A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 67
Capítulo 16. Dance comigo (Parte 3)


Notas iniciais do capítulo

Galerinha, última parte do cap.



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[...]

Edward estava obviamente se divertindo com o meu constrangimento. Seu braço estava sob meu ombro enquanto a todo o momento vinha sussurrar qualquer besteira em minha orelha e então se afastava sorrindo matreiro sem esquecer, é claro, de deixar uma mordida no meu lóbulo.

Já não bastava eu ter que ligar novamente para o Rick para saber o horário e o local em que nos encontraríamos... Sendo que eu havia ligado anteriormente justamente para isso... E ainda para piorar a situação o cara me pergunta porque eu estava perguntando novamente sendo que ele já havia me dito... Tenho certeza que a minha desculpa de memória ruim não colou.

Nessie balançava a mão do pai alegremente. Ela estava se divertindo com aquela nova movimentação. Ficou um pouco encabulada com os olhares sob ela, mas logo esqueceu ao avistar tantas placas coloridas na noite de LA.

Não posso negar que eu estava radiante. Meu marido não desgrudava de mim, ele também achou que não foi suficiente aquelas poucas horas entre nós. Mas tivemos que sossegar nossas caricias quando Edward leu na mente de Nessie que seu sono estava ficando leve. Alguns minutos depois ela já estava bem desperta e pulando na cama de molas.

Seguimos então para o tal teatro em que seriam os ensaios. Hoje Rick iria apenas mostrar o lugar e falar qual seria o tipo de dança que faríamos. Pelo menos foi isso que me disse pelo telefone, mas eu tinha certeza que ele estava aprontando algo mais.

Minhas suspeitas foram confirmadas quando vejo umas 15 pessoas conversando animadamente nas poltronas do teatro. Sorri largamente ao reconhecer 3 delas. Elas também sorriram ao me ver e uma delas correu se jogando em cima de mim.

- Isa! - berrou Gaby pendurada em meu pescoço.

Gargalhei.

- Também senti sua falta sua louca! - disse a colocando no chão.

Apesar dela já estar beirando os 30 anos parecia não ter ganhado nenhum juízo. Fui cumprimentar meus outros dois amigos também.

Tenho que admitir que os anos fizeram muito bem ao Flávio. O garoto que era feio que doía na adolescência melhorou muito agora adulto e não duvido nada que arranque alguns suspiros pelas ruas.

- Uau! A idade te fez muito bem! - disse sorrindo antes de abraçá-lo.

Flávio abriu um sorriso enorme e completamente convencido.

- Agora todas aquelas que me dispensaram beijam os meus pés! - disse ele estufando o peito.

Gargalhei.

- Menos Flavinho, bem menos!

- Está muito metido mesmo! - bufou Gaby após cumprimentar meu marido e sorrir largamente para Nessie que se escondia atrás das pernas de Edward.

Fui então cumprimentar Rick.

- Ah Isa! Senti sua falta garota! - eu ri retornando o abraço rapidamente.

Com Rick era assim, tudo muito rápido para ele não se aproveitar. Não vou dizer que ele é má pessoa, pelo contrário, tem um bom coração. Porém Rick tende a competições sem sentido, provocações estúpidas e conquistas impossíveis. Não é a toa que meu irmão queria bater nele quando estávamos ensaiando. Ele tornava os passos muito mais vulgares do que realmente eram apenas para provocar Daniel.

Depois que eu chutei um garoto por ter tentado me beijar, Rick parou de tentar me conquistar.

- Bem, acho que vocês ainda não foram apresentados não é? - disse olhando para Edward e depois para meu amigo. - Edward, esse é Rick Santos, meu primeiro parceiro de dança. E Rick, esse é Edward Cullen, meu marido.

Os dois apertaram suas mãos, mas percebi Edward estreitando os olhos. Então olhei para Rick e ele tinha aquele olhar... Oh não!

- Não faça isso. - murmurei entediada para aquele que achava ter amadurecido.

- O que? - perguntou inocente então fez uma careta voltando o olhar rapidamente para a sua mão que agora era solta por um vampiro sorridente.

Isso não vai dar certo.

Passado o momento tenso... Ok, o momento não passou, mas tive que mandar um olhar frio para Rick enquanto puxava meu marido na direção oposta. Gaby e Flávio se divertiram com aquilo.

Apresentaram-nos os outros humanos que estavam sentados nas poltronas nos observando com curiosidade. Eram dançarinos da companhia de dança que meus amigos montaram em LA. Agora os dois faziam apresentações e também ensinavam. Já Rick queria se aposentar em grande estilo que seria a nossa apresentação no tal festival.

Passados 15 minutos eu descobri qual era a minha grande surpresa. Minha sobrinha com certeza vai surtar quando descobrir.

Os atores da serie de TV Glee contrataram Rick para fazer as coreografias de um episódio especial no qual todas as músicas cantadas e tocadas seriam da Britney Spears. E aonde eu entro nessa história? Bem... No Brasil nós fizemos uma apresentação dançando uma das músicas da Britney e Rick queria que incrementássemos aquela coreografia. Para isso ele precisava da minha ajuda.

Mentiroso descarado! Ele poderia fazer muito bem aquilo sozinho, ainda mais com Gaby e Flávio ajudando com a sua CIA de dança. Mas confesso que senti algo crescer em mim com essa oportunidade. Era o que eu sonhara quando ainda estava sem memória, queria dançar, montar coreografias. Eu me sentia tão bem usando sapatilhas. Não sei como surgiu todo esse meu fascínio pela dança, afinal, na Lua eu não ligava muito para isso. Mas o fato é que eu amava dançar mais do que qualquer  outra profissão que eu pudesse escolher.

Porém a situação é outra. E eu não precisava ler mentes para saber o que os atores estavam pensando. Eles obviamente não botavam fé que eu sabia dançar e não estavam muito felizes com o marketing relacionado ao meu nome.

Estava prestes a recusar quando Edward me perguntou.

- Por que não?

- Estava lendo minha mente? - perguntei com uma careta.

Meu vampiro riu jogado em uma poltrona ao lado de Nessie.

- Como se eu pudesse fazer sem você deixar... Não preciso ler sua mente para saber o que está pensando. Você é um livro aberto, meu anjo.

Fiz uma careta.

- Aceite. - disse ele com um sorriso tranqüilo. - "Além do mais, estou louco para ver a cara deles quando você mostrar do que é capaz!" - completou em pensamento. - Sem dizer que você me deixou curioso quando me disse que eu nunca tinha visto você dançar Britney Spears.

Fiz negativo para o seu complemento, mas não pude deixar de rir.

- Ok, me convenceu.

Flávio e Gaby bateram suas mãos em comemoração. Definitivamente os dois não pareciam ter envelhecido absolutamente nada. Ainda agiam feito adolescentes. Rick sorriu imensamente, mas seus olhos estavam maliciosos. Percebi Edward fechando sua cara.

- O que acham de uma demonstração? - perguntou o diretor do seriado.

Olhei para as minhas roupas com uma careta. Eu não estava com algo adequado. Pensei que nós só conversaríamos hoje. Maldita hora que eu fui querer que Alice sentisse orgulho do meu vestuário.

Edward levantou e veio em minha direção, deu a volta em meu corpo ficando atrás de mim e puxou meu casaco. Até aí tudo bem, uma cena normal de cotidiano. Meu vampiro sendo um cavalheiro e me ajudando a tirar meu casaco. Mas seu ato foi calculado e eu percebi perfeitamente que ele mandou um olhar rápido na direção de Rick que dizia exatamente: Eu posso fazer isso, você não! Então ele deixou um beijo em meu pescoço.

Engoli em seco sentindo minhas pernas bambearem. Minha mente estava furiosa pela infantilidade dos dois, porém meu corpo não resistia a Edward.

Limpei minha garganta e fui em direção a Gaby que sorria divertida enquanto colocava a música para tocar.

- Você lembra com qual perna começa? - ela me perguntou.

- Direita. - respondi lhe mandando uma piscadela.

- Uau! Que memória hein?!

- Minha memória é praticamente perfeita. - sorri.

- Então como foi que você esqueceu o local de encontro hoje? - perguntou Rick prestando atenção em nossa conversa.

Senti minha pele esquentar e escutei Edward gargalhar. Gaby ergueu uma sobrancelha para mim.

- É meio difícil prestar atenção em alguma coisa quando se tem um vampiro puxando sua calça com os dentes. - murmurei para que somente minha amiga escutasse.

Ela riu mandando um olhar malicioso em direção a Edward.

- Entendo o que você quer dizer!

- Hey! - reclamei e ela riu chamando duas garotas para acompanhar na dança.

A música já tocava enquanto conversávamos e íamos para o centro do palco e quando chegou na parte certa começamos a coreografia.

POV Edward

Definitivamente os pensamentos desse cara estão me irritando. Ele tem medo de mim, mas o espanta sabendo que Bella não deixará que eu o faça mal. Estava me controlando imensamente para não ceder a vontade de caçá-lo.

Concentrei-me em minha esposa que dançava no centro do palco deixando várias bocas ao chão. Seus olhos brilhavam em alegria. Ela amava aquilo de mais.

http://www.youtube.com/watch?v=ZTbKNA0XGGI [ A partir de 33 segundos, gente quando tive essa idéia, tinha no youtube a coreografia inteira, mas foi deletado e só tem esse pedaço. Mas dá para ter uma idéia ;) – Glee – Me against the music]

- Então? Acabaram suas dúvidas? - provocou os atores Rick. 

