A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 76
Capítulo 22 - De volta para casa (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gente, tudo bem? Acabei de terminar o capítulo, espero que gostem :D Ainda teremos mais um antes do epílogo.



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Franzi o cenho. O vento mudou sua trajetória e os humanos perceberam que algo estava diferente.

Com minha visão aguçada notei uma clareira mais a frente.
- É lá? - perguntei mesmo sabendo a resposta.
- Ainda não enxergo nada. - respondeu Noah, outro arqueólogo. 
- Mas eu sinto... - murmurei. - Estamos muito perto. 

Aceleramos o passo e em menos de dez minutos dois grandes pilares apareciam perante nossos olhos. Estavam bem no meio de uma grande clareira. 

- A linguagem é parecida com alguns símbolos muito antigos, mas nunca ninguém conseguiu traduzir. - comentou Armand enquanto colocava sua mochila no chão. 

Os militares começaram a montar acampamento. Deixei minha mochila perto de uma árvore e me aproximei dos pilares. Eu podia sentir uma pequena energia emanando, algo muito sutil. Pareciam dois grandes cilindros de pedra e em alto relevo uma linguagem que eu não conhecia... Ou melhor acabo de conhecer. Diante os meus olhos os símbolos começaram a mudar e eu podia compreender perfeitamente o que diziam. Agora entendo o que rei Daniel quis dizer. 

- Em tempos difíceis 12 elementares criaram um portal que permitiu a salvação de uma civilização. Tal ato resultou numa consequência e grandes famílias não mais poderiam existir...  - parei de ler piscando os olhos rapidamente e me virei para os humanos que me olhavam atentamente. - É a história de como os lunares foram para a Lua. 

- Continue a leitura Peter. - pediu Armand com seus olhos brilhando. 

Assenti e voltei meu olhar para os pilares. Os símbolos embaralharam e eu pude compreender novamente. 

- O povo da Lua reconstruiu sua civilização, desta vez com resignação e humildade. Escolheram uma família governante e dedicaram seu amor e respeito a ela. O tempo passou e com as novas gerações a origem de sua espécie caiu em esquecimento. Antigos erros voltaram a prevalecer e tempos de guerra e paz intercalaram diversos governantes. Os mais antigos lutaram para sua origem continuar viva, mas a maior verdade das verdades acabou por virar uma lenda. Velhas almas voltaram para seus corpos trazendo junto problemas não resolvidos. Caos retornou, porém desta vez os responsáveis se inverteram e o povo lunar teve que ser enviado para o planeta azul para um reaprendizado. 

Franzi o cenho. Nada mais estava escrito. 

- Continue garoto. - pediu Noah. 

- Eu terminei... Não há nada mais escrito. - murmurei. 

- Isso é incrível! - Cristian o mais calado dos arqueólogos exclamou.

- Sim, mas... - andei em direção aos pilares. 

Onde estava escrito o modo de voltarmos para a Lua? Agora entendo porque rei Daniel não quis enviar mais ninguém, seria decepcionante. Mas quando estava a cinco metros dos pilares um vento forte se iniciou um cheiro familiar se espalhou no ar e meu coração quase parou quando eu o identifiquei. 

- Pai? - sussurrei. 

Meu coração acelerou e eu comecei a olhar para todos os lados. Eu não poderia estar delirando! A ventania tornou-se mais forte e os humanos começaram a se alertar. 

- Pai? - chamei mais alto. - Apareça! Eu sinto seu cheiro! 

Então o vento parou e uma imagem começou a se formar em minha frente. Foi impossível evitar que meus olhos se enchessem d'água ao avistar aquele sorriso largo e os olhos extremamente verdes como os meus. Era meu pai ali em minha frente. Um pouco mais baixo que eu, os cabelos negros como a noite e bagunçados com o vento. Não me contive e como um flashe me joguei contra ele em um abraço cheio de significado. 

- Você cresceu, meu filho. - disse ele alegremente retribuindo o meu abraço com muita força. 

Não consegui responder, tudo o que eu queria era abraçá-lo com toda a força possível. 

- E eu não ganho um abraço também? - a voz feminina soou ao nosso lado. 

Se eu não tivesse reconhecido sua voz não teria largado meu pai. 

- Mãe! - exclamei emocionado, seus cabelos da mesma cor que os meus na altura dos ombros, o nariz pequeno, os olhos verdes, as bochechas coradas e o sorriso tímido. - A senhora está tão bonita. - disse antes de abraçá-la também. 

 - Você que se tornou um lindo rapaz! - retrucou me abraçando forte.

A muito custo nos separamos. Meus pais me olhavam com olhos brilhantes e eu não duvido que eu os olhasse da mesma forma. 
- Como...? - perguntei confuso olhando para eles. 

Não que eu não estivesse feliz em vê-los após tantos anos, mas como era possível eles estarem ali? Porque eles não apareceram antes? Eles estavam vivos? Mortos? 

- Estamos mortos meu filho, isso não podemos mudar. - explicou meu pai. - Mas infelizmente antes de perder meu corpo físico não tive a oportunidade de lhe entregar a espada de nossa família. - ergueu seus braços paralelamente e a espada apareceu em suas mãos. - É sua por direito. 

