The Reason escrita por Princess


Capítulo 24
Face it: you care


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui gente, ^^ Desculpem a demora e os erros de português, satisfações lá embaixo : )
Aproveitem o capítulo, ;]



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Scorpius Malfoy

Às vezes temos que fazer pequenos sacrifícios para poupar grandes sofrimentos... Eu já ouvi essa frase antes, mas não conseguia me lembrar de onde e nem quando, mas ela me acompanhou enquanto eu andava em direção à sala de Minerva McGonagall. Meu pai estava ao meu lado, para me apoiar (ou não) na decisão que eu havia tomado.

As enfermeiras haviam nos obrigado a dormir na enfermaria essa noite. Disseram que seria melhor, assim poderiam observar se teríamos alguma reação. Enquanto as enfermeiras cuidavam de examinar os outros, eu pensava nas consequências do que havíamos feito.

A diretora nos expulsaria, na certa! Havíamos mentido, quebrado umas quarenta regras no mínimo, sem contar a porta que Bianca havia explodido.

Mas... Eles não mereciam isso.

- Sr. Malfoy, - a diretora disse – o que quer?

- Um acordo. – eu disse.

- Acordo? – ela e meu pai disseram ao mesmo tempo.

- Sim. – eu disse me sentando – Sei que o que fizemos foi algo grave e que nos expulsará.

Meu pai iria dizer algo, mas foi impedido pela mulher, que o silenciou com um aceno enquanto se sentava.

- Prossiga – McGonagall disse.

- Se... Se eu concordar em sair da escola, a senhora não os expulsaria? – perguntei olhando-a nos olhos.

Eu já havia perdido as contas de quantas vezes já estivera nessa sala, encarando essa mesma mulher. Sempre me meti em encrencas e na maioria das vezes a Weasley era a culpada. O ódio que sentia por ela me motivava. Agora era meu amor por ela que me fazia tomar aquela decisão.

Era algo doloroso, triste, mas seria por apenas um ano. Depois eu me formaria e poderia seguir alguma profissão que me agradasse. Eu veria meus amigos nas férias, nas festas e manteríamos contato por cartas, ligações ou qualquer outro meio de comunicação bruxo ou trouxa. Também faria novos amigos, então não estaria assim tão sozinho.

Mas havia ela. Rose. Seria o certo deixar Hogwarts? Deixar ela?

Sim. Eu faria isso por ela, por seus primos, por meus primos e meus amigos. Eles mereciam minha lealdade acima de tudo. Afinal, enfrentaram a Floresta Proibida em lealdade a mim.

- É algo realmente admirável, Sr. Malfoy. – a diretora disse.

- Admirável? Loucura, isso sim! – meu pai disse.

- Silêncio Draco. – Minerva pediu se inclinando na mesa – Você faria qualquer coisa por seus amigos, não é mesmo?

- Qualquer coisa. – concordei.

- Você me lembra Harry Potter, Scorpius. – a mulher disse voltando a se encostar em sua poltrona.

- Ótimo! Agora ela vai comparar meu filho a ele! Era só o que me faltava... – Draco disse levantando as mãos para o alto.

- Ele faria qualquer coisa pelos amigos. – prosseguiu sem dar ouvidos a meu pai – Assim como você.

Ela fez uma pausa e suspirou depois de alguns minutos.

- Volte para a ala hospitalar, sim? – disse a mim – Amanhã conversarei com você, seus amigos e pais.

- Sim senhora. – concordei me levantando, não seria certo debater agora.

- Draco... – ela chamou meu pai – Você fica, querido.

Meu pai olhou para mim com aquele olhar assassino que só havia visto três vezes antes. Quando eu quebrei a janela de seu carro com uma goles; quando lancei um feitiço que acabou queimando um pouco de seu cabelo; e quando Rose Weasley lhe entregou aquela carta. E agora, é claro.

Era um aviso. Um aviso de que eu estava muito encrencado.