Eles sorriram sem graça e então começaram a marcar os ensaios. Os integrantes da CIA de dança de Gaby e Flávio iriam aparecer no seriado dançando juntamente com os atores. Bella estava completamente empolgada com as possibilidades de novos passos. O diretor foi falar com ela para que fizesse danças bonitas, mas não muito difíceis, afinal somente 4 dos atores conseguiriam acompanhar. Mostrou a Bella o script do episódio e logo seus olhos brilharam com novas idéias. 

Foi impossível não sorrir enquanto a observava. Voltei meu olhar para a pequena criatura sentadinha ao meu lado.

Nessie estava fazendo um novo penteado em sua boneca que sua tia Rose lhe ensinou. Minha filha tinha uma linda ruguinha em meio as suas sobrancelhas em sinal de concentração. O que me fez sorrir mais uma vez.

- Minha sobrinha é viciada no seriado de vocês. - comentou minha esposa e meus olhos foram em sua direção.

Eles pareciam surpresos com esse fato.

- Porque estão tão surpresos? - perguntou Bella de maneira divertida.

- Bem... Não sabíamos que a princesa da Lua assistia, er, televisão. - disse um dos protagonistas.

Bella gargalhou sem se ofender.

- Ela pode ser uma lunar, mas ainda é uma adolescente. Perdi as contas de quantos pôsteres de atores famosos tem em seu quarto. Brad Pitty, Johnny Depp, tem um seu também... - dizia pensativa e então sorriu.

Acho que o que minha esposa disse fez com que eles desistissem da hesitação que estavam de trabalhar com ela e à hora seguinte foi de muitas idéias e diversão.

Os ensaios seguiram pela semana. A notícia ainda não vazara para a imprensa o que nos dava momentos de sossego. Bella ensaia com os atores e com os dançarinos praticamente o dia inteiro. Eu ficava por um tempo com ela e depois saía passear com Nessie que começara a ficar impaciente, pois não conseguia imitar a mãe em seus passos de bailarina.

Divertíamos-nos tomando sorvete escondido de Bella. Apesar de não adiantar muito, pois quando chegávamos no Hotel minha esposa sentia o cheiro de sorvete no hálito de minha filha e então reclamava comigo por estar deixando ela comer o que ela quisesse.

Essas pequenas briguinhas eram superadas rapidamente, porém meu ciúme estava começando a atrapalhar nossa relação. Nos três primeiros dias Bella me chamava de absurdo e nós dois ríamos daquela situação e depois nos amávamos até o amanhecer. O problema é que o idiota continua me irritando com seus pensamentos e confesso que estou a ponto de lhe arrancar a cabeça. Logicamente minha esposa não fica feliz com isso, pois ela acha que não tenho confiança suficiente nela. Mas não é esta a questão! Aquele infeliz... Argh!

- Edward, por favor... Isso é ridículo, você sabe disso. Hoje já é o último dia de ensaio com o pessoal, depois são apenas três dias de ensaio com Rick. Vai passar rápido, então você nunca mais o verá novamente. Prometa que não fará nenhuma besteira. – suplicou cansada Bella depois de tantas discussões sobre o mesmo assunto.

- Prometo ser bonzinho. – bufei cruzando meus braços no peito.

Bella riu levemente.

- Nessie tem a quem puxar. – fiz uma careta quando percebi que eu parecia uma criança contrariada.

[...]

Minha princesa cumprimentou a todos rapidamente e eu repeti seu ato. Não demorou para que começassem o ensaio geral. Nessie bateu palminhas quando terminaram.

- Bem... Acho que meu trabalho com vocês acabou. – orgulhou-se minha esposa.

Todos gritaram animados se cumprimentando e agradecendo Bella e os outros dançarinos. Mas um pensamento me chamou a atenção. E ganha um prêmio que descobrir o seu dono!

Sim. Ele mesmo. Rick Santos, o humano que se achava o rei da cocada preta! E que iria perder os dentes nesse exato momento.

- Pare de me provocar! – rosnei para ele que tentou manter uma expressão inocente no rosto, mas ela era simplesmente apavorada.

As fantasias em sua mente travaram e agora ela procurava a porta mais próxima para fugir.

- Edward! – escutei a voz de minha esposa cansada, mas ainda soava em repreensão.

Ignorei. Meu olhar estava no homem que estava me irritando pouco a pouco há dias. Comecei a andar em sua direção, meus passos como o de um felino prestes a atacar sua presa.

- Papai! O senhor prometeu ser bonzinho! – disse Nessie tentando me segurar pela camiseta, mas minha pequenina acabou sendo arrastada por sua própria força.

- Oh meu anjinho, papai está sendo bonzinho. Se não estivesse a cabeça do amigo da mamãe já estaria rolando pelo palco há alguns dias.

- Edward! – agora a voz de Bella estava chocada com as minhas palavras.

A atenção de todos estava em nós, mas ignorei completamente. Rick nem abriu a boca. Estava paralisado de medo. Um sorriso sombrio se apoderou do meu rosto. Mas antes que eu pudesse atacar, minha esposa estava em minha frente com os braços cruzados no peito e a expressão fechada.

Ela me fuzilou com os olhos. Tentei abrir minha mente para falar com ela, mas Bella me bloqueou completamente.

- Porque não leva Nessie para tomar um sorvete? – perguntou séria.

- Bella, qual é... – tentei me explicar, mas ela não deu chance.

- Não vou discutir com você de novo quanto a isso, se ainda quiser dormir na mesma cama que eu é melhor sair agora daqui. – sua voz soou baixa e autoritária.

Fitei-a profundamente por um tempo, tentando buscar um motivo para aquilo e encontrei. Sua voz poderia estar irritada, mas seus olhos estavam magoados. Bella vinha insistindo que nunca tivera nada com o seu amigo e nem nunca teria, e se eu não acreditava em suas palavras algo estava errado conosco. Não era conosco que havia algo errado, era comigo.

Não é novidade que eu me sentia possessivo em relação à Bella. E somente a lembrança que o humano tinha deles me irritava, pois os dois compartilharam alguns anos de suas vidas no qual eu não estava presente e aquilo me deixava louco de ciúmes. E ele sabia disso e me provocava mostrando conversas intimas que mostrava uma grande amizade, mostrava os dois dançando sensualmente juntos, mostrava quase beijos dos quais Bella sempre desviara e o que mais me irritava eram as suas fantasias.

Era ridículo eu me irritar com minha esposa. Ela não tinha culpa. Nessie me tirou de meus devaneios quando puxou-me pela mão.

- Vamos logo papai, antes que a mamãe mude de idéia quanto ao sorvete! – para enfatizar minha filha mostrou a imagem dela segurando uma grande taça de banana-split.

- Te encontro no hotel. – murmurei chateado para Bella que fez negativo com a cabeça.

- Não. Eu encontro vocês na sorveteria do shopping. – assenti e segui com Nessie para a saída.

As palavras de Bella mostravam que ainda conversaríamos sobre aquele assunto.

POV Bella

Assim que Edward saiu pela porta eu ouvi as palavras que me deixaram ainda mais puta do que eu já estava.

- Puxa! Eu pensei que ele fosse um vampiro bom. – a voz de Rick era inocente, mas eu sabia que a verdade não era bem assim.

Virei-me para ele o fuzilando com o olhar.

- O que?

- O que?! – repeti indignada. – Que merda Ricardo! – ele fez careta com a menção de seu nome. – Pare de provocá-lo ou terá que encontrar outra parceira de dança!

Segui marchando em direção a minha mala e colocando a calça jeans por cima da meia calça grossa que eu usava. Os outros ainda nos olhavam assustados.

- Mas eu não fiz nada! – repetiu ele jogando as mãos para o alto.

- Puta que pariu! Quantos anos você tem? Será que não amadureceu nada? – rebati irritada. – Não se faça de santo, pois eu mais do que ninguém sei que você não é!

- Ah Isa! Eu só estava lembrando do passado, não sabia que iria irritar seu marido. – defendeu-se.

- Ah! Só isso? – o sarcasmo assumiu minha voz. – Estava lembrando os velhos tempos nos quais você irritava meu irmão dando em cima de mim e agora resolveu fazer o mesmo com o meu marido? Aposto que fantasiou em sua mente algo bem pervertido. – acusei.

Rick ficou com o rosto em chamas e eu sabia que ele estava morrendo de vergonha.

- Escuta bem o que eu vou te dizer.  – respirei fundo me acalmando. – Meu irmão só não bateu em você quando era adolescente porque não poderia revelar quem era. Você sabe que é irritante e parece gostar de provocar. Não faça isso com Edward. Ele é um vampiro bom, como você disse, não somente por ele não querer ser um monstro e conseqüentemente beber sangue humano, mas porque ele agüenta todos os pensamentos em sua mente, dos bons aos mais mesquinhos. Mas quando algo realmente o irrita ele não vai pensar duas vezes antes de acabar com o sujeito. Acima de qualquer ética, Edward é um vampiro e sua natureza é matar. Não tente descobrir o seu limite, pois nem eu vou conseguir segurar o monstro que ele mantém aprisionado dentro de seu próprio corpo.

