estavam muito perto.

- Então? – perguntei erguendo minhas duas sobrancelhas para os vampiros que rosnaram em um uníssono.

Sorri e os chamei com a mão, logo cinco vampiros estavam a minha volta, dois deles foram impedidos por Zack e Ângelo que começaram uma luta com eles.

POV Jacob

“Estamos chegando” – pensou Seth rosnando ao perceber que uma luta já havia começado.

Eles aumentaram a velocidade e então pularam sobre o grupo de humanos que assistiam a luta embasbacados.

Não pude evitar abrir a boca assim como o bando inteiro. Bella lutava contra cinco sanguessugas sozinha.

Um deles avançou nela e minha amiga desviou o empurrando para baixo. O vampiro comeu terra e se levantou furioso e quando foi atacá-la Bella rapidamente atirou uma flecha de fogo fazendo-o virar cinzas em um piscar de olhos.

Os outros vampiros rosnaram furiosos.

“Vão logo ajudar!” – ordenei e eles saíram em disparada.

O bando se dividiu. Quatro lobos foram ajudar os dois seres que tinham mantos brancos e outros quatro foram ajudar Bella, entre eles Seth que pulou nas costas de um dos vampiros arrancando sua cabeça e a arremessando longe. Logo Paul desmembrou o sanguessuga.

Em quanto isso pela mente de Quil vi Bella acabando com outro vampiro rapidamente com outra flecha de fogo.

Quil atacou outro vampiro que o jogou longe com um safanão. Rosnei ao ver que ele devia ter quebrado alguma costela. O vampiro foi em sua direção e o chutou. Estremeci com a dor de meu irmão que se chocou contra uma árvore quebrando a mesma.

- Quil! – gritou Bella apavorada indo o ajudar.

A mente dele sumiu e então eu percebi que ele havia retornado ao seu corpo humano.

Choraminguei sem saber o que fazer por estar longe.

- Jacob o que aconteceu? – perguntou Charlie ao meu lado.

Olhei-o suplicante e acho que ele entendeu o que eu queria dizer.

- Vai! – disse ele e eu corri.

Eu precisava ir ajudar meu bando.

POV Bella

- Infeliz! – disse agarrando com minha mão esquerda os cabelos do vampiro e o puxando para trás, longe de Quil que gemia de dor no chão.

Espalmei minha palma no fantoche e liberei uma chama. Ele esfarelou em minhas mãos e eu as limpei em minha roupa com repugnância.

Corri até Quil que se contorcia no chão, sua mão direita segurando firmemente seu peito. Logo percebi que ele quebrara alguma costela. Ajoelhei-me no chão.

- Calma Quil, nós vamos ajudar ok? – disse suavemente.

Olhei para trás apreensiva e percebi que faltava apenas dois vampiros ao todo para acabar e a mulher da Lua que olhava diretamente para mim com um sorriso idiota no rosto. Rosnei para ela e então voltei meu olhar preocupado para meu amigo caído no chão. Ele já estava se recuperando.

- Estou bem princesa, não se preocupe. – murmurou ele e eu assenti.

Antes que eu me levantasse dois focinhos apareceram, cada um de um lado meu e eles choramingavam em direção a Quil.

Levantei e fui em direção Zack e Ângelo que rosnavam para a mulher, mas não se aproximavam. Eles também sentiam que ela possuía um grande poder e não seria apenas a atacando que conseguiriam algo.

Ela sorriu largamente e começou a dar passos para trás, então me mandou uma piscadela petulante e acenou se virando e correndo.

- Ah não! Você não vai fugir! – grunhi e comecei a correr em sua direção, mas ela era muito rápida nunca vi algo igual.

Ela estava começando a desaparecer de minha visão quando um grande trovão ecoou nos céus, continuei correndo não ligando muito para esse fato, mas algo me fez olhar para trás e não pude evitar a minha surpresa.

- Trovoada?! – era o meu cavalo negro, meu amigo de tanto tempo atrás, não tinha idéia de que ele ainda estava vivo!

Ele relinchou como se me entendesse e então aumentou sua velocidade emparelhando a corrida comigo e então eu entendi que ele queria que eu subisse. E foi o que eu fiz. Em movimento e sem sela. Segurei em sua crina e me lancei à cima dele.

No instante em que eu fiquei segura ele começou a aumentar ainda mais a velocidade e no horizonte eu via a mulher correr.

POV Brian

Minha boca estava no chão. Confesso que serei obrigado a engolir meu orgulho. Afinal a garota não era uma qualquer. Aquela luta a minha frente foi algo... Apavorante. Parecia algo de cinema e mais uma vez eu terei que engolir meu orgulho e aceitar que esses... Seres realmente existem.

Dois dos lobos gigantescos foram atrás da árvore e então dois homens morenos de cabelos escuros saíram de lá vestindo apenas bermudas, eles se ajoelharam até o homem ferido ao chão.

Ainda era difícil acreditar que aquele lobo imenso virara um homem. Os outros lobos se aproximaram e eles soltavam sons parecidos com choro de cachorro. Os dois homens que abaixaram a pouco se levantaram dando apoio ao ferido e vieram em nossa direção.

Sei que fui muito orgulhoso, mas essas criaturas salvaram nossas vidas então...

- David! – chamei o enfermeiro da nossa equipe. – Ajude-o. – ordenei e o homem me olhou hesitante.

- Mas senhor...

- Deixa de ser frouxo! Se não percebe, eles acabaram de nos salvar, não vão nos atacar seu idiota!

Ele abaixou as orelhas e foi pegar sua maleta.

- Ah não! Você não vai fugir! – gritou a princesa e então saiu correndo em uma velocidade que... Deus! Não era humana com certeza!

Os dois homens que estavam com ela começaram a correr atrás, mas um grande trovão ecoou os fazendo parar e olhar de olhos esbugalhados para o céu.

Então como se as coisas não estivessem estranhas o suficiente um grande cavalo negro atravessou a floresta entrando na clareira e após relinchar ficando apenas com as duas patas traseiras no chão ele pegou mais impulso e correu tão rápido quanto a garota indo a sua direção.

Os dois homens de manto branco se entre olharam e então desistiram de correr atrás e vieram até nós.

POV Seth

Eu e Paul ajudamos Quil a andar até os humanos que apesar de receosos não estavam com medo. Sentamo-lo em um caixa preta.

- Au! – gemeu ele.

Provavelmente havia quebrado alguma costela.

- Quil, deixa-me ver se não está no lugar errado. – pedi e ele tirou o braço do lugar com dificuldade, só então percebi que ele também havia deslocado o ombro. – Mano, isso vai doer um pouco.

- O que você... AHH PORRA SETH!

- Relaxa, agora está no lugar certo. – disse sorrindo em quanto ele me mandava um olhar perigoso após eu ter digamos que, colocado seus ossos no lugar.

- Ninguém foi atrás da princesa? – perguntou Paul olhando para trás.

Virei-me também assim que um homem chegou com uma maleta de primeiros socorros para ajudar no que pudesse. Quil lhe disse onde havia machucado e tal e logo o homem já estava o enfaixando.

Todos negaram com a cabeça e um dos homens de manto branco disse.

- Aquele cavalo chega a uma velocidade muito superior a qualquer vampiro ou ser como nós... É impossível alcançá-lo... Antigamente diziam que ele atingia uma velocidade tão grande que atravessa dimensões. 

- Na verdade isso é verdade... – disse.

O homem que tinha olhos verdes, cabelos castanhos claro me olhou curioso.

- Quando Bella recuperou a memória, nós estávamos juntos... E bem... Vimos quando aquele cavalo a ajudou e ele facilmente atravessou a dimensão da lua para a Terra.

- Ow! Por isso que seu rastro acabou no meio do nada. – comentou o outro homem e eu assenti.

Uma focinhada em meu ombro nos fez parar de conversar.

- O que foi Leah? – perguntei e ela me olhou como se eu fosse retardado e foi atrás de uma árvore.

Voltou usando um short e a parte de cima de um biquíni.

- Não podia me entender daquele jeito não é maninho. – disse ela com um sorriso debochado no rosto.

- A me poupe Leah, se for para me encher o saco volta a sua forma de loba! – revirei meus olhos.

- Ei relaxe! Só estou passando o recado do Jake... Ele está vindo para cá.

- Eu sei.

- Posso terminar?

- Fala de uma vez!

- Então, ele está vindo para cá, mas no meio do caminho encontrou um outro rastro de sanguessugas... E ele não os conhece, mas está seguindo e diz que está vindo para cá.

- Ainda bem... Essa lutinha nem deu para o bafo! – disse Paul sorrindo largo e estralando os dedos.

Pela reação dos lobos eu percebi que todos concordavam. Revirei meus olhos, eu não tinha moral com ninguém mesmo. De repente eles pararam de comemorar e abaixaram as orelhas.

Tive que rir, Jake deveria ter dado uma pequena bronca.

O som de árvores caindo ao longe indicava que minha amiga estava lutando.

POV Bella

Ela olhou para trás surpresa e pela primeira vez no dia eu enxerguei medo em seus olhos.