Bianca Black

Acordei com meus olhos ardendo de uma maneira muito incomoda. Abri-os lentamente, pois o lugar onde eu estava era muito iluminado. Suspirei e me sentei. Senti que meu corpo estava muito dolorido. Tentei me lembrar do porque daquilo e então imagens preencheram minha mente.

Ofeguei e olhei ao redor.

Eu estava na enfermaria da escola, sendo observada por uma das enfermeiras. Ela sorriu e continuou andando. Desviei meu olhar para as outras macas. A maioria estava ocupada. Desci e silenciosamente caminhei pela ala hospitalar.

Daniel roncava sonoramente e ao seu lado estava Noah, que já estava acordado. Ele tinha os braços na nuca e olhava para o teto. Ao perceber que o olhava, se virou para mim. Seu rosto tinha alguns arranhões leves, nada muito grave.

Apesar de ter se arriscado para me salvar, continuava com raiva dele.

Ele se sentou na cama, na esperança de poder falar comigo. Apesar lancei um olhar de desprezo e voltei a caminhar. Sabia que ele estava me olhando, por isso não  olhei para trás.

Alvo, Lillían, Tiago, Rose, Luke, Scorpius... Todos estavam ali, ainda dormindo, mas não via Louise. Onde ela estaria? Perguntei a enfermeira que estava ali e ela me disse que Louise havia sido removida para o St. Mungus.

Ela devia estar muito ferida, pensei enquanto voltava para minha “cama”. Eu ainda estava cansada e minha cabeça doía muito, seria melhor se eu dormisse mais um pouco. Quando me sentei, pronta para me deitar, percebi que Noah me olhava.

- Você continua me odiando, apesar de eu ter arriscado minha vida para salvar a sua. – aquilo não havia sido uma pergunta.

Não dei ouvidos à ele, apenas me virei na cama e tentei dormir. Sem sucesso. Meus olhos negavam-me um pouco de descanso, o que me deixava louca já que a única outra coisa que me sobrava para fazer era pensar. Devia ser normal estar confusa logo depois de ser raptada e quase morta, mas não era em nada disso no que eu pensava. Eu pensava em como seriam as coisas de agora em diante, se seriamos expulsos, o que meus pais iriam fazer... Se aquela mulher estava viva.

 A imagem daquela grande e estranho cachorro a pegando pela boca me assombrava.

Não sei exatamente quanto tempo depois de eu me deitar escutei aquele barulho, mas ele me irritou. Parecia que alguém estava arrastando algo de ferro pelo chão. Levantei minha cabeça e olhei ao redor. Noah olhava para mim, com a expressão tão confusa quanto a minha. Nos levantamos rápido e andamos na direção do som. Como não estávamos com nossas varinhas, fomos com a cara e a coragem.

Por mais estranho que fosse o barulho vinha do lugar onde Rose Weasley deveria estar repousando. Ao pararmos em frente à maca da garota ruiva, encontramos ela tentando puxar uma mesinha com a ponta dos dedos. Ela não conseguia se mexer direito, mas queria alcançar a pequena mesa de ferro.

- Vou chamar uma enfermeira. – Noah disse saindo pela enfermaria.

- O que está tentando fazer? – perguntei à garota que suspirou desistindo.

- Meu livro... Não consigo alcança-lo. – disse com a voz fraca.

- E porque quer esse livro? – perguntei enquanto pegava-o e entregava a ela.

- Por que não tem nada para fazer aqui. – respondeu abrindo-o, mas fechando logo em seguida.

Ela olhou ao redor, mas sua maca estava com cortinas ao redor.

- Como estão todos? – perguntou com preocupação na voz.

- Estão bem... – eu disse um pouco insegura.

- Tem certeza? – Rose quis saber.

- Bem, todos estão aqui, ainda estão dormindo... Mas Louise precisou ser transferida para o St. Mungus, então acho que ela não estava tão bem assim... – eu disse mexendo em meu cabelo.