Acho que as minhas palavras fizerem meu amigo se ligar que não estava mais no colegial e que seu oponente era milhões de vezes mais forte do que ele.

- Ainda vai dançar comigo? – perguntou resignado.

Suspirei.

- Não sei. Não quero mais brigar com Edward. E você não ajuda né Rick! – bufei por fim. – Em todo caso qual é o estilo de dança?

Ele deu um sorriso sem graça antes de responder.

- Tango.

Minha boca se abriu chocada.

- Você realmente está querendo morrer. – murmurei sem acreditar.

[...]

POV Bruna

Acho que eu estava enlouquecendo papai, o que divertia imensamente mamãe e seus conselheiros.

Nossa viagem para Washington foi estressante. Nunca pensei que me sentiria tão mal fazendo aquilo que eu sempre quis fazer. Seguir com papai e mamãe em seus compromissos. Eles me orientaram a não me meter nas conversas e apenas observar, depois conversaríamos a respeito.

Fiz o que eles me pediram, mas a minha indignação era imensa. Meus pais viam os erros dos políticos humanos e não faziam nada para impedir a não ser algumas sugestões como conselhos que eles nunca seguiam.

Papai disse que também não concorda com muitas das decisões, mas não podia impor sua vontade. Humanos tinham as suas leis e políticas, assim como os vampiros e nós. Então tudo ficaria bem se continuassem em seus devidos lugares.

Eu teria dificuldades em aceitar certas coisas. Mas não tinha outro jeito.

Hoje estávamos em Nova Iorque, seria nosso último dia aqui antes de ir para LA passar o ano novo com tia Bella e tio Ed. Os Cullen decidiram de última hora ficar em nossa cidade mesmo, parece que a família de tio Emm se juntaria a eles. Apenas Jake iria para Los Angeles, pois não agüentava mais a distância de Nessie.

Papai e mamãe tinham um compromisso com um empresário famoso. A imprensa estava em polvorosa e fotógrafos não paravam de clicar enquanto passávamos pelo corredor em direção a sala de reuniões do primeiro andar do arranha céus. Os humanos também estavam se divertindo na minha insistência com papai.

O caso era o seguinte. A reunião seria um porre, era nosso último dia em NY e em nenhum deles nós passeamos. Eu queria conhecer pelo menos o Central Park. Porém papai não queria que eu saísse sozinha. Minha solução foi pedir incansavelmente.

- Papai! Por favor, por favor, deixa vai! Por favor! Prometo nunca mais fazê-lo pedir autógrafos para os famosos com quem o senhor se encontra! Por favor! Vamos pai! Deixa! Por favor!

- Não. – respondia me ignorando completamente.

Bufei, mas não desisti.

- Por favor, é só uma voltinha! Pai! Não tem porque não deixar! Juro que não demoro mais de 1 hora! Por favor! Deixa vai! Deixar papai! Por favor!

- Não! – exclamou, mais ainda não me olhara.

Mamãe soltou um risinho acompanhada de Claire Neveu que sempre acompanhava meus pais em reuniões importantes.

- Não tem motivo para o senhor não me deixar ir! Papai, qual é! O senhor sabe como eu morro de vontade de conhecer Nova Iorque! O que custa me deixar ir? Já aprendi bastante nas últimas semanas! Deixa por favor! Por favor, por favor, por favor, por favor...

- ESTÁ BEM! – eu não disse que o estava enlouquecendo?

Papai se virou em minha direção com a expressão irritada enquanto bagunçava seus cabelos. Ignorei totalmente soltando um gritinho e pulando em seu pescoço para beijar-lhe a bochecha enquanto agradecia.

- Obrigada!

- Você ainda me enlouquece pequena. – murmurou ele resignado.

Já estava me afastando para ir logo quando ele pediu para um dos dois membros da guarda que estava conosco me acompanhar.

- Nem me olhe com essa cara. – cortou papai antes que eu pudesse reclamar.

- Nem tudo é como agente deseja. – dei de ombros e segui feliz para fora acompanhada de um guarda e de boas gargalhadas que as pessoas que presenciaram soltavam.

Após alguns passos percebi que quem estava me acompanhando era Malaky, o mesmo membro da guarda que acompanhara Peter na minha segurança durante a o baile de formatura.

Percebi que ele era um homem muito quieto, mas estranhei que ele estivesse trabalhando, afinal, papai dera férias para ele e Peter depois que fizeram a minha segurança. Não consegui segurar minha curiosidade.

- Não deveria estar curtindo suas férias Malaky?

Ele sorriu aumentando a velocidade de seus passos e me acompanhando lado a lado.

- Não gosto de tirar férias princesa. – respondeu educadamente.

- Por que não? – perguntei surpresa.

- Não tenho família. – respondeu dando de ombros, mas percebi certa tristeza em seu olhar.

Não era incomum encontrar membros da guarda sem família. Muitos acreditavam que para não ter medo de morrer não poderiam se prender a alguém de fora. O que eu achava uma grande bobagem, afinal é o amor que sentimos por pessoas de fora é o que nos dar forças para lutar.

- Nem amigos? – perguntei com a testa franzida.

Malaky deu um sorriso divertido.

- Bem... Os agentes da guarda tem medo de falar comigo, me acham frio. – deu de ombros como se não ligasse para a opinião alheia. – Meu único amigo é Ângelo, mas ele tem sua própria família para passar feriados e férias.

- Entendo... Ângelo é seu único amigo mesmo? Não tem mais ninguém? – perguntei me sentindo solitária por ele.

- Tem mais uma pessoa, mas não acho que devo chamá-lo de amigo, afinal ele se irrita com as coisas que lhe falo. – algo o divertia imensamente enquanto falava. – Mas é um bom rapaz e não se intimida comigo, me trata de igual sabe?

- Isso é bom! – sorri sinceramente.

- Sim. Peter tem um grande coração. – concordou sorrindo.

Meu coração deu um salto com a menção daquele nome.

- Peter Carter? – não consegui me segurar e acabei perguntando.

- Sim. Ele mesmo. O jovem que lhe carregou para casa após o baile em seu colégio. – senti minhas bochechas ferverem.

- Não me lembro disto. – murmurei.

- Claro que não princesa, a senhorita estava desmaiada. – assenti ainda envergonhada.

Malaky se manteve em silêncio até chegarmos ao Central Park. Pedi que ele me acompanhasse ao meu lado e não atrás de mim como um guarda costas, me sentia muito mal com isso. Puxei papo com ele com a esperança de fazer uma nova amizade e aplacar um pouco da solidão que ele possuía em seus olhos.

Perguntei-lhe sobre a sua vida antes de retomar sua memória, perguntei sobre sua vida na Lua antes da guerra. Malaky não se intimidou e pareceu gostar do meu interesse em sua amizade. Não poupou esforços para sanar qualquer dúvida minha. Mas estranhamente o assunto sempre voltava em Peter.

Me policiei para não perguntar muito sobre ele, mas Malaky não pareceu notar ou se importar em falar sobre o parceiro.

- Ele é surpreendente lutando, existe tanta raça, tanto coração em suas lutas. É incrível de ver.

- Você o admira. – afirmei sorrindo.

- Imensamente. Será um grande homem. – sorriu sinceramente enquanto seus olhos pareciam saber de algo que eu não sabia.

Dei de ombros sem me importar com aquilo.

- Tenho certeza que será!

Nossa conversa foi interrompida por um garoto que parecia apenas uns dois anos mais velho do que eu. Ele nos olhava com olhos brilhantes. Hesitou um pouco antes de se aproximar, mas então decidiu e veio até nós.

Sua aura era clara, não possuía malícia que geralmente humanos de sua idade tinham. Seus olhos pareciam de alguém muito mais velho.

- Olá. – disse ele parando a nossa frente.

- Olá. – cumprimentei.

- Como vai jovem? – perguntou Malaky ao meu lado.

- Muito bem, obrigada por perguntar. Sei que é meio estranho que alguém que vocês não conhecem se aproximar para falar com vocês. Mas prometo que não tomarei muito o tempo de vocês. – disse o garoto meio nervoso, mas satisfeito por ter conseguido formar uma frase coerente. – Na verdade queria pedir um favor a você princesa.

- Favor para mim?

- Sim. Gostaria de pedir a você que mandasse um alô para a sua tia e um muito obrigada pelo o que ela fez a mim e a minha mãe quando eu era criança. – explicou.

Olhei rapidamente para Malaky perguntando-lhe com o olhar se ele sabia do que ele estava falando. Pela sua ruga na testa percebi que ele também não sabia.

- O que tia Bella fez por você? – perguntei curiosa.

- Ela salvou eu e minha mãe do prédio em chamas, no dia em que tudo se revelou.

- Oh! Eu me lembro! Tia Bella comentou do garotinho inocente que a consolara com a morte da vovó e do vovô. – sorri tristemente.

O garoto pareceu encantado por eu saber disso.

- Eu acho que você fez muito mais por minha tia do que ela por você.

- Não acredito que se possa medir. – disse o garoto com um largo sorriso.

Ele era um entusiasta.

- Bem... Quando tia Bella vier para Nova Iorque direi a ela para procurá-lo, tenho certeza que ela irá querer falar com você.

