A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 52
Capítulo 6 - Nunca é tarde para amar


Notas iniciais do capítulo

Oláaa :D Tudo bem com vocês? Espero que sim! Primeiramente quero agradecer a mais uma recomendação que recebi! Muito obrigada Edi_s2 ADOREIII!!!

Agora vamos ao capítulo. Ele não está tão depressivo quanto os outro ok?



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Capítulo 6 – Nunca é tarde para amar

POV Charlie

Serio que Dan vai ser entrevistado com suas roupas neste estado? Tudo bem que ele acabou de voltar de uma luta e tals, mas ninguém em sã consciência aparece na TV com as roupas feito farrapos como estão as dele, principalmente com o titulo que ele possui.

- Er, alguém não tem uma camisa para emprestar a ele não? – perguntei a Nati que riu.

- Meu marido está com sua bagagem no estacionamento, ele passará uns dias aqui comigo... Ele pode emprestar uma camisa se quiserem. – ofereceu Claire.

- Por favor, Claire. – agradeci revirando os olhos para meu filho que já se dirigia para os jornalistas.

- Dan! – chamou Nati se levantando.

- Hey, espera aí você ainda não se recuperou. – adverti sentando-a novamente.

- Deixe de bobagem Charlie. – disse ela fazendo careta e saindo de minhas mãos para ir até Dan.

Esses dois nunca me escutam! Revirei os olhos e a segui. O rei já voltava até nós com a testa enrugada.

- O que foi? – perguntou ele inocentemente.

- Acha mesmo que eu vou deixar que o mundo veja essa barriguinha sexy? – perguntou Nati com um sorriso malicioso que foi retribuído por meu filho.

- Ah, por favor, acho que vou vomitar! – disse desviando meu rosto e os dois gargalharam.

- Meu Deus, meu pai se tornou o ser mais ranzinza que existe na Terra! – exclamou Dan e eu fiz uma careta.

- Vocês parecem dois adolescentes! – praguejei.

- Aqui majestade! - disse Claire assim que chegou correndo até nós, ela entregou uma camisa preta a Dan.

- Obrigado Claire. – agradeceu sorrindo e então tirou sua camisa rasgada ali mesmo.

Claire virou de costas rapidamente envergonhada e eu e Nati batemos a mão em nossa testa ao mesmo tempo. Como ele conseguia ser tão... Sem noção nesses momentos?

O rei colocou a camisa preta rapidamente e então olhou confuso para mim e depois mais confuso ainda para Nati que tinha uma expressão nem um pouco amigável.

- Acho que essa é minha deixa... Er... Pegarei o avião daqui à uma hora... Er, tchau! – disse rapidamente acenando para os dois que se encaravam, Dan com cara de “estou fu!” e Nati com cara de “sim você está fu!”.

Tratei logo de sair dali despedindo-me rapidamente de Claire e os outros seres que por ali estavam.

Peguei minhas coisas no hotel e segui para o aeroporto, eu já havia comprado a passagem alguns dias atrás. Sentado em um dos acentos de espera para o meu vôo eu ria sem parar assim como quem estava a minha volta... Na TV Nati olhava mortalmente para Dan em quanto ele inutilmente tentava ser perdoado com seu olhar de cão sem dono.

POV Nati

Dan não tinha noção do perigo! Como que ele me faz uma dessa? Com certeza pela quantidade de flashes que dispararam em nossa direção, amanhã o tanquinho do meu marido seria capa de milhões de capas de revistas!

- Nati? – chamou hesitante.

- Vamos dar a entrevista de uma vez. – disse simplesmente, mas acho que minha raiva e ciúmes transpareceram em minha voz.

- O que foi? – perguntou com a maior inocência.

- Nada! Apenas vamos de uma vez? Quero ir logo para o hotel. – disse rapidamente andando em direção aos jornalistas.

Dan me seguiu com cara de coitadinho e eu preferi não fita-lo caso contrario seriamos não só capa de revista, mas manchete de artigo policial.

Assim que chegamos os jornalistas nos encheram de perguntas.

- Majestade!

- Majestade!

- O que aconteceu?

- Porque saiu correndo?

- O que aconteceu com a senhora?

As perguntas vinham de todos os lados e eu estava começando a me senti tonta.

- Um de cada vez, por favor. – pedi respirando fundo.

“Você está bem?” - perguntou Dan por pensamento.

“Ótima!” – exclamei sarcástica e ele me lançou um olhar sem entender. “Lerdo!”

“Porque lerdo?” – perguntou. Droga de mente!

“Nada esquece!”

- Senhor, por favor, aqui. – chamou um dos repórteres pedindo para que fosse o primeiro e então Dan desviou o olhar de mim para fita-lo.

- Sim?

- Os chefes de estado não saíram muito satisfeitos da reunião, que decisões foram tomadas para tal atitude?

- A única decisão tomada por nós é que não participaremos daquilo que nos proporão, infelizmente alguns de seus lideres não entenderam para que tipo de ajuda nós nos disponibilizamos.

- E o que foi proposto a vocês? – perguntou rapidamente o mesmo repórter antes que os outros lhe interrompessem.

- Bem, quanto a isso é melhor perguntar a eles. – disse meu marido sorrindo tranquilamente.

Vi as repórteres suspirarem e eu ia matar meu marido! Porque ele tinha que jogar charme para esse bando? Joguei meu melhor olhar mortal para Dan que tenho certeza que sentiu eu o fuzilando, pois desfez o sorriso na hora.

- O que houve com a senhora, alguma doença? – perguntou uma das repórteres que suspirara agora pouco e eu tive que engolir meu ciúme para não pular no pescoço dela.

- Bem... Não sei se compreenderão, pois tem a ver com nossos poderes... Mas tenho certeza que não é isso que realmente querem saber... Meu desmaio não tem nada a ver com qualquer tipo de doença e não existe nenhuma possibilidade de algum vírus, bactéria ou qualquer coisa passe para os humanos. Quanto a isso não se preocupem, nosso metabolismo é bastante parecido com o de vocês, na verdade quase idêntico, porém não adoecemos, nosso sistema imunológico não concebe nenhum tipo de intruso, vamos dizer assim... Então não existe chance de passarmos alguma doença para vocês. – esclareci e eles pareceram entender e alguns até mesmo relaxaram um pouco, porém outros ainda possuíam olhos desconfiados.

Respirei fundo para nova remeça de perguntas que viriam, eu estava cansada, precisava de uma cama urgentemente.

- Mas então o que aconteceu com a senhora? – perguntou um dos repórteres desconfiados.

- Minha esposa teve uma visão do futuro, e esse tipo de poder para qualquer ser como nós exige muita energia, não é um poder que se possa controlar. – explicou meu marido e suspirou ao encontrar os olhares descrentes de muitos ali. – Sei que ainda é difícil acreditar em tudo o que dizemos, mas tenham a certeza que não estamos mentindo...

- O que houve com o senhor para voltar com suas roupas... Prejudicadas? – perguntou um repórter que aparentava ser de um jornal sério.

- Problemas com um vampiro. – respondeu simplesmente e nesse momento os repórteres ficaram um tanto quanto sem fala.

Acho que estavam processando em suas mentes o que Dan havia acabado de dizer.

- Acho que devemos agradecer a esse vampiro pela belíssima visão que nos proporcionou. – disse uma das repórteres com um sorriso malicioso.

Meu marido corou nitidamente e sorriu envergonhado em quanto os repórteres riam discretamente e eu olhava mortalmente para Dan.

- Você vai dormir no sofá. – avisei sorrindo sem mostrar os dentes e então dei as costas e andei tentando sair da muvulca de pessoas que riam da cena.

- O QUE? – o ouvi exclamar atrás de mim, não pude andar mais de dois passos já que em segundos ele estava em minha frente.

“Porque isso?” – perguntou-me por pensamento.

“Você não tem nenhuma noção Dan! Tem idéia de quantas capas de revista você estará estampado com a barriga de fora? Quantos vídeos no youtube? Quantas comunidades no Orkut do tipo ‘eu lavava roupa no tanque do rei’?” – perguntei bufando e cruzando os braços no peito.

Dan sorriu largamente me fazendo ficar com mais raiva do que eu já estava.