Rose abaixou os olhos para o livro de capa verde em suas mãos, mas não disse nada. Logo a enfermeira chegou, então deixei que ela cuidasse da garota e sai de lá junto com Noah. Eu sabia que ele iria me dizer algo, mas a diretora chegou acompanhada de nossos pais, impedindo que ele dissesse qualquer coisa. Não só os meus pais e os de Noah. Os pais de todos que estavam ali.

Senti meu rosto esquentar, pois eu estava com roupas de dormir ainda.

- Vejo que já estão de pé, isso é bom – a diretora McGonagall disse suspirando.

- Devemos chamar os outros? – Noah perguntou.

- Sim, seria maravilhoso. – a senhora disse balançando a cabeça freneticamente.

Assentimos com a cabeça e nos viramos para nossos amigos, enquanto nossos pais se sentavam. Chamei Lillían primeiro, pois não seria legal Noah chamar a garota. Quando consegui que ela abrisse os olhos, se assustou ao ver todas aquelas pessoas ali. Ri um pouco dela e acordei seu irmão mais velho, Tiago.

- Anda, acorda! – eu disse sacudindo ele.

- Nãaaaoo! – ele choramingou.

- Escuta aqui garotão, ou você levanta dessa cama por bem, ou você levanta por mau! – eu disse puxando sua camiseta azul escura.

Ele abriu um pouco os olhos, mas levantou. Caminhei até onde Luke e Scorpius estavam, mas eles já estavam acordados.

- A diretora e nossos pais estão aqui. – informei, já que eles estavam um pouco afastados, em uma área da ala hospitalar onde não se podia ver a entrada.

Scorpius e Luke trocaram um olhar preocupado,  e então se levantaram. Ouvíamos conversas fracas e abafadas enquanto caminhávamos pela enfermaria. Meu peito doía a cada passo que eu dava. Sentia medo do que a diretora nos diria, e principalmente do que meus pais diriam, já que não me disseram nada na noite anterior por eu estar muito cansada. O medo consumia cada fibra do meu corpo, fazendo minhas mãos tremerem um pouco. Tentei controla-las respirando fundo, mas não consegui muito coisa, pois assim que vi todos de pé (inclusive Rose) todo meu corpo tremeu.

Meus companheiros de enfermaria estavam lado a lado, olhando para a diretora McGonagall e nossos pais. As portas da enfermaria estavam fechadas, me deixando ainda mais tensa. Parei ao lado de Alvo, que mantinha um dos braços ao redor da cintura de sua prima, ajudando-a a se manter de pé.

- Vocês já são bem grandinhos e sabem o que fazem, - a diretora começou – então presumo que saibam que o que fizeram foi imprudente e estupido.

Aquela era uma típica frase da diretora, e era nesse momento que Scorpius retrucava com ela. Mas não hoje. Ele apenas manteve a cabeça um pouco baixa e escutou.

- Vocês poderiam... Muitas criaturas vivem naquela floresta. Criaturas perigosas, como vocês puderam perceber. – Minerva disse suspirando – Mas o que está feito, está feito. Só nos resta torcer para que aprendam com isso. – ela fez uma pausa, respirando profundamente – Por esse comportamento inadequado, todos vocês mereciam expulsão... Não só por entrar na Floresta Proibida, mas também pelo incidente na Biblioteca.

Notei que Scorpius ficou tenso ao meu lado e olhou rapidamente para seu pai, que apenas desviou o olhar do filho.

- Mas como devem perceber, estou ficando velha e esse é meu ultimo ano como diretora aqui em Hogwarts. – McGonagall disse – Por isso, apenas castigarei vocês.

Senti meus ombros caírem, como se eu estivesse carregando uma grande pedra e alguém a tirasse de minhas costas. Suspiros abafados foram ouvidos de meus colegas.

- Saibam que se saírem da linha novamente, não serei tão boazinha assim. – avisou-nos McGonagall – Já tive dor de cabeça suficiente nesses últimos trinta anos, e espero descansar com minha aposentadoria.

Percebi que ela não se referia apenas a nós, se referia a nossos pais também.