Peguei-a observando as cinco pedras brilhantes cravadas em sua lamina. 

- Porque nunca me contaram que eu era um elementar? - perguntei em um sussurro. - Eu fiquei completamente confuso quando soube. - balancei minha cabeça inconformado. 

- Sentimos muito. - murmurou mamãe. - Não achamos que fosse importante. - deu de ombros. 

Olhei-a incrédulo. Sério que eles não acharam importante?! Suspirei resignado. De nada adiantava brigar com eles ou ficar bravo. 

- Rei Daniel me mandou aqui para saber o que são esses pilares. Se formam mesmo o antigo portal. 

- Sim. Este é o antigo portal. - respondeu meu pai. 

- Então é possível atravessá-lo? - perguntei animado. 

- Por em quanto não. O portal está desativado.
- Então quando?

O sorriso de meu pai não se abalava, ele segurou a mão de sua esposa e seguiu para o portal. 

- O portal é protegido por todos aqueles que possuem sangue real, basta rugir a porta e fazer a pergunta certa. Não esqueça de se apresentar como nosso filho. - mandou uma piscadela antes de desaparecer junto com mamãe. 

- Que porta? - perguntei para o nada. 

Levei minhas mãos aos meus cabelos inconformado. Mas que diabos!

- Peter? - uma voz hesitante me chamou a atenção. 

Só então lembrei que os humanos observavam tudo. Quando me virei seus olhos estavam assustados e confusos. Com exceção dos arqueólogos que estavam quase em êxtase. Quem me chamara fora o General Vega. 

- Portais não são espécies de portas? - perguntou ele lentamente. 

- Bem... Não custa tentar. - disse me virando para o portal. 

Respirei fundo fincando a espada no chão e então rugi para o portal. Meus dentes cresceram em minha boca e o som saiu mais alto do que eu planejara. Uma debandada de pássaros voou na floresta e os corações dos humanos dispararam . 

A minha frente poucos segundos se passaram antes de uma luz cegante se formar entre os dois pilares. Um misto de medo, alegria, respeito e hesitação se apoderou do meu corpo. Minhas mãos tremeram assim como o meu corpo inteiro. O vento era suave contrastando com o imenso poder que eu sentia despertar em minha frente. Me senti fraco, como se meu poder estivesse sendo sugado. Minha visão começou a escurecer e se eu não tivesse me segurado em minha espada teria caído sem força alguma. 

Respirei fundo tentando me manter em pé diante de tamanho poder. 

- Quem nos chama?! Quem ousa nos acordar de forma tão rude?! Apresente-se jovem elementar! - uma voz extremamente imponente pronunciou.

Imediatamente caí de joelhos. Aquele poder só poderia vir de alguém muito superior a mim. Eu sentia. 

- Perdão por acordá-los desta maneira. Sou Peter, filho de Charlotte e Louis. - disse de cabeça baixa fazendo uma reverência respeitosa. 

- E o que deseja saber príncipe? 

- Como ativo o portal? - rezei para que essa fosse a pergunta certa a se fazer. 

- Da primeira vez foi necessário que os doze elementares estivessem unindo seu poder. Agora não será diferente, é preciso a união das doze forças.

- Mas os antigos governantes não estão mais vivos. 

- Mas a descendência ainda não acabou! - proferiu em um rugido me fazendo dar um passo para trás. 

Dois raios caíram na clareira, um deles a 12 metros de mim e o outro a 9 metros. O portal no meio do estranho triângulo. Mas a minha real surpresa aconteceu quando o clarão dos raios desapareceu e ali diante de meus olhos estavam Bruna e Otelo. Os dois não demonstravam consciência, seus olhos não tinham brilho algum. Em suas mãos as espadas de suas famílias. A de Otelo com as quatro pedras representando cada elementar em sua família, assim como Bruna que possuía em sua espada três pedras. Com as cinco pedras da minha o ciclo dos doze elementares estava completo. 

Puxei minha espada do chão e deixei que meus extintos me guiassem. 

POV Carlisle

Quando os elementares caíram ao chão a luta ficou intensa. Gritos de Ângelo ecoavam.

- Protejam a família real! Protejam a família real! 

Logo a guarda fazia círculos entorno do rei, da rainha e das princesas. Os olhares eram ferozes para os Volturi. Mesmo sem entende ro que tinha acontecido ninguém deixaria que a realeza fosse ferida. Mas para essa batalha terminar era preciso matar Aro. Com o líder morto os vampiros não nos atacariam mais, eu podia perceber que ninguém estava feliz nos enfrentando. Os Volturi sabiam que era uma missão suicida. 

Corri meu olhar pela rua e encontrei Charlie lutando com Aro. Eu sabia que meu amigo lutava querendo vingança e queria acabar com o Volturi sozinho, mas ele teria que me perdoar, pois minha família também estava em risco e eu não deixaria essa proteção nas mãos de outro vampiro. 

Corri ajudá-lo. Para a minha grande surpresa Charlie não me expulsou da luta, apenas me olhou com determinação. Ele queria minha ajuda. O objetivo maior era acabar com Aro. 

O vampiro dos olhos cor de rubi rosnou se defendendo de nossos ataques, mas eu e Charlie possuíamos muita experiência, não éramos dois moleques de 500 anos. 