- Você. Está. Se. Contorcendo. De. Ciúmes. – disse ele pausadamente e dessa vez fui eu quem corou.

- Não estou com ciúmes! – disse emburrada e desviando o olhar.

- Não... – provocou.

- Não sou eu a ciumenta da relação. – disse erguendo uma sobrancelha e ele ainda sorria largo.

Bufei e voltei a andar em direção a saída, mas antes que eu pudesse reagir fui pega no colo por meu marido, olhei-o sem entender.

- Será que você ainda não pôs na sua cabecinha que eu só tenho olhos para você? – não pude deixar de sorrir com sua feição tão sincera e linda. – Que é você que eu amo.

- Não precisava me pegar no colo para me dizer isso. – disse brincalhona.

- Oh, não te peguei no colo por causa disso... É que você desmaiou há pouco tempo e há essa hora deveria estar descansando... Então aproveite meu bom humor. – explicou-me sorrindo torto e andando em direção a porta.

- Eu te amo. – sussurrei perto de sua boca e então o beijei delicadamente.

Sorrimos cúmplices e então Dan correu em alta velocidade para o hotel onde estávamos hospedados.

POV Charlie

O avião atrasou algumas horas e por causa disso cheguei à casa de Bella por volta das quatro da manhã.

Usei a cópia da chave que eu possuía e entrei, todos já deviam estar dormindo a essa hora... Grande erro. Com minha audição apurada escutei um bater de coração acelerado e um choro contido. Corri em direção ao som e quando cheguei ao corredor vi Bella de joelhos no chão. Ela espremia os olhos se contorcendo em dor, as duas mãos em seu peito como se aquilo impedisse que seu peito se partisse. Sua face estava molhada com tantas lágrimas que já deviam ter escorrido.

Corri em segundos até ela e me ajoelhei ao seu lado puxando-a para o meu colo, ela nem se quer mexeu-se, continuava encolhida como se eu não tivesse mexido em seu corpo.

- Bella? O que está sentindo? – perguntei preocupado.

Escutei seus dentes rangendo e tenho certeza que era para conter um grito de dor. O que estava acontecendo com Bella agora não era emocional, era físico e isso estava me deixando desesperado.

- Bella, por favor, minha filha, diga o que está sentido para que eu possa ajudá-la. – pedi tentando manter minha voz calma.

Eu estava a ponto de correr até minha mala e aplicar um calmante, mas antes que eu o fizesse o corpo da princesa moveu, e agora ela me abraçava forte e soluçava em meu ombro. Suspirei aliviado, pelo menos a crise havia passado.

Levantei com ela no colo e me dirigi até a sala, sentei no sofá e a aconcheguei em meus braços fazendo carinho em suas costas.

- A dor passou? – perguntei e ela assentiu fungando.

Distanciou um pouco a cabeça de meu ombro e me olhou nos olhos.

- O que aconteceu Bella? – perguntei suavemente.

- Eu... Não sei... Estava vindo para a cozinha pegar um copo d’água quando essa dor no peito começou... Eu... Eu não sei o que aconteceu. – explicou-me entre soluços.

- Shhi... Tudo bem, agora já passou. – voltei a abraçá-la em quanto ela tentava se acalmar. – Farei que nem quando você era criança e tinha pesadelos ruins. – murmurei em quanto a embalava e cantarolava uma antiga cantiga de ninar.

Bella foi se acalmando e finalmente adormeceu em meus braços. Suspirei. Eu gostaria de ter o poder de fazer com que as dores e as tristezas desaparecessem... Ter o poder de fazer aparecer pelo menos mais uma vez o lindo sorriso de minha pequena.

POV Edward

Eu não agüentava mais... O desespero que eu sentia doía fisicamente... Mas o que me doía mais era pensar em minha família, por eles eu agüentei tanto tempo... Eu sei que irão me odiar por isso, mas eu não agüento mais.

Não agüento.

A imagem de Bella apareceu como um fantasma atrás de Victória. Ela me olhou tristemente, mas ao mesmo tempo ela transmitia compaixão como se estivesse entendendo o que eu estava prestes a fazer. Vendo suas lágrimas escorrerem em sua face tão delicada a culpa me tomou por completo. Eu não podia fazer isso.

Desculpe Bella... Me desculpe por favor.

Senti meu corpo tremer com meus soluços desesperados, e tenho certeza que se eu fosse humano estaria derramando rios de lágrimas.

POV Alice

- Deus! – exclamei com o lampejo de minha visão.

- Alice o que viu? O que houve? – perguntou Jasper preocupado com a corrente de sentimentos que passavam por mim neste momento.

Nós estávamos no meio de uma caça quando essa visão apareceu. Apenas um fleche, como se fosse uma foto, um décimo de segundo, mas foi o suficiente para que diversos sentimentos me assombrassem.

Alegria, medo, arrependimento, tristeza, horror, decepção e o principal de todos: confusão.

- Alice! Você está me assustando o que você viu? – perguntou Jazz me sacudindo pelos ombros.

- Eu vi Edward. – Jazz paralisou com as minhas palavras. – Com os olhos vermelhos. – completei.

Minha voz estava assustada e Jazz tinha o mesmo sentimento estampado no rosto.

- Tem certeza que era ele? Não era o humano? O neto de Edward? Alice você mesma disse que Edward está morto. – meu amor estava atônito assim como eu.

- Era Edward eu tenho certeza.

POV Edward

Victória sorriu e soltou o gato no chão que correu para fora. A vampira se aproximou com seus passos de felino.

- Vai mesmo aceitar? – perguntou com um sorriso de escárnio, mas de repente sua feição mudou e agora ela demonstrava raiva.

Ela soltou um rosnado, seus olhos estavam sem foco. E como se aquilo não tivesse acontecido o sorriso voltou aos seus lábios. Mas agora seus olhos não conseguiam esconder a raiva que ela sentia.

- Sabe Edward... Você vem sendo difícil de convencer... Nunca pensei que aceitaria a minha proposta... Então ontem eu enviei um vampiro, eu gostava dele, era meu vampiro de maior confiança e estava se tornando um cara bom de cama... – sorriu ela pervertidamente.

- Não quero saber de suas aventuras amorosas. – disse seco, impossível soar de outra maneira do jeito que minha garganta ardia.

Meu choro havia cessado, eu me sentia mais morto do que nunca.

- Não me interrompa. – disse ela rudemente com um sorrisinho raivoso nos lábios. – Voltando a minha história... Eu mandei que ele pegasse a princesa... A pequena princesa Nessie... É esse seu nome, não é? – suas palavras eram provocativas e maldosas e fez minha raiva subir.

- Não ouse tocar em minha filha! – gritei rosnando e ela sorriu contrariada.

- Não está em condições de exigir nada! – devolveu seriamente e eu rosnei novamente.

Agora sua face demonstrava a mesma raiva que mostrou há pouco.

- Eu mandei que Riley a trouxesse aqui para servir de incentivo ao papai, mas parece que sua querida esposa o matou! Ela se atreveu a matar mais um parceiro meu! Ela está pedindo vingança e eu já sei exatamente como irei fazê-lo, e não será te controlando como eu queria antes, será pior! Ela irá sofrer o que eu sofri quando perdi James, e irá sofrer por eu ter perdido Riley também! Ela saberá o que é perder o amor de sua vida! – gritava ela descontrolada.

- Você não sabe o que é amor... Não sabe o que é sentir amor... Nunca soube... E se continuar assim, nunca sentirá. – murmurei olhando diretamente para seus olhos vermelhos.

Victória rosnou para as minhas palavras e eu via em sua mente que ela lutava para não acreditar na veracidade delas.

- Morrerá de cede vampiro nojento. – disse ela e então sumiu como um borrão em minha frente.

POV Bella

A claridade invadiu meu quarto, eu estava deitada em minha cama, o cobertor me embrulhava como se eu fosse um grande bombom, exatamente da mesma forma de quando eu era criança. Então me lembrei do que aconteceu ontem. Eu realmente não entendi o que aconteceu. Eu estava bem, na medida do possível, e de repente uma dor muito forte dominou meu peito.

Senti uma angustia e então desespero, tristeza, dor, cansaço e culpa.

E depois desse acesso o meu peito foi se acalmando, como se cada sentimento fosse indo embora pouco a pouco.