- Vocês terminaram de reorganizar a biblioteca, e espero que não haja mais incidentes – completou rapidamente – Depois, limparam os arquivos da escola; ajudaram na limpeza dos banheiros de todos os andares e por fim, ajudaram na organização do Baile de Formatura do Sétimo ano. Espero que seja tempo suficiente para pensarem no que fizeram.

Murmuramos coisas como “Sim, senhora” e “Tudo bem”, enquanto ela nos deixava a sós com nossos pais. Assim que ela saiu, fechando a porta atrás de si, nossas mães começaram com os sermões.

Eles vinham de toda parte e eram direcionados para todos nós. Apenas a mãe de Rose não distribuía sermões; ela falava baixo com a filha, enquanto mexia nos cabelos ruivas da garota. Minha mãe por outro lado... Ela gritava comigo e Scorpius ao mesmo tempo em que a mãe de Scorp gritava com ele. O garoto apenas balançava a cabeça concordando com tudo.

Depois de uns vinte minutos, todas as mães estavam calmas.

A senhora Elizabeth Black agora me abraçava dizendo o quanto ficou com medo de me perder. Eu a tranquilizava dizendo que eu estava bem.

- Você e Rayra são tudo para mim, eu ficaria louca se perdesse uma de vocês... – disse beijando meus cabelos bagunçados.

- E não vai mãe... – eu disse suspirando.

Apesar de estar bem agora, havia ficado apavorada com aquela mulher. Ela era realmente louca.

Minha mãe me puxou para outro abraço. Ela acabaria me matando desse jeito.

Enquanto ela me apertava cada vez mais, pude ver por cima de seu ombro Noah  saindo da enfermaria com seus pais. O que havia acontecido? Balancei minha cabeça tirando isso de minha mente. Não me importava com Noah.

Alvo Potter

Depois de uma seção coletiva de broncas, minha mãe e meu pai pediam um relatório completo sobre o que havia acontecido.

Contamos tudo, desde como começou na biblioteca até nos separarmos na floresta. Depois cada um contou sobre o que aconteceu no caminho que tomou.

Lillían disse que tentou acompanhar à mim e Rose, mas acabou perdida com Luke. Reprimi uma risada quando a vi ficar sem graça enquanto contava sobre como foram parar perto de um riacho. Depois disso, seguiram por algumas trilhas até que foram encontrados por Scorpius e depois escoltados por Connor, o super cão mutante (que é um animago, na verdade).

Depois foi minha vez. Contei que havia ficado perto de Rose e Lilly, para poder protegê-las, mas acabei me distraindo quando uma aranha veio para cima de nós e me perdi de Lillían. Contei também que Scorpius queria que eu e Rose voltássemos para o castelo, mas preferimos ficar juntos para ajudarmos uns aos outros. Continuei a história dizendo como havíamos achado a cabana de Connor e disse muito rapidamente sobre o que ele havia nos contado. Meus pais olharam rapidamente para os Malfoy e os Knight juntos no final da enfermaria.

- Depois que Scorpius saiu, Connor foi procurar por ele e os outros. Quando todos estavam juntos, ele disse que Tiago e Louise estavam juntos e bem e que não seria bom leva-los até lá porque ela estava ferida. – eu disse passando uma das mãos no cabelo – Depois disso fomos procurar por Bianca e o resto vocês sabem...

- Tiago? – minha mãe disse – Qual sua história? O que aconteceu?

- Ah, mãe! Não fomos muito longe porque Louise estava muito ferida, então assim que vimos  que era seguro voltamos para onde deixamos nossas coisas. Procurei por alguma coisa que ajudasse a chamar alguém e encontrei o espelho nas coisas de Alvo. Depois ficamos por lá, até que o senhor chegou, pai. – Tiago disse rapidamente.

- Você fez certo, querido. – minha mãe disse passando uma das mãos pelos cabelos escuros de Tiago.

- Como ela está? – ele perguntou depois de algum tempo – Como Louise está?

Eu e Lilly levamos nossos olhares para nossos pais, que se olharam antes de responder.