Equilibrei-me em pé em cima de Trovoada que continuava em ritmo forte e então me impulsionei para frente pulando em cima da mulher.

Rolamos no chão pela parada brusca e conseqüentemente acabamos derrubando algumas árvores ao nos chocar contra elas, meu amigo foi mais esperto e continuou correndo, mas desta vez diminuindo a velocidade, pouco a pouco.

Levantei-me rapidamente assim como ela e rosnamos uma para a outra. Ela era forte, mas eu sabia que eu era mais. A mulher dos cabelos loiros me atacou. Ela tentou me acertar com sua mão em forma de garra, mas eu me abaixei a tempo dela não me acertar.

Ela continuou seus ataques e eu apenas desviava. Em uma das desviadas elas ficou de costas para mim e esse foi o momento certo de imobilizá-la.

Puxei seus braços para trás e prendi seus pulsos com apenas uma de minhas mãos, com a outra puxei seu cabelo para trás e expus seu pescoço para então roçar minhas presas ali.

- Quieta! - ordenei e ela parou de se debater com a posição que a deixava completamente fragilizada, já que se eu quisesse matá-la era apenas cravar meus dentes e estourar seu pescoço.

Mas eu não faria isso por um simples motivo. Eu queria algumas respostas e ela iria me dar de qualquer jeito!

Trovoada veio até mim relinchando e então abaixando a cabeça e a parte da frente de seu corpo em uma reverencia.

- Obrigada pela ajuda amigo, é bom saber que está vivo. – disse abaixando minha cabeça em uma reverencia também.

Ela relinchou mais uma vez e então voltou a correr e logo com um trovão no céu ele desapareceu no horizonte de árvores.

- Agora somos eu, você e mais um bando de lobos. – disse de forma ameaçadora e abri minhas asas.

Voei a carregando pendurada de volta até a clareira.

POV Zack

Os lobos estavam rosnando para os três vampiros sentados no chão no meio de nós. Seus olhos eram cobiçosos para os humanos.

- São recém-criados. – disse ao reparar que seus olhos não paravam de analisar tudo a volta.

- Quem os transformou? – perguntou o homem que a pouco se apresentou como Seth.

Eles rosnaram em resposta.

- Olha se a princesa não quis transformá-los em pó existe um motivo... Então não os mataremos até que ela chegue e diga que pode, então é bom que comecem a abrir o bico. – disse Ângelo impaciente.

- Foi uma ruiva... Victória. – respondeu finalmente o vampiro de camiseta vermelha.

Rosnamos em uníssono, mas antes que falássemos alguma coisa ele completou.

- Mas ela queria que outro transformasse.

- Outro? – indagou Seth.

- Sim... Um homem, ele estava preso em um lugar escuro e parecia que ia morrer a qualquer momento... Ela chegou a abrir um corte no meu pescoço e me aproximar dele para ele tomar meu sangue, mas ele disse que não, que não faria isso comigo, que não tiraria a minha alma... Com a recusa dele ela mesma o fez.

Nossas bocas se abriram.

- Como era esse vampiro? – perguntou Paul com olhos arregalados.

- Por acaso cabelos bronze e tinha um pingente da Lua no pescoço? – a voz da princesa veio do alto e ela logo chegou até nós pousando delicadamente e escondendo suas asas.

Ela havia pegado a mulher que se debatia no aperto de suas mãos.

- Quer parar de se mexer? – perguntou ela rosnando em seu ouvido e a mulher parou com olhos amedrontados.

Os três vampiros a olharam com medo.

- Não se preocupem, eu não farei nada com vocês... Eu não tiro vidas, as protejo.

- E os vampiros que matou hoje? – perguntou petulante o vampiro de camiseta azul.

- Vocês não percebem, mas pelo o que eu sou eu sei exatamente quando existe ou não salvação... Victória controlava o corpo daqueles vampiros e controla o corpo dessa que está em minhas mãos também... Eles já estavam mortos muito antes de eu destruir seus corpos e só agiam por puro extinto, perderam completamente suas almas.

“Vocês entraram de gaiato nessa história, estão limpos, ela os transformou, porém não fez com que vocês bebessem do seu sangue, por isso suas mentes estão limpas e podem agir por conta própria... Provavelmente estavam junto deles por alguma história de se não os atacarmos eles nos atacaram primeiro, não é mesmo?”

Os vampiros assentiram e eu podia ver o entendimento de outros fatos em seus olhos.

POV Bella

Entreguei a mulher para Zack e Ângelo que a seguraram com força e me aproximei dos três vampiros.

- Podem se controlar e não atacar nenhum humano? – perguntei e eles assentiram.

Levei minhas mãos aos pulsos congelados e os descongelei para que eles se libertassem.

- Er... Obrigado. – disse um deles e eu sorri levemente.

- Hey Quil, você está bem? – perguntei me virando e vendo-o com uma faixa branca no peito e sentado em cima de uma caixa preta.

Ao seu lado um humano que deveria ser médico ou enfermeiro, pois guardava o que usou na maleta de primeiros socorros.

- Tranqüilo Bella! – ele sorriu largamente. – Você me salvou e ainda acabou com eles.

Fiz uma careta para a sua animação.

- Não gosto de lutar... Não quando é desse jeito... Gosto de brincar com meu irmão, mas não assim... Por que todos gostam tanto de destruição? – perguntei mais para mim mesma.

Sacudi minha cabeça e me voltei para a mulher.

- Agora diga, por favor, onde está Victória. – minha voz estava calma e suave, já estava cansada dessa palhaçada.

Ela sorriu e então eu vi que quem estava ali não era mais aquela mulher e sim Victória.

- Responda! – rugiram Zack e Ângelo ao mesmo tempo.

- Cuidado! – tentei avisar, mas já era tarde demais.

A mulher os empurrou se livrando de suas mãos e veio direto me atacar.

Bufei e desviando do seu ataque a imobilizei no chão me sentando em cima de seu corpo.

- Não pode lutar de igual comigo usando o corpo de outra pessoa. – disse entre dentes me inclinando em direção ao seu rosto e não desviando meu olhar de seus olhos.

Ela grunhiu tentando se mexer, mas eu estava sentada em cima de sua barriga e meus pés prendiam seus braços ao lado de seu corpo deixando as minhas mãos livres.

- Vamos lá... – pedi impaciente. – Diga onde está e então resolvemos essa merda de uma vez... Seu problema não é comigo? Então?

Ela sorriu.

- Meu problema não é com você queridinha... Seus pais mataram James, então nada mais justo que sua família sofrer como eu sofri.

- Cara você já pensou procurar um psiquiatra, ou psicólogo? Sei lá... Vai atrás de ajuda, porque você tem sérios problemas. – disse bufando.

Ela riu.

- Não sabia que tinha senso de humor princesa.

- Não tenho... Agora quer falar de uma vez onde diabos você está porra?! – exigi perdendo a minha paciência.

- Porque pergunta onde eu estou se não é a mim que você quer encontrar? – perguntou olhando para o meu pescoço.

Olhei para onde ela focalizava e vi a correntinha do Edward e sua aliança pendurada. A raiva me subiu e eu rosnei alto preparando minhas mãos para atacá-la, mas antes que eu o fizesse ela disse.

- Por que não aguça sua audição? – então o corpo abaixo de mim já estava sem vida.

- Vadia! – grunhi saindo de cima daquele corpo inerte.

Senti meus olhos queimarem com as lágrimas querendo saltar de meus olhos. Mas antes que eu fizesse qualquer coisa cinco vampiros de manto vermelho saíram da floresta e entraram na clareira.

- Ah! Qual é? Você deve está brincando comigo! – choraminguei olhando para o céu.

Droga! Eu já havia me esquecido que os Volturi estavam vindo para cá.

Os lobos tremeram sentindo a presença dos vampiros.

- Pare Quil! Está machucado, não pode se transformar. – ouvi Seth dizendo atrás de mim.

Olhei para lá e vi Paul dando um passo à frente tremendo os braços e o corpo e então se transformando em lobo novamente, seu calção virou pedaços de pano voando.

- Parem! – ordenei e então fiquei próxima dos Volturi. – Aquela é casa, peguem os cheiros e então vão embora.

- Quanta hostilidade princesa... Aro nos pediu que limpássemos tudo, mas pelo o que vejo... – disse Jane olhando para a fogueira azulada ao meu lado esquerdo e então voltando seu olhar para mim e me mandando um sorriso zombeteiro.

Deus! Dai-me paciência...

Olhei entediada para ela em quanto fazia um sinal com a mão para que os rastreadores captassem os cheiros dentro da casa.

Eles andaram rapidamente passando perto dos lobos que rosnaram se controlando para não atacar. Os três vampiros deram um passo para trás com medo. Não é a toa, os Volturi de certa forma mostravam o quanto eram poderosos.

Todos estavam tensos atrás de mim, por todo o momento e que eles ficaram dentro da casa.

Quando se juntaram novamente a Jane ela sorriu e se virou para ir embora. Escutei varias respirações soltarem quando ela fez isso. Eu não consegui relaxar, e o porque se mostrou quando ela parou de andar e se virou com um olhar maldoso para todos no grupo e então parou seu olhar nos três vampiros.

