Cookies escrita por StrawK


Capítulo 6
EPÍLOGO


Notas iniciais do capítulo

Naruto não me pertence. Uma pequena parte desta estória é inspirada em um e-mail que li há tempos atrás, mas todo o desenvolvimento do enredo é meu.
Dedicada à Hana Haruno Uchiha (Ohana Caroline)
SASUKE's POV!



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Diário da Sakura

Sou mesmo uma tapada.
Hoje o Kiba me convidou para sair e eu achei que ele estava querendo zoar com a minha cara, então lhe dei um chute na canela.
Obviamente, depois de todo mundo rir ás minhas custas, eu descobri que ele estava falando sério e eu perdi a oportunidade de sair com um cara gostoso.
Burro e retardado, mas seria um avanço, comparado à minha atual vida amorosa.
E o pior é que eu meio que gosto dele. Eu acho.

PS: Tirei o gesso hoje. A régua que eu usei para coçar a perna ainda estava lá. Tinha um CASCÃO também. ÉCATI.

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Sakura era mesmo uma tapada.

Não importava quantas indiretas ou provocações eu lançasse a respeito de minhas nada castas intenções para com ela, sempre achava que estava apenas me divertido à suas custas, provocando-a pelo simples prazer sádico que com certeza sua mente impunha à minha personalidade. Erroneamente, devo dizer.

Só por que eu sempre criava contatos físicos acidentais não significava que era um bárbaro pervertido, como costumava me chamar quando colidia com ela no corredor, somente para poder segurar-lhe pela cintura.

O que me irritava mais era que aquela idiota encarava esses acontecimentos de modo natural e quase bem-humorado, como quando fingia zangar-se com alguma estupidez de Naruto. O fato de ser tratado de modo igualmente fraternal me fazia odiar aquele hospital que sugara a habilidade de Sakura em perceber o interesse de um homem.

Era verdade que durante boa parte dos últimos anos eu a via apenas como uma ingrata que merecia umas boas palmadas naquele belo traseiro, mas no último mês, à contragosto, desenvolvi por ela uma espécie de fascínio sem precedentes. Tudo isso por que achei em uma das gavetas abandonadas de seu antigo armário, um diário de sua época de adolescente.

Sakura era uma garota muito espirituosa, e sinceramente, quando a reencontrei há uma semana, naquele episódio dos cookies, senti vontade de gargalhar ao constatar que permanecia tão psicótica e engraçada como quando tinha dezesseis anos. As frases que li naquelas páginas amareladas me fizeram entender ao menos um pouco os motivos que sua cabeça bagunçada inventava ao tentar justificar seu desejo de se ver longe de Konoha.

Ao ler a ultima página daquele diário que continha aqueles pensamentos íntimos, eu compreendi, que nem que eu quisesse, poderia odiá-la de verdade. E eu nem me importava se com o passar dos anos havia se tornado uma mulher sem coração; eu era arrogante o suficiente para me convencer que eu mesmo poderia dar um jeito para que toda aquela personalidade adorável habitasse seu corpo novamente.

Quando soube que finalmente ela retornaria ao lar para umas férias forçadas, e senti a alegria de Kushina ao nos dar a notícia, me vi obrigado a começar uma reforma em meu apartamento às pressas, para que pudéssemos ficar sob o mesmo teto. O que foi um tremendo tiro no pé, por que embora meu plano tenha funcionado e agora ela demonstrasse ser uma filha atenciosa – tentando, talvez, compensar o tempo perdido – agora era eu quem estava totalmente à mercê de seus movimentos, como se dessa vez fosse ela quem estivesse usando frases de duplo sentido à respeito de uma arma.

Quem era manipulável, afinal?

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Diário da Sakura

Hum... Hoje o Sasuke perguntou se poderia ser sua parceira no seminário de literatura, mas como Karin é apaixonada por ele, e havia me dito que iria convidá-lo, achei melhor desconversar e dizer que já tinha uma dupla.
Ele pareceu meio desapontado.
Quer dizer... Ele não tem o físico do Kiba ou a naturalidade do Naruto, mas é inteligente de um modo divertido e tem olhos que me intrigam.
A boca dele não é nada má, também. Eu poderia beijá-lo sem problema algum.
Mas não vou, obviamente. Karin me mataria.