- Ela vai ficar bem. – a mulher ruiva à nossa frente disse.

- Pai? – Tiago disse querendo respostas mais detalhadas.

- O que posso dizer Tiago? Ela está muito ferida. – meu pai disse suspirando – Os ossos não foram simplesmente quebrados... Foram esmagados com o peso do lobisomem. Há diversos feitiços que consertam ossos quebrados, não esmagados.

- Está querendo dizer que ela... Não vai se recuperar? – meu irmão disse com um pouco de medo, talvez.

- Por Merlin, Tiago! – minha mãe disse colocando a mão sobre o peito – É claro que vai! Só vai demorar um pouco mais, pois os ossos demoraram um pouco para se regenerarem por completo.

- Às vezes parece que você não usa seu cérebro, sabia? – Lillían disse cruzando os braços.

- Ela não poderá jogar mais, não é? – Tiago disse olhando para seus pés.

- Você está preocupado com o quadribol?! – minha mãe gritou antes de bater na nuca dele.

- Ai! Isso doeu, mãe! – Tiago disse massageando a cabeça.

- A garota está hospitalizada e você preocupado com os jogos? – eu disse olhando-o incrédulo – Você é muito idiota, sabia?

- Eu sabia... – Lilly disse levantando uma das mãos.

- O quadribol é muito importante para Louise... – meu irmão se explicou corando – Só queria saber se ela vai poder jogar novamente algum dia.

- Claro que vai, filho. – nosso pai disse piscando – Só vai demorar um tempo.

- Um longo tempo... – completei.

Rose Weasley

Acordei sentindo todo meu corpo doer e não estava diferente agora. Na verdade, ele parecia um pouco pior. Toda a tenção que senti emanar de meus pais enquanto a diretora falava, me atingia de uma forma devastadora! Era como se eu estivesse sendo julgada por cometer um crime hediondo e eles aprovassem a sentença de morte para mim.

Assim que a diretora terminou de falar conosco, Alvo me levou até a cama onde eu estava repousando, depositou um beijo em minha testa e voltou para junto de seus pais.

Fiquei sentada na cama, com uma mistura de ansiedade e medo, enquanto espera meus pais.

Era óbvio que o senhor Ronald diria milhões de baboseiras para mim. Afinal, eu me feri para salvar Scorpius Malfoy. Eu ainda conseguia me lembrar da expressão preocupada em seu rosto, do medo estampado em seus olhos... Do medo de que algo ruim acontecesse à mim.

Naquele momento tudo o que eu queria era que só fossemos Rose e Scorpius, não Weasley e Malfoy. Que não nos odiássemos, que tudo tivesse começado de uma maneira diferente e agora fossemos melhores amigos. Assim, talvez esse sentimento preso dentro de mim não fosse tão errado.

Quando meus pais se aproximaram, senti como se a minha morte se aproximasse.

Eu posso garantir que essa não é uma boa sensação. Eu já havia me sentido assim menos de 24hs atrás e sentir isso novamente não era muito legal.

O Senhor Ronald Weasley se sentou em uma cadeira de metal que estava perto da cama onde eu me encontrava enquanto minha mãe se sentava na ponta da cama. Eles me olhavam de maneira severa, mas com um pouco de preocupação e carinho misturados à suas expressões malvadas.

Abaixei minha cabeça sentindo uma vergonha enorme. Eles não eram burros, saberiam ligar os pontos e descobrir porque protegi Scorpius. Fiquei brincando com meus dedos até que ouvi passos misturados com vozes baixas e levantei meus olhos bem a tempo de vê-los passar pelo corredor. Primeiro Luke e seus pais com o casal Malfoy logo atrás, e um pouco atrás ele. Mesmo com a cabeça um pouco baixa, percebi que Scorpius olhou para nossa direção.

Meu pai soltou um longo suspiro de frustação.

- Porque logo ele, Rose? – ele disse com a voz cheia de decepção – Um Malfoy... Um maldito sangue-puro Malfoy... – meu pai dizia a palavra Malfoy como se fosse o nome de algum animal asqueroso e nojento.