Saí da cama e após um banho rápido fui em direção a cozinha. Charlie fazia uma omelete tranquilamente. Hoje é domingo então deixarei que as meninas durmam por mais um tempo.

- Bom dia. – disse baixinho e meu velho pai que eu estava com tantas saudades virou-se sorrindo, porém ele possuía olhos preocupados.

- Bom dia, como você está? – perguntou-me voltando seu olhar para a omelete.

Aquela não era uma simples pergunta feita por educação, Charlie queria saber se eu estava melhor depois de tudo o que aconteceu ontem. Puxei a cadeira da mesa e sentei-me suspirando.

- Eu não sei... Me sinto estranha, por que eu realmente não entendi o que aconteceu ontem. – respondi brincando com o guardanapo.

Meu pai ficou em silêncio e o único som que pairava era a omelete fritando. Alguns segundos depois ele a colocou em um prato e o pôs em minha frente.

- Você precisa se alimentar direito, está emagrecendo. – disse ele em seu tom paterno e então sentou a minha frente.

- Sabe que eu não emagreço e nem engordo, já cheguei à idade adulta Charlie, meu corpo não muda mais. – disse sorrindo fracamente.

- Então o avise sobre isso. – meu pai tinha um tom falso de braveza, mas sei que isso era para conter a preocupação que os seus olhos transpareciam.

- Senti sua falta. – murmurei.

- Eu também Bella. – seu tom amoroso e então se tornou divertido quando ele completou. – Eu já havia esquecido a sua teimosia e seus truques para evitar certas coisas... Então pare de me enrolar e trate de limpar o prato!

Sorri fraco e tratei logo de comer antes que o vampiro a minha frente batesse a omelete no liquidificador e colocasse em minha goela abaixo com a ajuda de um funil.

POV Bernardo

Acordei todo torto depois de passar a noite no sofá, o dia já estava claro e eu estranhei minha avó não ter vindo nos acordar mais cedo. Denis dormia no chão, um cobertor estendido sobre ele e uma poça de baba em baixo de sua cabeça... Ele roncava feito um trator e não faço idéia de como eu consegui dormir com essa serra elétrica ligada a noite inteira.

Bocejei me espreguiçando e a conversa que eu ouvi ontem a noite voltou a minha mente. Duvidas e mais duvidas rondavam minha cabeça, mas foram atrapalhadas por um afogamento em baba...

Denis deu aquela famosa afogada no ronco o que me fez rir alto. Peguei uma das almofadas do sofá e taquei nele que pulou assustado.

- Qualé? Me deixa em paz! – reclamou ele emburrado.

O legal de acordar Denis é que ele nunca consegue dormir novamente depois que desperta... Bom isso era um problema quando eu queria dormir e ele havia acordado, nesse caso ninguém dormia... Só que ele ficava de bom humor e eu não.

- Levanta folgado! – gralhei e finalmente ele me olhou emburrado.

- Fala! – disse Denis com raiva e finalmente prestando atenção no que eu queria falar.

- Cara ontem foi muito estranho. – comecei e a expressão de raiva de meu amigo sumiu e ele logo estava interessado no assunto.

- Pensei que havia sido só eu que tinha percebido... Tipo, o que foi a seção recordações de sua avó e a professora?

- Eu não faço idéia... Mas aconteceu uma coisa mais estranha ainda antes da professora ir embora.

- Nossa nem vi, eu estava no quinto sono.

Ele sorriu como se lembrasse de algo bom, ignorei e continuei a contar.

- Eu também estava, mas quando ela estava indo embora eu acordei, mas não abri os olhos, fingi que ainda estava dormindo... E escutei uma conversa muito estranha... Minha vó dizia algo como “eu sou grata por ele ter me dado Bernardo” e depois ela pediu para que a professora Cullen cuidasse de mim quando vovó não fosse mais presente... E o mais estranho ainda foi que a professora disse assim: “ele pode não ter meu sangue, mas tem o sangue de Edward, ele já faz parte da família muito antes de imaginarmos sobre a sua existência”.

- Quem é Edward? – perguntou Denis com a testa franzida.

- É o tio da Bruna... Marido da professora...

- O cara que se parece com você?

- Esse mesmo, mas seria bom se ele apenas parecesse comigo... A Bruna me mostrou uma foto e cara... Eu fiquei assustado.

Ficamos em silêncio por um momento.

- Eu estou achando que sou adotado. – murmurei e Denis revirou os olhos.

- E eu estou achando que você teve um belo de um sonho. – revidou sorrindo.

- Deixa de ser otário! Se fosse sonho eu não estaria te contando!

- Ei! Relaxa aí! É que só achei essa história meio sinistra. – defendeu-se e eu me joguei novamente me deitando no sofá.

Minha avó receberia um belo de um interrogatório.

POV Bella

Contei a Charlie sobre Bernardo, contei toda a história e ele surpreendeu-se com o fato de eu ter sido um anjo... Bem, essa era uma história que eu guardava só para mim. Nem Edward sabia dela, quer dizer ele apenas não lembrava já que suas memórias humanas eram foscas e fracas... E justamente por isso entendia perfeitamente o fato do meu marido ter um filho fora do casamento... Pensando assim é meio cômico e ciumento, mas eu realmente estou tranqüila quanto a essa questão.

Meu pai foi preparar o café da manhã das meninas que em breve iriam acordar, em quanto o fazia ele disse que voltaria a morar comigo que havia cansado da política e mesmo querendo estar ao lado de Dan ele deveria deixar seu filho seguir seus próprios extintos, os quais ele já seguia muito bem.

Contou-me como andavam as coisas com os governantes e com a população mundial a nosso respeito e a respeito dos vampiros. Parecia que as coisas estavam começando a se acalmar, mas sua experiência dizia que aquilo era apenas um pressagio de mais problemas.

Suspirei me lembrando do ocorrido de ontem à noite e Charlie logo me tirou de meus devaneios.

- Sabe... Quando eu estava tentando acalmar seu choro você disse algumas coisas...

- Que coisas?

- Não sei bem o que você queria dizer, mas você disse: “Não faça isso comigo”, “Por favor, seja forte” – franzi minha testa, eu realmente não me lembrava disso. – Não lembra? Tem idéia do que significa?

- Eu sinceramente não sei... Não sei o que essas frases querem dizer e também não sei por que as disse.

Nosso assunto foi interrompido por duas meninas gritando e correndo de encontro ao avô.

POV Bruna

- Ai! – exclamei assim que acordei, ou melhor, fui acordada já que Ness tinha resolvido brincar de cama elástica logo de manhã... E eu era a cama elástica!

- Acorda Brubs... – disse ela em cima de mim com um sorriso brincalhão lembrando-se do novo apelido que eu recebera de meus amigos.

- Fala sério baixinha, você me acordou de um sonho com o Ian Somerhalder... – puxa estava tão bom...

Nessie riu da minha cara e eu me vinguei com uma travesseirada em sua cabeça. Minha prima gargalhou e me puxou para irmos tomar o café da manhã.

Eu ainda estava de pijamas assim como ela, mas a diferença era que o meu era cheio de estrelinhas amarelas na calça e uma menininha sentada em cima de uma lua crescente na camiseta e o de Ness era um macacãozinho super fofo, ele era branquinho cheio de morcegos em cor lilás... Meio sombrio, mas lindo... Tudo o que minha prima usava se tornava fofo!

Descemos as escadas brincando, mas assim que chegamos à cozinha gritamos em um uníssono.

- Vovô! – corri em sua direção assim como minha prima e nos jogamos no colo do vampiro.

Charlie nos tirou do chão sem nenhum problema e nos abraçou carinhosamente.

- Hey minhas meninas estava com saudades! – disse ele rindo e então nos colocando no chão.

- Veio nos visitar vovô? – perguntou Ness sorrindo.

- Não Nessie, eu vim morar com vocês. – respondeu e nós sorrimos largo.

- Papai e mamãe também vão voltar a morar conosco? – perguntei entusiasmada, mas meu avô não respondeu da maneira que eu queria.

O vampiro me mostrou uma feição de desculpas.

- Sinto muito pequena, seus pais ainda não podem. – meu sorriso desmanchou por um momento, mas tratei de colocar um novo na cara, pois apesar disso eu ainda estava feliz com o fato de meu avô postiço voltar a morar conosco.