Ps: Um dia talvez eu faça parte do Exército da Salvação, mas por enquanto me contento em doar um dinheirinho para a Cruz- Vermelha.

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Era sábado e eu estava do lado de fora da garagem, auxiliando Minato a fazer reparos no carro, enquanto Naruto fingia que ajudava, dando palpites ou reclamando que não estávamos trabalhando direito.

— Faça algo útil pelo menos uma vez e vá buscar alguma bebida gelada para nós, dobe – reclamei, enquanto limpava o suor da testa com o braço. O sol estava a pino e o alívio foi grande quando retirei a camisa.

Continuei trabalhando, consertando umas das prateleiras da garagem, que havia caído, enquanto Minato rolava para baixo do carro, pedindo que lhe passasse ferramentas, vez ou outra.

— E por que eu tenho que fazer isso? — Naruto resmungou.

— Por que a outra opção é se enfiar debaixo do carro e ficar sujo de óleo e graxa – interveio Minato, sereno e ainda assim, intimidante.

Eu ri da birra de Naruto, que se preparava para obedecer, quando Hinata chegou com uma bandeja de limonada, acompanhada de Sakura, que pareceu atordoada ao me ver com um martelo na mão. Talvez ainda estivesse traumatizada com aquela história de assassino, mas deveria saber que eu teria mais classe do que matar alguém com simples marteladas.

— Veja se não é a garota New Medicine que veio nos visitar – provoquei, enquanto pegava um copo da bandeja de Hinata. — A que devemos a honra?

Ela esperou eu dar um longo gole no refresco antes de responder.

— Nada demais. Apenas trazer limonada com um pouco de cianureto para os garotos.

Óbvio que era apenas um chiste, mas ainda assim, Naruto cuspiu longe o líquido que acabara de sorver – mesmo que eu desconfiasse que ele não soubesse o que era cianureto – o que fez com que sua noiva risse e lhe oferecesse outro copo de limonada. Então ficaram lá, aos chamegos, enquanto Hinata limpava o queixo babado dele, parecendo dois idiotas. Ele muito mais do que ela.

Os anos como investigador policial me faziam levar meus conhecimentos à respeito de linguagem corporal para a vida pessoal, então não era difícil notar que Sakura estava levemente alterada ao me encarar, por mais que tentasse agir naturalmente. Os olhos verdes passeavam do meu peito nu ao martelo em minha mão, discretamente, como se ela duvidasse de si mesma.

— Você está consertando... Coisas — disse por fim, estreitando os olhos verdes. — Com um martelo.

— É o que parece – sorri, me aproximando. — E também treinando o domínio próprio, já que pensei que jogar esse martelo na cabeça do dobe pelo menos umas três vezes.

— Oh, isso seria terrível. Não estou com minha maleta médica para consertar cabeças rachadas – ela gracejou, fingindo preocupação.

Sempre sorrindo. Sempre receptiva.

Então por que infernos ela não me deixava beijá-la novamente? Não era possível que realmente me enxergasse somente com olhos fraternais. Eu vi como corou da última vez que rocei minha perna na dela por debaixo da mesa no último jantar.

É, de propósito.

Sakura deseja ardentemente me beijar, eu sei. Apenas ainda não se deu conta disso.

— Será que vocês poderiam me passar a chave inglesa ou está muito difícil parar de flertar? – Minato gritou debaixo do carro.

— Não estamos flertando! — Sakura respondeu do mesmo modo, repentinamente irritada.

— Não estava falando com vocês, e sim com o casal de noivinhos, ali — dessa vez, o tom de voz de Minato foi claramente debochado, enquanto esticava o braço às cegas, mas ainda assim acertando a direção ao apontar Naruto e Hinata, alheios ao mundo.

Eu adorava ver Sakura envergonhada. Ela costuvama manter um biquinho gracioso nos lábios. Isso quando não estava jogando almofadas nas pessoas. Como não havia nenhuma almofada apor perto, me deu um soco no braço, quando ri de sua expressão e depois franziu o cenho, como se lembrasse de algo.