- Acha mesmo?

- Claro!

- Obrigado princesa. – sorriu e então despediu-se animado.

Malaky lembrou-me da hora e nós tratamos de voltar para o prédio em que papai e mamãe estavam em reunião, provavelmente quando chegássemos lá eles já estariam terminando.

- Para onde Peter foi em suas férias? – perguntei como quem não quer nada.

Meu novo amigo não pareceu ver nada de mais em minha pergunta.

- Ele viajou com os tios. Ele está aproveitando a boa remuneração para realizar os sonhos da tia. – esta informação me encantou imensamente.

[...]

Viajaríamos para LA pela manhã. Vesti meu pijama e dei boa noite para meus pais. Apaguei a luz de meu quarto, mas antes de deitar puxei de minha mala o paletó que Peter deixara comigo. Não sei por que o trouxe, mas não consegui dormir nenhum dia sem antes dar uma olhada. Por fim acabava acordando com o rosto enterrado na peça de roupa.

POV Bella

Não demorei a encontrar Edward. Ele sorria para a filha completamente lambuzada de sorvete. Confesso que ela estava linda e não tive coragem de repreendê-la.

Meu telefone tocou e logo vi que era Jake. Ele costumava ligar a essa hora para falar com Nessie.

- Olha lá a mamãe! – anunciou minha filha sorrindo para mim.

Retribui seu sorriso pedindo que Jacob aguardasse na linha.

- Tem alguém querendo falar com você baixinha. – disse-lhe ao me aproximar da mesa.

Nessie pegou o telefone e disse um Alô tímido, depois sorriu largo ao ouvir a voz de “Jakezinho” e logo saiu contando as novidades sobre eu ter deixado ela tomar sorvete.

Ela afastou-se um pouco da mesa balançando-se para frente e para trás com o celular em sua orelhinha. Sorri.

- Me desculpe. – murmurou Edward ao meu lado.

Suspirei voltando meu olhar para ele.

- Não vou mais dançar com Rick. – anunciei.

Meu vampiro me olhou com imensa surpresa.

- Não Bella. Não faça isso! Seus olhos brilham quando está dançando, você ama a dança! Não pode desistir por minha causa, nunca irei me perdoar por isso. – disse rapidamente e desta vez quem ficou surpresa foi eu.

- Não quero mais brigar contigo Ed. Prefiro não dançar a brigar mais uma vez com você. – disse suavemente.

- Eu não quero mais brigar também. Mas não quero que deixe de dançar por mim. Já teve que renunciar ao seu sonho Bella, não suportarei que o renuncie mais uma vez por minha causa. Dance com seu amigo, prometo não matá-lo até o final da música.

Não consegui evitar rir.

- Eu tentarei não matá-lo também. Rick não é má pessoa, mas é irritante quando quer. – concordei.

Edward fez uma careta concordando e depois suspirou me olhando intensamente.

- Ainda não me perdoou. – lembrou ele.

- Eu te perdôo se dançar comigo. – respondi sorrindo.

Suas sobrancelhas se uniram em confusão.

- O festival acontecerá em dois dias. No primeiro a abertura será eu e Rick e o fechamento será vários casais dançando uma coreografia. Quero que dance comigo.

- Que tipo de dança é? – fiz uma careta para a sua pergunta, pois sabia que ele não iria gostar da idéia, pelo menos em relação a mim e Rick.

- É um festival de tango. – disse lentamente esperando a sua reação, mas nada veio além de uma máscara de serenidade.

Quem visse de fora até poderia acreditar, mas eu o conhecia como ninguém. Sabia que Edward não gostou da idéia, mas estava se esforçando para não brigar.

Aproximei-me de seu corpo e me aconcheguei em seu braço. Meu vampiro me apertou firme contra seu peito como se a qualquer momento eu pudesse fugir.

- Eu amo você. – disse do fundo de minha alma com a esperança que essas palavras acalmassem seu coração que há tantos anos não batia.

[...]

Passamos o ano novo em família, quer dizer, meia família, já que os Cullen acabaram não viajando para se juntar a nós.

Resolvemos fazer uma festinha mais intima, somente com meu irmão, minha cunhada, minha sobrinha e Jacob, além de eu, Edward e Nessie, é claro. Bruninha não estava muito feliz com isso, ela queria sair e ver os fogos da calçada da fama de Hollywood. Depois de muita insistência com ela ficamos no hotel mesmo.

Comemoramos com uma festa entre nós e não posso negar que foi ótimo. Nessie odiava o som dos fogos de artifício, mas era fascinada pelas cores e explosões. Meu vampiro estava mais doce do que nunca, ele ainda se sentia culpado pelas cenas de ciúmes. Mas essa culpa diminuiu quase por completo quando ele contou a Dan e Jake o que ocorrera. Meu irmão pareceu chateado por meu marido não ter avançado em Rick. Jacob também apoiou Edward em dar uma lição em meu amigo, o lobo dizia isso com a boca cheia depois de ter dado uma dentada em uma coxa de frango. Revirei meus olhos para o acúmulo de testosterona e fiquei conversando amenidades com Nati.

Bruna segurava Nessie contra a janela para que a baixinha conseguisse enxergar os fogos atrasados que continuavam pela noite. Minha sobrinha estava com um olhar distante a noite inteira, como se estivesse sonhando acordada. Segundo Edward ela estava mesmo e eu ganharia um beijo seu se eu adivinhasse em quem Bruna estava pensando.

- Bruna está apaixonada. - disse baixo o suficiente para que somente Nati escutasse.

- Você também percebeu? - perguntou ela com um misto de alegria, orgulho e medo de perder sua pequena.

- Acho que todo mundo já percebeu, menos ela. - disse rindo e minha cunhada me acompanhou.

[...]

POV Edward

Finalmente chegara o dia do festival. Meus dentes estavam trincados. Levei minha esposa mais cedo até o local para que ela se preparasse. Jurei a mim mesmo que eu não estragaria a apresentação. Bella sabia que eu não estava gostando em nada daquela história, porém ela aprovava o meu esforço dizendo que eram apenas 2 minutos e 37 segundos, passaria rápido.

Eu estava mais tenso dês do dia em que fui a um dos ensaios. O pessoal da Cia de dança também estava lá, pois eles dançariam no ultimo dia do festival. Então surgiu a conversa da apresentação que fez com que Rick ganhasse uma bolsa de estudos na Europa.

- Foi graças a apresentação de Dity Dancing que fizemos, Isa. - disse ele.

Minha esposa parecia surpresa.

- Oh! Eu não sabia. Lembro que um cara me fez a proposta de bolsa, mas eu estava prestes a sair do país e recusei. Não sabia que tinham feito a proposta para você também.

- Fizeram. Mas eu fiquei mais 6 meses no Brasil para terminar o ultimo ano. Depois me mudei para a Europa.

- Vocês fizeram qual das danças do filme? - perguntou uma das alunas de Flávio.

- A apresentação final. - respondeu Rick com um sorriso malicioso lembrando-se de um dos passos no começo da dança e a sua tentativa quase bem sucedida de roubar um beijo de minha esposa.

- Foi engraçado. Sabe aquela mulher loira com uma blusa azul que grita que nem louca quando eles estão dançando? - perguntou minha esposa com um sorriso zombeteiro. - Ela foi interpretada fielmente pela Gaby. - todos gargalharam quando Gaby berrou da mesma maneira.

http://www.youtube.com/watch?v=qVNTPJKuVQg

- Foi legal mesmo, mas você deu um susto enorme na gente quando caiu. – comentou Flávio.

Arregalei meus olhos ao ver a lembrança nas mentes de seus amigos.

- Como assim você caiu? – perguntou assustada outra aluna.

- Rick me derrubou. – minha esposa deu de ombros.

Olhos arregalados a fitaram enquanto Rick coçava sua cabeça envergonhado. Idiota!

- E mesmo assim conseguiu a bolsa?

- Pois é. Mas acho que se a Isa não fosse quem ela é, provavelmente teria se machucado pra valer e Rick não estaria aqui hoje. – comentou Flávio ganhando a minha simpatia.

- Mas como vocês continuaram depois da queda?

- O que aconteceu foi que eu nunca confiei no Rick para me levantar, nem ele confiava nele mesmo para isso. E no momento do levantamento ele não conseguiu me segurar e eu passei reto. – explicou dando de ombros. – Quando eu percebi que passaria do ponto eu trapaceei um pouquinho. – mandou uma piscadela. – E dei uma cambalhota no chão como se fizesse parte da dança.

- Eu sempre confiei em mim mesmo, você é que não confiava em mim. – ralhou o homem que iria ser pendurado pelos pés no alto do letreiro de Hollywood.

- E ainda não confio. Quem não te conhece que te compre Ricardo Santos.

Meu sorriso se alargou imensamente. Tinha vontade de gargalhar da cara do otário.

- Você tem que dar motivos para confiar em você Rick. – cantarolou Bella.

Minha esposa então correu em minha direção entre as poltronas. Eu estava mais no fundo falando ao celular com Alice e acabei ficando por lá. Franzi a testa para a linda princesa que tinha um sorriso zombeteiro nos lábios.

- Edward, me levanta. – disse ela alto o suficiente para que os humanos escutassem.