Aro desviou de um soco de Charlie e eu aproveitei para lhe segurar com uma gravata. Sem mais delongas arranquei sua cabeça. Charlie começou a desmembra-lo enquanto eu segurava seu corpo já sem vida. Assim que os vampiros da guarda Volturi notaram que Aro estava morto eles ergueram os braços parando de lutar e então se ajoelharam diante de mim e de Charlie. 

Meu amigo andou a passos largos em direção a Ângelo. 

- Levantem-se não assumirei nenhuma realeza distorcida. - disse ele para os vampiros.

- Não olhem para mim. - disse seguindo Charlie. - Vocês ainda têm Marcus e Caius, tenho certeza que eles não concordaram com essa missão suicida. 

Segui até meu filho que não conseguia se manter em pé. 

- Edward? 

- Estou bem... Mas parece que algo sugou minhas forças... E tenho quase certeza que tem a ver com o meu casamento com uma lunar. 

- Não somente uma lunar. Uma elementar. - apontou Charlie verificando o pulso de Daniel. - Vocês lembram da profecia?

Sim, nós lembrávamos muito bem. Só nos resta esperar o que vai acontecer. Muitos humanos observavam de longe o que acontecia. Pareciam aliviados pela luta ter acabado. Mas como uma última faísca da loucura de Aro, um Volturi que ainda não tinha desaparecido de nossas vistas correu atacar Otelo que estava caído um pouco mais afastado de nós. 

O maior choque foi ver Malaky se por na frente do príncipe e abrir suas asas para protegê-lo da labareda da arma do vampiro. O rosnado de dor nos fez estremecer, mas a guarda real agiu rápido acabando com o vampiro e Emmett chutou um hidrante e direcionou a água com o pé em direção ao lunar que tinha suas asas em chamas. 

Corremos ajudá-lo, mas sinceramente eu não sabia como agir. Ninguém sabia. Para um lunar suas asas eram motivo de orgulho, era um dos principais símbolos da diferença entre eles, os humanos, os lobisomens e os vampiros. 

Malaky estava desmaiado provavelmente de tanta dor. Ângelo correu até os humanos pedindo uma ambulância e ligou imediatamente para o Dr. Pitty. 

- Está passando. - a voz de meu filho chamou-me a atenção. 

Edward tinha a feição mais leve. 

- Já posso me erguer. - ficou em pé em seguida. - Isso foi muito estranho. - disse confuso. 

Os agentes da guarda carregaram Daniel e Nati para perto de Bella, Bruna e Nessie. Também trouxeram Otelo para mais perto. Os seis continuavam desmaiados. Quem acordou em seguida foi Nessie. Depois de um enorme bocejo se pendurou nos pelos de Jacob. Para o alivio de todos Bella, seu irmão e sua cunhada acordaram também. Eles estavam muito confusos com o que tinha acontecido. 

Relataram que sentiram seus poderes sendo sugados e que ainda se sentiam enfraquecidos. 

- É por isso que seus ferimentos não estão curando? - perguntou Jasper. 

- Provavelmente. - respondeu Dan pensativo. - Há quanto tempo estamos apagados?

- Pouco mais de 30 minutos majestade. - respondeu Ângelo.

- Parece preocupado, o que aconteceu?

POV Daniel

Chefe Jackson me relatou rapidamente o que eu havia perdido. Confesso que fiquei tão chocado quanto todos. Até que Ângelo me explicou em um sussurro o poder de Malaky. Minha cabeça começou a funcionar rapidamente. Algo importante tinha acontecido e algo ainda mais importante estava para acontecer. Sei que Peter tem a ver com isso, afinal o tal Destino avisou que nós cairíamos quando o futuro rei completasse sua missão. 

A missão que dei a Peter era encontrar as ruínas do portal e verificar se ainda era possível fazer a travessia. Quer dizer então que ele chegou lá... Nossos poderes foram sugados nesse momento... Será que de alguma forma nosso poder foi usado para dar poder novamente ao portal? Isso quer dizer que poderemos voltar para a Lua?

- Porque Bruna e Otelo não acordaram ainda? - a preocupação de Nati me chamou a atenção. 

Olhei para Charlie, mas pela sua feição ele também não fazia ideia do que estava acontecendo. Os minutos começaram a passar, Claire me avisou que os humanos queriam uma declaração. Pedi a ela que dissesse que amanhã eu explicaria tudo a imprensa e que antes que nos acusassem de colocar os humanos em perigo avisasse que todas as autoridades humanas sabiam da batalha. 

Fazia uma hora que estávamos parados no mesmo lugar e Bruna e Otelo ainda não tinham dado nenhum sinal de que iriam acordar. Agradeci a guarda e os dispensei, mas eles não foram embora. Queriam ter certeza que a princesa ficaria bem. O transito voltara ao normal e os humanos que por ali passavam nos olhavam curiosos. Minha angustia aumentava a cada minuto passado. 

- Já chega! Claire?! - chamei nervoso.

- Sim majestade?

- Preciso que você entre em contato com o secretário de segurança dos EUA. Diga que é urgente. 

- Claro... - disse meio confusa pegando seu celular. 