Eles se encolheram e vi um deles engolir em seco.

- Jane? – Alec a chamou e ela fez um sinal com mão para que ele esperasse.

- Vejo que não terminaram o trabalho. – disse ela sorrindo para os três vampiros e antes que eu disse qualquer coisa eles estavam no chão rugindo de dor.

- Pare! – pedi lançando meu escudo neles que logo pararam de se contorcer e gritar.

Jane me olhou com ódio e começou a me atacar, mas ela mais do que ninguém sabia que seus poderes não funcionavam comigo.

- Você não tem o direito de interferir! – disse ela de forma ameaçadora.

- Não vou permitir que acabe com inocentes! – rebati rosnando.

- Pare Jane, Aro não quer briga com eles. – disse Alec com cuidado.

- Não se meta Alec! – disse ela lhe mandando um olhar de aviso e ele se distanciou novamente. – Felix, Demetri... Acabem com eles.

Ela sorriu matreira para mim e disse.

- Assim como não interferimos em suas leis, você não podem interferir nas nossas.

- Eles não quebraram nenhuma lei.

- Não tenho tanta certeza.

Rosnei alto. Felix e Demetri não fizeram o que Jane mandara, estavam indecisos.

- Ela tem razão Jane... – sussurrou Felix que logo se encolheu com o olhar da vampira.

Ela voltou a tentar me atacar, seu olhar queimando em ódio até que um sorriso surgiu em seus lábios e ela desviou o olhar de mim e olhou para algo a minhas costas.

Antes mesmo de me perguntar o que ela pretendia um grito alto ecoou na floresta e assim que me virei um homem humano estava no chão. Desesperei-me, não imaginava que Jane iria atacar algum humano e então sem pensar eu fiquei na frente dele com os braços abertos para protegê-lo e antes que ela pudesse atacar mais alguém lancei meu escudo para proteger a todos.

Senti então meu corpo queimar, fechei meus olhos tentando conter a dor, mas minhas veias pareciam transportar fogo, meus músculos pareciam ter criado vida própria e meu escudo se remexia querendo voltar para mim.

Em meu ato impensado acabei lançando minha própria proteção para todos e eu mesma fiquei sem nada.

Fechei meus olhos me concentrando ao máximo para que o escudo não voltasse e desprotege a todos. A dor estava muito forte e senti meu rosto entortar mais ainda com a dor e meus olhos transbordarem em lágrimas.

Meu corpo não agüentava mais e eu caí de joelhos, a queimação pareceu aumentar e eu não consegui segurar meu grito de agonia.

POV Jacob

Bella! Aumentei a velocidade. Pela mente dos lobos vi a determinação em atacar a vampira e ele não se segurariam mais.

Quando Bella caiu de joelhos a reação foi unânime. Os humanos entraram em desespero e começaram a atirar nos Volturi, obviamente não aconteceu nada mais do que as balas amassarem e caírem ao chão.

Eles desistiram desesperados e nesse momento eu cheguei por trás dos Volturi. Rosnei alto e eles se viram encurralados, com a distração a vampira parou de machucar Bella que ainda de costas para nós e de joelhos no chão instaurou um escudo em volta de cada um. Ela respirava pesadamente, mas mesmo cansada tirava forças para nos proteger.

Rosnei mais uma vez, mais alto que antes me aproximando em posição de ataque a ela.

- Vão embora, agora. – sibilou Bella sem olhar para os Volturi que se vendo encurralados saíram correndo pela tangente.

Rapidamente fui atrás de uma árvore e coloquei meu calção e corri até Bella que ainda estava de joelho no chão e respirava com dificuldade.

- Bella! – ajoelhei-me ao seu lado e a ajudei a levantar.

POV Bella

Ergui minha cabeça e fiquei surpresa em ver Jake ali me ajudando.

- O que faz aqui? – perguntei finalmente conseguindo ficar em pé e respirando fundo.

Ele me olhou como se eu tivesse algum problema e revirou os olhos.

- Posso estar longe, mas ainda sou o Alpha desse bando de desmiolados. – disse ele sorrindo para os lobos que soltaram uma risada em forma de latido.

Voltei meu olhar para o homem que havia sido atingido pelo ataque de Jane. Ele estava desmaiado e voltava a consciência.

Cheguei perto e me agachei ao seu lado, outros dois homens estavam ao seu lado com feições preocupadas.

- Desculpe, eu não percebi a tempo que ela iria atacá-los. – murmurei envergonhada e culpada por ele ter sentido aquela dor.

- Se ele desmaiou com apenas alguns segundos, como suportou por tanto tempo? – perguntou o homem que ajudava o outro a levantar.

- Bella é muito mais forte do que aparenta ser... Agora acho melhor vocês voltarem para o FBI, ou seja, lá ara aonde vocês vão depois de suas missões... – disse Jacob preocupado tentando me amparar.

Olhei para ele entediada.

- Jake! Estou bem, relaxa. – disse saindo de suas mãos revirando meus olhos.

“Bella!” – paralisei com meus olhos arregalados - “Vamos meu anjo, me responda... Por favor.”

- O que foi? – perguntou meu amigo alarmado ao ver minhas mãos tremendo.

“Bella?” – chamava Edward, sua voz embargada.

- Edward. – murmurei.

- O que? – Jake indagou sem entender a minha agitação.

“Edward! Oh Meu Deus! Edward? Por favor, que isso não seja um sonho!”

“Bella, você está bem?” – perguntou-me preocupado.

“Sim! Onde você está?!” – meu coração batia rapidamente.

“Ainda bem... Eu não sei meu anjo... A mulher disse que eu estou em um porão, embaixo de uma casa e o lugar é a prova de som” – respondeu mais relaxado.

Não pude evitar sorrir.

“Edward, não para de fala comigo!” – exigi e comecei a nadar em direção a casa.

- Bella! O que está acontecendo?! – perguntou Jake me segurando pelos ombros, seu olhar preocupado.

“O que está havendo meu anjo, porque estava gritando de dor?”

Sorri mais largo ainda para Jacob.

- Estou ouvindo Edward! – disse feliz.

“Estou chegando meu amor.”

“O que? Espera Bella! Onde você está?”

Meu amigo arregalou os olhos e me deixou ir. Senti muitos olhares em minhas costas, mas ignorei.

“Estou chegando. Eu sei onde você está!”

“Como? Meu Deus Bella, me explique!”

“Calma...”

Assim que cheguei a casa corri em sua volta procurando a entrada de um porão, mas nada indicava isso. Dentro da casa eu me lembrava que não tinha nenhuma passagem, eu verifiquei exatamente tudo.

Quando estava a ponto de completar a volta eu vi algo que me chamou a atenção.

Os três degraus para subir a varanda que tinha em volta da casa eram feitos de uma madeira diferente e logo percebi que ali fora escondido à entrada do porão.

Sem pensar muito cheguei chutando a madeira. Eu escutava os cochichos preocupados comigo, escutava a movimentação e principalmente sentia os olhares.

Mas não me importei. Era Edward! O meu vampiro estava ali, tão perto!

“Bella, não venha!”

“O que? Claro que vou!”

“É uma armadilha meu anjo... Victória está com um sorriso imenso em minha frente agora.”

“Melhor ainda... É hoje que acabo com essa biscate!”

“Bella, por favor, pense em Nessie... Vá para casa!”

“Eu estou pensando... Nessie precisa do pai ao seu lado... E eu vou dar isso a ela!”

Logo os degraus de madeira não existiam mais em minha frente e agora eu via um grande buraco em um ângulo inclinado. A antiga entrada para o porão. Sem pensar duas vezes comecei a descer os degraus.

Agora os cochichos as minhas costas era surpresos.

Continuei andando até chegar em um pequeno corredor que era iluminado apenas pela luz que vinha de fora.

Minha respiração estava alta e meu coração batia forte em meu peito. Até que finalmente cheguei a uma porta. Era de um metal grosso e parecia muito pesado, com meu coração a ponto de sair da minha boca eu a chutei.

POV Edward

- Bella... – murmurei, minha voz seca e emocionada ao ver minha princesa ali tão próxima de mim.

Meus olhos arderam com a luz, depois de tanto tempo sem ver a claridade.

- Edward! – exclamou ela com seus olhos cheios de água.

Mas antes que ela pudesse correr até mim Victória sorriu e com uma mão em meu peito e outra no ombro da outra mulher ela nos transportou para outro lugar.

O grito de “Não” de minha esposa ficou ecoando em nossas costas e mais uma vez eu senti meu peito se dilacerar de saudades.

Victória me jogou em um canto. Eu não estava mais preso, mas meu corpo não possuía mais força.

POV Bella

- Não! – gritei, mas já era tarde de mais eles sumiram em um piscar de olhos. – Não, não, não, não... – murmurava dando socos na parede.

POV Jacob

Segui Bella pelo corredor assim como Seth e alguns humanos. Ainda escutei a voz de Bella gritando em plenos pulmões “Não”.