- No fundo eu já imaginava... – disse dando de ombros e controlando minha tristeza. – Eu vou trocar de roupa... Já volto. – disse virando rapidamente quando senti meus olhos enxerem d’água.

Corri para o meu quarto e com minha audição aguçada pude ouvir.

- Espero que Dan e Nati possam tirar umas férias logo, me corta o coração vê-la dessa forma. – disse minha tia.

Funguei limpando minhas lágrimas que teimaram em escorrer. Eu sentia tanta falta de meus pais, eles sempre foram presentes em minha infância, mas depois da luta em Nova Iorque eu fiquei como segunda opção em suas vidas... Pensando assim eu pareço uma garotinha mimada... Sei que eles se esforçam para sempre estarem comigo quando eu preciso, que fazem de tudo para me alegrarem, mas não posso evitar a saudade que sinto.

POV Alice

Concentrei-me para tentar visualizar meu irmão novamente, mas agora nada aconteceu, ou melhor, aconteceu como sempre, tudo o que eu via era preto, apenas um espaço negro. Era desesperador, pois minhas visões só apareciam dessa maneira quando a pessoa em questão não existia mais. Então como pode uma pessoa não existir e então existir e depois deixar de existir novamente? Pois era isso que minhas visões mostravam.

Até então eu tinha certeza que Edward estava morto, mas agora... Não tenho mais tanta certeza.

- Alice, amor, por favor, me diga o que está acontecendo? Por que se sente tão culpada? Edward está vivo? Consegue vê-lo? – perguntou Jazz me abraçando forte.

- Não Jazz... Não consigo vê-lo. – respondi apertando meu parceiro contra mim.

- Então o que foi a visão que teve há pouco?

- Era Edward, com os olhos vermelhos...

- Alice, Edward está vivo ou não?

- Não tenho mais certeza Jazz.

E realmente não tinha.

- É melhor não falarmos nada para os outros em quanto isso... Se ele realmente estiver morto sua visão servirá apenas como uma falsa esperança. – disse Jazz me mandando uma onda de calma.

Eu assenti concordando e então retornamos para casa.

POV Bella

- Droga tia! Pega mais leve! – reclamou Bruna quando a derrubei pela quinta vez no chão.

- Se alguém tentar te atacar pequena não pegará leve como eu estou fazendo. – disse puxando-a pela mão para que ela levantasse.

Minha sobrinha bufou.

Após o almoço resolvi iniciar as aulas de luta de Bruna. Claro que ela já sabia todo o básico, mas quando estamos frente a frente com nosso inimigo não basta apenas saber o básico, é preciso controlar seus sentimentos, seus impulsos... E esse era o maior problema de minha sobrinha.

Bruna é totalmente impulsiva, não pensa muito nas conseqüências de suas ações e isso em uma hora que você luta por sua vida não é uma coisa boa. Esse era o motivo que ela estava levando uma baita surra de mim.

Charlie e Nessie nos observavam e brincavam de lutinha, minha filha tentando atacar meu pai que a pegava pela perna a deixando de ponta cabeça, a baixinha gargalhava junto com o vampiro e eu não pude deixar de sorrir para cena... Mas meu sorriso foi interrompido por uma rasteira que me derrubou de costas no chão e minha sobrinha já estava em cima de mim tentando me imobilizar.

- Primeira lição tia: Nunca se distraia, seu oponente pode se aproveitar disso. – ela repetiu minhas palavras do começo da aula, seu sorriso zombeteiro.

- Segunda lição pequena: Em quanto estiver se gabando não afrouxe a imobilização. – disse para ela e antes que minha sobrinha absorvesse minhas palavras eu me libertei de suas mãos e rapidamente prendi seus braços atrás de seu corpo e a empurrei diretamente ao chão.

Bruna ficou de cara no chão e não conseguia se soltar.

- Esqueça suas mãos Bruna, concentre se no que está livre. – instrui e ela entendeu meu recado e usou suas pernas, para evitar levar outra rasteira soltei seus braços e me distanciei dela em um salto. – Muito bem! Por hoje é só pequena, amanhã a tarde trinamos mais. – parabenizei-a.

É claro que não usávamos toda a nossa força em treinamentos e muito menos lutávamos para valer. Pouquíssimas vezes nos machucávamos, mas sempre ficávamos cansados, exatamente como está minha sobrinha agora. Ela ouviu minhas palavras e então se jogou de costas ao chão respirando pesadamente, suas roupas estavam completamente sujas de terra e seu cabelo que a pouco estava preso em um rabo de cavalo estava quase em pé.

- Como consegue ser tão boa? – perguntou ela olhando para as nuvens no céu.

Aproximei-me dela e deitei ao seu lado. Ao contrario de Bruna eu estava em perfeitas condições e nem um pouco cansada.

- Experiência pequena... Alguns milênios a mais que você. – disse suspirando.

- Gostaria de ser tão boa quanto você tia.

- E eu gostaria de nunca ter precisado aprender a lutar. – murmurei suspirando.

Ficamos em silêncio fechei meus olhos apenas escutando os risos de minha filha e de Charlie brincando até que Bruna me perguntou.

- Tia, o Bernardo é parente do tio Ed não é? Como você conhecia a vó do Ber? Como ela conhecia você? E o que foi tudo aquilo ontem? – ela soltou rapidamente me fazendo sorrir suavemente.

- Eu não vou lhe contar pequena.

- Porque não?! – ela exaltou sentando-se e me fitou completamente confusa e com um resquício de mágoa.

Abri meus olhos encontrando seus dois orbitais azuis.

- Bernardo irá saber de tudo quando sua avó sentir-se preparada para contar a ele, creio que não demorará muito a acontecer... E Bruna, eu não vou lhe contar para não obrigá-la a mentir e muito menos omitir... Sei o quanto tem dificuldade para guardar segredos. – ela corou desviando o olhar. – E também sei que será muito difícil você mentir para ele, Bernardo tornou-se um amigo muito querido por você.

- Talvez tenha razão, mas tenha consciência que eu vou morrer de curiosidade. – disse ela seriamente e eu tive que rir.

- Revolucionará a medicina pequena. – disse me levantando em quanto ela revirava os olhos para a minha falta de preocupação.

Olhei para Ness e ela estava encardida com lama, exatamente no mesmo estado que Charlie. Os dois sorriam largamente após a brincadeira. Fiz negativo com a cabeça sorrindo para eles. Corri e joguei minha filha em meus ombros.

- Vamos tomar banho minha porquinha! – exclamei em quanto ela gargalhava.

[...]

- PUTA. QUE. PARIU. – gritou Bruna ao olhar o noticiário e ficar com as bochechas cada vez mais coradas.

- Olha boca mocinha. – tentei repreender, mas foi quase impossível segurar o sorriso.

- Por que o tio Dan está fazendo Streep tease na televisão? – perguntou inocentemente minha filha que estava deitada com a cabeça em meu colo.

Charlie gargalhou alto com a frase da pequena e minha sobrinha bufou ficando cada vez mais corada com os comentários da repórter. Fiz negativo com a cabeça.

- É bem a cara do meu irmão fazer esse tipo de coisa! Depois eu que não me preocupo com as coisas.

- Inacreditável! – exclamou Bruna bufando novamente e pegando o celular, discou rapidamente e antes mesmo de alguém falar do outro lado da linha disse. – Eu não posso ser líder de torcida por que vou expor meu corpo, mas quando o senhor troca de roupa na frente de 6,5 bilhões de pessoas está tudo bem! – disse entre dentes de modo irônico.

Charlie me olhou franzindo a testa e eu revirei os meus olhos. Meu pai deu de ombros e então eu perguntei a ele.

- Onde pretende trabalhar pai? Quero dizer... Não estou mandando você trabalhar, mas eu te conheço o suficiente para saber que na vai conseguir fiar parado em casa.

- Ainda não sei. – deu de ombros. – Quero encontrar algo pela cidade mesmo, quem sabe não viro aqueles médicos de antigamente que visitam seus pacientes em suas casas? - perguntou sorrindo.

- Não duvido que nessa cidade já não exista algum médico assim, afinal o hospital mais próximo está a 40 minutos daqui. – comentei fazendo cafuné em minha filha que agora já estava quase pegando no sono.