- Pai... – eu comecei, mas não tive coragem de continuar.

- Existem tantos garotos aqui em Hogwarts, Rose... Existem tantos no mundo todo! E você vai... Gostar justo desse? – a voz de meu pai era carregada de decepção e nojo.

Me mantive em silêncio. Não podia dizer nada, afinal era verdade. Eu já havia me envolvido com alguns garotos. É claro que meu pai os assustava no começo, mas depois de um tempo os tratava bem. Eu também entendia o motivo para seu desprezo pelos Malfoy. No passado aquela família havia feito muito mal à nossa.

- Porque, Rose? Por quê?! – meu pai disse levantando um pouco a voz.

Me encolhi diante de suas palavras, mas me atrevi a responde-lo.

- Porque não podemos mandar ou controlar nossos sentimentos, papai.

Percebi que minha mãe abriu um sorriso em seu rosto, se curvando na cama e segurando minha mão.

- Não percebe que eu tentei? – eu disse me encorajando – Tentei matar esse sentimento dentro de mim? Eu juro, pai... Eu tentei, mas ele é mais forte que eu. Nenhum dos outros garotos era o que eu queria. Sempre foi ele. Sei que isso não é o que você queria, mas é o que meu coração ainda quer.

Eu sempre imaginei que no momento em que meus pais descobrissem sobre essa minha paixão por Scorpius (principalmente meu pai), eles gritariam comigo e eu não teria coragem para dizer o que eu pensava. Mas agora... O medo que eu sentia sumia de meu corpo, dando lugar à coragem. Coragem para lutar.

- Mas e se ele te magoar, Rose? – meu pai disse com preocupação em seus olhos azuis.

- Sei de todos os riscos que eu corro pai... – eu disse sorrindo – Sei que posso não ser correspondida, que ele pode se aproveitar de mim, rir da minha cara... Existem milhões de possibilidades! Mas mesmo assim... Não consigo tirar isso daqui. – eu disse indicando meu coração – Muito menos daqui. – completei indicando minha cabeça.

- Mas ele pode sentir o mesmo querida. – minha mãe disse fazendo com que meu coração se acelerasse.

- O que? – eu e meu pai dissemos ao mesmo tempo.

- Aconteceu o mesmo com nós dois, Ron. – mamãe disse sorrindo – Quando eu imaginaria que no fundo você gostava de mim? Você sempre esteve implicando comigo...

- Mas é diferente Mione. Nós... – meu pai começou a dizer completamente vermelho.

- Porque é diferente? – mamãe perguntou, aumentando o nervosismo de meu pai – Você implicava comigo, eu implicava com você... Até que eu percebi que estava apaixonada e você começou a namorar Lilá Brown. Ficamos juntos depois de um longo, longo, longo tempo. E estamos juntos até hoje. Porque seria impossível o garoto não estar apaixonado por nossa filha? Olhe para ela, Ronald... É linda, inteligente, engraçada...

Meu pai sorriu um pouco. Ele sabia que eu havia puxado essa característica dele, e se orgulhava por isso.

- Ontem, quando a enfermeira me contava sobre o estado de Rose, ele ficou muito preocupado. – minha mãe disse com a voz baixa e suave de sempre – Pude perceber isso em seus olhos. Havia culpa ali também. Por ela ter se sacrificado por ele.

- Então você acha que o garoto Malfoy também gosta dela? – papai perguntou um pouco incrédulo.

- Sim – mamãe responde simplesmente.

Ela me olhou nos olhos. Aqueles calorosos olhos castanhos transbordavam sinceridade. Por um momento, acreditei que Scorpius gostava de mim, assim como eu gostava dele. Mas logo me lembrei de nossas inúmeras brigas, discussões, das palavras que ele sempre jogava em cima de mim, de como elas feriam, de como eu estava cansada de tudo aquilo. Após alguns minutos em silêncio, respirei fundo e disse:

- Talvez papai tenha razão.