Após discutir com três secretárias diferentes ela me passou o celular com o humano. 

- Rei Daniel?

- Sim. Preciso de um favor. 

- Se eu puder ajudar. Será um prazer. 

- O senhor me disse que quando eles chegassem ao lugar entrariam em contato. Eles chegaram?

Nati me olhava confusa assim como todos a nossa volta. 

- Sim. General Vega mandou um sinal há duas horas avisando que chegaram ao seu destino e que seu homem já estava fazendo a leitura. 

Como eu imaginei. Há duas horas nós começamos a perder nossas forças. 

- Eu preciso falar com Peter, pode fazer a ligação?

A ligação ficou muda. 

- Secretário? - chamei e escutei ele limpando a garganta. - O que aconteceu?

- Nós perdemos o sinal com a equipe. Algo aconteceu lá. Já mandei uma outra equipe se dirigir ao local.

- Assim que conseguir contato me avise, por favor. 

Agora os olhares sobre mim eram ainda mais questionadores. 

- Acho que deve contar a eles. - disse Edward. 

Não posso. E se não tiver chances de voltarmos? É muita decepção para todo meu povo. Argumentei por pensamento. Meu cunhado suspirou. 

- Tudo bem, mas quando conseguir a resposta do garoto não adie mais isso. 

- Eu não vou, só preciso de uma resposta definitiva. 

Ele assentiu. 

- Daniel, o que está acontecendo? - Nati que até agora estava sentada no chão ao lado de nossa filha levantou-se brava. 

Fiquei quieto, eu não podia responder e não queria mentir para ela. 

- Tem a ver com a missão que você mandou Peter? É isso? - apenas assenti aos seus questionamentos. 

Nati abriu a boca para me perguntar mais alguma coisa, mas uma ventania estranha começou e então parou de repente. Franzi o cenho. Um cheiro conhecido chegou até nós. 

- Mãe? - murmurei ao reconhecer. 

Bella também reconhecera assim como todos que estavam ali. E então finalmente ela apareceu diante de nossos olhos. O sorriso calmo e os olhos afetuosos. Percebi todos os lunares fazendo reverências a antiga rainha da Lua. 

- O que está acontecendo? - perguntei a ela. 

Seu sorriso continuou imutável.

- Pode me emprestar sua espada filho? - perguntou docemente. 

Assenti fazendo a espada aparecer em minhas mãos. Minha mãe veio até mim e beijou minha bochecha com carinho, então pegou a espada e se afastou. A observei ir até Bella, que já tinha lágrimas escorrendo pelo seu rosto, e beijar sua testa. Ela foi até Nessie e sorriu fazendo-lhe um carinho na bochecha. Foi então que ela abaixou-se perto de Bruna e colocou minha espada nas mãos da neta. 

Levantou-se novamente com o sorriso incansável e então ergueu seus braços ao lado do corpo. No mesmo instante Otelo e Bruninha abriram seus olhos, mas algo estava estranho. Não havia vida neles. Seus corpos se ergueram até ficarem em pé e com um trovão cortando o céu limpo os três sumiram. 

- Claire! Me liga com o secretário novamente! 

POV Peter

As três espadas ergueram-se, as pedras em suas lâminas não possuíam mais cor, apenas brilhavam fortemente. Então uma força as puxou em direção ao chão. E uma grande explosão de poder seguiu-se nos jogando para trás. Minha visão escureceu por alguns segundos. 

Assim que abri os olhos percebi que tudo a volta tinha se acalmado exceto os corações disparados dos humanos. Me sentei calmamente tentando colocar minha cabeça no lugar e entender tudo o que tinha acontecido. Eu me sentia um tanto tonto.

Não tive muito tempo para me restabelecer, pois um golpe veio em meu rosto me lançando para longe. Levantei rosnando me posicionando na defensiva, logo vi que quem me atacava era Otelo. Seus olhos transmitiam tanta dor que eu não pude sentir raiva de seus ataques. 

O príncipe voltou a me atacar com toda a sua força. Eu estava fraco ainda então não me defendi bem o suficiente. 

- Porque ele não contou a ninguém! - rugiu me imobilizando no chão e apertando minha garganta. - Porque rei Daniel não contou a ninguém sobre o portal?! 

O sofrimento em sua voz era quase palpável e suas mãos afrouxaram em minha garganta. O chutei para longe me livrando de seu peso. 

- Se acalme Otelo. - pedi massageando  meu pescoço. 

Mas Otelo não estava para uma conversa civilizada e voltou a me atacar. 

- Me acalmar?! Meu rei esconde de todo o povo lunar a existência do antigo portal e eu devo me acalmar?! Isso é traição sabia?! - rosnou me socando. 

Rosnei furiosos com suas palavras e desviei do próximo golpe acertando-lhe um soco. 

- Não fale do que não sabe! Rei Daniel sabia da existência do portal tanto quanto qualquer um de nós, porque acha que ele me mandou nessa missão?!

- Porque você é o futuro rei! - rosnou em resposta. 

- Não seja tolo! Ele me mandou porque sou o único membro da guarda que não viveu na Lua, sou terráqueo. Eu não estaria suscetível as emoções que esse lugar causa. 

- Isso é ridículo. 