— Me lembrei que preciso te perguntar uma coisa — eu sabia. Sakura continuou, escolhendo cautelosamente as palavras. — Por acaso... Durante o tempo em que ocupou meu quarto, não viu, sei lá... Uma espécie de... Agenda?

— Você quis dizer diário – a corrigi, já começando a me divertir.

— Oh, droga. Sim, um diário. Você... O encontrou, não foi? – A expressão de pré-súplica nos olhos verdes enquanto ela batia a palma da mão na testa como se acabasse de presenciar uma tragédia foi suficiente para que eu decidisse o que fazer.

— Não, não encontrei nenhum diário de capa verde, cheio de adesivos, da sua época de ensino médio.

Foi difícil demonstrar indiferença enquanto ela corava, ponderando se deixaria sua personalidade impulsiva responder ou não.

— Droga, Uchiha. Não me diga que você o leu!

— Então eu não digo – queria rir descaradamente, mas a expressão de Sakura era tão ameaçadora que resolvi me conter.

— Isso é invasão de privacidade!

— Tem razão, é mesmo – concordei despreocupado, o que a fez respirar fundo e fechar os olhos enquanto massageava as têmporas com o polegar e o dedo médio.

Colocou as mãos na cintura e me encarou.

— Precisamos conversar – disse, finalmente.

— Nós estamos conversando.

— A sós.

Levantei uma sobrancelha, incerto sobre como me sentir. Sakura queria conversar comigo a sós por causa de um inocente diário? Ou será que...

— Claro, doutora – me aproximei e ela recuou um passo, confirmando que a segunda opção, que seria se atirar em meus braços estava descartada. — Assim que eu terminar aqui.

Olhou mais uma vez meu peito desnudo, e o martelo em minha mão, balançou a cabeça resignada e saiu pisando duro em direção à casa.

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Diário da Sakura

Às vezes acho que a minha família adotiva pensa que sou uma adolescente histérica.
Quer dizer, já é bem difícil controlar minha raiva quando alguém que acha que me conhece resolve fazer piadas sobre mim.
Não vejo a hora de ir embora daqui e poder me ver livre dessas pessoas que só me fazem lembrar o que quero esquecer.
Poderei me tornar uma mulher independente e segura, sem essa imagem desastrada que me persegue.

Ps: Karin ficou toda animada por que Sasuke pediu a caneta emprestada. Pff

Ps²: EU fiquei toda animada por que o Kiba sentou todas as aulas do meu lado. Ele me pediu em namoro e eu aceitei.

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Eu continuava dormindo no sofá, então minhas costas não estavam em seus melhores dias. Depois do trabalho na garagem, tomei um banho relaxante, deixando a água quente cair sobre meus músculos.

Certo, não era só isso.

Sakura me deixava tenso – por que a tensão sexual existente entre nós ainda não fora descarregada. Saco.

Então, quando terminei meu banho, estava certo de que com um pouco de persuasão, em instantes estaria com todos os nós de meus músculos desfeitos.

— Sente-se – ela disse, apontando a cadeira de sua escrivaninha assim que entrei em seu quarto.

A bermuda jeans acima do joelho não me dava uma visão tão completa de suas pernas como no dia em que torceu o tornozelo, mas ainda sim, era muito interessante. Hum...

— Sobre o que queria conversar? – cruzei os braços e recostei–me na cadeira, finalmente desviando meus olhos para seu rosto.

Acomodou-se na cama antes de falar. Sabia que estava tomando coragem.

— Quero pedir meu diário de volta e deixar algumas coisas mais... Claras entre nós.

— Entre nós.

— Sim, entre nós.

— Então, existe um “nós”.

— Não, não existe.

— Você acabou de dizer “nós”.

— Não disse. Você está imaginando coisas.

Levantei-me e fiquei em sua frente, encarando o cenho emburrado.

— Inferno, Sakura! Se você não me disser logo por que me chamou aqui, eu vou mandar meu autocontrole para a casa do chapéu e te beijar até que você desmaie por falta de oxigênio!