E assim ela se atirou contra mim. Sem problemas a ergui sobre a minha cabeça. Seus braços e pernas esticados em um ângulo perfeito de 90º em relação aos meus braços esticados.

- Eu não tenho medo de me jogar contra meu marido, pois confio plenamente nele. Confio tanto que sei que por mais irritante que Rick seja eu sei que Edward não irá matá-lo. – disse ela sorrindo matreira.

Os outros gargalharam enquanto Rick bufava.

- Bella, meu anjo... Nunca te disseram para não confiar em um vampiro? – perguntei zombeteiro a jogando para cima.

Minha esposa deu um gritinho de surpresa e depois gargalhou quando eu a peguei no colo sem quaisquer problemas.

- Meus pais sempre diziam isso, mas sabe como é né? Eu sou teimosa. – piscou com um olho só com os braços envolta do meu pescoço.

Sorri torto me aproximando para beijá-la.

- Vamos logo terminar essa coreografia Isa! – meu sorriso desmanchou na hora.

- Cara... Você está pedindo. – murmurou Flávio.

Fuzilei o futuro-ex-parceiro de dança de minha esposa.

- São só mais alguns dias Edward, quanto antes terminarmos, melhor será. – murmurou Bella me dando um selinho demorado e depois pulou de meus braços.

- Acho que vou me encontrar com seu irmão, daqui a pouco venho te buscar – disse entre dentes.

Minha princesa ficou com uma expressão infeliz, mas ela sabia que aquilo era o melhor. Caso contrário eu realmente atacaria seu amigo.

E assim eu fiz pelos outros dias de ensaio. Fiquei com meu cunhado e sua esposa ou saía passear com Bruninha, Nessie e seu cachorrinho de estimação, é claro.

E agora estou eu aqui, neste grande salão cheio de gente organizando as coisas, com um sorriso forçado no rosto para não apagar o brilho dos olhos de minha esposa. Eu me odiava por estar prestes a estragar isso. Daria qualquer coisa para estar no hotel junto com Nessie e Jacob.

POV Bruna

Depois de encher o saco do meu pai ele finalmente deixou que eu desse uma volta no hotel junto com Nessie. Mas tenho certeza que ele só deixou depois que mamãe lhe mandou um olhar malicioso. Argh! Nem quero imaginar o que eles irão fazer enquanto eu não estiver presente.

Passei no quarto em que estavam tia Bella e tio Ed, mas não encontrei Nessie. Fui então ao quarto ao lado onde estava instalado Jacob e logo escutei sua gargalhada no lado de dentro. Bati a porta.

- Hey Jake, posso entrar?

- Claro pequena! – respondeu ele ainda em meio a gargalhadas.

Assim que abri a porta gargalhei também. Jake estava sentado a mesa com o braço apoiado na mesa em meio a uma disputa de queda de braço com Nessie. Obviamente a pequena mal conseguia mexer um dedo do lobo, mas era simplesmente hilário vê-la tão concentrada.

Até que ela bufou fazendo um biquinho e colocou as mãozinhas na cintura.

- Não quero mais brincar disso. – reclamou ela nos fazendo rir ainda mais.

- O que acha de passear pelo hotel baixinha? – perguntei empolgada.

O biquinho de minha prima desmanchou-se em um largo sorriso e nós seguimos rumo a porta.

- Eu vou deixá-las se divertirem. – disse o lobo sorrindo zombeteiro.

- Mentiroso, só não vai com a gente por que está morrendo de sono. Preguiçoso. – acusei gargalhando e Jake me acompanhou.

Eu e Nessie saímos de mãos dadas pelo corredor. Descemos pelo elevador e então fomos para o salão principal. Minha prima olhava tudo com muita curiosidade e quando não sabia o que era algum objeto passava a imagem por sua mãozinha.

O poder de Nessie era muito interessante, pois mesmo que ela passasse apenas uma imagem dava para entender perfeitamente o que ela queria dizer com aquilo.

Meus devaneios foram interrompidos por três pessoas que estavam rumando a saída do hotel para passear pela cidade. A mulher tinha cabelos loiros que batiam em seus ombros, um pouco mais alta do que eu e mais cheinha também. O homem ao seu lado, acho que seu marido, tinha os cabelos tão claros quanto os cabelos da mulher. Sua estrutura miúda, porém havia uma grande quantidade de gordura acumulada. Os dois estavam obviamente apaixonados e apesar de não terem os padrões de beleza adotados pelo mundo não havia como dizer que os dois não formavam um lindo casal.

Mas o que me chamou a atenção não foram os dois humanos, mas sim o lunar junto a eles.

Era Peter. Ele estava tão relaxado, tão feliz, tão... Adolescente.

Sorri feliz em encontrá-lo e segui com Nessie até ele.

- Pete! – chamei alegremente.

Ele virou-se rapidamente ao escutar ser chamado e pareceu muito surpreso a me ver.

- Majestade! – apressou-se em fazer uma reverência. – Princesa. – disse ele sorrindo divertido a Nessie ainda curvado.

- Isso não é necessário. – murmurei revirando os olhos assim que cheguei a apenas dois passos de distância dele.

Peter ignorou meu comentário mantendo o sorriso despreocupado nos lábios.

- São seus tios? – perguntei inclinado minha cabeça para o lado para o casal que me olhava curiosamente.

- Sim! – respondeu alegremente, era possível notar em seu tom de voz que ele os amava muito. – Janeth e John. O casal JJ. – brincou ele dando um passo para o lado para os indicar.

- Prazer em conhecê-los. – me aproximei para cumprimentá-los apertando suas mãos.

Os dois pareceram surpresos com a minha atitude, mas ficaram felizes com ela.

- Sou Bruna. – disse enquanto sacudia suas mãos. – E essa aqui é a Nessie.

- Como vai princesinha? – perguntou Janeth.

Nessie sorriu tímida.

- Não sabia que viria para LA em suas férias. – falei para Peter que agora estava ao meu lado.

- Tia Jan é louca para conhecer Hollywood então aproveitamos as minhas férias para vir até aqui. – deu de ombros como se sua atitude não fosse relevante.

- Eu disse para ele não gastar seu dinheiro comigo, para guardar para a faculdade, mas ele não me escuta. – reclamou Janeth, mas apesar de seu tom chateado era óbvio que estava muito feliz em estar realizando seu sonho.

Peter revirou seus olhos e eu ri baixinho.

- Teimosia faz parte da genética dos machos de todas as espécies. – mandei uma piscadela para ela que sorriu largamente concordando.

- Tenho que discordar com você princesa... As fêmeas são bem enfáticas quando querem. – disse John brincalhão levando um belo tapinha de sua esposa.

Foi impossível não rir.

Nessie me lançou uma imagem de sua mãe colocando um caderno na bolsa e dizendo que iria para a faculdade e já voltava. Voltei meu olhar para minha prima sem entender a sua dúvida.

- Isso q            ue... – ela lançou um olhar rápido e envergonhado para Peter depois se voltando para mim, passou para a imagem do agente da guarda, mas nesta imagem eu entendi o que ela quis dizer. – ele vai fazer?

Antes que pudesse respondê-la ri completamente divertida. Percebi os três me olhando curiosamente.

- Nessie deixou escapar sua opinião sobre você Peter. Concordo com ela. – sorri.

Ele franziu a testa.

- E posso saber o que seria? – perguntou hesitante.

- Ela te achou bonito.

Tive que rir acompanhada de seus tios quando as bochechas de Peter ficaram completamente vermelhas.

Minha prima puxou minha mão impaciente querendo a resposta de sua pergunta.

- Sim baixinha, sua mãe fez faculdade sim. E se Peter quiser ele fará também. – expliquei calmamente.

- Ele não quer. – disse obviamente desgostosa sua tia.

Pela expressão de seu marido ele tinha a mesma opinião. Voltei meu olhar rapidamente para Peter, ele parecia cansado. Deu para notar que aquela era um assunto muito discutido entre eles.

- Olha, não leve a mal. É realmente uma profissão muito nobre, mas não queremos isso para Peter.

- Tudo bem, eu entendo. – sorri fraco.

Eu entendia o medo que o casal tinha. Sim era uma profissão nobre, porém perigosa. Peter parecia chateado com a opinião dos tios, mas preferiu manter-se em silêncio.

- Ora se não é a aberração?! – uma voz extremamente nasal soou a minhas costas.

O clima de repente ficou tenso. Virei para observar a humana de longos cabelos loiros, olhos azuis claros e pele clara. Poderia até ser considerada bonita se não fosse sua aura verde musgo a sua volta.

- Ah pelo amor de Deus essa garota me persegue. – murmurou Peter cansado.

Franzi a testa tentando descobrir da onde ele conhecia essa garota desagradável.

Ela se aproximou rebolando com ar superior.

- Esse hotel caiu completamente de nível recebendo esse tipo... – olhou com desdém para a família junto a mim e então finalmente me notou. – Ora se não é a princesa das aberrações! – exclamou sorrindo de maneira maldosa.

Escutei um rosnar ao meu lado. Nessie se agarrou as minhas pernas. Olhei para o lado e Peter tinha dentes expostos e uma expressão de puro ódio no rosto.

- Chega Megan! – sua voz estava baixa de maneira perigosa. – Não me importo com sua opinião, mas respeite minha família e minha princesa! – rosnou baixo o que o tornava muito mais perigoso.