- Ridículo? - bufei e fui até ele. 

Otelo desviou de minha mão, mas eu não dei chance e o agarrei pelo casaco e o arrastei até o latão de água que havíamos derrubado no meio da luta. Os humanos não ficariam muito felizes, mas por enquanto estavam espantados demais com a recente luta para se preocupar.  

A água formou uma grande poça na grama espessa que tornava lenta a absorção do solo. O lampião que iluminava uma das barracas também permitia que enxergássemos a poça. 

Fiz Otelo se ajoelhar e olhar diretamente na água que refletia seu rosto. 

- Ridículo? - repeti novamente. - Então olhe bem para os seus olhos e me diga que não enxerga toda a dor de um passado! Diga que não consegue enxergar o sofrimento, a nostalgia, a esperança e a imensa vontade de voltar para casa!

Ele não pode negar, o sofrimento era óbvio demais. Mas desta vez ele não escondeu seus sentimentos através da raiva, ele simplesmente levou as mãos ao rosto e chorou como uma criança que depois de horas sozinha e perdida encontra novamente sua mãe. Dei dois tapinhas de consolo em suas costas e o deixei sozinho. Levei a mão ao meu rosto sentindo meu lábio inchado. 

A minha volta os humanos ora conversavam entre si ora me olhavam com um misto de curiosidade e confusão. Mas olhando todos aqueles rostos notei a falta de um. 

- Onde está a princesa? - perguntei em voz alta me virando para todos os lados a sua procura. 

Meu coração bateu forte. Corri até o General que falava com Nicole. 

- O que aconteceu depois da explosão? - perguntei nervoso. 

- Você voou uns cinco metros em nossa direção. - respondeu Nicole, seus olhos arregalados e amedrontados. 

- O mesmo aconteceu comigo, mas fui parar bem mais longe. - murmurou Otelo se aproximando. 

Seus olhos um tanto vermelhos e sua feição entristecida.

- Alguém viu para onde a princesa foi jogada? - perguntei mais alto. 

Um dos soldados apontou para a direita onde havia uma árvore quebrada. 

- Vá procurá-la Peter, ela deve ter ido parar bem mais longe do que nós. Além de ser mais fraca, seu corpo é pequeno e leve. 

- Acho que não vai ser preciso. - informou Julian sorrindo. 

Olhei na direção em que ele olhava. O alívio se apoderou do meu corpo. Corri em direção a Bruna que mancava em direção aos pilares com o olhar confuso. 

- Princesa. - chamei sorrindo. 

- Pete! - seus olhos brilharam em minha direção, mas sua feição era assustada. - Oh meu Deus Pete! Nós fomos atacados pelos Volturi, então minha família começou a cair e eu senti uma dor no peito e minha visão escureceu... - cortei sua enxurrada de palavras segurando seu rosto e beijando seus lábios. 

Deus! Como eu senti falta disso. 

Suspirei me afastando, mas não tirei minhas mãos de seu rosto. 

- Calma, tenho certeza de que todos estão bem. - disse baixinho ela assentiu com seus olhos cheios d'água. 

- Senti sua falta. - sussurrou. 

Sorri. 

- Eu também, você não tem nem ideia do quanto. - observando seu rosto fiquei preocupado, seus ferimentos não estavam se curando rapidamente como deveriam. 

Levei a mão ao seu rosto. 

- Você também está machucado, o que aconteceu? - perguntou preocupada. 

- Um pequeno desentendimento com Otelo.

- Ele está aqui? Falando nisso, onde estamos?

Rodeei sua cintura sustentando o seu peso para que andássemos até os outros que conversavam entre si. Otelo olhava fixamente o portal, sua expressão era de pura nostalgia. Eu poderia apostar um dente que ele estava perdido em memórias. 

- Estamos na Grécia, no meio de uma floresta... - expliquei rapidamente o que rei Daniel havia me mandado fazer e tudo o que aconteceu quando chegamos aqui. 

- Eu queria ter conhecido seus pais. - murmurou docemente enquanto eu a ajudava a sentar na maca improvisada da barraca hospitalar. 

Nicole estava junto conosco apenas observando nossa conversa. Antes a humana tinha dado a Bruna uma garrafinha de água. 

- Vai ver eles aparecem de novo. - sorri. 

- Eu não duvido de mais nada. - respondeu dando de ombros, mas seus olhos ainda eram preocupados. 

- Eu vou falar com o general Vega para entrar em contato com o seu pai, não se preocupe. 

- Aro queria matar Nessie, Pete. Ela é só uma criança, como eles podem agir de maneira tão fria?

- Eu te entendo, até para vampiros isso é cruel. Mas Aro deixou que a sede de poder lhe subisse a cabeça... E ele já tem um passado sem escrúpulos... - suspirei. - Vou ver se consigo fazer contato. 

- Obrigada. 

- Depois eu cobro. - mandei uma piscadela maliciosa. 

Seu rosto ficou vermelho e ela jogou a garrafinha de água em mim. 

- Oh Meu Deus! A gente dá um pouquinho de intimidade e a pessoa já se prevalece! - gargalhei de suas palavras enquanto saía da barraca, ainda pude escutar seu riso de anjo. 