Acho que não foi uma boa ideia falar desse jeito, pois ela também se levantou, determinada, e esticou o pescoço para tentar me encarar de igual para igual, mesmo com os muitos centímetros de diferença entre nós.

— ESSE É O PROBLEMA, SASUKE! Desde que cheguei, você não tem me deixado em paz! Eu já achava que era ruim ter que agüentar aquelas suas ameaças fajutas de conteúdo psicopata, mas agora está pior! Eu NÃO sou uma qualquer!

— O que? Do que está falando?

— Não é por que o deixei me beijar aquele dia que isso irá se repetir. Eu estava atordoada, mas agora estou completamente lúcida e quero que pare com isso.

Dessa vez eu não fazia ideia sobre o que Sakura estava dizendo, sério. Estava mais do que claro que ela se sentia atraída por mim e que seria questão de apenas mais alguns dias até que cedesse às minhas investidas quase discretas. Ela estava apenas se fazendo de difícil.

— Está dizendo – falei, atordoado. — que não quer me beijar novamente?

— Não! Digo, sim! Eu não sou do tipo que se contenta em ser a outra. Quer dizer, não que eu esteja pensando que pudesse ser a única para você, mas é... É isso aí.

Dei um passo à frente, aproximando meu corpo do seu, mas ela recuou instintivamente e acabou caindo sentada na cama.

Ajoelhei-me no colchão, por cima dela, prendendo seu quadril entre minhas pernas.

— Se você não sair de cima de mim, eu vou gritar – ofegou.

— Não, não vai. Não quer parecer uma adolescente histérica para sua família.

— Acho que alguém andou decorando as coisas que escrevia no meu diário — se aqueles olhos verdes fossem fuzis, eu com certeza estaria morto.

De fato, eu havia relido algumas vezes, mas isso não vinha ao caso.

— Sakura, se não me explicar o motivo de fugir de mim eu vou-

— Vai me beijar até que eu não consiga mais respirar, eu sei – fez uma careta. — Mas não estou fugindo — diante de meu olhar de interrogação, ela prosseguiu. — Eu vi a marca de batom na sua camisa aquele dia no aeroporto.

Desprendi meu corpo do dela e sentei-me na cama, não conseguindo controlar o riso.

Estava saindo da casa de Itachi, na capital, quando ele derrubou café em mim, sem querer. Todas as camisas que levei para lá estavam em minha mala já feita, – e nenhuma limpa – então peguei a primeira camisa que vi, pendurada no encosto da cadeira. Percebi depois que a camisa de Itachi, apesar de aparentemente limpa, estava usada, com uma discreta marca de batom no colarinho.

— Era com isso que estava encucada? Acha que sou algum tipo de conquistador barato, que anda com marcas de batom na camisa e na cueca? Sinto acabar com a sua única desculpa para se afastar de mim, mas não sou esse tipo de cara. Aquela camisa nem era minha. Peguei emprestada com meu irmão.

Vi seus olhos emparelharem com os meus, com ceticismo manifesto de forma quase teatral.

— E espera que eu acredite nisso. Eu juro que se eu tivesse uma almofada aqui e agora, eu jogava nessa sua cara feia.

Cara feia? Como assim? Nunca ninguém me chamou de cara feia. Oras.

— Agora você pegou pesado, sua mulher estranha e irritante!

— Se eu pareço tão estranha pra você, por que folheou a New Medicine até gastar as páginas em que eu aparecia? Por que roubou meu diário e não quer me devolver? Por que você fica a todo instante querendo me-

— Por que estou apaixonado por você, idiota.

É, eu disse.

Percebi sua boca abrir e fechar umas três vezes. Ela estava realmente surpresa? Quer dizer... QUALQUER mulher perceberia minhas intenções, mas parece que Sakura passou tanto tempo enfurnada naquele hospital que se esqueceu do significado da palavra flerte. Mas havia algo além disso. Era como se não se considerasse atraente ou interessante o suficiente para deixar um cara como eu completamente louco por ela.