- O que? – meu pai disse um pouco surpreso – Não tenho não, Rose. Eu sou péssimo em dar conselhos! Nunca escute os meus, principalmente se envolver você e uma de suas... Paixões! – ele cuspiu a palavra novamente.

- O senhor está certo, pai... Ele vai me magoar. Já fez isso tantas vezes antes, porque seria diferente agora? – eu disse abaixando minha cabeça e deixando algumas lágrimas descerem por meu rosto.

- Rose, não escute seu pai... – minha mãe disse levantando meu rosto.

- É! Não me escute! Eu sou burro, não sei o que digo! – ele disse olhando rapidamente para minha mãe e de volta para mim.

Ficamos em silêncio novamente. Eu ainda estava com a cabeça baixa, mas sabia que meus pais se olhavam transmitindo mensagens silenciosas um para o outro. Meu pai começava a dizer algumas coisas um pouco sem sentido quando outra voz chamou nossa atenção. Era Hugo.

- Venha aqui, sua peste. – eu o chamei para um abraço.

Ele caminhou pela lateral da cama e me abraçou um pouco forte demais, fazendo com que o lugar onde eu recebera o feitiço doesse um pouco.

- Desculpe... – Hugo disse se afastando – Fiquei preocupado com você, Rose. Você está bem?

- Estou sim, Hugo... – eu disse tentando sorrir.

Meu irmãozinho chato fez mais algumas perguntas, até meus primos aparecerem. Primeiro vieram Tiago, Alvo e Lilly. Eles ficaram dizendo o quanto ficaram preocupados e que queriam me ver bem logo. Tiago até brincou dizendo que me queria inteira para o próximo jogo ou me expulsaria do time. Ri um pouco, mas logo o sorriso se desmanchou. Meus pais se olharam e suspiraram, saindo logo em seguida.

- Eles brigaram com você? – Hugo perguntou.

- Não é isso... – eu disse pegando o livro que tentei ler.

- O que houve, então? – Lilly perguntou segurando minha mão.

Olhei para ela. Estava diferente. Não parecia a garota mimada que havia me feito chorar durante horas no Natal. Havia voltado a ser a Lillían doce e meiga que sempre foi e sempre seria minha melhor amiga.

- Não foi nada. – menti.

- Se você não quer dizer na nossa frente, Rose, nós podemos sair... – Tiago disse indicando ele, Alvo e Hugo.

- Não, não precisa. Só estou um pouco cansada e com dor. – eu disse suspirando.

Era uma meia verdade. Eu sentia dor, mas não era em minha pele. Era em meu coração.

- De qualquer maneira, estamos indo. – Alvo disse – Vamos poder voltar para  nossos dormitórios, já que amanhã teremos que comparecer às aulas... – completou suspirando.

- Você poderá ficar mais um dia, provavelmente... - meu irmão disse sorrindo um pouco.

- Não. Eu quero sair daqui, quero voltar para a minha rotina... – eu disse me endireitando na cama.

- Vamos falar com a enfermeira e ver se ela te libera, ok? – Lilly disse beijando minha testa e se levantando da beira da cama.

Ela sorriu e saiu, junto com seus irmãos e Hugo, me deixando sozinha com meus pensamentos depressivos.

Luke Knight

Era uma sensação estranha aquela que eu estava sentindo. Parecia culpa misturada com raiva e medo. Nunca havia me sentido assim em minha vida antes.

Enquanto Scorpius contava sobre o pai de Cassie, eu pensava no que ela diria quando soubesse. Apesar de ser delicada por fora, Cassandra é forte por dentro, mas não tão forte assim. Descobrir isso de uma hora para outra acabaria com ela lentamente. Eu já conseguia ver aqueles lindos olhos vermelhos e inchados por culpa do choro.

Aquele homem merecia a morte por esconder dela a verdade sobre Cassandra.

Ela sabia que seus pais não seriam tão cruéis de abandonar uma criança por puro egoísmo, deveria haver um motivo por trás de seu abandono. Ela já os perdoará sem nem mesmo saber quem eles eram. Fazendo isso, privando Cassie da verdade, Connor apenas afastava-se do amor de sua própria filha. No final, era ele quem sairia perdendo.