Aquilo não era necessário. A garota não estava me desrespeitando nem a sua família, sua aura tirava toda a credibilidade de suas palavras. Mas ele não podia ver sua aura.

Coloquei uma mão no peito de Peter para pará-lo. Meus dedos formigaram, mas ignorei. Meu toque funcionou, pois sua posição ofensiva desabou completamente. Acho que consegui passar calma pelos meus dedos.

- Você é triste garota. – disse analisando toda a energia que rondava ao seu redor. – Apesar de estar rodeada de pessoas se sente só. Seus pais pensam que amor e dinheiro são as mesmas coisas. Sua aura é verde de tanta inveja que sente de Peter ou de qualquer um que seja amado. Mas você não faz nada para revirar o jogo. Não diz aos seus pais o que realmente importa para você... – as palavras saíam automaticamente de minha boca, acho que as coisas ficaram meio fora de controle.

- Princesa! – uma voz grave me tirou do transe.

Pisquei meus olhos rapidamente e enxerguei novamente a garota sem que tivesse qualquer cor ou brilho a sua volta. Ela tinha uma expressão de quem fora ferida.

- Desculpe, eu ainda não sei controlar direito... – murmurei arrependida.

Não se deve dizer a uma pessoa o que se esconde em sua alma. Pelo menos não do jeito que eu disse.

Megan grunhiu e saiu a passadas largas, pelo menos ela não incomodaria mais Peter.

- Princesa? – era Malaky.

- Ah! Olá. – cumprimentei.

- Como vai Carter? – perguntou ele segurando o riso ao olhar para o amigo.

- Não começa, por favor. – respondeu Peter com o tom constrangido.

Olhei-o curiosa e então senti minhas bochechas esquentarem. Eu estava praticamente puxando a camisa dele em minha mão.

Soltei rapidamente murmurando um desculpe. Ele soltou um sem problemas tão envergonhado quanto o meu.

- A rainha lhe chama para se trocar para o evento de sua tia. – explicou Malaky.

- Oh! – olhei o relógio rapidamente. – Estou atrasada e acho que atrasei vocês também! – disse culpada.

- Não se preocupe, estávamos adiantados. – sorriu John e sua esposa assentiu concordando.

- Se é assim, preciso ir. Foi um prazer conhecê-los. E foi bom te ver Pete. – sorri para ele que me fitou sério por alguns instantes para então assentir.

Peguei Nessie no colo e disse que iríamos correr. Assim eu fiz disparando pelas escadas até o nosso andar.

[...]

POV Edward

O local se encheu com rapidez. O tempo pareceu voar. E agora eu me via esperando ansioso para ver Bella dançar. Daniel, Nati e Bruna estavam junto a mim. Jacob foi passear com Nessie e depois voltaria para o hotel com ela, já que o evento iria até tarde e minha filha ainda é muito pequena para estar acordada.

Tudo a minha volta acontecia como se fosse uma sombra. Os milhares de pensamentos passavam despercebidos, assim como os flashes em nossa direção ou a conversa amena de meu cunhado e família.

Então finalmente anunciaram a apresentação de minha esposa.

http://www.youtube.com/watch?v=BbPZpbQzfW8&feature=related

Ela e seu parceiro entraram sob aplausos e logo o tango iniciou. Não vou negar que a coreografia ficou excelente a dança era envolvente, porém suave na sensualidade. Tenho certeza que Bella dispensou o máximo possível de olhos nos olhos para que eu não me sentisse mal.

Mas não adiantou muito. E eu não consegui me segurar em torcer para que ela acabasse acertando o meio das pernas de Rick com aqueles passos finais.

Quando novamente os aplausos e elogios choveram ao final da dança eu me senti mal. Um ciúme misturado com tristeza me inundou.

Olhando para Bella amparada por seu amigo eu via que aquele deveria ter sido seu futuro se fosse humana. Provavelmente estaria casada com ele e dando aulas em alguma companhia famosa.

Minha cabeça pareceu dar nó e eu me senti sufocado de repente. Então saí dali.

- Aonde vai? – perguntou Dan antes que eu conseguisse passar pelas pessoas.

- Preciso caçar. – disse entre dentes.

Eu realmente precisava caçar, minha boca estava completamente cheia de veneno e tenho certeza que meus olhos estavam quase negros.

POV Bella

Fui até meu irmão rapidamente e sorri para os elogios dele, Nati e Bruninha.

- Onde está Edward? – perguntei estranhando por não encontrá-lo ali.

- Foi caçar. – respondeu Dan encolhendo seus ombros.

Meu sorriso caiu.

- Ele foi sensato Bella. Melhor do que fazer alguma besteira. – consolou Nati.

Sim ele foi sensato, mas isso não tirava a tristeza em meu coração.

Não fiquei muito mais tempo. Depois de algumas fotos e falar com algumas pessoas saí à francesa. Quando cheguei ao hotel Edward não estava lá. Encontrei Jacob roncando no sofá e Nessie dormindo em cima de sua barriga.

Sorri para eles e fui para meu quarto. Acabei por dormir e acordar sozinha e aquilo simplesmente me matou por dentro. Só Deus sabe como eu gostaria de voltar no tempo para sequer atender a ligação de Rick.

Mas eu ainda tinha responsabilidades. A dança do fechamento, a que eu queria dançar com o meu vampiro. Pelo jeito terei que dançar com outra pessoa...

[...]

POV Daniel

Minha esposa ajeitou o colarinho de minha camisa e sorriu para mim. Seus olhos estavam um tanto preocupados.

- Você acha que Edward vai aparecer? - perguntou com uma linda ruguinha em sua testa.

Sorri beijando a ponta de seu nariz.

- Tenho certeza que vai. Eles já passaram por tantas coisas, não vai ser um humano idiota que acabara com o romance dos dois.

- Tem razão. - sorriu largamente erguendo o queixo para beijar meus lábios.

Eu é que não desviaria.

Descansei minhas mãos em sua fina cintura e a puxei para o meu corpo. Nati abriu seus lábios dando-me passagem, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa escutamos um pigarro ao nosso lado.

- Por favor, né? Vocês poderiam dar um tempo! - reclamou Bruna com os braços cruzados no peito.

Eu e minha esposa rimos sem afastar nossas bocas. Nossa filha bufo revirando seus olhos.

- Quero ver você dar um tempo quando estiver namorando. - provoquei.

Mas minha provocação não funcionou muito bem. As duas mulheres da minha vida me olhavam chocadas.

- O que? - murmurei.

- Se eu quiser namorar o senhor vai deixar? - perguntou Bruna ainda chocada.

Revirei meus olhos.

- Falando assim até parece que eu sou um maníaco ciumento.

Quatro sobrancelhas ergueram-se incrédulas em minha direção. Fechei minha cara.

- Eu não sou um maníaco ciumento.

- Ok amor, não precisa ficar nervoso. Mas você vai mesmo deixar sua filha namorar em paz? Se ela quiser, é claro.

- Depende. - disse e o choque no rosto delas desapareceu.

Estreitei meus olhos e continuei.

- Se for um cara de caráter nobre, não vejo problemas? - dei de ombros, minha esposa soltou um risinho sabendo aonde eu queria chegar.

- O que diabos quer dizer com isso? - perguntou Bruna.

Revirei meus olhos. Será que eu era tão cego quanto Bruna quando me apaixonei por Nati?

Antes que eu tivesse que desenhar para minha filha alguém bateu a porta.

- Entra Jake. - permitiu minha esposa.

- Só vim avisar que já estou saindo com Nessie, vamos ao shopping, parece que tem uma pista de patinação no gelo lá. - terminou sua frase emburrado.

Nessie estava agarrada a perna de Jacob com um largo sorriso e coberta com uma jaqueta cor-de-rosa enorme que provavelmente sua mãe neurótica havia lhe colocado.

- Até mais tarde então. - me despedi.

Nós estávamos de saída também. Bruna e Nati colocaram seus casacos e nós seguimos para o local do evento. Acomodamos-nos em uma mesa perto do centro da pista. Já estávamos quase na hora da apresentação e nada de Edward chegar. Mas eu tinha fé que ele viria.

Minha filha de repente puxou o ar com força.

- Não acredito! - exclamou batendo em sua própria testa. - Esqueci meu celular!

Eu e Nati reviramos nossos olhos.

- Um dia sem ele não vai te matar. - disse minha esposa.

- Mas eu combinei de falar com a Anne hoje. - choramingou.

- É só ligar do meu celular. - disse obviamente.

Bruna revirou seus olhos.

- Esse é o seu celular para emergências e se acontece alguma coisa enquanto eu estou falando com a minha amiga? - ela tinha um ponto. - Posso voltar ao hotel correndo?

- Nem pensar. - respondi sério.

- Mas pai...

- Sem mais pai Bruna. Você não vai sair sozinha.

- São só algumas quadras, vou correndo e volto correndo.

- Não, eu já dispensei Malaky e Igor hoje justamente porque você ficaria conosco.

- Eu já sou bem grandinha para me cuidar. - grunhiu emburrada.

Soltei um riso irônico.

- Enorme.

- Papai! Por favor! Que mal pode acontecer em trinta minutos? Só vou correndo até o hotel, pego meu celular e volto correndo ainda a tempo de ver o final da dança de tia Bella. O senhor não pode me prender para sempre.