Percebi que os humanos já tentavam entrar em contato com os EUA então acabei indo em direção ao portal. Otelo estava ali parado, apenas observando. 

- Porque não tenta entrar? - perguntei. 

- Se eu te disser que estou com medo você acreditaria em mim? - respondeu sem me olhar.

Franzi o cenho. 

- Porque medo?

- Não sei... Esse poder, você o sente também, não sente? - perguntou finalmente me olhando nos olhos. 

Assenti lentamente. Sim eu sentia. Muito mais forte do que quando eu cheguei nesse lugar. 

- É como se eu não devesse entrar, devesse sucumbir a minha vontade. Como se não fosse certo. 

- Se não fosse para você entrar, acho que nunca teria encontrado esse lugar. Muito menos teriam te trazido para cá. 

Otelo ficou em silêncio com as minhas palavras. 

- Talvez... Talvez eu devesse tentar. - murmurou. 

Eu não disse nada apenas o observei se afastar e então correr em direção ao portal. Eu esperava tudo, menos o que aconteceu. 

O som de um trovão ecoou na floresta e o corpo de Otelo bateu em uma barreira invisível entre os pilares. Seu corpo voou uns cinco metros para trás e a mesma voz que falara comigo anteriormente falou. 

- Você não é rei! 

Otelo me olhou confuso. 

POV Bruna

A moça parecia ser bem legal. Ela cuidou dos meus ferimentos e me emprestou uma roupa dela, a calça do exército ficou um pouco larga, mas a regata branca ficou bem justa já que meus seios eram maiores que os dela. Nicole enfaixou meu tornozelo que ganhara uma bela torção. 

- Ele realmente gosta de você. - comentou ela baixinho. 

Sorri envergonhada. 

- Queria eu encontrar uma paixão assim.

- Você vai encontrar algo muito maior, você vai encontrar o amor. Eu gostaria de conhecer o amor.

- O que quer dizer?

- Para nossa espécie o amor não existe, quero dizer, não da forma que existe entre os humanos. Para nós só existe a paixão desenfreada. A pior dor que existe é a morte de um companheiro. Se Peter mor... - sacudi minha cabeça tentando espantar o pensamento. - Eu não suportaria viver, eu iria logo em seguida. E isso não é frase de adolescente apaixonada, para a nossa espécie é a maior realidade. 

- É realmente forte e... - suas palavras foram atrapalhadas por um som ensurdecedor. 

Trocamos um rápido olhar e corremos para fora, ou melhor, Nicole correu eu fui pulando. 

Logo avistamos Otelo no chão e Peter o olhando confuso. 

- Tente você, é o futuro rei, quem sabe dá certo. - disse o príncipe. 

Pete assentiu e caminhou em direção ao portal, mas assim que ele tentou passar entre os pilares seu corpo foi jogado para trás e uma voz de trovão ecoou. 

- Você não é rei! 

- Deixa eu tentar... - comuniquei me aproximando. 

Mas não tentei atravessar. 

- Posso entrar? - perguntei. 

- Não! - outh! Isso que eu chamo de ser curto e grosso.

- Eu sou filha do atual rei. - insisti. 

- Mas você não é rainha!

- Um dia eu poderei entrar? - perguntei já impaciente. 

- Sim! 

- Quando?

- Quando seu pai se apresentar diante de mim!

Virei sorrindo para Pete que me olhava sorrindo divertido. 

- O jeitinho feminino. - comentou um dos humanos. 

- General! Conseguimos sinal! - gritou um homem que estava no acampamento. 

Pete veio até mim e enlaçou minha cintura. 

- Não deveria estar andando. 

Revirei meus olhos. 

- Desse jeito me sinto inválida. 

- Não seja boba. - retrucou ele praticamente me carregando em direção ao acampamento. 

POV Daniel

Nati não ficou nada feliz em não me acompanhar, mas assim que eu falasse com Peter iria contar tudo a ela. Neste momento eu estava na casa branca na presença do presidente e do secretário de segurança, mais alguns homens estavam ali, mas não sei dizer quem eram eles. 

A tela plana em nossa frente indicava o inicio de transmissão. Percebi uma câmera pequenina embutida na televisão. Aguardamos em silêncio até que finalmente o rosto de um soldado apareceu. Ele gritou para o General que havia conseguido sinal e então bateu continência para a tela. 

- Senhor presidente. 

O presidente apenas assentiu. 

Logo o general estava na tela e cumprimentava rapidamente a todos. Ele estava meio aéreo e todos perceberam. 

- O que aconteceu Vega? - perguntou o secretário. 

- Nada de perigoso... É que tudo o que aconteceu aqui foi surreal de mais para nós. 

- Onde está Peter? - perguntei. 

- Está vindo. 

Não demorou para que um rosto delicado aparecesse na tela. 

- Papai! O senhor está bem?! E a mamãe? Nessie? Conseguiram salvá-la?

- Bruna! O que faz... Esquece. Nossa família está bem, você está bem filha? - ela assentiu aliviada e deu alguns passos para trás permitindo que eu avistasse Peter e Otelo.

Os dois abaixaram a cabeça em uma reverência rápida. 

- Majestade. 

 - Infelizmente um membro da guarda se feriu gravemente.

