O Cometa escrita por Carol, thammy horan jones, renatatwifan


Capítulo 7
7. Cartas à mesa.


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou - finalmente - com mais um capítulo para vocês, girls. Vocês nem imaginam o quão trabalhoso foi digitar esse capítulo com essa p*rra dessa tala no braço, é.
Antes de mais nada, eu queria dar as boas vindas a todas as novas leitoras d’O Cometa, obrigado por darem essa chance à fic.
Quero agradecer também às leitoras que sempre comentam, vocês não fazem ideia do quanto isso me inspira.
Um obrigado especial a Gabiih, que sempre deixa livros em forma de reviews ;D
Também quero deixar um beijão para as minhas betas maravilhosas, que me aturam sem reclamar >.
E agora, finalmente, boa leitura...



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O Cometa:

7. Cartas à mesa.

            -Ness? Oh... Você está chorando minha flor? - Esme perguntou preocupada enquanto entrava em meu quarto com um prato de sopa.

            Eu não queria que ela me visse triste agora. Ela tinha ficado tão contente ao me ver fazendo amigos.

            -Só estou com saudades dos meus pais, vó. Não se preocupe. - falei controlando minha voz para que não ficasse claro o quanto eu estava arrasada.

            Ela colocou a bandeja em meu criado mudo e sentou-se ao meu lado na cama.

            -Oh Ness, você chegou há quatro dias e já está assim? Nós não estamos lhe dando a devida atenção, não é? Desculpe querida, mas não chore, por favor.

            -Não vó, não tem nada a ver com vocês, sou eu o problema. Eu e esse meu ‘dom’ irritante. Será que eu nunca vou poder me relacionar com as pessoas, vovó? Sempre quando eu estou começando a acreditar que algo pode dar certo, adivinha o que acontece? Tudo desmorona em cima da minha cabeça! E o pior é que agora não é só uma droga de uma paixonitezinha, como foi com o Alex, agora é diferente! É como magia. Parece que todos ao meu redor somem quando ele está por perto. Por que, vó? Por que isso tinha que acontecer justo com ele? Por que justo comigo? - deixei minha voz morrer.

            Esme me olhava sorrindo.

            -Você está apaixonada querida? Mas isso não é motivo para ficar triste, muito menos para chorar. É tão bonito quando isso acontece!

            Eu balançava a cabeça em negativa.

            -Alice não te contou vovó? - indaguei, ela me olhou confusa.

            -O que ela deveria ter me contado? - perguntou.

           - Sobre as visões apagadas e a magia estranha daqui. - falei. - Eu não posso me relacionar com essas pessoas, isso colocaria o meu segredo e de Alice em risco! Eu não sei o que eles são ou o que podem fazer, por isso tenho que me manter afastada.

            -O que você quer dizer com manter-se afastada? - ela perguntou já chorosa.

            -É vovó, exatamente o que a senhora está pensando. Eu vou voltar para Nova York hoje mesmo. - falei séria.

            -Não, por favor, querida. Você não precisa ir, eu imploro que fique mais uns dias pelo menos.

            -A senhora sabe que é necessário.

            -Mas você acabou de chegar. - ela disse chorando. - Ah, Ness... Você não sabe o quanto eu e seu avô sentimos a sua falta, ficamos tão felizes quando soubemos que você viria junto com Alice. Você não pode ir já!

            -A senhora sabe que é necessário. - repeti, e acrescentei: - Isso é só mais uma prova de que as coisas nunca vão ser normais para mim vovó, nunca vão ser reais. Eu sempre terei que conviver com esse segredo e me manter longe de tudo que ofereça perigo a ele.

            -E se você ficar só aqui em casa? Não vá mais à La Push. - ela argumentou.

            -Eu não consigo! - falei meio alterada - Eu não faço ideia do que aconteceu comigo, mas desde que eu o vi pela primeira vez eu simplesmente não consigo ficar no mesmo ambiente que ele sem querer ficar cada vez mais perto. Se eu continuar aqui eu sei que vou cair em tentação, e eu não posso! Isso seria muita irresponsabilidade da minha parte.

            -Isso não é justo Ness! Você é tão jovem, é apenas uma criança. Está apaixonada e é obrigada a esquecê-lo, a sair de perto dele. - falou indignada.

            -O mundo não é justo vó. Mas afinal, o que eu posso fazer em relação a isso? Eu tenho que jogar com as peças que me foram dadas. Eu sei que a única saída agora é ir embora.

            -Essa é sua decisão definitiva? - ela perguntou triste.