Não eu não podia. Mas também não podia arriscar. O mundo sabe que estamos aqui, pode facilmente haver algo planejado para nós. Eu sei que é paranóico da minha parte pensar desta maneira, mas não posso evitar.

- Nada vai acontecer comigo, pai. Me de um voto de confiança, por favor. - seus olhos azuis como os da mãe fixaram-se nos meus.

Implorando com o olhar ela me convenceu. Com o coração na mão assenti.

- Volte em 30 minutos. - foram minhas únicas palavras.

Ela pulou feliz e me abraçou antes de beijar a bochecha da mãe. Correu para fora. Nati também ficou apreensiva e apertou minha mão na sua.

- Vai ficar tudo bem. - sussurrou ela, mas sua entonação estava mais para convencer a si mesma.

[...]

A música foi anunciada e eu realmente estava decepcionado ao me levantar. Edward não chegara e agora quem dançaria com Bella seria eu. Mas antes que eu tomasse meu lugar olhos cor de mel apareceram a porta de entrada. Estavam angustiados e um tanto desesperados.

Minha reação foi sorrir largo e minha decepção foi embora.

Edward nos viu a nossa mesa e correu prestes a perguntar alguma coisa. Mas Nati foi mais rápida e pegou meu paletó que estava na cadeira e enfiou nos braços de meu cunhado. Eu seguindo os passos de minha esposa, peguei a máscara em cima da mesa e coloquei nele. Só deu tempo de jogar a gravata em seu pescoço sem fazer o nó. Então o empurramos para a pista.

Edward ficou completamente perdido, mas conseguiu seguir os passos. Provavelmente leu na mente dos dançarinos o que vinha a seguir. Quando ele e Bella finalmente se encontraram no meio da pista eu e minha esposa comemoramos sorrindo largo.

http://www.youtube.com/watch?v=fk17dpITP1Q&feature=related [N/a: Esse ator é muito gato xD]

Foi simplesmente envolvente. E tenho certeza que, pelo modo que os dois se olhavam, não há dúvidas que qualquer desavença que eles possam ter tido será solucionada.

Bella puxou Edward para um canto afastado para que eles conversarem sem interrupções.

- Pena que Bruninha perdeu. - murmurou Nati e imediatamente eu olhei o relógio, 25 minutos haviam se passado.

Bruna estava em seu tempo, mas não quer dizer que eu não estivesse preocupado.

POV Bella

Encostei minha testa a de Edward.

- Me perdoe, não sei o que deu em mim.

- Pensei que vampiros tivessem memória melhor do que esta que você está demonstrando. - murmurei sorrindo.

Edward se afastou para fitar meu rosto e sorriu largo.

- Eu dancei com você. - disse ele entendendo do que eu falava.

- E eu te perdoei por qualquer besteira que tenha pensado.

- Besteira mesmo. - seu olhar se tornou triste. - Você estava tão feliz dançando Bella, seus olhos brilhavam de uma maneira...!

Edward me olhava de maneira sonhadora, como uma criança que vira o último episódio de seu desenho animado preferido.

- E eu não agüentei ver isso em você enquanto estava nos braços de outro homem. - murmurou envergonhado.

Revirei meus olhos.

- Falando assim até parece que eu estava te traindo. A absurda da família sou eu! Não queira tomar meu lugar. - sorri dando uma batidinha eu seu nariz.

Então fiquei séria.

- Será que não percebe que meus olhos brilham muito mais quando estou com você? Eu amo dançar, é verdade. Mas amo muito mais você.

- Ah! Bella, eu amo tanto você que chega a doer. - seus braços se acomodaram ao redor de meu corpo em um forte abraço.

- Eu amo você Edward. Nunca se esqueça disto. - disse em seu ouvido retribuindo o abraço.

Depois de beijos e sorrisos trocados voltamos para junto de meu irmão e de minha cunhada, mas algo estava errado.

Dan estava sentado à mesa com as mãos tremulas e olhos fechados. Nati o olhava preocupada.

- O que há? - perguntei a mim mesma, mas Edward respondeu.

- Seu irmão está tendo uma visão do passado. E parece ser a mesma que a de Bruna. - explicou seriamente.

Logo que nos aproximamos ele abriu seus olhos e o que eu vi ali eu não gostei nada. Havia dor, desespero. Assustei-me ainda mais quando Edward começou a discar rapidamente pelo celular e falar com a guarda real.

- O que aconteceu? - perguntei com medo da respostas.

Meu irmão sussurrou desolado.

- Bruna.

POV Peter

Desci até o restaurante do hotel para encontrar meus tios. Os dois conversavam amenidades com ninguém menos que Malaky. Estreitei meus olhos, eu não conseguia entender qual era o seu objetivo afinal. Na guarda ele se mantém quase sempre quieto e sério, porém é apenas comigo e com Ângelo que ele conversa. Quando voltei da minha primeira missão e conversei normalmente com Malaky durante os treinamentos o resto da guarda nos olhava de olhos arregalados como se fosse uma coisa de outro mundo estarmos conversando.

Ele é um cara legal, mas extremamente irritante em relação a certos assuntos. Suas frases de múltiplos sentidos, em relação a princesa Bruna, me tiram do sério.

- Já se enturmou com os meus tios? – perguntei emburrado me sentado ao lado de tia Jan.

- São humanos muito civilizados. – respondeu ele colocando uma colher muito cheia de arroz na boca.

Para ele aquela frase era a coisa mais normal do mundo de se dizer. Revirei meus olhos.

- Encarem como elogio. – disse aos meus tios de maneira entediada.

Os dois não pareceram ligar muito. Malaky já deveria ter contado o quão velho era. Provavelmente já deveria ter perguntado.

- Não deveria estar acompanhando a realeza hoje? – perguntei após me servir no Buffet.

- O rei Daniel me dispensou. Disse para eu me divertir um pouco. Mas não sei muito o que fazer. – deu de ombros.

Só mesmo Malaky para não saber o que fazer na folga.

- Eu achei bacana da parte da princesa vir nos cumprimentar. – comentou tio John.

- Todos da realeza são bem humildes tio, não se acham superiores em momento nenhum.

- Pelo menos as últimas três gerações. – contou Malaky. – Os bisavós do rei Daniel eram verdadeiros tiranos.

- Verdade? – perguntou tia Jan, ela adorava uma história.

Confesso que esta história me interessou também.

- Sim. Não são só vocês que possuem coisas ruins em sua história. Os humanos tiveram guerras mundiais, Hitler, terrorismos... Nós também tivemos guerras, ditadores e ataques. A quarta geração passada de rei e rainha da lua era completamente ditatorial, abusava do poder, desprezava a nova espécie que surgia na Terra. Os dois se achavam verdadeiros deuses. Mas existe uma tradição em nossa cultura que surgiu juntamente com a vida na Lua. É o que torna o nosso sistema justo, mesmo sendo uma monarquia que passa o poder de pai para filho.

“Dizem as lendas mais antigas do nosso povo que a nossa origem foi na Terra. 6 homens nobres e 6 mulheres justas dividiam o poder para governar o planeta que possuía uma imensa população de seres como nós. Essas 12 criaturas eram as mais poderosas de todos e eram respeitadas como são respeitados nosso rei e rainha hoje em dia. Eles governavam para manter a paz, porém suas leis não eram muito severas e problemas começaram a ocorrer. Quando as coisas ficavam fora de controle um deles aparecia e acabava com a questão com facilidade já que seu poder era superior.”

“Algumas lendas dizem que na época as mulheres tinham quantos filhos quisessem. Agora imaginem seres imortais, eternamente jovens e eternamente apaixonados? Obviamente uma superpopulação se iniciou. As pessoas começaram a passar fome, começando a perder o controle pelo desespero. Os 12 seres não conseguiam mais segurar o povo e o mundo se tornou perigoso, selvagem e extremamente violento.”

“Foi então que surgiu algo que nenhuma lenda diz exatamente o que foi. Apenas todas referem-se a passagem com as mesmas palavras: Então o caos varreu o planeta e os 12 conselheiros tiveram que unir seu poder em uma última vã esperança. Seja lá o que for que tenha dizimado nosso povo foi derrotado de alguma forma. Porém os 12 não poderiam arriscar que a história se repetisse. Levaram todos os sobreviventes para a Lua, um lugar muito menor que o planeta Terra, porém do tamanho perfeito para a quantidade de sobreviventes. As mulheres foram condenadas a uma maternidade controlada, ou seja, elas poderiam ter apenas um filho.”

“Os conselheiros decidiram que não era mais necessário 12 famílias para governar tão poucas criaturas e por votação decidiram apenas 1 conselheiro para se tornar o rei do povo da Lua. Este e sua esposa foram o primeiro casal real de nossa espécie. O poder passaria para o seu filho e assim por diante. Porém todos sabiam que passado algumas gerações o poder poderia subir a cabeça. Então uma tradição se instaurou. Toda vez que o casal real tivesse uma filha mulher o filho de uma das 12 famílias desafiaria o rei para um duelo do qual se vencedor desposaria sua filha para então ser o futuro rei.”