Corri até a onde ela estava.

Assim que entrei na sala o cheiro de Edward veio intensamente. Olhei ao redor e me senti mal em apenas ficar alguns instantes naquele lugar, sem luz, sem oxigênio.

Olhei com o coração partido para a minha amiga que murmurava negações sem parar em quanto chorava e socava a parede sem forças. Onde ela estava duas correntes desciam do teto e uma algema estava ali.

Finalmente encontramos o cativeiro de Edward... Mas ele não estava mais lá.

- Bella... – murmurei com pena e a abracei.

Minha amiga escondeu seu rosto em meu peito e se deixou chorar por alguns instantes. Quando eu ia pegá-la no colo para tirar daquele lugar ela sussurrou.

- Não... – então se levantou e saiu de lá meio cambaleante.

Fui atrás dela assim como alguns outro que havia descido também. Alguns humanos estavam com lanternas e analisavam o lugar horrorizados.

- Bella, espera! – disse a alcançando.

- Vá para casa Jake, eu estou indo também... Mas antes eu preciso pensar. – murmurou ela olhando em meus olhos.

Sua face estava molhada com as lágrimas e seus olhos azuis brilhavam mais do que o normal e então ela se livrou de meu olhar e correu para fora do corredor e então abriu suas asas, voando para algum lugar que a fizesse melhorar, se é que esse lugar existe.

[...]

Assim que cheguei em casa já era noite, contei a Charlie o que havia acontecido. Ele ficou com uma feição torturada assim como a minha.

- Ela está bem, não se preocupem. – disse Alice de maneira triste assim que entrou em casa.

O telefone tocou e ela mesma foi atender.

POV Alice

- Alo?

- Alo... Oi eu posso falar com a Bella? – uma voz tremida perguntava.

- Ela saiu... Seria só com ela? Aqui quem fala é a Alice. – disse, concentrei e tentei ver quem que falava.

Escutei um soluço do outro lado da linha e logo minha visão me mostrou uma senhora sentada no sofá desligando o telefone.

- Kathy! – exclamei a reconhecendo. – Diga o que aconteceu que eu posso te ajudar... Foi algo com o Bernardo não é? Eu vi quando contou sobre Edward a ele, mas não vi que ele sairia de casa...

- Por favor, eu não sei para onde ele foi. – pedia ele fungando.

- Fique tranqüila, nós vamos achá-lo. – disse tentando passar confiança, mas a verdade é que não tinha idéia de onde ele foi.

Sua mente estava tão atônita que ele não pensava, nem planejava para onde estava indo. Tudo o que eu via era ele andando, mas não conseguia ver a direção.

- Obrigada. – murmurou ela desligando o telefone.

Assim que terminei a conversa com Kathy comecei a ligar para todos avisando para o procurarmos. Logo eu, Charlie e Jacob saímos atrás dele.

Rose, Esme, Bruna e Nessie, estavam na cidade vizinha passeando. Elas o procurariam na saída da cidade. Jazz e Emm estavam caçando e assim que terminassem procurariam aos redores da parte rural. Carlisle estava de plantão hoje no hospital e disse que se houvesse qualquer problema ele estaria à disposição. Bela procuraria pelos ares e nós iríamos buscar pela cidade.

POV Bella

Assim que guardei o celular no bolso na calça jeans que estava completamente suja e um tanto quanto rasgada, suspirei. Eu sabia que isso ia acontecer. Kathy demorou muito para contar, é normal que o garoto se sinta traído.

Sobrevoei a cidade tentando focar meus pensamentos em Bernardo, mas estava difícil. Tudo o que aconteceu hoje me deixou exausta, meu corpo não estava cansado, mas minha mente pedia socorro.

Isso o que Victória fez era tortura. Revendo meus passos percebo que tudo não passou de uma armadilha, uma armadilha para a frustração e decepção. Ela queria que eu visse Edward, queria que eu tentasse ajudá-lo e já planejava desaparecer com ele antes que eu conseguisse.

E eu caí feito uma patinha.

Ela conseguiu executar seu plano com perfeição... Pois eu agora me sinto mal, muito mal. É como se ela procurasse o momento certo para acabar com meu vampiro, esperasse o momento certo para me ver chorando sobra seu tumulo. Tumulo!

Deus! Eu sei para onde Bernardo foi!

Em um bater de asas fiz a volta e fui para o sul da cidade onde ficava o cemitério. O garoto acaba de descobrir que aquele que sempre achou que fosse seu avô não era verdadeiramente, pelo menos não de sangue. Então inconscientemente ele iria “revê-lo”.

Dito e feito, lá estava ele, sentado ao na grama e acariciando a placa de cimento onde a foto de seu avô e algumas palavras estavam esculpidas.

Ele ergueu a cabeça lentamente quando percebeu a minha presença. Seus olhos arregalaram um pouco por ver minhas asas, mas logo relaxaram. Alice me contara por telefone que ele havia descoberto o que eu e Bruna éramos. Bem, não foi grande surpresa.

Aproximei-me lentamente e disse de modo suave.

- Sua avó está preocupada com você.

Ele não respondeu nada, apenas continuava acariciando a lápide. Suspirei e sentei-me ao seu lado, o pedaço de cimento ficando entre nós. Fiquei em silêncio, eu tinha idéia de como a cabeça de Bernardo deveria estar rodando.

- Eu sempre o admirei mais de qualquer um... Sempre foi um exemplo para mim... Meu herói. – murmurou ele com um sorriso triste olhando para a foto de seu avô. – Mais até que meu pai, ele morreu muito cedo, não tive muito tempo de convivência com ele e minha mãe... Mas ele e vovó me criaram com tanto carinho... Sempre que eu precisei, ele estava ali... Não consigo acreditar que não é meu avô de verdade... Droga! Eu me sinto um corno, sempre o último a saber!

Ele bufou e eu sorri divertida.

- Bernardo... – disse de forma repreensiva, mas ao mesmo tempo divertida. – E quem disse que não é?

O garoto levantou o olhar confuso para mim que ainda sorria levemente.

- O fato dele não ter o mesmo sangue que você não quer dizer nada... Ele é seu avô e sempre continuará sendo em seu coração... Em sua memória é ele que estará como figura paterna e também de avô.

Ele suspirou.

- Eu sei disso... Mas... – murmurou e então bagunçou os cabelos nervosamente. – É que é estranho... Além de descobrir que aquele que eu sempre achei que fosse meu avô não é, eu descubro que o que realmente é ainda está vivo e é um...

- Vampiro... Casado com sua professora de física. – completei e ele riu meio sem humor.

- É...

Escutei ao longe pessoas se aproximando, mas pela velocidade dos passos eram vampiros. Lancei meu olhar para a floresta e logo relaxei quando reconheci a voz de Emm e Jazz.

- Hey! Aí está você! – exclamou Emmett assim que se aproximou de nós.

Bernardo pulou com a presença dos dois, já que seus passos eram leves de mais para serem captados pela audição humana.

- Cara! Não foge mais de casa não... A última vez eu fiz isso eu fui caçar com uns amigos mais velhos... Acabei virando jantar de urso, arrastado pela floresta por uma Deusa loira e três dias depois berrando que nem um condenado eu virei um vampiro. – disse Emmett com um sorriso divertido se jogando no chão.

Revirei meus olhos para ele e então senti uma paz me invadir. Jazz estava relaxando o ambiente já que Bernardo parecia um tanto quanto assustado.

- Belo modo de contar sua história seu animal. – disse Jazz bufando e sentando ao meu lado. – Não ligue para ele... Tenho certeza que Carlisle fez algo errado na sua transformação e o deixou com neurônios a menos.

- Todos... Todos vocês são vampiros? – perguntou o garoto engolindo em seco.

Sorri tentando tranqüilizá-lo.

- Emm, Jazz, Alice, Rose, Esme, Carlisle e Charlie são vampiros... Eu e Bruna você já sabe, e Nessie é meia vampira, meia ser da lua. – ele assentiu com a minha explicação.

- Falando nisso... Bruninha está chateada pelo o que aconteceu entre vocês. – disse Jasper e Bernardo se encolheu.

- Eu acho que peguei pesado com ela...

Nós sorrimos para ele... Bem... Emmett estava sorrindo bobamente em quanto arrancava a grama do chão. Detalhe estava deitado na grama do cemitério.

Ficamos em silêncio por mais um tempo. Olhei para o céu estrelado acima de nossas cabeças. A lua estava na minguante, mas nem por isso deixei de sentir a energia que ela me dava.

- Co. Como ele é? – a voz de Bernardo me tirou de meus devaneios.

Eu entendi quem era ele. O garoto queria saber de Edward e a lembrança de seu nome me fez sentir uma dor no peito de saudades e tudo o que aconteceu hoje passou rapidamente em minha mente. Jazz me mandou um olhar preocupado, mas eu ignorei.

- Edward é completamente ranzinza e auto depreciativo. – disse sorrindo sendo acompanhada de Jasper.

Emmett não conseguiu segurar a risada.

- Com certeza ele era um velho chato em corpo de adolescente. – disse ele ainda rindo, mas sua voz estava em um tom nostálgico.