Eu sentia uma vontade enorme de correr por esses corredores, encontrar ela e contar tudo. Ela merecia isso; saber a verdade. Mas meus pais disseram que não era o momento. Ela ainda estava sensível por saber que Cassidy havia usado ela para poder se aproximar de Hogwarts e das gêmeas Black. Contar sobre seu passado agora, não seria uma boa ideia.

Me mantive calado durante todo o resto da conversa. Eu só os escutava, não dava minha opinião. Estava com dor de cabeça e cansado, só queria ir para meu dormitório dormir pelo resto do dia.

- Quando Louise voltará? – Scorpius perguntou chamando minha atenção.

Olhei para meus pais. Eles tinham a expressão preocupada. Senti mais raiva, mais culpa e mais medo. O que havia acontecido com minha irmã?

- Quando minha irmã voltará? – perguntei com a voz um pouco falha.

- Logo, meu amor... – minha mãe disse passando uma das mãos por meu rosto.

- Logo quando, mãe? – eu quis saber sentindo a aflição tomar conta da minha mente.

- No máximo três ou quatro dias... – meu pai respondeu.

- Então porque essas caras de enterro?! – eu disse explodindo um pouco da raiva que eu sentia.

- Louise ficará bem, não quer dizer que está. – meu pai disse.

- Ela está viva, pai! O resto não importa... – eu disse suspirando.

- Luke tem razão, Liam... – minha mãe disse tocando o ombro de meu pai.

- Porque não deixamos os meninos descansarem e voltamos para casa? Depois podemos ir ver Louise no St. Mungus. – tia Astoria sugeriu vendo que eu estava prestes a desmaiar.

Meus pais concordaram e foram saindo da ala hospitalar. Acabamos indo junto com eles, pois já poderíamos voltar para nossas vidas normais. Enquanto caminhávamos para fora da ala hospitalar, os Potter nos olharam (encararam, na verdade).

Lillían tinha os olhos pregados no chão, enquanto seus irmãos acenavam de modo amigável. Retribui o aceno e voltei a caminhar.

Então ela havia se decidido. Ela escolheu Sam, afinal de contas.

Aquilo era pior do que saber que Louise estava mau, ou que Cassie estava sofrendo...

Aquela garota conseguiu me destruir de todas as maneiras possíveis. Destruir meus sentimentos, alguns que eu nem sabia que eu podia sentir. Mas se ela queria jogar esse jogo, então iriamos jogar.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, não postei antes por motivos particulares. Não gosto de ficar falando de coisas pessoas aqui, mas um deles tem haver com a minha conta aqui no Nyah! Mas já está tudo bem e o capítulo está grandão ^^
Gostei muito de escrever a parte da Rose, e espero que vocês gostem também :) A parte que o Luke narra foi feita meio que no improviso. Não sei se ficou muito bom, mas é importante para os dois próximos capítulos.
Sobre o nome desse capítulo, (eu queria muito falar sobre ele >.<') na tradução é pra ficar "Encare os fatos: você se importa" O nome se refere à maioria dos personagens como o Scorp que se importa com os amigos, Bianca que se importa com Noah, ao Ron que se importa com a felicidade da filha (independente de com quem ela esteja), do Luke que se importa com a Lilly... Vocês devem ter enteendido, né? ;D
Só pra deixar vocês ansiosos o nome do próximo capítulo vai chamar... Tãn, tãn, tãn... "Game of broken heart" e é T-O-T-A-L-M-E-N-T-E inspirada na música do All Time Low Break Your Little Heart ^.^ Isso diz alguma coisa? Descubram no próximo capítulo! HAHAHA' Sou muitaa má,
E só pra deixar vocês mais felizes, ... O capítulo vai demorar um pouquinho >.<' Não me mateem, por favor!
Deixem reviews e recomendações... Isso me deixa muito feliz! *-*
ScorpBeeijos ; *