Por que, inferno... Era isso que eu estava. Louco por ela.

— Você me deixa louco. Essas suas... Manias estranhas, sua personalidade peculiar, não saem da minha cabeça.

Eu não ia falar das pernas e do traseiro dela.

Sakura continuava paralisada, me olhando de boca semiaberta, mas agora suas bochechas estavam bastante vermelhas.

­ — E eu vou te beijar agora – avisei.

Quando me inclinei sobre ela, dei com a cara no colchão.

Sakura havia se levantado abruptamente, e já se encontrava na porta, prestes a fugir. Fui até ela e a segurei pelo braço, girando a chave para garantir sua permanência no quarto.

— Qual o problema? – perguntei muito mais frustrado do que gostaria.

— Não sei.

— Não sabe? Você é louca? Se não quer nada comigo, diga agora, com todas as letras, ou pare de ofegar e tremer quando chego perto de você!

— Esse é o problema!

Uau. Nós estávamos gritando um com o outro e nem tínhamos um relacionamento. Ainda.

Sakura desvencilhou-se de mim e encarou o gesso na parede.

— Faz muito tempo que não... Que não...

— Transa?

— Namoro alguém — me repreendeu com o olhar, mas eu sabia que a palavra que eu usei se encaixava melhor em nosso contexto.

Eu não esperava que ela dissesse que também se apaixonara por mim e tivéssemos uma linda tarde de amor naquele quarto, mas confesso que vontade não me faltava. Entretanto, eu era paciente.

— E qual o problema, Sakura? – me aproximei, segundo seu queixo e fazendo-a me encarar.

— Eu não sou o tipo de garota que... Se entrega logo de cara.

— Eu não te pedi isso — só queria um beijo, deslizar as mãos por aquelas pernas e quem sabe apertar seu traseiro. Hum...

— Sei que não, mas tenho medo de não conseguir me controlar, por que você... Por que eu te encontro pela casa de madrugada, tomando leite só de calça de moletom e eu acho incrivelmente sexy. Depois fica consertando... Coisas com um martelo na garagem e depois diz que está apaixonado por mim. Inferno, como você acha que eu vou resistir? – disse tudo assim, de uma vez só, quase brigando comigo, como seu eu fosse culpado pelo desejo doentio que sentia por mim.

Eu provocava isso nas mulheres.

E certo, talvez eu não fosse tão paciente assim.

Então a agarrei pela nuca e colei nossos corpos, a beijando de forma apaixonada e voraz. Ela enlaçou meu pescoço e suas mãos em minha nuca arrepiaram todos os pelos do meu corpo. Sua boca fazia movimentos atrevidos que eu nunca imaginei que ela soubesse fazer. Minhas mãos ganharam vida própria e passeavam pelo seu corpo sem pudor algum e eu sorri contra seus lábios quando ela mesma se dispôs a retirar a minha camisa.

TOC TOC.

— Sakura-chan, você ta aí? Você não vai acreditar em quem veio te visitar!

Era bom que fosse o Chuck Norris fazendo essa visita ou eu iria matar o Naruto de forma lenta e dolorosa.

Sakura afastou-se de mim, ofegante, corada e despenteada.

Céus, eu iria raptar essa mulher e levá-la para a ilha de Bora-Bora para que pudéssemos ficar a sós.

Não interrompemos o contato visual, mesmo enquanto tentávamos parecer menos afogueados. Eu sabia que estava tão frustrada quanto eu e sorri quando fez sinal para que eu me escondesse. Apenas concordei por que não queria que Naruto saísse declarando aos quatro ventos que eu estava no quarto de sua irmã fazendo... Coisas.

Fiquei no vão entre o guarda-roupa e a parede até Sakura sair para acompanhar Naruto. Esperei mais uns dois minutos para ir até a sala, que era onde a visita inoportuna provavelmente estaria. Parei nas escadas observando a cena.

Sakura abraçava uma ruiva de óculos um tanto voluptuosa, que tagarelava com voz aguda:

— Nem acreditei quando a Tenten me contou que você estava de volta! Caramba, Sakura! Nem para me avisar que passaria suas férias aqui para eu programar a minha agenda para podermos sair como nos velhos tempos!