            -É sim. Escute vovó, eu sei que a senhora estava muito feliz por me ter aqui e, acredite, eu também estava muito feliz. Vai ser muito ruim para mim ter que trancar a faculdade, me afastar para esquecer, mas... - fui interrompida por uma Alice histérica, que entrou no quarto correndo e me abraçou com força.

            -Você não pode ir Ness, o destino te trouxe até aqui e agora você vai virar as costas para a felicidade? - Alice falou me sacudindo.

            -Não tia, eu só vou fugir do perigo, só isso.

            -Fugir do perigo? Renesmee, você acha mesmo que aquele rapaz representa perigo a você? A nós? Por Deus, você já reparou na forma como ele te olha? A impressão que eu tenho é que ele seria capaz de se jogar na frente de um caminhão para te salvar. Esse seu complexo de inferioridade e autodefesa já foi muito longe, você chegou ao ponto de querer trancar a sua tão planejada faculdade para esquecer o garoto, isso passou dos limites!- ela disse severamente e pegou o celular.

            -O que você vai fazer? - perguntei.

            -Vou falar com seus pais. Nós não podemos te impedir de fazer nada, pois você já é maior de idade, mas quem sabe uma boa conversa com eles resolva.

            -Não tia, por favor. Não precisa ligar para eles e preocupá-los, eles não merecem mais problemas causados por mim.

            -Eles não merecem? O que você quer dizer com isso? Que você merece? Ou pior, que você tem que passar por isso sem o apoio de ninguém? - ela balançou a cabeça - Por que Ness? Me diz, você gosta de sofrer sozinha ou o quê?

            -Essa não é a questão tia, eles já passaram por tanta coisa para me...

            -Ah, não me venha com essa! - Alice interrompeu-me irritada.

          

            -Tia... - resmunguei.

            -Olha só querida, - ela falou mais calma agora - vá dar uma volta, espairecer, caminhar pela praia... Pense um pouco: quantas privações você já impôs a si mesma? Isso é justo? Isso resolve alguma coisa? Se no final você continuar com a mesma opinião, então eu prometo que deixo você ir sem falar nada para os seus pais. Apenas reflita OK? É só isso que eu estou pedindo.

            Pensei por um instante.

            -Tudo bem tia, vou fazer isso. - falei.

            Sim, eu iria até a praia. Passaria a tarde inteira sozinha, sem preocupar mais ninguém, e no final da tarde eu voltaria para casa e arrumaria as minhas coisas para voltar para NY.

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                O céu estava encoberto por nuvens carregadas, acho que logo começaria a chover. Eu já estava aqui há uma hora, e mesmo com a visão maravilhosa que eu estava tendo - a First Beach deserta e silenciosa -, o tédio já estava começando a me dominar.

            Eu não queria pensar no que Alice havia me sugerido, então resolvi contar o número de pássaros que pousavam na praia para caçar insetos, e ouçam-me quando eu digo: Essa atividade não faz muito bem para a saúde mental do indivíduo. Tive essa constatação quando, algum tempo depois de eu ter iniciado a minha brincadeira super empolgante, ouvi aquela voz rouca e desconcertantemente sexy dizer:

            -Você deveria ter trazido um casaco, daqui a pouco a chuva começa e com ela o clima vira. Vai ficar frio.

            Apertei os olhos com força, sacudi a cabeça e me concentrei em um cálculo mental qualquer. Não, eu não iria responder! Eu estava apenas tendo uma alucinação e se eu respondesse estaria assinando o meu diagnóstico de insanidade mental.

            -Hey Ness, você está bem? Por que veio à praia sozinha? O que aconteceu? - ele estava preocupado.

            Eu me virei de costas para ele, em um claro sinal de que não queria papo com uma alucinação.

            -Você está brava comigo? Eu fiz alguma coisa que te desagradou? Foi por isso que você cancelou a ida ao shopping? - cara, que matraca! Ele não iria parar de fazer perguntas nunca?

            Eu bufei em sinal de irritação, e parece que ele entendeu o recado.

            -Tudo bem, se você não me quer aqui eu vou te deixar sozinha, mas não vá muito longe porque pode se perder. - ele disse todo preocupado comigo.

            De repente, sem um motivo aparente ou um comando direto, eu comecei a chorar. As lágrimas jorravam de meus olhos e eu não conseguia impedi-las.

            -Meu Deus Ness, você está chorando? - perguntou e veio até mim. Abaixou-se ao meu lado e me abraçou ternamente.

            E eu? Eu fiz exatamente aquilo que não podia: me deixei aproximar. Descansei minha cabeça em seu peito e fiquei chorando e soluçando baixinho. Ele tentava me acalmar, mas eu percebi que estava desesperado. Ele fazia carinho em meus cabelos e dizia que, seja o que fosse que eu estivesse sentindo para me deixar daquela forma, iria passar.

