Percy descreveu como e o que ele pensou em cada determinado momento da história. Eu, pessoalmente, ri bastante quando ele chegou a parte que deu oi ao poodle. Mas,depois, por algum motivo que não consigo entender, o tempo passa e o tempo passou. Logo estávamos nos despedindo.

Tomei um banho e fui dormir. Graças ao tempo que eu ficara com Nico e o tempo com Percy não tive pesadelos.

Acordei com Mellanie me puxando.

– Acho que tem alguma coisa errada com o navio,Selena!– Eu pulei da cama troquei de roupa mais rápido do que eu acharia possível escovei os dentes mais rápido ainda e sai penteando o cabelo com Mellanie em meu encalço.

Corri pelos corredores de madeira antiga do navio. Apesar da madeira ser antiga, ela reluzia como nova com seus detalhes em ouro. O único lugar do navio que parecia realmente novo eram os banheiros das suítes que eu agradecia aos deuses por isso. Peraí, eu falei deuses? Viu? É isso que dá descobrir ser uma meio-sangue.

Enfim, até que cheguei na frente do navio. Annabeth veio para cima de mim.

– Selena, por favor, ajude o Percy, ele está lá embaixo! Faça alguma magia!

– Ãnh, desculpe, Annie, mas eu sou uma bruxa não sei absolutamente nada sobre mecânica.

Annabeth me soltou com um gemido.

– Mas eu vou lá embaixo. Quem sabe eu possa ajudá-lo em algo.

– Por favor, vá!

Eu corri até o andar de baixo. Lá eu vi Percy, Nico e Grover tentando consertar o navio. Estava muito quente e eu fiquei nervosa por isso. Devia estar uns quarenta e cinco graus, fácil, e aumentava a cada instante. Assim que percebi isso executei o feitiço congelar chamas.

– Como está indo?

– Nada bem. Queria ter Tyson por aqui.– Disse Percy.

– Não vou nem comentar que eu não faço a mínima idéia de quem é Tyson.

– Se sobrevivermos eu te explico.

– Também queria que Tyson estivesse aqui– Disse Grover.

De repente, eu ouvi um barulho.

– Deve ter algum monstro atacando.  Vá para cima Selena, eles vão precisar de você.– Disse Percy.

Mas quando eu ia correr meu cabelo se prendeu em uma das máquinas. Nico viu e se levantou para me ajudar. Quando eu finalmente consegui sair eu disse;

– Obrigada,Nico.– Eu olhei em seus olhos ao dizer isso.– Eu vou resolver essa questão depois.

Nico fez cara de quem não tinha a mínima idéia do que eu queria dizer mas acenou com a cabeça e voltou a trabalhar.

Eu subi correndo e vi uma pássaros de bronze com olhos de rubi atacando o navio.

– PASSÁROS DA ESTINFÁLIA– Annabeth gritou.

Eles estavam quase arrancando pedaços das meninas então perguntei:

– E como nos livramos deles?

– Com o barulho mais horrível que conseguir!

Eu vasculhei na minha memória procurando por um feitiço e gritei:

– Sonorus Oribil!!!

Tampei os ouvidos pois um som terrível e mais alto do que eu poderia descrever começou a tocar. Era como um grito de milhões de pessoas. Lembrei que era exatamente como o coro de fantasmas de Hogwarts no último aniversário de morte do Nick-Quase-Sem-Cabeça. É, parece exatamente com isso.

Mas funcionou por que os pássaros fugiram de imediato com isso. Sinceramente, eu também fugiria com esse som.

De repente ouvi um barulho e Nico, Percy e Grover vieram correndo para a proa do navio. Eles se juntaram a mim,Mellanie, Sophie e Annabeth e quando vi estávamos pulando para fora de um navio em chamas.

Lembro-me de hipocampos terem aparecido do nada e de Percy ter colocado-nos um em cada hipocampo e ter conjurado bolhas de ar para nós. Logo após uma dor forte na cabeça e muito sangue. Mas depois disso só me lembro de ter apagado.

Quando acordei estava em um quarto azul debaixo d’água com nereidas a minha volta colocando alguma coisa na minha testa. Me levantei com cuidado me sentindo muito melhor.

– Er, onde... Onde eu estou?– Perguntei.

– No palácio de Poseidon.– Disse Percy, entrando no quarto. Estava com aparência de quem tinha tomado um banho.Tinha vestes novas, mas elas eram contemporâneas e ao mesmo tempo antiquadas. Com elas, Percy parecia um príncipe.

Com medo, olhei para meu corpo. Gritei, chocada.

No lugar onde deveriam estar minhas pernas, uma cauda de peixe azul celeste e dourada imponente descansava suavemente.

– Tivemos que fazer isso. Você se machucou muito. Um pedaço de madeira do navio bateu na sua cabeça. Nem vou comentar nada sobre sua sorte. Até por que acho que se você tivesse a minha sorte podia ser pior. Enfim, como filha de Poseidon você se recuperaria melhor na água se estivesse nessa forma, mas não se preocupe você vai voltar ao normal.

Assenti com a cabeça. Olhei para o resto de meu corpo. Estava usando um top azul brilhante envolvido por tecidos azuis detalhados em ouro tipo uma indiana.

Balancei a cabeça com isso,mas não disse nada.

– Mas... E os outros? Estão todos bem? E Annabeth, Mellannie, Sophie, Grover  e... e Nico?

Percy me olhou como quem foi obrigado a dar uma má notícia.

– Bom, Selena... Bem, venha ver com seus próprios olhos.