Oh-oh.

Karin, minha ex-namorada e amiga de Sakura. TUDO o que eu NÃO precisava agora.

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Diário da Sakura

Hoje eu tive um sonho um tanto... Estranho com Sasuke Uchiha, que não convém descrever em detalhes.
É isso. Ainda estou atordoada demais para escrever qualquer outra coisa.

Hum... De repente ficou calor aqui.

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“Vou passar uns dias com vocês”, ela disse. Karin, quero dizer. Ela estava toda sorridente abraçando Sakura, mas quando me viu, fechou o semblante e começou a rosnar.

— Achei que estivesse na capital, com Itachi.

Desci as escadas lentamente, certo de que a qualquer momento Karin fosse avançar e morder a minha jugular.

— Eu estava, mas precisei voltar – olhei descaradamente para Sakura, que se encolheu.

E ficamos ali, encarando um ao outro como parvos, até que Karin puxou Sakura pela mão, resmungando algo como: “Não vou deixar um ex-namorado estragar o meu dia”, o que fez com que Sakura, que obviamente não sabia do fato, arregalasse os olhos.

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Diário da Sakura

Não sei por que, mas a Karin veio com uma história sobre um pacto idiota entre amigas onde seria proibido ficar com qualquer ex-namorado da outra, mesmo que se passassem 1.512 anos. Tanto faz.
Em breve darei o fora dessa cidade, mesmo...

PS: Finalmente me decidi pela medicina. É uma profissão séria e respeitada. Eu vou ser respeitada, se for uma médica, não vou?

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Mais tarde, quando Sakura conseguiu se livrar de Karin, me enfurnei em seu quarto e tranquei a porta.

— Por que não me contou que namorou a Karin? – ela me atacou, mal virei-me para vê-la.

— Isso é tão relevante assim?

— Você deveria saber, já que leu o meu diário!

— Não vamos deixar um pacto de adolescente estragar o que nós podemos ter, Sakura.

— Por que terminou com ela? Aliás, por que resolveu namorar ela, já que não estava apaixonado?

— Como sabe que eu não estava apaixonado?

— Karin me contou. “Acho que nem deveríamos ter começado isso, já que você sabe que não a amo” – Sakura tentava imitar uma voz masculina. — Ficou com ela por causa dos... Peitões? – falou essa frase olhando discretamente para seus próprios seios.

— Está com ciúme? – sorri.

— Foi por causa dos peitões?

— Claro que não.

— Não estou.

— Hn. Engraçado ouvir isso da garota que ficou com um cara idiota só por que ele era gostoso. Mas se quiser saber... – me aproximei, o pulso magicamente já acelerado; sussurrei em seu ouvido. — Eu prefiro os seus.

Eu ia beijá-la, ia mesmo, mas Sakura não pareceu tão ansiosa quanto eu.

— O que faremos à respeito da Karin? Ela vai me odiar se descobrir que eu... Que nós...

— Você me disse que não existe um nós.

— Tem razão, não existe. Mas ainda me sinto uma traidora.

Sério mesmo que ela levava aquele pacto idiota tão a sério?

— Então deixe-me dizer algo para isentar sua culpa — aproximei-me um pouco mais. — Antes de me namorar, Karin ficou com Kiba. Acabaram-se as suas desculpas para me manter longe.

Ela pareceu mais surpresa do que aliviada, mas nem de longe magoada.

— Não estou dando desculpas.

— Então está se sentindo pressionada por que eu disse estar apaixonado por você e ainda não se sente preparada para dizer?

Pelo modo como ela me olhou, pude saber que acertei na mosca.

— Nunca fui do tipo romântica – ela confessou, quase se desculpando. — Acho que nunca amei ninguém de verdade... Eu não...

— Não precisa se explicar — cortei-a, gentilmente e lhe dei um beijo na testa. — Terá bastante tempo para pensar, e quando achar que deve me dizer algo, me procure.

Afastei-me devagar, reunindo toda a minha coragem para sair daquele quarto.