            Aos poucos eu fui me acalmando, com seu cheiro maravilhoso e seu calor aconchegante. Sua camiseta estava ensopada pelas minhas lágrimas. Quando ele viu que eu estava mais calma, afagou minha bochecha carinhosamente e disse:

            -Me diga o que eu posso fazer para nunca mais te ver chorar dessa forma, isso doi demais. - eu apenas o olhei - Por favor, Ness, fala alguma coisa! O que você quer que eu faça? Pode pedir qualquer coisa.

            -Eu quero respostas. - finalmente falei. Minha voz quase não saiu por conta do choro.

            -Respostas? - ele perguntou confuso.

            Eu saí de seu abraço e sentei-me na pedra.

            -Exatamente. - respondi - A única coisa que pode me acalmar agora são as respostas que só você pode me dar.

            -Então pergunte. - disse meio receoso.

            -Não, antes eu quero que você me prometa uma coisa.

            -Qualquer coisa. - ele falou solenemente.

            -Me prometa que não vai mentir para mim. Se você não puder ou não quiser responder, apenas fique calado. A única coisa que pode me deixar pior do que estou é se você mentir para mim.

            -Não se preocupe Ness, eu não vou mentir para você. Mesmo se eu quisesse, eu jamais conseguiria.

            Pensei nisso por um instante.

            -Por quê?

            -Por que o quê?

            -Por que você não conseguiria mentir para mim nem se quisesse? Essa é a minha primeira pergunta. - falei encarando-o.

            Ele ficou calado por um longo tempo, e quando finalmente abriu a boca, a única coisa que disse foi:

            -Próxima pergunta.

            Eu fiquei um pouco decepcionada, mas não desisti.

            -Tudo bem. - falei - Eu te pedi a verdade ou o silêncio, você me deu o silêncio. Já é um começo. A próxima é: Como você sabia que eu estava aqui?

            -Essa é fácil. - ele disse sorrindo - Eu fui até a casa de seus avós e a sua tia me disse que você estava na praia.

            Respirei fundo, com Alice eu me entenderia mais tarde.

            -OK, mas olha o tamanho dessa praia, e olha onde eu estou. - apontei para o monte de pedras enormes a minha volta, quase formando uma muralha - Como você me encontrou aqui?

            Ele calou-se novamente, mas dessa vez eu tive certeza de que ele não me responderia, e é por isso que fiquei tão surpresa quando ele começou a falar.

            -Eu... - ele parou por um minuto, como se estivesse medindo as palavras - Eu segui o seu cheiro! - falou por fim.

            Senti que a minha boca foi se abrindo lentamente, mas não pude impedir.

            -O m-meu... O-o meu cheiro? - gaguejei.

            -Sim. O seu cheiro, o som da sua respiração e dos seus batimentos cardíacos.

            Eu estava estática. Fiquei assustada, mas ao mesmo tempo feliz. Ele estava me dizendo a verdade! Isso era muito bom, não era?

            -Como você faz isso? - perguntei.

            -Eu tenho os sentidos aguçados. - ele respondeu simplesmente.

            Revirei os olhos.

            -Isso eu já percebi né?! Dã! O que eu quero saber é: Por que você tem os sentidos aguçados? O que você é? Um mutante?

            Ele riu e balançou a cabeça.

            -Mutante... - falou ainda rindo, mas depois ficou sério - Pensando bem, até que o termo ‘mutante’ não é tão errado assim. Mas não é isso que somos.

            -E o que vocês são? - perguntei usando o plural, assim como ele havia feito.

            Silêncio... Silêncio... Silêncio...

            -Transmorfos. -falou por fim.

            Meu sangue gelou e um arrepio percorreu o meu corpo. Lembrei da lenda que Marie havia me contado. Eu queria falar, mas não encontrei minha voz.

            -Nessie, está tudo bem? Você está sem cor! Eu te assustei, não é? Oh, me desculpe, por favor.

            -Então não há nada de fantasia naquela história, ela é real! - sussurrei.

            -Que história Ness?

            Ignorei sua pergunta.

            -Jacob, você é um homem-lobo? - perguntei.

            Ele ficou paralisado quando eu disse isso. Olhou-me de uma forma confusa e começou a tremer levemente.

            -Vo-você sabe a respeito dos lobisomens?

            -Eu conheço a lenda, Marie me contou. - falei - Mas nem por um segundo eu imaginei que fosse real, que fosse possível.

            Ele ficou em silêncio, apenas me olhando.

            -Eu quero que você me conte tudo. - eu disse - Exatamente o que vocês fazem? Ah... e me explica direito o que são os frios, eu não entendi muito bem quando a Marie falou.