- Se esse médico existir entrarei em contato. – disse suspirando Charlie, franzi a testa.

- Há quanto tempo não dorme? – ele fez uma careta e eu revirei meus olhos. – Vá descansar Charlie, tem seu quarto nessa casa...

Meu pai suspirou mais uma vez e assentiu.

- Ok, vou descansar então... Deixe-me levar Nessie, eu a coloco para dormir. – Charlie abaixou-se e pegou minha filha no colo, ela estava quase se entregando ao sono, seu corpinho já estava molinho com o cansaço após tantas brincadeiras com o avô. – Acho que vai ter que cuidar de mais uma coisa hoje. – disse o vampiro com um sorriso divertido nos lábios olhando para Bruna que discutia com o pai ao telefone completamente indignada.

POV Bruna

- Uma coisa não tem nada haver com a outra Bruna. – disse papai do outro lado da linha com seu timbre de bronca.

- Como não? Papai você fez um Streep para as câmeras como a Ness disse! – retruquei brava.

- Não seja dramática pequena, você e sua mãe exageram em tudo. – reclamou com a voz mais calma e eu bufei. – Não haverá nenhum problema.

- O senhor só pode estar brincando com a minha cara! – me exaltei.

- Abaixe o tom para falar comigo Bruna! – me repreendeu sua voz voltando ao timbre de bronca.

Rosnei me controlando.

- Isso é tão injusto! Quer dizer que o senhor aparecer sem camisa na frente das câmeras e não há problemas, mas eu querer ser líder de torcida é algo fora de questão, já que o uniforme mostra as minhas pernas! Argh pai! O senhor está sendo totalmente injusto, tudo por causa de seu ciúme idiota!

- Pernas e barriga que eu sei! – disse ele como se aquilo fizesse grande diferença.

- Que seja! – bufei com seu tom totalmente ciumento. – Quando pai, quando que o senhor vai entender que eu não sou mais uma criança... – murmurei suspirando.

- Ou não! Já sei exatamente em que ponto você quer chegar! Nem comece com esse tom! – reclamou.

Antes que eu dissesse qualquer coisa tia Bella apareceu em minha frente com um caderno em mãos e então me mostrou o que ela havia escrito lá.

Será que tenho que te ensinar como dobrar seu pai?! Chame sua mãe, tenho certeza que ela ficará louca com o fato de você querer ser líder de torcida, louca no sentido bom.

Tive que rir com as palavras de minha tia.

- Do que está rindo? Sua tia não tem algo haver com isso tem? – perguntou e eu ri novamente em quanto tia Bella revirava os olhos e seguia para a cozinha.

- Pai posso falar com a mamãe? – perguntei e ele rosnou.

- Argh! A mesma tática de sua tia! – grunhiu ele e então eu pude ouvir minha mãe falando do outro lado. – O que foi amor, por que está bravo?

Por que eu tinha a sensação de que meu pai desligaria o telefone?

- Mãe posso falar com a senhora? – disse rapidamente antes que meu pai fizesse algo e ele iria fazer, pois grunhiu novamente.

- Oi meu amorzinho! Como estão as coisas por ai? – perguntou animada e eu podia jurar que ela estava revirando os olhos para meu pai que provavelmente está andando de um lado para o outro exatamente como sempre faz quando perde a linha.

- Oi mãe! As coisas estão indo... Estou morrendo de saudade! – disse manhosa enrolando a ponta de meus cabelos.

- Eu também estou com saudade minha filha, logo acharemos tempo para uma visita, eu prometo! – sorri radiante com a notícia.

- Jura?

- Claro! – soltei um gritinho de comemoração e ela riu do outro lado da linha.

Tia Bella acenou com a mão sinalizando um boa-noite em quanto fazia negativo com a cabeça e subia as escadas para se recolher. Sorri para ela agradecida.

- Mas então o que aconteceu para você conseguir, mais uma vez, deixar seu pai andando de um lado para o outro? – há! Não disse? Segurei o riso e fiz manha.

- Ah mamãe, acredita que umas amigas do colégio me convidaram para fazer o teste de líder de torcida?

- Ah! Sério? Que tudo! Você ficará linda no uniforme! – exclamou animada e eu ouvi meu pai bufar.

- Pois esse é o problema, o papai não quer deixar a tia assinar a autorização, ele diz que o uniforme é muito curto.

- Diga a sua tia que pode assinar, você pode sim Bruna, seu pai está de ciúme bobo para variar. – disse ela e eu comecei a pular sem parar.

- Obrigada mãe!

- Primeiro um uniforme curto, daqui a pouco chegará com um marmanjo cheio de tinta implantada no corpo, uma argola enorme no meio nariz, fedendo a álcool e maconha e dizendo “Olha papai esse é meu novo namorado!”

- Pelo amor Dan! Não viaja!

- Inacreditável! Governo todo um povo, mas em minha casa não tenho nenhuma moral com minha esposa e filha!

- Oh! Vem cá meu manhoso reclamão, deixe sua filha se divertir ela não fará na de errado. – escutei um som de beijos e...

- Ow! Por favor, vocês dois! Se vão começar de pegação pelo menos desliguem o telefone! – reclamei e escutei-os rindo e então fazendo barulhos estranhos. – Argh! Existem coisas que eu prefiro não imaginar! Não instiguem minha mente! Argh!

Eles riram e então eu desliguei o telefone antes que escutasse mais besteiras.

Corri feliz até o quarto de tia Bella e ela assinou a folha de inscrição que Maggie havia me dado quando comentará sobre o teste. Fui dormir com um sorriso imenso no rosto e rezei para sonhar com algum astro de Hollywood gostosão.

POV Charlie

Coloquei Nessie com cuidado em sua cama e a embrulhei nas cobertas. Ela se aninhou exatamente como sua mãe fazia quando era pequena. Beijei sua testa desejando-lhe boa-noite e fui em direção a porta.

- Vovô? – chamou com voz sonolenta.

- O que foi morceguinha? – perguntei baixinho com o apelido que dei a ela quando voltará do primeiro dia da escola.

Lembro-me que ela chegou em casa com suas mãos dadas a Edward que gargalhava de algo nos pensamentos de alguém. Nessie correu e se jogou em meus braços ela me olhou franzindo a testa e então começou a abrir a minha boca e olhar meus dentes, meu genro ria cada vez mais em quanto a pequenina tateava todo o meu rosto até que a pequena finalmente soltou a pérola “Vovô o senhor vira morcego?” eu comecei a rir e lhe respondi que não e perguntei quem havia lhe dito tal coisa, minha neta deu de ombros e então comentou que a professora estava contando algumas lendas folclóricas e disse que vampiros se transformavam em morcegos, depois desse dia apelidei-a carinhosamente de morceguinha.

- Me leva amanhã no colégio? – pediu e eu sorri.

- Claro.

- Promete? – eu ri e então lhe garanti.

- Prometo Nessie, agora durma, já está na hora.

Segui para meu quarto e deitei na cama após muitos meses, geralmente meus pequenos “turnos” de sono eram tirados pouco a pouco, mas ultimamente não estava conseguindo dormir... A preocupação não permitia.

Não que hoje eu estivesse menos preocupado que nos outros dias, mas me sinto ansioso com alguma coisa... Depois de certa idade começamos a perder a sanidade!

Bufei com meus pensamentos e joguei-me na cama logo pegando no sono.

POV Bernardo

Vovó fugiu de minhas perguntas por todo o domingo e tive a impressão que ela não queria responder minhas perguntas... Tive certeza disso quando ela me mandou pastar. Estava nervosa com minhas indagações, mas infelizmente não consegui descobrir nada ontem. Mas hoje assim que chegar em casa ela não vai escapar!

Estávamos sentados em cima das mesas da área aberta quando as garotas pararam de falar de repente. Elas olhavam em um ponto fixo atrás de mim e quando me virei deparei-me com nada mais nada menos que professora Cullen, Nessie, Bruna e um homem muito branco.

Ele aparentava ter uns 35 anos mais ou menos, cabelos castanhos escuros e andava de um jeito que sinceramente eu fiquei um pouco assustado. Ele andava com uma postura tão ereta que parecia militar, mas todo aquele receio que estava sentindo evaporou quando ele ergueu Nessie no colo brincando com ela. A criança parecia tão feliz no colo daquele estranho que não passava pela cabeça de ninguém que ele pudesse fazer mal a alguém.