Mau sinal, pensei, mas segui ele. Fiquei surpresa quanto a cauda me servia bem. Eu nadei bem com ela, quase acostumada, como se ela estivesse ali o tempo todo.

Quando passamos pelo corredor do castelo vimos de tudo. Peixes, Nereidas, tritões, tartarugas, hipocampos e etc. Se você tá pensando que eles são que nem a pequena sereia está errado. Tudo por que, os tritões, sereias – macho se preferir, são azuis. É, isso aí, azuis. Mas todos os seres tinham algo em comum. Todos se curvavam quando passávamos. Veja bem, como sou filha de Poseidon, eu ouço o que os animais subaquáticos pensam, mas entre tudo, esse fato é um dos menos bizarros na minha vida, então nunca me preocupei muito com isso.

  Todos estavam ajudando a contruir as paredes do castelo, que por algum motivo parecia ter sido atacado, mas quando perguntei sobre isso a Percy, ele disse que era uma longa história.

Chegamos a um quarto com uma cama. Fiquei feliz por saber que era o único lugar onde existia ar seco. Assim que entrei no cômodo meus pés voltaram. Na cama, coberto por alguns tecidos, estava Nico, que tinha uma grande e sangrenta ferida no peito e no braço.

Eu corri até ele.

– O que houve com você?– Eu perguntei chocada.

– Nem todos podemos nos transformar em sereias para melhorar nosso estado.– Nico disse, quase sem voz, com um sorriso forçado.

Olhei angustiada para o corte de Nico. O olhar de Percy me dizia que se não melhorasse, Nico iria...

Mas eu não podia pensar nisso.

Eu não podia perder a única pessoa que já amei nesse sentido.

Foi aí que eu percebi. Eu amava Nico.

– Não sei o que houve direito. No caminho para cá, algum monstro venenoso atacou ele. Não fazemos a mínima idéia do que foi, e Nico também não viu. Ele diz que só soube que algo aconteceu por que de repente estava com dor até a alma.

Eu estava desesperada.

– Houve uma parte da profecia que você não falou,né, Selena? – Perguntou Nico. Era verdade. A parte do traidor e a morte, eu não falei. Não agüentaria ir numa missão se soubesse que havia um traidor entre nós, muito menos um marcado para a morte.

As linhas latejavam em mim. O inocente deverá perecer! O inocente deverá perecer!

Peguei minha varinha e a bolsinha de contas.

– Pode me dar um pouco de Néctar, Percy?

– Não coloque mais, nós já tentamos.

Olhei em seus olhos,suplicante.

– Por favor, Percy.– Eu abaixei o tom e sussurei em sua orelha: – Eu... Eu me decidi. Eu... o amo, Percy. Por favor.

Percy olhou a suplica em meus olhos com muita pena. Ele me deu o Néctar.

– ÁNESIII!!!!!!!!!!!!

Uma Fênix veio para minha mão.

– Percy, pode, por favor, sair? Eu vou ver o que posso fazer como bruxa.

Percy assentiu e saiu.

Olhei para os olhos brilhantes da Fênix. Segura em meu braço, mostrei a fênix o estado de Nico.

Segurando as lágrimas eu disse a fênix:

– Nico, está morrendo, Ánesi.– Minha voz falhou no final.– Me ajuda. Por favor. Me ajuda.

A Fênix por si não se segurou e chorou. Com uma oração de agradecimento a todos os deuses que conhecia, eu segurei um frasquinho por baixo de seu bico.

Misturei com um frasco de Ditamno e umas gotas de Néctar.

Murmurando feitiços, coloquei a poção nas feridas de Nico.

Nico de imediato melhorou. Suas feridas sumiram. A cor voltou a seu rosto.

Pela primeira vez percebi que estava sem camisa.

Nico se levantou, impressionado.

Eu também me levantei.

Estávamos olho no olho. Eu olhei para ele, centímetros mais alto que eu, e o beijei.

Foi longo, doce, maravilhoso e correspondido. Ao abrir os olhos para me separar de Nico, reparei que seu olhos também estavam fechados, e em sua mão em minha cintura.

– Selena, eu...

– Não fala nada. Só... responda. Você gosta de mim Nico? Você me... quer?

– Mais do que qualquer outra pessoa.

– Isso basta.

– Selena, estou confuso, isto quer dizer que estamos namorando?– Nossos rostos ainda estavam colados e era uma sensação muito boa ter seu hálito fresco e doce em meu rosto. Seus olhos negros mostravam a mais pura alegria e mais ainda daquilo que não reconheci aquela vez. Acho que sei o que foi.

Eu sorri.

– Não sei. Nunca beijei ninguém para saber.

– Nem eu. Me lembre como é, por favor.

Eu sorri ainda mais e o beijei de novo.

– Agora sou eu que estou confusa, Nico di Ângelo. Está me pedindo em namoro?

– Se estiver, qual seria a sua resposta?

Eu o beijei.

– Aceito.

– Vamos, se Percy vir isso ele vai me assassinar.

Concordei ao me sentar na cama, mas segurei sua mão bem forte sobre a minha.

Na minha cabeça pensei para Percy, sabendo que ele poderia me ouvir, uma vez estando no mar,Vem cá, Percy! Vem ver o que eu consegui fazer com alguma ajuda da Ánesi.

Esperei, ainda de mãos dadas a Nico. Mas quem entrou não foi Percy.

Quem entrou foi um homem bronzeado, de cabelos negros e olhos iguais aos meus e os de Percy.

Poseidon. Quem entrou foi Poseidon.