- Edward sempre foi impulsivo e acabava falando merda sem pensar ou agia por impulso. – disse relembrando da vez que ele disse que eu era estranha e logo depois levou a mão na boca arrependido.

- Era extremamente irritante por sempre saber o que você estava pensando. – disse Jazz ainda sorrindo.

- Ele sempre teve o dom de se culpar por tudo de errado que acontece... Tendo culpa ou não ele se tortura com os fatos. – disse suspirando.

Bernardo nos olhava como se tivéssemos algum problema mental e então compartilhou seus pensamentos conosco.

- Vocês falam essas coisas como se fossem qualidades... Até você professora, a vovó disse que você o ama mais do que tudo e mesmo assim só aponto os defeitos.

Sorri e então expliquei de maneira sutil.

- Eu não sei o que é o amor Bernardo... Pelo menos não sei o que é amar como um homem, humano... Digo, para mim os sentimentos são diferentes... É como se eu vivesse uma eterna paixão... Por esse motivo sofro tanto por Edward não estar agora ao meu lado e nem se quer aceito que digam que ele está morto, pois sei que no dia que ele for eu vou junto... Se eu o amasse eu conseguiria seguir minha vida sem ele, assim como sua avó seguiu sem seu avô... O amor é mais forte, ele agüenta a distância, agüenta a morte... Já a paixão é doentia, nos faz fazer besteiras, nos faz agir sem pensar...

Parei de falar e suspirei, Emm e Jaz me olhavam como se estivessem sendo torturados pela culpa. Eles sabiam que eu sofria por eles não acreditarem que Edward não estava vivo.

- Os defeitos de Edward nos vêm à cabeça antes das qualidades, pois sentimos muito a sua falta... Quando estamos distantes da pessoa que tanto amamos, tudo aquilo que ela fazia que nos irritava nos faz falta... E são esses momentos de “brigas” e desentendimentos que ficam em nossas memórias, pois notamos que nunca nos importamos realmente com os defeitos, a verdade é que gostamos deles e são eles que fazem com que não nos esqueçamos uns dos outros... É claro que suas qualidades também são guardadas com carinho, e nunca nos esqueceremos de um gesto de bondade e de amor, mas essas memórias são puxadas pelos defeitos... E se quer saber uma linda qualidade de Edward... Ele é o homem de um grande coração, pouquíssimas vezes ele pensa em si só, mas tudo o que ele faz é pensando naqueles que ele ama.

Engoli com dificuldade, uma bola se formava em minha garganta e eu sentia meus olhos úmidos. Pois foi pensando em proteger a mim e a Nessie que ele está onde está hoje.

Fechei meus olhos e logo a paz invadiu meu peito, Jazz me ajudava novamente e então murmurou.

- Nós estamos no meio da noite em um cemitério batendo papo... Acho que já está na hora de irmos para casa não é?

Abri meus olhos novamente.

- Vá para casa Bella... Você está um bagaço... Nós levaremos Bernardo para casa. – disse Emm seriamente.

Bem, para Emmett falar seriamente é porque era verdade.

- Estou tão mal assim? – perguntei com uma careta.

- Se está perguntando pela roupa suja e rasgada... Não... Mas o seu rosto te denuncia. – explicou Jazz e eu assenti me levantando.

- Bem... Vejo vocês em casa... E Bernardo, vejo você amanhã na aula.

Corri e abri minhas asas indo diretamente para casa, eu realmente estava cansada, mas não sei se conseguirei dormir. Estou preocupada de o que aconteceu com Edward e não vou conseguir relaxar até vê-lo novamente, nem que seja em sonho ou ele nos visitando em alma.

POV Jasper

Assim que Bella desapareceu de nossas visões Bernardo ficou tenso. Eu ri.

- Relaxa! Somos vampiros, mas não bebemos sangue humano... Somente de animais. – disse e Emm sorriu se animando.

- Ursos de preferência! – revirei meus olhos.

- Emm adora lutar contra ursos, só por que foi um urso que quase o matou quando era humano. – expliquei em quanto caminhávamos.

Bernardo estava começando a se acostumar conosco. Fomos até sua casa batendo papo, contamos sobre nós e ele nos disse de como era idiota em acreditar em certos blogs na internet.

[...]

POV Charlie

Bella passou bons três dias sem dormir, ela ficava todas as horas possíveis na biblioteca, aquilo estava me preocupando ao extremo, mas no quarto dia ela não agüentou e finalmente descansou.

Bernardo estava tímido quanto a nós, e meio receoso. Ele conversou com Bruna e ela nos contou depois que ele pediu desculpas por ter julgado precipitadamente. Como seus amigos perceberam que os dois estavam agindo estranho eles contaram que descobriram que eram primos, e eram mesmo... A mentira era que Edward era irmão do pai de Bernardo, que Katharine teve um filho que foi considerado morto, mas acabou crescendo em um orfanato e depois sendo adotado por Carlisle e Esme.

Uma história dramática, mas que poderia muito bem ser verdadeira.

Daniel estava puto da vida com os Volturi depois que Zack e Ângelo contaram exatamente tudo o que tinha acontecido naquele dia em que Bella voltou completamente atônita.

Eu, sinceramente, temia o próximo encontro entre meu filho e Aro, e espero que isso demore um bom tempo para acontecer. Pelo menos tempo suficiente para os ânimos se acalmarem.

Suspirei sentando em minha cadeira da enfermaria, faltava um pouco mais de duas semanas para as férias do meio do ano se iniciarem e eu ainda não tinha feito nada quanto a Lara.

É vergonhoso! Eu um vampiro com milênios de experiência de vida, não tenho coragem para “chegar”, como dizem os adolescentes de hoje, em uma mulher. Acho que tanto tempo sozinho me fez perder o jeito.

- Com licença doutor Swan. – um aluno da quinta série me tirou de meus devaneios batendo na porta.

- Algum problema Lucas? – perguntei me virando para olhá-lo.

Franzi a testa para seu rosto infantil tão preocupado.

- É que a professora Lara caiu e machucou o pé... Ela não consegue levantar. – disse ele e eu senti enrijecendo em preocupação.

Levantei rapidamente e andei o mais rápido possível com o garoto ao meu lado até chegar à sala da quinta série.

Logo a vi sentada no chão com uma expressão de dor e seus alunos a sua volta perguntando se ela estava bem.

- Licença crianças. – pedi passagem e me ajoelhei ao lado de Lara. – O que houve professora?

Ela fez uma careta e explicou.

- Esse tablado! Acho que as faxineiras puxaram ele para frente para limpar em baixo do quadro, mas esqueceram de colocá-lo no lugar... Acabou que eu com toda a minha coordenação acabei pisando em falso... Acho que torci, não consigo me levantar.

Eu me sentia quente estando tão próximo a ela... E ela conversando comigo me deixava completamente feliz... Suas bochechas coradas por causa da vergonha me davam vontade de sorrir.

Sem pensar duas vezes passei meu braço por baixo de seus joelhos e o outro apoiei suas costas e a ergui no colo. Lara soltou um gritinho de susto e as crianças riram.

- Lucas, chame a inspetora e peça que ela fique aqui com vocês. – pedi controlando a minha voz.

Faltavam poucos minutos para acabar a aula, mas as crianças não poderiam ficar sozinhas.

Por dentro eu tremia com o corpo quente de Lara colado ao meu. Meu olhar sob cada reação involuntária de seu corpo, como a pele se arrepiando ao contato da minha pele fria. Com suas bochechas coradas por estar em meu colo. Seu coração batendo acelerado e sua respiração entrecortada.

Caminhei até a enfermaria. Durante doto o percurso eu não consegui tirar meus olhos dos dela. Meu peito depois de tanto tempo estava preenchido apenas por eu poder ver aqueles lindos orbes acinzentados.

POV Lara

OMG! O que está acontecendo comigo? Se controla Lara! Ele é pai da sua colega Bella! Adotivo... Mas é pai dela droga!

Deus! Eu sentia seus músculos bem torneados do peito e do braço, mesmo com a roupa... Minha respiração estava rápida e agradeci mentalmente por ele não escutar meu coração acelerado... Seria realmente constrangedor.

Charlie estava gelado... Será que estava com frio?

Ele riu divertido e eu o olhei em entender.

- Não estou com frio. - disse ele e eu arregalei meus olhos fazendo-o rir mais uma vez.

Que merda! Não acredito que falei o que eu estava pensando. Senti minhas bochechas corarem e ele sorriu de uma maneira que me fez ofegar sem querer. Seu sorriso desmanchou e em sua testa formou-se uma imensa ruga de preocupação. Cristo! Até assim esse homem ficava bonito!

- Está doendo muito? - perguntou e eu o olhei confusa. - Seu tornozelo.

- Ah! Sim! Não! Quer dizer... Um pouco.

Xinguei-me por dar tanta bandeira... Eu não queria parecer como aquelas adolescentes ridículas que se faziam de doentes para o médico bonitão cuidar delas... Nem como minhas colegas que a todo o momento perguntavam para Bella qual era a cor preferida de seu pai, o que ele gostava de fazer e o que ele gostava de comer.