Bruna também estava feliz e se pendurava no braço do homem, ela estava com um sorriso imenso nos lábios deixando seu aspecto mais lindo do que já era. Mas quando ela cruzou meu olhar mordeu os lábios e sua feição tornou-se preocupada, logo entendi por que.

Lembrei de sábado quando aquela loucura aconteceu comigo, tenho certeza que algo mais aconteceu além de eu ter simplesmente desligado. E a pequenina com suas mãozinhas de anjo me mostrando imagens, por que não, aquelas imagens não foram fruto de minha imaginação, tenho certeza que foi Nessie que me mostrou. Agora só me resta descobrir como ela fez isso...

Minha amiga despediu-se do homem lhe dando um beijo na bochecha e então veio em nossa direção.

- Oi gente. – murmurou ela corada com os olhares em cima dela.

- Fala Brubs! Como está? – perguntou Denis animado, todos os garotos deram oi, mas as meninas estavam vidradas ainda no homem.

- Er oi. – sussurrou ela.

Bruna ficou meio sem graça e ficou olhando o chão, até que finalmente Maggie disse em um fôlego só.

- Puta merda quem é ele?! – todos fitavam minha amiga em quanto ela corava cada vez mais.

- Não me diga que é seu pai? – perguntou Nicholas e ela fez negativo com a cabeça.

- É o marido da professora? – perguntou Denis e ela negou novamente.

- Ele é meu avô. – disse e as bocas foram se escancarando.

- Mas ele deve ter no máximo uns 35 anos. – disse franzindo o cenho.

- Oh! Sim, sim, mas é que... – Bruna começou a falar rapidamente se atrapalhando com as palavras e eu sinceramente achei muito estranha a sua reação. – Charlie não é meu avô biológico, quero dizer, meus avós morreram já faz muito tempo e deixaram meu pai e minha tia ainda crianças para o amigo deles, aquele homem com quem eu estava antes, cuidar... Ele tinha só 18 anos na época, por isso é estranho ele ser tão jovem e já ter uma neta da minha idade.

Todos assentiram quando ela terminou de contar a história, mas ela mordia os lábios de uma maneira que para mim foi claro que ela mentia sobre algo.

- Bom, se ele não é seu avô biológico eu tenho que dizer... Puta que pariu que homem gato! – disse Jasmim uma líder de torcida do 3º ano.

Meus amigos reviraram os olhos para as garotas que concordavam mutuamente. Olhei para Bruna tentando desvendar o que tanto ela escondia, mas ela apenas desviou o olhar e se encolheu. Bufei para mim mesmo, pelo jeito ontem foi o dia da minha avó me ignorar, hoje é o dia de minha amiga me ignorar. Legal! Mas ao contrario de minha avó, Bruna não me escapa!

- Preciso falar com você. – disse assim que me aproximei dela, a morena dos olhos azuis se encolheu e assentiu.

Ela me seguiu assim que comecei a me afastar de nossos amigos. Ignoramos as brincadeiras estúpidas dos outros.

POV Bruna

Eu sabia que Bernardo iria querer explicações, mas receio que ele não entenderá que eu não posso falar nada. Paramos de andar assim que estávamos distantes o suficiente de ouvidos curiosos. Olhei para meu amigo com olhos pedintes rezando para que ele entendesse meu olhar e não me pressionasse para contar qualquer coisa.

O clima entre nós estava tenso, ele me fitava com seus olhos verdes intensamente... O mesmo jeito que o tio Ed nos olhava quando estava escutando nossos pensamentos. Bernardo parecia querer ler minha mente.

- O que aconteceu comigo sábado? – ele perguntou sem rodeios.

- Na…

- Por favor, não minta Bruna, eu sei que alguma coisa fora do normal aconteceu. – ele me cortou e eu engoli em seco.

Merda, não posso contar o que eu sou, prometi que nunca mais deixaria escapar que eu era a princesa da Lua ou que eu era diferente... Por causa disso eu tive que me mudar muitas vezes durante minha infância... Eu e minha boca grande! Mas agora estamos a tão pouco tempo nessa cidade e já tem gente desconfiando de mim. Que merda eu não quero me mudar novamente!

POV Bella

- Ele realmente é parecido com Edward! – disse meu pai espantado após ver Bernardo.

- É sim. – confirmei dando de ombros.

Charlie me mandou um olhar preocupado e eu revirei os olhos para ele.

Com muita dificuldade deixamos Nessie em sua sala de aula, ela não queria largar o avô e pedia sem parar.

- Ah! Por favor, vovô, minha professora é legal ela não vai se importar de ter um aluno só um pouquinho mais velho que os outros. – nós gargalhamos com sua frase e meu pai falou amorosamente para ela.

- Tenho certeza que não morceguinha, mas o vovô precisa resolver algumas coisas lá em casa... – ele se aproximou de sua orelha e sussurrou como se eu não escutasse. – Vou fazer o almoço antes de vocês chegarem em casa, assim vai escapar das aventuras culinárias de sua mãe. – Charlie piscou de um olho só para ela que assentiu com a feição de quem tinha acabado de entender o paradoxo da viagem no tempo, o que me fez sorrir para ela e me esquecer da pegação no pé em relação a minha culinária.

O vampiro depositou um beijo na testa de minha filha e então ela entrou correndo no parquinho onde outras crianças já se divertiam.

- Ela está cada vez mais inteligente. – comentou quando nos distanciávamos de lá e eu sorri orgulhosa.

- Sim está.

- Eu acho que ela cresceu um pouco Bella... Não tenho certeza, preciso medi-la antes de qualquer coisa, mas tive essa impressão. – Charlie sorriu provavelmente com a alegria que meu rosto demonstrou.

- Eu realmente espero que sua impressão esteja certa. – murmurei com meus olhos nadando em lágrimas de felicidade.

Meu pai riu me abraçando de lado e esfregando meu braço em sinal de apoio. Suspirei e continuamos andando.

Meu coração ficou leve com as palavras do vampiro. Eu desejava do fundo de minha alma que Nessie voltasse a crescer. Sabe aquela história de que mães nunca querem que seus filhos cresçam? É totalmente furada, pois quando isso acontece ficamos completamente desesperadas.

Meus devaneios foram interrompidos por uma correria de alunos.

POV Bernardo

Bruna me olhava com cara de dor e mais uma vez me intrigou profundamente.

- Eu... Eu... Por favor, Ber, eu não quero ir embora de mais uma cidade... Não me peça para contar, eu não quero mentir para você. – disse ela nervosa gesticulando as mãos de um lado para o outro.

Sua voz estava tremida e seus olhos desesperados. Preocupado segurei suas mãos entre as minhas, Bruna estava com as mãos frias, ela parou de se mexer, mas agora seu rosto começava a mostrar sinais de choro... Ow eu não gosto de ver mulheres chorando isso me deixa nervoso...

- Hey se acalme! Não quero te pressionar, apenas me diga o que está acontecendo. – pedi olhando no fundo de seus olhos azuis totalmente preocupado com a sua reação.

Ela fechou os olhos e respirou fundo e então quando os abriu novamente eu só enxerguei verdade.

- O que aconteceu com você não foi normal, está certo quanto a isso... Eu sei que quer saber o que aconteceu, mas se você não quer ouvir mentiras, por favor, não me pergunte sobre isso... Eu não posso contar.

- Por que não? – minha voz soou como de uma criança mimada e eu fiz uma careta por causa disso.

- Por que se eu falar alguma coisa eu terei que me mudar assim como já aconteceu outras vezes e sinceramente eu cansei disso. – ela suspirou olhando para o chão.

- E quanto a Nessie?

Bruna ergueu a cabeça e novamente disse seriamente.

- Ela é uma criança especial, com um dom lindo... Se você está se perguntando se foi realmente ela que te fez ver alguma imagem, sim foi ela... Eu pedi para tirá-lo do transe.

- Então seja lá o que foi que aconteceu eu tenho que te agradecer. – disse sorrindo e ela suspirou com ar cansado e então sorriu levemente. – Não vou mais fazer perguntas quanto a isso... Mas se eu lhe disser alguma teoria e essa teoria for certa você confirmará? – suas mãos ainda estavam entre as minhas e eu as apertei mais e fiz cara de cão sem dono ela bufou.