“Essa tradição foi se passando de pai para filho pelas 11 famílias e sempre que uma princesa nascia, alguns anos depois, ocorria o embate. Em certas ocasiões o duelo era camarada, pois a princesa e o duelista já estavam apaixonados. Em outras ocasiões o duelo era sangrento, pois o rei tinha que ser deposto devido a sua má conduta e o duelo acabava em morte ou do rei o do jovem. Ouve também um caso no qual dois jovens descendentes das 11 famílias desafiaram o rei no mesmo momento. O caso terminou com os dois duelando pelo amor da princesa.”

Malaky terminou sua história sorrindo levemente, mas seus olhos estavam em mim.

- Que história fabulosa. É como um conto de fadas. – sorriu tia Jan.

- Realmente interessante. – concordou tio John.

- Por que diabos está me encarando? – perguntei emburrado a Malaky.

Ele riu.

- Só uma coisa que passou pela minha cabeça.

- Que seria?

- É que eu acho que você é descendente das 11 famílias Peter.

E ele diz isso como se não fosse nada de mais! Acabei me afogando com o copo de refrigerante que tomava.

- Isso não faz nenhum sentido. – desdenhei.

Malaky riu.

- Não faz sentido? Para mim faz bastante sentido. Você se destaca na guarda Carter, é o melhor de todos. Ângelo até comparou certo dia que só tinha visto uma pessoa tão boa quanto você e essa pessoa é o nosso rei. Além do mais você se lembra daquele dia que ele ficou te encarando?

Sim eu lembrava muito bem.

- Pois então. Tenho certeza que ele viu algo em você. Pois logo depois ele mesmo pediu para que você fizesse a proteção da princesa. Ele não arriscaria a vida da própria filha se não confiasse em você.

- Não é bem assim Malaky, eu fiz a proteção dela juntamente com você que é dono de muita experiência, além do mais a princesa Bella, o senhor Edward e o senhor Charlie estavam lá também.

- Ok, até faz algum sentido o que você diz. Mas eu tenho um argumento que você não pode negar. – me olhou de maneira superior.

Revirei meus olhos, mas assim que o fiz franzi o cenho.

- Você está visivelmente apai...

- O que os Volturi estão fazendo aqui? – perguntei o cortando.

Malaky pareceu esquecer a nossa conversa e se levantou da mesa olhando na mesma direção em que eu olhava.

- O que foi Peter? – perguntou tio John ao nos ver com o semblante sério.

Tentei sorrir para eles.

- Talvez demore a voltar para o hotel. – levantei mandando ao meu parceiro de guarda um olhar significativo.

- Foi muito agradável jantar com vocês. – disse Malaky com um sorriso mais convincente do que o meu para os meus tios.

Então seguimos dois Volturi que obviamente estavam concentrados demais em sua missão para que nos notassem.

Eles seguiram pela saída da cozinha do hotel. Assim que passamos pela porta nossos olhos arregalaram entendo a situação. A princesa Bruna passava correndo pela calçada e logo atrás dela estava um vampiro Volturi.

- Eu cuido desses dois, vá atrás da princesa. – sussurrou Malaky e eu assenti subindo rapidamente pela escada de incêndio do prédio ao lado e correndo por cima dos prédios.

Corri bem pela beirada dos prédios olhando para o chão aonde a princesa fugia em alta velocidade desviando dos humanos que só notavam o vento sacudindo suas roupas e cabelos.

Outro vampiro se juntou ao que perseguia a princesa. Senti-me estremecer ao notar que era o mesmo que estava no hotel. Espero que Malaky esteja bem.

Um deles fez sinal para o outro que virou em uma esquina. Eu entendi perfeitamente o que eles queriam fazer. Emboscá-la. Mas eu não permitiria.

Como eu imaginei o vampiro fez com que a princesa virasse em uma rua e então diminuiu a sua velocidade. Seu parceiro estaria à frente a esperando. Mas antes que acontecesse eu acelerei minha corrida e pulei em um beco estreito me adiantando a princesa que já começava a diminuir a velocidade a não ver mais o Volturi a perseguindo. 

Ante que o vampiro mais a frente pudesse ver a chegada da princesa, estiquei meus braços no momento certo e a puxei colocando-a contra a parede e tapando sua boca para que ela não gritasse.

Seu coração batia rápido e sua respiração saía forte pelo seu nariz. Seus olhos azuis se arregalaram, mas assim que me reconheceu ela relaxou.

- Desculpe se a assustei. – sussurrei deixando sua boca livre.

- Tudo bem. – sussurrou de volta, sua respiração ainda acelerada. – Por que eles estão me perseguindo?

- Eu realmente não sei princesa. Eu e Malaky os vimos no hotel, achamos suspeito e fomos atrás.

- E onde está Malaky.

- Ficou para trás.

Ela assentiu entendendo que eu não sabia se ele estava bem ou não.

- Eu posso escutar seu coração bombeando sangue tão rápido, princesa. Será uma pena, mas acho que não conseguirei me conter. – disse o vampiro se aproximando.

Mas algo atrapalhou a sua idéia. Um rugido de dor e um grito de socorro soaram mais a frente.

Era o vampiro que faria a emboscada que berrava. Troquei um olhar tenso com a princesa que me olhava horrorizada com os rugidos do Volturi. Seja lá quem o tenha detido não foi Malaky, pois ele é rápido e não fica torturando antes de acabar com a luta.

Mas não era hora de pensar naquilo.

Botei minha cabeça para fora do beco notando que não havia perigo. A princesa deslizou sua mão na minha segurando firmemente. Senti meu coração dar um salto e minha respiração acelerar. Apertei levemente seus dedos tentando passar confiança e puxei-a para fora do beco.

- O que será que o pegou? – perguntou ela ainda sussurrando.

Antes que eu pudesse responder outro berro agonizante ecoou pela escuridão. Seguramos nossas respirações. O medo nos pegando por completo. E então o som forte de batidas contra o chão vindo em nossa direção.

- Seja lá o que for está vindo para cá. – disse rapidamente a puxando para a direção contrária e correndo.

Eu tinha que tirá-la de lá.

Corremos extintivamente fugindo daquilo que vinha atrás de nós. Não sabia dizer o que era. Cada vez que olhava para trás a criatura ficava encoberta pela escuridão da noite me impedindo de identificá-la.

De repente percebi que estávamos em um bosque. Percebi também que não tinha mais como correr. Logo sairíamos da proteção da escuridão das árvores e então os humanos estariam em perigo também.

Paramos de correr assim que chegamos a uma clareira. Fiquei a frente da princesa soltando a sua mão relutantemente. Posicionei-me defensivamente esperando a criatura.

A princesa ofegou as minhas costas quando visualizou assim como eu aquilo levemente iluminado pela lua cheia.

Não ouve tempo para mais nada, pois veio para cima de nós. Empurrei a princesa em direção a uma árvore e então me choquei contra a criatura. Tentei ficar fora do alcance de sua mandíbula. Era mais forte que um vampiro, mas não demonstrava muita inteligência. Atacava por puro extinto.

Seu rosnado era assustador, mas eu não tinha tempo para ter medo.

Lutei com todas as minhas forças, sabendo que a vida da princesa dependia de mim. Porém a luta estava difícil. Eu não sabia o que era aquilo e muito menos do que era capaz.

Minha respiração estava ofegante. Não sabia o que fazer para finalizar com aquilo de uma vez. Então com o meu descuido fui jogado para o lado.

Acabei me chocando contra a princesa que estava encolhida contra uma árvore. Seus olhos estavam apavorados enquanto lágrimas grossas escorriam por sua linda face.

Meus braços estavam ao lado de seu corpo e meu rosto muito próximo ao seu.

- Não tenha medo, eu vou protegê-la. – disse olhando diretamente em seus olhos.

As forças de minhas palavras implicavam em uma promessa. Então veio a dor.

Diretamente em meu ombro esquerdo. O grito desesperado da princesa ecoando em minha orelha direita enquanto seu corpo colava ao meu.

Dentes afiados penetravam minha pele com crueldade.

Impulsionei-me para trás e girei meu corpo me livrando da criatura. Com toda a força que me restava eu a chutei no peito fazendo-a voar a metros de distância de nós. A claridade da Lua foi encoberta por grossas nuvens que indicavam chuva impossibilitando uma melhor visão.

Estreitei meus olhos esperando aquilo voltar. Mas não voltou.

Meu corpo relaxou e então a dor começou a pulsar em meu ombro. Olhei preocupado e percebi o sangue escorrendo. Minhas pernas ficaram moles e minha cabeça começou a girar.

Droga! A mordida é venenosa.

Caí de joelhos ao chão vendo tudo a minha volta rodar.

- Peter! O que você está sentindo?! Oh Meu Deus! Peter! – gritou a princesa ao meu lado chorando desesperada.

- Eu estou bem, não chore. – pedi.

- Carter?! – uma voz alarmada masculina veio em nossa direção.

Era Malaky. Ele perguntou o que aconteceu, mas tudo o que a princesa conseguia fazer era chorar.

- Princesa? Está machucada? – ela balançou a cabeça rapidamente de um lado para o outro.

- Peter. - balbuciou com as mãos ensangüentadas.

Então tudo escureceu.

Fim do capítulo 16.


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Notas finais do capítulo

Não me matem... Eu sei que esse final ficou tenso.
Domingo que vem tem mais :*



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