Eu gargalhava quando Bella simplesmente perguntava com bom humor “Por quê? Está querendo dar uns pegas no meu pai?”. A mulherada ficava completamente sem jeito e então ela me mandava uma piscadela sorrindo.

Ela é uma das mulheres mais doces que já conheci... Charlie deu uma ótima educação a ela...

- Bem chegamos... - murmurou ele soando um tanto quanto triste me colocando sobre a maca da enfermaria.

Ow! Estava tão distraída e o andar dele é tão calmo e suave que nem percebi que já estávamos dentro da enfermaria.

Suspirei quando ele se afastou, sentindo a falta da proximidade entre nós. Ele sorriu para mim e então disse de forma gentil.

- Então vamos ver o que aconteceu com seu tornozelo? - mordi meu lábio inferior e me agarrei ao lençol da maca para não mostrar minhas mãos tremendo.

Assenti receosa e ele me olhou divertido.

- Não me diga que está com medo?

- Eu não tenho medo... Apenas receio...

Charlie gargalhou alto.

- Não se preocupe, serei gentil. - então me mandou uma piscadela.

Morri! Fato!

Ele deu dois passos para o lado indo em direção a minha perna e pediu.

- Com licença.

Então ele direcionou seu olhar ao meu pé e tirou suavemente minha sapatilha e então a fina meia cor da pele que eu usava. Seus dedos rasparam em minha pele e senti até meu fio do cabelo se arrepiar.

O doutor começou a examiná-lo com gentileza e extremo cuidado. Logo ele me disse sorrindo que quebrado não estava e então foi até um armário e pegou uma pomada e um remédio.

Entregou-me a caixinha e disse sorrindo.

- É um antiinflamatório, tome duas vezes ao dia durante 7 dias... E essa pomada você passa fazendo massagem e então enfaixa para manter o calor... Se não melhorar você me avisa que eu lhe prescrevo um raios-X, apesar de que acho que não será necessário.

Estiquei minha mão para pega a pomada, mas ele não me entregou. Olhei-o confusa, mas ele apenas sorriu suavemente e abriu o potinho e foi novamente em direção ao meu pé.

POV Charlie

Não posso dizer que eu não sabia o que estava acontecendo comigo... Por que eu sabia exatamente.

Eu estava completamente apaixonado pela mulher sentada na maca a minha frente e seria impossível não demonstrar isso.

Segurei-me ao máximo para não agarrá-la e depois me declarar... Mas acho que isso a assustaria um pouco não é?

Goo Goo Dolls - Let Love in

Deixe o amor entrar

Você espera, querendo que este mundo deixe você entrar
E você fica ali
Numa luz fria
Nas ruas escuras e vazias
E seu sorriso escondendo-se atrás de um rosto de anjo
Mas eu sei que você é muito mais do que tudo que eles ignoram
Isto é tudo que eu preciso ver

Você é a única em que eu já acreditei
A resposta que pode nunca ser encontrada
O momento que você decidiu deixar o amor entrar
Agora estou espancando a porta de um anjo
O fim do medo é onde começamos
O momento que nós decidimos deixar o amor entrar

Massageei seu tornozelo como se estivesse massageando os pés de uma deusa... Não costumava ser tão er... Amoroso com meus pacientes, os tratava normalmente.

Ela soltou um pequeno gemido de dor eu a olhei preocupado.

- Desculpe. - murmurei e ela sorriu.

- Não se preocupe, está fazendo um ótimo trabalho. - seus olhos arregalaram e ela ficou vermelha.

Ri descontraído e voltei a sentir o calor que sua pele emanava. Controlei-me para não soltar um muxoxo ao perceber que não podia me enrolar mais na massagem, já que a pomada começaria a esquentar de mais com o atrito entre minha mão e sua pele.

Eu desejo
Desejando que você encontre o seu caminho
E eu vou me manter firme por tudo que você precisa
Isto é tudo que nós temos para dizer
Eu irei pegar todas as minhas chances
E você use seu tempo com este "jogo" que você joga
Mas eu não posso controlar sua alma
Você precisa me deixar saber
Você está saindo ou vai ficar?

Você é a única em que eu já acreditei
A resposta que pode nunca ser encontrada
O momento que você decidiu deixar o amor entrar
Agora estou espancando a porta de um anjo
O fim do medo é onde começamos
O momento que nós decidimos deixar o amor entrar

Enfaixei com cuidado e então lhe entreguei sua sapatilha.

- Bem... Acho que isso lhe pertence. - disse divertido e ela riu.

- É acho que sim.

Ela virou-se ainda sorrindo ficando com suas pernas no ar e então pulou. Acho que ela esqueceu que estava machucada e como conseqüência de seu ato ela entortou o rosto em dor e começou a cair, mas antes que acontecesse a segurei firme contra meu peito.

Não há nada que possamos fazer a respeito
Sobre as coisas que temos que fazer sozinhos
A única maneira de sentir isto novamente é
Deixando o amor entrar

Não há nada que possamos fazer a respeito
Sobre as coisas que nós temos que viver sem
A única maneira de enxergar novamente é
Deixando o amor entrar


http://www.youtube.com/watch?v=LetIlD4iK98 [Goo Goo Dolss - Let Love in]

Você é a única em que eu já acreditei
A resposta que pode nunca ser encontrada
O momento que você decidiu deixar o amor entrar
Agora estou espancando a porta de um anjo
O fim do medo é onde começamos
O momento que nós decidimos deixar o amor entrar

Nossos rostos estavam muito próximos um do outro e eu sentia sua respiração rápida bater em minha pele.

- Você está bem? - perguntei em um sussurro já que minha respiração estava tão rápida quanto à dela.

- Parece que virou rotina. - sussurrou ela.

- O que?

- Você evitar que eu caia.

- Se permitir que eu sempre esteja por perto, você nunca mais caíra antes que meus braços lhe sustentem.

Seu coração disparou ainda mais e seus olhos mudavam dos meus olhos para a minha boca, percebi que eu fazia o mesmo e antes que eu pensasse em fazer qualquer coisa à porta se abriu com um grande rangido.

POV Bella

Todos estavam preocupados comigo, e eu estava cansada daquilo! Principalmente por Dan e Nati... Eles estavam completamente loucos em pensar que eu cometeria alguma loucura já que Nessie teria os cuidados eternos de Jake.

Está bem... Eu realmente estava mais tranqüila quando pensava que se algo acontecesse comigo, Jake cuidaria de minha filha como eu ou até mesmo melhor... E Nessie também entenderia quando crescesse a minha parte. Mas por Deus! Eu não sou capaz de me matar, não sou egoísta a esse ponto.

Fiquei por várias noites acordada após a luta, minha mente viajava em desgraças que Victória estaria fazendo com Edward. Pois sabia que ela não iria matá-lo já que se fosse fazê-lo, faria em minha frente... Assim como James morreu em sua frente.

Meu coração descansou quando finalmente meu vampiro apareceu em minha frente com olhos tristes, pediu-me que não chora-se e cantou até que eu dormisse e imagino que tenha feito a noite inteira já que tive um sono de qualidade e com sonhos bonitos.

Agora eu estava andando pelos corredores do colégio, eu não dava aula durante esse horário, resolvi ir falar com Charlie, contaria tudo a ele... Precisava de mais alguém que me apoiasse, pois mesmo que Alice soubesse de toda a verdade e tentasse a todo custo ter alguma pista em suas visões, ela estava tão frustrada quanto eu. Jake estava sempre tentando me animar para que eu não desista, mas ele também não sabia o que fazer e muitas vezes evitava o assunto para não me deprimir, pois todas as conclusões que chagávamos após conversar sobre eram sempre as mesmas e acabávamos mais uma vez frustrados.

Eu realmente espero que meu pai acredite, ele é uma pessoa muito importante em minha vida.

Escutei um coração acelerado dentro da enfermaria e logo imaginei que deveria ser alguma das garotas que se faziam de doentes para serem cuidadas por Charlie. Entrei sem bater e me arrependi no exato momento.

Me senti a maior empata de todos os tempos. [N/a: Bella dando uma de Robersvaldu xD]

Os dois pularam de susto. Lara ficou mais vermelha do que um tomate e desviou o olhar. Charlie apesar da cara de assustado não soltou a cintura de minha colega.

- Er... - eu estava completamente sem graça.

- Hã... Eu tenho que ir e... - gaguejava Lara.

- Porque não a ajuda Bella? - perguntou meu pai e só agora percebi que ela estava com o pé enfaixado.

Charlie estava envergonhado e eu não consegui evitar meu riso baixo. Ele me olhou feio, pois estava tão envergonhado quanto a humana em seus braços.

- Desculpe, desculpe, desculpe... Não quis atrapalhar, juro, nem sabia que era ela que estava aí dentro.  - meus lábios se mexeram tão rápido que Lara nem percebeu que eu havia dito algo.

Meu pai suspirou como se dissesse “Tudo bem”.

- Claro. - respondi indo em direção a ela.