- Droga, meu pai vai me matar... Ta, ta... Mas se acaso você descobrir terá que guardar segredo ouviu. – Bruna ergueu uma sobrancelha e eu assenti.

Eu soltei suas mãos e sorri feliz, já ela passou as mãos no cabelo nervosamente.

- Hey qual é, confie em mim... Se eu descobrir algo não direi nada, juro.

- Em você eu confio, eu não confio é em mim. – disse ela de forma sombria.

Ficamos em silêncio por alguns momentos apenas nos encarando... Eu estava louco para perguntar para ela se eu era ou não parente do seu tio, mas não queria pressioná-la mais do que eu já pressionei.

- Pergunte logo garoto. – disse ela sem paciência e eu ri envergonhado.

- Er... Sua tia e minha vó... – comecei, mas ela me cortou bufando.

- Disso eu não sei nada, minha tia não quis me dizer... E eu estou morrendo de curiosidade, ela disse que não ia me contar por que eu não sabia manter minha língua dentro da boca e te contaria antes que sua vó contasse e ela disse ainda que o certo é que ninguém se meta até que sua avó esteja preparada para te falar seja lá o que for. – explicou-me e eu assenti.

Pelo jeito terei que pressionar a minha vó mesmo.

Antes que eu pudesse agradecer Bruna por sua sinceridade uma correria chamou nossa atenção e alunos gritando “Briga!” saiam em disparada para o ginásio. Eu e minha amiga trocamos um olhar e então corremos seguindo o fluxo.

POV Bella

Com minha audição aguçada consegui entender que estava acontecendo uma briga no ginásio e quando eu e Charlie estávamos prestes a correr para lá meu pai levou um encontrão de uma professora.

- Oh!

Ele a segurou pelos braços antes que ela caísse, mas em vez de solta-la Charlie não desgrudou dela e agora eu via meu pai e a professora Lara se encarando, ouvia o coração da professora de biologia bater rápido e sua respiração estava acelerada.

Não ligaria muito para isso se Charlie também não estivesse, como posso dizer? Hipnotizado?

Não pude conter o sorriso em meu rosto, pois se for o que eu estou pensando nada mais me surpreende.

POV Charlie

Tudo em minha volta era silêncio, exceto o som do coração que batia rapidamente. A dona deste coração estava em minha frente e eu não podia acreditar que estava vendo aqueles olhos novamente.

Não pode ser já faz muito tempo, é impossível!

Mas o que é impossível nesta vida? Por Deus não podia ser ela! Mas... É. Dentro de meu peito um coração congelado há milênios sabe, e confirma minhas suspeitas.

Era a minha Renée, a minha companheira de milênios atrás ainda quando eu era humano... Sim era ela, mas ela estava diferente. Seus cabelos antes negros e lisos que caracterizavam sua origem indígena não estavam mais presentes, agora ela possui lindos cabelos loiros com ondulações que caiam feito uma cascata combinando magnificamente com seu rosto em formato de coração. O nariz antes achatado e miudinho agora é um pouco maior e rebitado o que acentuava ainda mais sua beleza. Porém os olhos... Ah! Esses sim não mudaram em nada. Naquela época Renée fora muitas fezes encarada como filha de Deuses, pois em uma tribo onde só existiam pessoas de olhos castanhos aos pretos e então nasce uma criança com olhos acinzentados só poderia ser filha de algum Deus.

Eu era de uma tribo vizinha e sempre fora encantado por aquela índia dos olhos acinzentados. Aproximei-me dela ganhando sua amizade e também o respeito de seu pai que comandava a tribo e em pouco tempo estávamos nos unindo em uma espécie de matrimonio. Alguns meses depois Renée engravidará estava de sete meses quando tudo aconteceu.

Três vampiros invadiram nossa aldeia, os homens lutaram para defender suas famílias, porém ninguém poderia lutar igualmente contra aqueles demônios que pouco a pouco se saciavam bebendo o sangue de cada um e quando finalmente estavam totalmente satisfeitos começaram a matar por diversão.

Eu e minha esposa estávamos escondidos em uma das ocas, eu a abraçava tentando a proteger de algo que eu não poderia combater. Ela ficou tão nervosa que começou a ter um sangramento e se desesperou. Tentei acalmá-la a todo custo, porém suas lamúrias foram interrompidas por um vampiro sedento que adentrou a cabana.

Nunca me esquecerei dele, e nunca o perdoarei pelo que fez. Em seus olhos havia insanidade, uma insanidade que mais tarde descobriria chamar La tua cantante. O sangue de Renée cantava para ele, era o sangue mais doce, o mais saboroso. Prevendo o que aconteceria fiquei a frente de minha esposa para protegê-la, mas foi inútil o vampiro estava sem qualquer controle.

Ele voou em cima de mim e a maneira mais fácil de evitar que eu causasse “problemas” foi me morder. O veneno entrou em minha corrente sanguínea e em poucos segundos eu estava no chão gritando agoniado tanto com a dor quanto com o fato de eu não conseguir salvar minha esposa e meu filho que ainda não nascera.

Durante toda a minha transformação eu fiquei de olhos abertos sofrendo vendo com cada vez melhor visão o corpo de Renée ao chão.

A dor de perdê-la e perder meu filho também foi gigantesca, por cerca de aproximadamente dois milênios tudo o que eu fiz foi ir atrás daquele vampiro, depois disso eu parei, pois em minha mente a imagem de minha esposa sempre tão boa e tão carinhosa fixou em minha mente e eu desisti da vingança.

Quando eu comecei a superar esta dor eu conheci os pais de Arthur que na época eram os reis da lua, me afeiçoei à família e até hoje estou nela. E a dor que tanto machucou nunca desapareceu, mas ficou guardada bem no fundo de meu peito e agora olhando novamente esses olhos acinzentados as lembranças vêm à tona como se tudo o que aconteceu tivesse ocorrido ontem.

Mas ao mesmo tempo em que a dor vinha a alegria aparecia em contraposição. Nunca pensei que amaria novamente. Sempre achei que era tarde de mais para isso, que sempre fora besteira da minha parte pensar nessas coisas.

Porém, agora, olhando para essa mulher a minha frente que de alguma forma eu sei que possui a alma de minha esposa eu sei que estive errado por todos esses anos. Nunca é tarde para amar.

POV Bella

Os dois pareciam hipnotizados um ao outro e se não fosse pela correria de alunos mais a frente eu os deixaria em seu momento, mas algo está acontecendo então...

- Ahãã... – pigarreei, mas não funcionou.

Forcei uma tosse louca e nada deles acordarem. Deus!

- Ahãã! – pigarreei mais alto e então os dois ao mesmo tempo saíram do transe.

Charlie largou Lara que levou a mão à cabeça completamente confusa.

- Er, Lara você está bem? – perguntei e ela finalmente desviou o olhar de Charlie para mim.

- Eu... Eu acho que sim... – gaguejou.

Olhei para meu pai e ele estava com uma feição de confuso, deixei que um sorriso brincasse em meus lábios, mas ele nem reparou. Voltei minha atenção para a professora de biologia.

- O que está acontecendo? Por que toda essa correria? – perguntei e ela deu um pulo.

- Oh Meu Deus! Está acontecendo uma briga no ginásio, o professor de educação física perdeu completamente o controle e está espancando um aluno! Eu não sabia o que fazer e então corri procurando ajuda e... – ela falava rapidamente com o olhar assustado quando meu pai a cortou.

- Onde fica o ginásio? – perguntou e então nós corremos naquela direção.

O professor de educação física se chama Júlio e é um verdadeiro brutamontes, do tipo virado em músculos. Nunca fui com a cara dele, pois tinha uma metodologia corram seus maricas de merda ou quebrarei suas pernas para darem valor a elas totalmente radical. Os alunos o respeitavam por puro medo e eu temi por quem o desafiasse pela primeira vez... Parece que isso finalmente aconteceu.

Ao chegarmos lá muitos alunos atrapalhavam o caminho, uma gigantesca roda formou-se em torno da briga.

- Saiam da frente! – gritei entoando minha voz de comando e os alunos fizeram o que eu mandei.