- Quem? - perguntou Peter preocupado.

Respirei fundo. 

- Malaky. Para proteger Otelo ele acabou tendo suas asas queimadas. - minha filha levou a mão à boca chocada enquanto Peter assumia uma feição altamente preocupada. - Ele está sendo tratado, seu estado e estável, ele ficará bem.

- Porque ele fez isso?!  - Otelo praticamente gritou. 

- O poder de Malaky é muito sutil. Ele simplesmente soube que tinha que te proteger, pois você tinha um dever muito maior que o dele. 

Otelo e Peter trocaram um olhar significativo.

- Vocês encontraram não é? - perguntei ansioso. 

Peter sorriu levemente. 

- Sim, acho que o senhor vai querer dar uma olhadinha não é?

- Por favor. - pedi. 

Minha garganta de repente estava seca. A câmera começou a se mover filmando árvores até que chegaram a uma clareira. Eles deram um jeito de iluminar o caminho até que finalmente o foco ficou nos pilares. 

Senti minhas pernas fraquejarem. Apoiei-me na mesa e respirei fundo. Meus olhos não saíam do portal. 

- Vocês conseguiram entrar?

- Não. - quem respondeu foi Peter. - Toda vez que tentamos somos arremessados para longe, e uma voz diz claramente que não somos reis. Bruna não tentou entrar, mas conversou com a voz. Ela perguntou se um dia poderia entrar e a voz respondeu que só depois que o senhor se apresentasse diante dele. 

- Tudo bem... - minha voz estava trêmula. - Sabem de quem é a voz?

- Não sabemos majestade, mas pelo poder que sentimos acredito que seja de alguém muito importante. - assenti diante das palavras de Otelo. - Senhor?

- Sim?

- Conte ao povo. - pediu. 

Em seus olhos havia dor. 

- E se eu não conseguir entrar? Não posso simplesmente dar esperança a todos e depois quebrar esse sentimento. Você sabe o que essa possibilidade significa para todo o povo lunar e ainda mais para os filhos da Lua. 

- Se não der certo a culpa não será do senhor, mas acho que o povo tem o direito de saber. Se for sincero, se expor seus medos tenho certeza que ninguém irá acusá-lo. Além do mais sua geração é a mais amada entre os lunares, todos creem cegamente no senhor, todos amam o senhor e sua família. Se caso essa notícia espalhar e não for o senhor a explicar o caso uma revolta pode acontecer. 

Fiquei apenas assimilando as palavras de Otelo. 

- Majestade? - chamou Peter. - Otelo está certo, a dor será imensa e quando ela é grande demais...

- Vira ira. - completei. - Eu entendo o ponto de vocês... Estão certos. Vou fazer um anúncio amanhã. Depois disso viajarei até aí e seja o que Deus quiser. 

- Vai dar tudo certo papai. - minha filha sorriu de seu jeito doce. 

O mesmo sorriso de sua mãe. Retribui. 

- Bem, eu não sei quanto à equipe do general, mas Peter quero que traga minha filha para casa. 

- O que? Eu pensei que ia esperar o senhor chegar. - reclamou Bruninha. 

- Sem chances meu bem, eu não confio em vocês dois sozinhos. - minha filha revirou os olhos enquanto Peter tossia disfarçando. 

- Credo papai, até parece que o Pete vai me atacar no meio da selva. 

- Bruna meu amor, é mais fácil você atacá-lo do que o contrário. Agora chega de papo, quero você em casa em um mês. Ou esqueceu que tem aula?

Minha filha revirou os olhos. 

- Eu a levo majestade. - cortou Carter antes que Bruna abrisse a boca para reclamar. 

Bruninha o olhou feio. Ato que o garoto ignorou completamente. 

- Senhor, eu vou ficar. - avisou Otelo. - Quero ficar de sentinela. 

- Você tem comida e água? - perguntei.

- Eu me viro. 

- Tudo bem, fica a sua escolha. 

Peter começou a contar em detalhes tudo o que tinha acontecido, general Vega estava ao seu lado narrando o lado humano e confirmando a história do garoto. Escutei tudo com o máximo de atenção, tudo indicava um final feliz, mas eu não podia me precipitar, não quando todo um povo dependia de mim.

Despedimos-nos da equipe e passamos a conversar entre nós. Avisei ao presidente que iria fazer meu pronunciamento amanhã de manhã. Liguei para Claire e pedi para que ela cuidasse disso.

Já estava me despedindo dos humanos quando veio à notícia de que algo mudara na Lua.

[...]

Limpei minha garganta e respirei fundo. Nati estava ao meu lado segurando minha mão. Bella e Edward fora do foco da câmera, mas estavam me apoiando também. Ontem quando cheguei a sede da guarda onde minha família me aguardava eu contei tudo para eles. Todo o segredo que vinha guardando e tudo o que acabara de acontecer. Nati ficou brava comigo por alguns minutos, mas sua raiva não era verdadeira, ela só ficou tão perturbada quanto eu quando fiquei sabendo da possibilidade de voltar.

Depois de muitas lágrimas minha família apoiou meu pronunciamento. Seria uma barra, mas Nati estaria do meu lado segurando minha mão e minha irmã também com seus olhos carinhosos.