Ergui seu braço direito em meu ombro, não pude deixar de notar que ele estava mole e mais uma vez segurei o riso. Ela tinha seus olhos presos novamente em Charlie que a soltava conforme eu firmava meu braço em sua cintura a impedindo que caísse, até que finalmente ele a soltou completamente e ela sacudiu a cabeça espanando seus pensamentos.

Sorri para eles, ela já estava completamente apaixonada assim com ele...

Sustentei seu peso e andei com ela até a porta até que Charlie chamou.

- Lara? - seu coração bateu rapidamente mais uma vez e então eu me virei com ela para que pudesse fitar o rosto de meu pai que sorriu torto...

Eu quis rir estrondosamente, acho vampiros adoram seduzir com sorrisos tortos... Eu sabia exatamente como se sentia a mulher apoiada em mim, pois ela ficou exatamente igual a mim quando Edward sorria daquela maneira para mim.

- Não esqueça de passar a pomada. - disse ele e ela assentiu atônita.

Deixei escapar um risinho e ela ficou vermelha em quanto seguíamos para o corredor.

POV Lara

Deus do céu! Que homem é esse? Eu tenho que dizer que o senhor foi muito generoso quando o fez!

Sentia minha pele queimando em vergonha em quanto Bella me ajudava a andar, eu estava impressionada com a sua força, já que eu mal sentia meu pé machucado encostando-se ao chão.

- Você é mais forte do que aparenta. - comentei tentando desvirtuar da cena que quase aconteceu na enfermaria.

Ela riu divertida.

- Jake apanhava de mim quando éramos crianças. - disse risonha.

Sorri. Bella tão doce...

- Vocês cresceram juntos não é? - soou como uma afirmação.

- Sim... Jacob é meu melhor amigo, quase um irmão.

- E nunca aconteceu nada entre vocês? - olhei-a de esguelha e ela gargalhou.

- Está perguntando no sentindo amoroso? Não, não... Nunca... Acho que nunca nos vimos desta forma, digo... É obvio que ele é lindo e tals, mas meu sentimento por ele sempre foi de amizade e vice e versa. - explicou-me.

Assenti distraída. Gostaria de saber mais sobre Charlie, mas mais uma vez a imagem das professoras e meninas do ensino médio me vieram na cabeça... Sentia vergonha por elas e não queria ser igual a elas.

- Charlie gosta de você. - disse ela de repente me olhando pelos cantos dos olhos e senti meu rosto pegar fogo.

Ela sorriu e completou.

- E você gosta dele.

- Não... Er, quer dizer... - comecei a gaguejar... Será mesmo que ele gostava?

Deus! A filha dele está me falando isso sorrindo!

Bella riu abertamente.

- Sabe... Sei que está curiosa quanto a ele... Sei também que não me pergunta nada por vergonha e também porque você tem sentimentos verdadeiros e não apenas atração por sua beleza como as outras que vivem me perguntando sobre ele... Esse é um dos motivos que eu não respondo a elas e desconverso, porque sei que nenhuma delas gosta verdadeiramente de meu pai... Ao contrario de você. - ela me mandou uma piscadela e voltou seu olhar para frente.

Nós andávamos lentamente por causa do meu tornozelo machucado, mas tive a impressão de que se ela quisesse acelerar o passo não teria dificuldade nenhuma em me carregar.

Fiquei insegura em perguntar o que eu tanto pensava esses meses, não era possível que um homem como ele nunca tivesse se casado, mesmo que estivesse criando duas crianças.

- Charlie nunca foi casado? - perguntei tomando coragem e ela me olhou feliz por ter tomado coragem, mas existia mais em seus olhos, uma certa tristeza.

- Ele já se casou sim... Há muito tempo... Era muito feliz, amava muito a esposa, mas... Desculpe Lara, essa história pertence a ele e não acho que tenha o direito de contar... Mas tenho certeza que ele lhe contará sua história e muito mais sobre si... Charlie é um homem integro e sério, não tenha medo de entregar seu coração a ele, pois apesar de nada ter acontecido entre vocês, ainda, ele já entregou seu coração a você.

Senti mais uma vez corar e meu coração bater novamente descompassado me senti muito feliz com aquilo, será mesmo que ela estava me dizendo a verdade?

Ficamos em silêncio até chegarmos à sala dos professores onde pediria carona para Noah, já que ele morava perto de minha casa e era além de colega um amigo.

Assim que ela me ajudou a sentar em uma das cadeiras me disse de maneira séria.

- Só te peço uma coisa Lara...

Assenti engolindo em seco, era agora que ela dizia “Então querida, fica longe de meu pai ou eu te quebro a cara.”.

- Olha, eu amo de mais Charlie, o amo como se fosse meu pai biológico... Quando ele te contar tudo sobre ele, não deixe que seus pré-conceitos evitem esse amor.

Olhei-a confusa e ela apenas sorriu e saiu pela porta acenando de costas.

Nesse momento não entendi o que ela quis dizer, mas tenho certeza que logo entenderei.

[...]

Fiquei envergonhada de puxar assunto novamente com Charlie e até mesmo fugi de encontrá-lo pelos corredores como se eu fosse uma adolescente apaixonada pela primeira vez.

Não podia negar que estava doidinha por ele... Eu e mais a metade da ala feminina... Mas acabamos nos esbarrando no ginásio quando fui chamar um dos alunos que tirara nota baixa em uma das provas.

Fiquei vermelha com a proximidade e acabei rindo quando ele disse.

- Sempre nos esbarrando...

Ele perguntou como estava meu tornozelo e acabamos que começamos a conversar animadamente. Era incrível como o assunto não acabava e eu me peguei rindo mais vezes em quanto conversava com ele do que com qualquer outra pessoa.

Durante duas semanas nos víamos quase todos os dias pelos corredores e não evitávamos conversar. Eu gostava muito de sua companhia, gostava muito de sua voz e mais ainda dele todo.

Conversamos muito sobre nossas vidas, de como Bella e o irmão acabaram sendo criados por ele, contou-me da amizade dele com Arthur e Anita os pais de seus filhos. Eu conseguia notar toda a admiração contida em sua voz por eles. Falou curiosidades de diversos de seus amigos... Deus, ele conhecia muita gente! Mas ele nunca tocou no assunto de sua esposa... Se Bella não tivesse me contado que ele já havia casado eu nunca saberia que ela já tivera um relacionamento.

Hoje era o ultimo dia de aula e ele parecia muito ansioso, fomos andando até a cantina onde iríamos almoçar, poucos alunos estavam por ali já que o sinal ainda não havia tocado.

Sentamos na mesa dos professores um de frente para o outro e ele suspirou e disse de maneira sofrida.

- Eu... Eu preciso te contar algo... Algo que depois de você saber talvez nunca mais irá querer me ver quanto mais continuar sendo minha amiga... - e então completou em um sussurro. - Ou algo mais.

Eu estava pronta para me declarar a ele e dizer que nada do que ele falasse faria com que eu deixasse de amá-lo, mas antes que minha boca soltasse algum som ele ergueu um dedo pedindo que eu esperasse.

Fechei minha boca e prestei atenção no que ele ia falar.

- Só peço que, por favor... - sua voz estava suplicante. - Prometa que escutará tudo o que tenho para dizer e então só depois você julgará.

Senti que o assunto era sério e me senti de repente desconfortável na cadeira. Ajeitei-me melhor e disse.

- Prometo escutar. - murmurei e ele sorriu fracamente.

- Sei que Bella lhe contou que já fui casado. - assenti e ele continuou. - E creio que, sendo uma mulher inteligente que sei que é, deve ter percebido que nunca toquei sequer nesse assunto.

Mordi meus lábios e ele batucou na mesa nervosamente, tentando procurar as palavras certas eu acho.

- O fato é que... Ela morreu... Junto com nosso filho em seu ventre. - não consegui evitar que minha boca se abrisse em um perfeito “O”.

Charlie estava com o rosto contorcido em dor, como se fosse chorar a qualquer momento. Imediatamente quis levantar e abraçá-lo. Nunca imaginei que isso pudesse ter acontecido, agora entendo a tristeza nos olhos de Bella ao me contar aquilo e ainda entendo mais ainda por ela não ter dito que não se achava no direito de me contar a história.

Antes que eu pudesse agir ele continuou com a voz embargada.

- Eles não morreram simplesmente... Foram assassinados... - senti meus olhos enchendo d’água de dó, mas quando ele concluiu eu comecei a sentir raiva, uma raiva que eu possuía há muito tempo a respeito de certo seres. - Por um vampiro.

Minha vontade era grunhir e soltar toda a raiva e com motivo confirmado pelos vampiros, mas antes que eu ou Charlie pudéssemos dizer alguma coisa o sinal tocou e o refeitório encheu de alunos e os professores se juntaram a nós.

Todos conversavam animadamente, pareciam alheios as nossas expressões, a minha de horror e a de Charlie sofrimento.

Bella chegou até nós e abraçou seu pai e cochichou algo em seu ouvido, ela se afastou e ele deu um sorriso triste. Minha colega olhou preocupada para ele e beijou o topo de sua cabeça, já que ela estava em pé e ele sentado.