Rapidamente chegamos aonde à briga acontecia. O diretor estava louco de raiva e tentava a todo custo tirar Júlio de cima do aluno, mas mesmo com a ajuda de outros professores não foi possível. O desespero do diretor era maior do que o de qualquer um ali presente e só entendi quando reconheci seu filho Guto. Ele era o aluno que apanhava.

Desesperei-me, nada era pior do que ver um filho sendo ferido e não conseguir ajudá-lo.

Corri para ajudar um dos professores que levara um soco tentando parar Júlio. Era o professor de química, Noah. Ele cambaleou para trás e eu o puxei para fora da briga. Os outros alunos que não se atreveram a interferir estavam embasbacados e assustados. Passando meu olhar rapidamente percebi Bruna e Bernardo atrás de mim, os dois deram um passo para frente claramente querendo ajudar, mas antes que eles fizessem besteira estendi meus dois braços os parando.

Eles me olharam carrancudos, mas eu ignorei prestando atenção em Charlie que agora tentava se aproximar com dificuldades já que os humanos atacavam Júlio sem pensar e acabam levando socos.

Finalmente meu pai conseguiu se aproximar e em um rápido movimento segurou os dois pulsos do professor e os puxou para suas costas. Júlio se debatia sem conseguir mexer os braços, nesse momento Charlie o puxou para trás tirando-o de cima de Guto que estava completamente ensangüentado.

Meu pai perto do professor sumia, porém sua força era muito superior assim como sua inteligência. Charlie empurrou Júlio fazendo-o ficar com a barriga no chão, ele ainda prendia as mãos dele em suas costas e o agressor ficou completamente imobilizado o que não quer dizer que ele não se mexia.

Após um olhar doloroso de meu pai para o garoto ensangüentado eu sabia exatamente o que ele estava pensando. Guto estava muito ferido e precisava de cuidados médicos, precisava dos cuidados dele, porém não podia soltar Júlio.

Corri até Guto para afastar os professores que queriam removê-lo, nessas ocasiões não devemos mexer na vítima, pois mesmo querendo ajudar podemos acabar machucando-a ainda mais ou até mesmo matando-a.

Olhei novamente para Charlie e ele rosnou baixo.

- Não seja covarde grandão! Batendo em crianças? Fazer isso em minha frente não foi muito esperto da sua parte. – meu pai segurou-o com apenas uma mão e então com a outra apertou um nervo do pescoço de Júlio que instantaneamente desmaiou.

A enfermeira chegou correndo onde nós estávamos com uma maleta de primeiros socorros, mas abriu a boca assustada quando viu o estado de Guto.

Charlie deixou Júlio jogado no chão e correu até nós para ajudar o garoto. Ele pegou na maleta da enfermeira, que ainda estava paralisada, equipamentos para cuidar da vítima.

O diretor estava desolado vendo seu filho completamente machucado e eu rezei para que eu nunca tivesse que passar por isso. Assim que meu pai se aproximou ele o expulsou temendo que algo pior acontecesse a Guto.

- Deixe-me vê-lo, eu sou médico. – pediu o vampiro delicadamente e o diretor Joseph assentiu se distanciando.

Eu escutava o coração de Guto bater normalmente e sua respiração estava normal também. O que já era um grande alívio. O garoto então começou a abrir os olhos lentamente.

O clima a nossa volta estava tenso, o que antes era pura gritaria virara silêncio em quanto todos aguardavam o menino falar.

- Hey rapaz consegue me ouvir? – perguntou Charlie e Guto assentiu mexendo levemente a cabeça. – Me diga qual o seu nome?

- Guto. – respondeu fracamente.

- Oi Guto eu sou doutor Swan e preciso que me responda algumas perguntas para eu saber se está tudo bem com você ok?

- Sim.

- Muito bem... Quantos anos têm?

- 15.

- Ok, qual o nome de seu pai?

- Joseph Mellasu.

- Muito bem... Acompanhe a luz com os olhos. – meu pai pegou uma pequena lanterna da maleta e passou na frente dos olhos de Guto. – Ele está bem, não se preocupe não haverá nenhum tipo de seqüela, apenas alguns hematomas e cicatrizes... Apesar de todo o sangue os ferimentos não são tão graves, uns três dias no hospital para se recuperar e ele ficará bem. – disse Charlie agora olhando para Joseph que assentiu sem tirar os olhos do filho.

A enfermeira começou a limpar os ferimentos de acordo com o que meu pai havia lhe instruído.

- O grandão vai acordar em breve o que pretendem fazer?

- Demiti-lo e então mandá-lo para a cadeia. – respondeu Joseph com raiva e Charlie assentiu.

Logo a ambulância chegou assim como a polícia que levou Júlio, os alunos foram dispensados das aulas já que os professores estavam acabados depois de tentar segurar o agressor.

POV Bruna

Gente que loucura foi essa? Tudo bem que o professor Júlio sempre fora um pouco bravo, mas chegar a agredir foi demais não é?

Fiquei com meu vô em quanto esperávamos tia Bella buscar Nessie para irmos para casa. Ele estava muito pensativo fato que eu estranhei muito já que ele conversava muito comigo...

Meus amigos passavam por mim acenando um tchauzinho e olhavam um pouco receosos para Charlie já que ele estava sério demais.

- O que o senhor tem vovô? – perguntei e ele me olhou surpreso.

- Nada pequena... – desconversou.

Revirei os olhos ele não iria me falar nada mesmo.

POV Bernardo

Não fui o único a me impressionar com o modo como o avô de Bruna segurou o professor com tanta facilidade, era como se ele segurasse duas latas de refrigerante tamanha à facilidade. Sem dizer que os outros homens que tentaram segurá-lo ou foram socados ou desviaram, nenhum conseguia realmente chegar perto.

Esses pensamentos se foram assim que cheguei à sorveteria, vovó servia uma família.

Esperei que ela terminasse e agora eu me focaria em outra coisa.

- O que faz tão cedo em casa? – perguntou ela.

- Ouve uma briga feia no colégio e então todos os alunos foram dispensados. – disse simplesmente dando de ombros.

- Nossa! O que foi que aconteceu?

- Nada que já não foi resolvido vó. – disse querendo acabar logo com aquele assunto.

Vovó estreitou os olhos para mim e então eu perguntei de uma vez.

- Por que diabos eu sou tão parecido com um cara que tem o mesmo sobrenome que o meu?! Quem é ele vovó? Por favor, pare de me esconder às coisas! Quem eu sou afinal?

POV Bella

Esperava Nessie quando meu celular tocou.

- Alo?

- Alo Bella?

- Sim, quem é?

- É o Seth.

- Oi! Como está Seth? Como vai Rachel? – perguntei animada, mas ele me respondeu totalmente desanimado.

- Er, estamos bem, mas...

- O que aconteceu Seth? Sem rodeios, por favor.

- Billy... Faleceu há dois dias...

- Oh! Não acredito, Seth sinto muito, como todos estão? E Jake? – perguntei chocada com a notícia.

- Bem foi mais por causa dele que eu liguei... Estamos preocupados Bella, o enterro foi ontem, Jake fez questão que só fossem chamados o pessoal da aldeia e então depois ele simplesmente correu para a floresta, fomos atrás dele, mas ele ordenou que parássemos de segui-lo e que de agora em diante eu era o novo Alpha... Não fazemos idéia de onde ele tenha ido então eu pensei que talvez ele tenha te ligado ou sei lá...

- Oh Seth eu realmente gostaria que ele tivesse me ligado, mas não... Eu não falo com Jake já faz alguns meses.

- Tudo bem Bella, eu imaginei... Se tiver alguma notícia, por favor, me ligue.

- Claro Seth e você faça o mesmo viu.

Desliguei o telefone com o coração apertado. Jake meu amigo eu sei o que você está passando, conheço essa dor, mas não faça nenhuma besteira, por tudo o que é mais sagrado!


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Notas finais do capítulo

Uhuuuu suspense... kkkk... Acho que esse capítulo teve um pouquinho de tudo né? Espero que tenham gostado :D Gente não posso deixar de agradecer todos os comentários que ando recebendo, elogios que eu penso não merecer! Muito obrigada pelo carinho e apoio de vocês, pois são vocês que me erguem para continuar! Não deixem de dar seu pitáco no capítulo viu? Beijinhos até o próximo.