Os cigarros não amenizam mais as minhas angústias, as drogas não provocam mais aquelas alucinações tão peculiares, e o álcool, companheiro de todas as horas, desce pela minha garganta com a mesma facilidade com que as lágrimas escorrem pelo meu rosto. A dor que ocupa a escuridão do meu ser se tornou tão intensa que nem mesmo os mais poderosos feitiços conseguem controlar. Até minhas melhores poções não fazem mais o efeito esperado. Aos poucos estou perdendo o resto da minha essência, tudo aquilo que não foi levado por ela.

No abismo no qual me encontro não há espaço para amor, felicidade, ou qualquer tipo de sentimento. Com exceção do meu corpo, tudo aqui é escuro, frio e inerte. Jamais mandaria nem mesmo o meu pior inimigo para este lugar; mas para cá o destino me mandou.

Talvez a única solução seja entregar-me à morte. Ela há de me acolher, me retirar desse mundo cruel e mostrar-me o caminho mais curto para reencontrar o meu pequeno Sol. Ou talvez eu deva simplesmente permitir que as pessoas se aproximem de mim, deixá-las perceber que não sou esse monstro que elas pensam. Preciso mostrar que sou apenas um homem que precisa de carinho, afeto e principalmente amor.

Agora eu entendo como é importante ter alguém em que eu possa confiar; alguém que possa me proteger; alguém a quem eu possa amar.
FIM.