Amigos também Dizem Eu Te Amo escrita por Annie Sakura-chan


Capítulo 2
Conversa de Bêbado




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/10368/chapter/2

Amigos também dizem eu te amo

Conversa de Bêbado

Risadas altas podiam ser ouvidas na humilde casinha amarela. Eram masculinas. Quem passava poderia até estar pensando mal da pacata habitante da residência. Todos conheciam Kinomoto Sakura.

-Hahaha! Como é mesmo o nome do Sol que brilha a tarde? Ah, Sol, obrigado, Sakura-chan! – A figura feminina se encolheu no sofá, estava esfriando. Uma garrafa de whisky vazia no chão da sala. Um copo vazio do lado da garrafa, caído. Uma figura masculina totalmente bêbada ao lado da garota no sofá. Um outro rapaz na poltrona, calmo.

-Syaoran, você já bebeu uma garrafa inteira de whisky, já deu não?

-Ah, vamos lá, florzinha, a noite é uma criança. – Tentou se levantar e caiu de bunda no chão, caindo na gargalhada. A moça se encolheu ainda mais, olhando para o jovem sentado.

-Eriol, leva ele para casa, por favor! Ele não está em condições de dirigir!

-Vamos lá Sakura, admita que isso ta ficando engraçado!

Sakura bufou. Levantou-se e passou o braço do rapaz sobre os ombros, levantando-o. Ele era pesado, mas conseguiu subir as escadas.

-Hei, tem sangue no meu álcool, Saki-chan. Entendeu? Sangue no meu álcool! – Syaoran riu mais ainda. Um forte hálito de bebida emanou do rapaz. A garota abriu o chuveiro na água gelada e enfiou o rapaz no chuveiro. – HEI! – Exclamou, sentindo a água gelada descer sobre o corpo. – Agora você entra também!

Cruzou os braços e olhou o rapaz, cansada. Negou com a cabeça, ela estava doente já. Ouviu passos vindo do corredor e olhou para a porta. Um sorriso enigmático se formou no rosto do rapaz que acabava de entrar no banheiro. A curiosidade foi maior que o bom senso de Sakura. Tinha que perguntar.

-O que aconteceu com ele, Eriol?

-Levou um fora de Aneriko, além de um belo par de chifre...

-SIMBORA PRUM BAR! BEBER CAIR LEVANTAR! – Uma careta foi vista por Eriol. Ela odiava esse tipo de música. Syaoran começava a se divertir na água gelada. Sentiu um puxão no ombro e se viu embaixo do chuveiro.

-SYAORAN! – A porta do banheiro foi fechada suavemente pelo inglês que tinha acabado de sair.

-Ah, vamos curtir a vida, florzinha. – Estava encharcada, sentia até seus ossos gelarem. Duas mãos envolveram sua cintura. O hálito quente chegou até sua nuca.

-Não, Li! – Resmungou, tentando afastá-lo. Ele não soltava. – Você amava a loira oxig... Digo, a Aneriko?

-Amo muito! – Respondeu, olhando para os olhos esmeraldas da moça. – Muito mesmo. – Um soluço – Mas ela me abandonou! – Um cambaleio. – Por isso eu vou partir pra outra. – Um olhar. – E a outra é você Sakura. – Um espirro.

-Syaoran, você ta confundindo as coisas. Nós somos amigos! – Viu o rosto do rapaz se aproximar do seu. – Pára! – Começou a chorar – PÁRA! – Um tapa. – Pára...

Levou a mão até onde o tapa havia o atingido. A moça desligou o chuveiro. Droga! Estava piorando, e agora essa ducha fria a meia noite iria melhorar seu quadro de pneumonia. Chorava muito.

-Você me bateu, Sakura?

-Desculpa! Desculpa!

-Vou repetir pra ver se você entende a pergunta: Você me bateu? – Apertou o pulso da garota. A outra mão de Sakura apertava a barra da blusa. Segurou o choro e acenou que sim com a cabeça. – Fale em alto e bom tom.

-Eu, Kinomoto Sakura, bati em Li Syaoran! – Mais lágrimas escorriam. Tossiu. – Mas agora pára. Eu preciso me trocar. Se eu continuar molhada eu vou piorar Syaoran, você sabe disso. Me dá licença?