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Diário da Sakura

Kushina chamou minha atenção hoje novamente sobre a minha falta de delicadeza. Os Uzumakis adoram beijos, abraços e palavras carinhosas, mas eu simplesmente sinto que não deveria dizer. É como se eu fosse uma intrusa que estivesse querendo penetrar na bolha de amor que os envolve. Sei que estou sendo egoísta e infantil pensando assim, já que eles me amam tanto quanto amam o Naruto, mas não consigo evitar. Está além de mim.


Talvez algum dia eu encontre alguém que me faça querer voltar a ter aquela doçura de quando eu era criança.
Por que agora, para mim, um simples ‘eu gosto de você’ sai com muito esforço.
Dizem que quanto mais se repete alguma verdade, mais raízes ela cria em você. E eu tenho medo de repetir ‘eu te amo’ a tal ponto que seja impossível suportar quando vão embora. Por que foi com um beijo, um abraço e um ‘eu amo você’ que eu me despedi dos meus pais naquela noite do acidente.
E infelizmente, o amor verdadeiro não é reversível.

PS: Hoje fui tentar dizer que gostava do Kiba, e fiquei tão desconfortável e nervosa que no final acabei oferecendo um daqueles chicletes que arde a língua pra ele.

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Eu estava relendo aquela parte do diário em que Sakura dizia que o amor verdadeiro não é reversível e a cada dia consigo entendê-la um pouco mais. Mesmo sendo uma atração física o que sentimos a princípio, havia me esquecido da dificuldade que ela tem com relacionamentos. Foi por isso que decidi deixar as coisas adormecidas por enquanto e ser seu amigo.

Nas semanas seguintes fomos ao cinema, ao centro da cidade comprar tranqueiras que ela disse que levaria para sua amiga Ino, e até cozinhamos juntos.
Na verdade, eu fiz panquecas e ela queimou duas frigideiras.

Estava quase morrendo por admitir isso para mim mesmo, tão rápido, mas aquela paixãozinha de adolescente que eu jurava ter evoluído somente para uma atração física, havia se transformado em algo muito mais complexo, e achar aquele diário só piorou as coisas. Aprendi a gostar da Sakura com todas suas neuroses, medos e defeitos, que descobri que não mudaram muito em quase dez anos.

Eu queria ajudá-la a superá-los, queria ser o alguém por quem valeria a pena dizer ‘eu te amo’.

E queria também não soar tão gay ao revelar essas coisas.

O fato é que apesar de todos esses sentimentos, eu ainda era homem e não era cego. Embora não a abordasse mais descaradamente para uns amassos, ainda roçava minha perna na dela de propósito, ou respirava perto de seu pescoço, mesmo levando uns cascudos de vez em quando. Mas ela fazia isso com um sorriso travesso nos lábios para me deixar saber que não desaprovava minhas ações inteiramente.

Um dia, em meio a uma de nossas risadas, ela me encarou por longos segundos.

— O que foi? — perguntei, levantando uma sobrancelha.

— Eu... Quero dividir meus cookies com você.

— Já pagou sua dívida faz tempo, doutora — ri e ela se aproximou de mim, nervosa e começando a corar.

— Não... Eu descobri que quero dividir meus cookies com você... Pra sempre.

Então eu percebi que por enquanto esse era o jeito dela de dizer que me amava.

Feliz com o progresso e por que eu estava na seca desde que a reencontrei, beijei-a apaixonadamente e a levei para ver como ficou a reforma do meu apartamento.

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FIM



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Notas finais do capítulo

Olha, eu FINALMENTE terminei!
Eu havia empacado TOTAL nesse epílogo e sinceramente não curti muito não, mas aí está!
Agradeço às reviews, SUAS LINDA!
Às vezes eu só tomo vergonha para voltar tentar digitar algo depois de reler seus comentários sim, eu leio e releio seus reviews fofos.
A vida continua corrida pra caramba. Desejem-me sorte na reta final dos preparativos para o casamento, por que tá osso. XD
Bem, é isso. Não está betado. E foi revisado porcamente, por isso, me perdoem eventuais erros de digitação.
Besitows,
StrawK .



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