- Majestade? – chamou Claire. – Estamos prontos?

Assenti. Seria uma surpresa para ela também.

- 5... 4... 3... 2... – contou um homem da equipe.

A luz vermelha piscava indicando que estávamos no ar. Nati me olhou em apoio. Sorri pequeno para ela e então voltei meu olhar para a câmera.

- Bom dia. A última vez que fiz um pronunciamento desse tipo foi quando assumi o lugar de meu pai e tanto a nossa raça quanto a raça dos vampiros foi revelada para o mundo. Eu sei que muitos ficaram assustados com a batalha de ontem, mas como seus governantes já disseram eles sabiam do que haveria. Nós já tínhamos os avisado. Infelizmente não pudemos evitar, Aro queria matar minha sobrinha, apenas uma criança, eu não iria permitir que qualquer mal acontecesse a ela ou a minha família.

“Mas eu não vim me pronunciar a respeito disso e sim de um assunto muito mais importante. Há alguns meses atrás uma equipe de arqueólogos humanos encontrou ruínas de uma antiga civilização. Uma civilização completamente desconhecida para os humanos, mas conhecida muito bem por nós lunares. Por meses eu não soube disso, até que há pouco tempo atrás o secretário de segurança dos EUA mostrou-me fotografias do lugar.”

Dei um passo para o lado e apertei o botão do controle remoto que ligava a tela plana atrás de mim. Quando a imagem apareceu Claire arfou.

- Esse é o antigo portal que ligava a Terra a Lua.

- Nós podemos voltar majestade? – Claire perguntou ansiosa.

- Chegarei lá Claire. – suspirei. – Eu não tinha certeza se o portal ainda funcionava, afinal após a guerra a Lua perdeu sua atmosfera. E confesso que quando vi as imagens eu fiquei muito perturbado, na verdade afoito, pois essa notícia veio justamente após a descoberta que ainda existiam lobisomens vivendo escondidos do mundo. Seria a solução, eles não mais precisariam se esconder. Mas então veio a minha cabeça: e se o portal não funcionar? Se forem apenas ruínas? Eu daria esperança a todos vocês para então estraçalhar seus corações com a falsa ideia de voltar para casa. Guardei essa notícia comigo, nem mesmo contei a minha esposa. O único que sabia disso era Edward, que acabou lendo em minha mente em um momento de descuido.

“A meu pedido, meu cunhado guardou meu segredo. Mas eu não podia deixar de averiguar o portal, eu precisava ter certeza antes de anunciar qualquer coisa. Só que eu não sabia o que esperar, fiquei com medo, minha cabeça ficou uma bagunça assim como a de vocês está agora. Porque era a nossa casa, nosso lar. Lugar de tantas lembranças, boas e ruins. Eu não sabia como eu agiria quando chegasse ao lugar. E percebi que todos nós lunares passaríamos pela mesma dificuldade.”

“Foi então que eu resolvi mandar Peter Carter. Ao contrário de todos nós ele nasceu na Terra, não tem nenhuma lembrança da Lua. Ele ao contrário de mim saberia agir racionalmente. Ontem, Peter chegou ao portal. Na mesma hora todos os elementares caíram. Nosso poder foi sugado para acordar nossos antepassados. Carter conseguiu se comunicar com seus pais e eles o orientaram para ativar o portal. Assim como quando o povo lunar fora enviado para a Lua pela primeira vez foi necessário que as 12 famílias governantes juntassem seu poder. Como os antigos não mais estão entre nós a missão foi designada aos seus descendentes.”

“Minha filha, descendente de Argos, nosso primeiro rei, Thalles e Agnes. Otelo, descendente de Noemi, Maximiliano, Alicia e Lorena. E Peter, descendente de Augusto, Davi, Nicolas, Mabelle e Isis.”

“Os três juntos conseguiram ativar o portal. Porém nenhum deles consegue ultrapassá-lo. Um de nossos antepassados exige a minha presença. Irei assim que terminar o meu pronunciamento. Eu não sei o que acontecerá lá, não sei se realmente teremos permissão para voltar a Lua. O que eu sei é que astrônomos de todo mundo comunicaram mudanças no satélite da Terra. Sua velocidade de rotação aumentou se igualando a velocidade da Terra assim como era quando habitávamos o astro. Já é possível avistar as ruínas de nosso povo com super lentes.”

Minha voz já estava falhando e meus olhos já enchiam d’água.

- Se conseguirmos voltar teremos muito trabalho pela frente, tudo está destruído e provavelmente precisaremos da ajuda humana. Eu não queria dar-lhes falsa esperança, mas no momento nem eu posso controlar o enorme sentimento que cresce em meu peito. Tudo o que mais quero é voltar para casa e todos que quiserem também poderão ir. Aos humanos eu digo apenas uma coisa, não deixem que suas ambições destruam seu lar assim como as nossas ambições destruirão o nosso. Talvez vocês não tenham uma segunda chance como nós estamos tendo.

Fim do Capítulo 22.


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Espero que sim!
Quem ainda não viu a sinopse da minha nova fic (Twilightq/Supernatural) corre no blog : http://mahfics.blogspot.com.br/2012/07/nova-fic.html



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