Acenou que não com a cabeça e prensou a garota contra a parede fria do banheiro. A jovem se debatia, tentando se soltar. Ele era mais forte e segurou as duas mãos da moça. Aproximou seu rosto do dela. “Se não consegue vencer o inimigo, junte-se a ele.” O único pensamento que fez sentido na cabeça da jovem quando sentiu um pressão em seus lábios. Ele só iria sossegar depois que ela cedesse. E foi isso que aconteceu. Sentiu o aperto nos pulsos afrouxar, os braços deslizaram pela parede fria do banheiro. Syaoran havia puxado a cintura da moça mais pra si. Separaram-se para tomar ar.

-Sakura, você põe essas mãos ai na minha nuca agora, sabe? – Riu, voltando a capturar os lábios da garota.

-Hahaha, muito engraçadinho você. Syaoran?

-An?

-Por que isso ta acontecendo? – Sentiu o toque carinhoso do rapaz em sua face e fechou os olhos. Automaticamente, uma lágrima caiu de seus olhos.

-Porque eu te amo, Saki... – Só podia ser conversa de bêbado. Uma pressão nos lábios a fez chamar para realidade. Abraçou com força Syaoran, que retribuiu, apertando-a contra si mesmo. Começou a beijar o rosto de Sakura, descendo lentamente pelo pescoço. – Você tem certeza?

-Pelo visto ainda tem um pouco de sanidade. – Riu um pouco, ainda de olhos fechados. – Mas o banheiro não é o lugar mais apropriado.

-------

-Acorda Syaoran. – Balançou o rapaz, tentando acordá-lo.

-Ai...minha...cabeça.

-Isso se chama ressaca. – Bufou, arrumando o roupão e levantando da cama. – Vamos, já ta tarde e você precisa voltar pra casa.

-O que aconteceu ontem a noite? – Perguntou, sentando, revelando o peitoral nu do rapaz.

-Você não se lembra? – Ele negou com a cabeça. A moça engatinhou-se até ele e depositou um beijo estalado em sua bochecha. – Bom dia! – Sentou-se ao lado de Syaoran. – Bem, eu te explico. Você entrou na minha casa meio bêbado e com uma garrafa de whisky pela metade na mão. Bebeu o resto da garrafa e ficou totalmente bêbado. Te enfiei debaixo do chuveiro gelado, você me puxou pra me molhar também, eu te dei um tapa, que deixou marca, falando nisso, deixa eu ver se melhorou. – Pegou o rosto do rapaz, que corou, na mão direita e virou-o para ver o lado que tinha acertado. – Ai depois você me beijou e depois... – Parou, inquieta.

-A gente dormiu junto.

-Isso. – Respondeu, baixinho.

-Olha, Saki, desculpa se eu fiz algo que... – Colocou o indicador sobre os lábios do rapaz.

-Você não fez nada sozinho. Agora vamos, levanta que tem uma loira oxigenada querendo falar com você! Levanta logo! – Resmungou, enquanto levantava da cama.

-Sakura...

-Qualé, eu já te vi sem roupa! – Riu, enquanto saia do quarto. – E anda logo, não quero que a riquinha ali se descabele... Não na minha casa.

Levantou-se da cama. Colocou a calça e saiu com a camiseta em seu ombro. Achou a mulher na sala, sentada no sofá, com certo nojo. Um tosse seca a chamou para a realidade. Encostou-se no batente da porta e cruzou os braços. Não sabia o porque, ele não a amava mais... Ou talvez nunca a amou. A jovem se aproximou e tentou abraçar Syaoran, que desviou.

-O que você quer? – Perguntou, ríspido.

-Ah, Syaoranzito! (Ouh may gud! De onde eu arranjei esse apelido? [capota]) Você não sabe como eu senti a sua falta! – Tentou abraçar o rapaz, que desviou. – O que você ta fazendo nessa... Casa? E sem camiseta? Posso saber?

Apontou para o sofá e ele mesmo se encaminhou para lá, ficando de frente para a mesinha de centro, onde duas xícaras de chá foram postas na mesa pela dona da casa. Sorriu falsamente para a tal Aneriko. Todos da faculdade a chamavam de anoréxica, loira oxigenada, filhinha de papai... Piscou um olho para Syaoran, que riu. Saiu da sala.

-------

Seus pés tremiam, suas pernas também. As pontas dos dedos estavam roxas, um calafrio passava por sua espinha a cada segundo. Começou a batucar no colo. Por que mulheres demoram para se arrumar? Bufou. Uma silhueta feminina apareceu na porta. O rapaz voltou os seus olhos para o lugar que a presença vinha.

-Demorei? – Perguntou, enquanto seguia até Syaoran.

-Sakura, se eu falasse que você é pontual, estaria mentindo! – Respondeu, dando um beijo na bochecha da moça. – Mas... – Acrescentou, antes que fosse acertado por uma bolsada. – A espera valeu! Agora vamos...