- Não vão comer? - perguntou Noah finalmente notando nosso silêncio.

Levantei-me e olhei interrogativamente para Charlie que olhava paras suas mãos em cima da mesa. Suspirei e segui para a fila pegar algo para comer. Era normal que ele não queira se alimentar, até eu estava com o estômago um pouco embrulhado com essa história.

POV Bella

Eu sabia que tinha algo de errado com meu pai e apesar da minha insistência ele não me respondeu o que havia acontecido.

- Hey Sonia! - acenei para ela que vinha com minha filha de mãos dados.

As crianças seriam liberadas mais cedo hoje, já que era o ultimo dia de aula delas, então pedi para sua professora trazer Nessie na hora do almoço que Charlie ficaria com ela em quanto eu dava a minha ultima aula.

Minha filha correu até nós sorrindo largamente e se jogou em Jake que estava ao meu lado.

- E aí minha pequena! - disse ele sorrindo largamente e a colocando sentada ao lado de sua bandeja.

Meus colegas sorriram para minha pequena que encanta qualquer um que a vê. Ela sorriu e roubou uma batata frita do morro que era o prato de Jacob e comeu.

- Ei mocinha! Besteira a senhorita não tem problema para comer não é? - a repreendi e ela fez um biquinho.

- Deixa ela Bella... Pelo menos está comendo alguma coisa que a sustente, ao contrário de certas pessoas. - revirei os olhos pela repreensão. - Você é mais criança que sua filha.

Jake tinha um sorriso brincalhão no rosto e eu lhe mandei a língua fazendo todos a mesa gargalharem com a minha atitude infantil.

- Vovô? Porque o senhor está triste? - perguntou Nessie que prestava atenção atentamente em um Charlie agora surpreso.

Todos voltaram seu olhar para meu pai que agora sorriu fracamente para minha pequena e disse.

- Eu não estou triste morceguinha. - disse ele e ela pulou do colo de Jacob para o meu e então foi até seu avô que a colocou sentadinha na mesa.

- Mamãe diz que é muito feio mentir. - disse ela carinhosamente colocando uma mãozinha no rosto de Charlie e provavelmente mostrando seu rosto a seus olhinhos.

Os professores ficaram encantados pelas palavras e percepção da criança. Charlie sorriu para ela e então disse novamente.

- Vovô não está triste. - e então ele soprou em sua barriguinha fazendo aquele barulho de bexiga esvaziando rapidamente.

Nessie gargalhou.

Sorri por ela ter conseguido animar pelo menos um pouquinho meu pai e vi Lara sorri carinhosamente para a cena também.

Jacob sorriu e então foi até a mesa do time de futebol conversar com os garotos.

O clima ficou leve, mas antes do sinal tocar Charlie levantou e cochichou no ouvido de Lara.

- Será que a gente pode terminar aquela conversa?

Eles foram para um canto do refeitório mais afastado.

Passei meu olhar pelo refeitório e vi vários alunos notando com curiosidade onde eles estavam indo. Bem, não eram só os alunos, já que os professores olhavam também... E alguns até com inveja.

Mas antes que eles começassem o assunto o diretor Joseph apareceu na frente da mesa, meus olhos arregalaram, pois aquele não era o simples humano que viajara há três meses e sim um vampiro recém nascido com olhos vermelhos sangue.

Levantei-me rapidamente assim como todos a mesa que olhavam de olhos arregalados para a figura pálida a nossa frente.

Ele virou a cabeça para o lado de forma faminta e seus olhos foram diretos para Nessie.

Rosnei puxando ela a colocando agarrada as minhas costas.

POV Jacob

Parei de falar na metade da frase quando senti o cheiro novo de sanguessuga. Meu olhar rapidamente foi até a mesa dos professores e lá avistei o diretor... Não era possível... Por quem ele foi transformado?

Varri o refeitório com meu olhar e percebi os alunos notando o que estava acontecendo. Rapidamente olhei para os Cullens e eles estavam prestes a atacar o vampiro, mas Alice dizia para ninguém fazer nada que as coisas sairiam bem.

Eu não tinha certeza disso.

- Jacob! Se você se meter, eu não vou conseguir enxergar mais nada. - disse ela em tom baixo, mas eu pude escutá-la apesar da distância.

Senti meu corpo tremendo quando percebi o olhar do vampiro para Bella e Nessie.

Minha amiga ia dando passos lentos para trás e vindo em direção às mesas dos alunos. Corri meu olhar até Charlie que segurava um rosnado e mantinha Lara atrás de si.

- Droga... - murmurei tentando segurar os tremores de meus braços e a transformação prestes a acontecer ao ver Nessie em perigo.

Assim que Bella e o vampiro foram se aproximando de uma das mesas os alunos conseguiram enxergar os olhos vermelhos do diretor e assim saíram rapidamente de lá se afastando ao máximo do vampiro que ia em direção a Bella com passos lentos, como um felino... Um predador prestes a atacar sua vítima.

- Qual é? Não faça isso... Você não precisa fazer isso. - disse Bella alto e segurando Nessie cada vez mais forte em suas costas.

- Desculpe Bella... Eu realmente gosto de você... Mas eu quero a criança. - disse ele e eu quase deixei escapar um rosnar.

- Por quê? - perguntou ela ainda indo para trás.

- Porque eu não quero ser isso! - berrou apontando para si, seu olhar se tornando raivoso. - A ruiva a quer e se eu levá-la ela vai desfazer a transformação.

Franzi a testa, dês de quando que vampiros podem deixar de ser vampiros? A ruiva o enganou bonito.

- Sinto muito, mas Victória mentiu para você... Não pode deixar de ser vampiro. - explicou Bella docemente.

Ele rosnou alto e minha amiga deu mais passos para trás.

- Não! Você mente! Não sabe nada sobre isso! Nem se quer é uma vampira para saber isso! Não sabe o que é essa queimação que não para nunca! Que fica cada vez maior na presença de humanos! - berrava ele descontroladamente. - Me entrega a menina ou vou tirá-la a força!

Rosnei, mas ninguém reparou em mim já que todos estavam vidrados na cena.

- Tem razão eu não sei o que é ser o que você é! Mas vai entregar uma criança a uma vampira? Vai mesmo sacrificar a vida de uma criança? Por Deus! Pense em seu filho! Imagine-o no lugar dessa menininha a minhas costas! - gritou Bella e ele rosnou mais uma vez.

Joseph deu mais três passos e Bella andando para trás acabou batendo em uma das mesas vazias e então pulou subindo na mesma.

- É pensando nele que eu vou levá-la... Como acha que me sinto por não poder me aproximar de meu filho sem ter vontade de matá-lo?!

- Você pode controlar! - disse Bella desesperada andando mais rápido e o vampiro fazia o mesmo finalmente saltando graciosamente sobre a mesa.

- Você não sabe o que diz!

Ele rosnou e se preparou para atacar, mas antes que conseguisse, Bella pulou da mesa e a chutou erguendo-a para trás e então gritou.

- Fique longe da minha filha!

O vampiro quebrou a mesa com um soco e olhou faminto para Bella e então correu em sua direção.

Minha amiga estava próxima de mim e eu consegui puxá-la para o lado antes que ele a atingisse.

Coloquei-a para trás de meu corpo e rapidamente Joseph estava a minha frente e me olhava curioso.

- Você fede. - sorri largamente.

- Você também sanguessuga.

POV Bella

Victória estava indo longe de mais com essa história! Minha vontade era de matá-la, nunca senti essa vontade tão presente em meu peito. Sentia-me horrível por isso.

Segurei firme Nessie atrás de mim em quanto Jake encarava o vampiro a sua frente. Meu amigo tremia da cabeça os pés e eu notava que ele estava prestes a se transformar.

- Não faça isso Jacob. - sussurrei. - Não se transforme, não pode revelar-se...

- Eu sei Bella, mas está difícil me controlar com um perigo tão próximo. - ele respondeu entre dentes.

Percebi os professores mandando os alunos saírem do refeitório e logo eles começaram a correr, como se a situação pudesse piorar mais ainda Guto caiu no chão e ralou seus joelhos e essa foi a pior merda que aconteceu.

Joseph sentiu no ar o cheiro de sangue... O sangue de seu próprio filho e simplesmente sua sanidade se esvaiu e seus instintos afloraram.

O diretor correu em direção ao filho caído ao chão.

Meu Deus!

POV Charlie

- Desculpe Lara... Por esconder isso de você, mas eu iria te contar isso hoje... Mas vejo que você vai tirar suas conclusões antes de minhas explicações. - disse rapidamente e então simplesmente corri em direção ao vampiro e o segurei antes que ele matasse o próprio filho.

Joguei-o longe e ele bateu forte na parede do outro lado do refeitório e eu vi Lara no canto encolhida de olhos arregalados e de repente eu notei que ela sabia o que eu era e não gostei nada de ver em seus olhos horror a mim.

Fim do Capítulo 9.


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Notas finais do capítulo

Fortes emoções né ;) Muitas estão por vir ainda.