-Não, espera! – Pediu, segurando o pulso do rapaz. – Temos um tempinho antes da sessão do cinema começar. Eu tenho algo pra te falar. Coisa rápida. – Syaoran acenou que sim, pedindo para que prosseguisse. – Eu queria falar daquela noite.

Syaoran corou. Tinha que ser justo aquilo?

Tinha!

-Não sei se era conversa de bêbado, mas eu te ouvi falar umas coisas durante a noite, não tive coragem de perguntar antes e... – Respirou fundo. – Você me ama?

O chinês de olhos âmbares se aproximou da garota. Curvou se um pouco para poder encaixar sua testa na dela e olhou fundo nos olhos da japonesa, que brilhavam. Acariciou o rosto e uma lágrima teimosa caiu dos olhos da moça. Ele limpou com o polegar. Sakura fechou os olhos, sentindo o toque carinhoso de Syaoran. Sentia como o antigo Syaoran, aquele com quem passara a noite, mesmo estando bêbado, havia voltado. Abriu os olhos e encarou as duas pedras cor chocolate.

-Sim, Saki-chan, eu te amo. – Demorou para falar isso. – E eu demorei para entender que tudo o que eu sentia por você na infância continuava vivo aqui dentro. – Pegou a mão delicada da jovem e pôs sobre o coração. – Na verdade, eu precisava de algo para entender isso. E acho que aquela noite explicou tudo. Mas por que a pergunta, justamente agora?

-Eu... – Fechou os olhos novamente. – Nós não tomamos as devidas proteções Syao... E eu... Eu to...

-Sakura, assim você me mata do coração.

Kinomoto pegou a mão que segurava sua nuca e pôs em sua barriga.

-Descubra você mesmo, Syao-kun. – Os olhos âmbares ficaram embasados. – Tem um bebezinho ai dentro, Syao.

-Mas, por que não me contou, Sakura? – A jovem saiu do abraço carinhoso do amigo e sentou-se no sofá.

Ergueu uma sobrancelha, em forma de indignação. Estalou os dedos, começou a mexer os pés. Mexeu nos cabelos, enrolou uma mexa que caia em seu rosto. Olhou para o jovem, que ainda estava de pé, no mesmo lugar de antes. Engoliu um seco. Desviou o olhar. Aquela espera estava irritando-o.

-Eu pretendia criar a criança sozinha. – Engoliu outro seco. Abaixou a cabeça e sentia o olhar dele sobre si.

-Por quê?

-Você tava namorando até ontem, céus! Eu não queria atrapalhar! Eu tenho condições. Tenho uma poupança que garantiria o futuro do meu...

-Nosso – interrompeu.

-...Bebê. Não queria atrapalhar, Syaoran. Desculpa! – Começou a chorar. Syaoran abaixou-se e abraçou a garota. Sakura encostou seu rosto no ombro dele, enquanto agachava-se no chão também. Agarrou-se a cintura do chinês. Não iria soltar enquanto não parasse de chorar. – Syao-kun, promete que não vai brigar comigo por isso?

-Sakura, eu... – Colocou o indicador nos lábios do rapaz. Olhou para os olhos de Syaoran.

-Apenas... Promete. Eu não quero mais nada. Só saber que você não vai brigar comigo. Promete?

-Eu... Prometo. – A voz falhou. Sakura notou isso.

-Isso não parece uma promessa Syao! – Resmungou, abaixando a cabeça.

-Eu te dou minha promessa se você me respondeu uma coisa.

-Manda.

-Você me ama?

A amiga de Li pensou um pouco, os sapatos passaram a ser bem interessante naquela hora. Fechou os olhos, respirou fundo. Estava prestes a contar o que mudaria toda a sua vida.

-Eu te amo, Syaoran.

-------

N/A: Yo! Como vai? Bem né? Pois é, férias chegando, mó curtição, provas acabaram... Wee, livre! Vamos falar da fic agora: Quando eu tive a idéia de fazer essa fanfic, era pra ser comédia, mas daí foi ficando mais pro lado emocional e eu gostei do resultado final, acho que ficou mais a minha cara. O resultado final, em si, era pra ser diferente. Eu faria como se ninguém soubesse de quem era o filho e que, quando nascesse, só o Syaoran ficaria sabendo, mas achei que ficaria complicado demais, além de muito, muito, muito, muito (alguns muitos depois) grande e eu não gosto de shortfic grande, que pelo próprio nome já da pra saber que é pequena xD. E agora, aos comentários!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amigos também Dizem Eu Te Amo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.