            Ele me olhava incrédulo.

            -Eu não acredito que você já sabia. - balbuciou.

            -Pois é, eu sabia. Apesar de achar que tudo não passasse de lendas, eu sabia. Agora anda, me conta como é que isso funciona. - falei empolgada.

            Ele me olhou como quem diz: “ela pirou na batatinha”, mas acabou cedendo e me falou tudo.

            Depois do relato ele ficou me olhando na expectativa, creio eu, de uma reação racional. Reação racional... Definitivamente eu não me lembrava do que era isso. Eu estava paralisada, não sei se de medo, ou de descrença.

            -Ah, pelo amor de Deus! - explodi de repente - Eu não acredito que estamos falando disso, não, nós não estamos tendo essa conversa! Por favor, esquece as coisas que eu falei, isso é ridículo. Lobisomens e vampiros? Ora, faça-me o favor!

            -Mas é a verdade Ness!

            -Não, não é a verdade. Isso é impossível, completamente surreal! - falei jogando os braços para cima, totalmente frustrada.

            Ele levantou-se do chão e caminhou até a outra extremidade da grande pedra onde estávamos, ficando de costas para mim.

           

            -Isso é hipocrisia da sua parte Renesmee! - ele me acusou, pressionando as têmporas com as pontas dos dedos - Você é a última pessoa no mundo que pode dizer que não acredita em mim! Eu sei que você também tem um segredo, um segredo que é tão inacreditável quanto o meu.

            Meu coração atrasou uma batida ao ouvir aquilo.

            -Alice te falou isso? - perguntei.

            -Não. - ele falou virando-se para mim e caminhando na minha direção. Parou na minha frente, nossos corpos a dois passos de distância. - Eu senti isso! Você já notou que tem uma magia a nossa volta, não é? Então, isso nos deixa conectados em um nível inimaginável. Eu posso sentir que você esconde algo grande.

            Eu dei um passo em sua direção.

            -Você também sente isso? Essa conexão entre nós? - perguntei baixinho.

            -Eu não só sinto, Ness. Essa conexão faz parte de mim, e muito mais do que você poderia supor, é isso que me mantém vivo agora.

            -E você não se importa com o fato de eu esconder um segredo? Não quer saber o que é? Você confia em mim a esse ponto? E se eu for do mal, e se eu prejudi... - não consegui completar a frase, pois ele pôs o dedo indicador sobre os meus lábios.

            -Eu sei que você não é do mal, olhe para si mesma! Você é a criatura mais doce e angelical do mundo, não faria mal a uma mosca. - ele disse rindo - E, me entenda Ness, desde que você esteja bem, o resto não importa para mim. - falou me olhando intensamente.

            -Eu vou te contar. - falei - Vou te contar tudo, apenas tenha paciência. Você não faz ideia do quanto isso tudo é novo para mim. Ter alguém que é por mim, entende? As únicas pessoas que conviveram comigo a minha vida inteira foram os meus familiares, eu nunca me relacionei com ninguém de fora. E agora, ao seu lado, eu me sinto tão segura para falar a respeito de mim, dos meus medos e sonhos, de tudo o que eu sempre guardei aqui dentro. - apontei para o meu peito.

            -E eu quero muito ouvir - ele falou ternamente, afagando o meu rosto com a ponta dos dedos. - Eu quero ouvir tudo o que você tiver para me dizer, quando você estiver pronta para isso.

            Ele me olhava de uma forma tão intensa que parecia ser capaz de ver a minha alma.

            Eu ri.

            -Isso é estranho, não é? - falei e ele me olhou confuso. - Nós nos conhecemos ontem, mas parece que faz muito mais tempo. Da tarde de ontem para cá nós já sorrimos, contamos segredos, discutimos, consolamos um ao outro...

            Ele sorriu lindamente para mim.

            -Nossas mentes se conheceram ontem Nessie, porém nossas almas já se conheciam há muito tempo. Mas eu entendo o que você quer dizer, pois também me sinto assim. Isso é muito diferente de tudo o que eu já imaginei para mim. E é muito melhor também... Muito melhor do que o meu sonho mais perfeito. - ele falou e me pegou em um abraço inesperado.

            Eu não sei por quanto tempo nós ficamos abraçados, mas quando ele me afastou de seu corpo eu tive a impressão de que não foi tempo o suficiente. Aliás, eu sempre achava isso quando estava com ele, que não tínhamos tempo o suficiente, e por isso eu queria estar sempre mais perto.

            -Como vai ser agora? - ele perguntou enquanto prendia uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

            -Eu não sei Jake, eu não sei. Eu acho que ainda não caiu a ficha, sabe? É tão maravilhoso que chega a ser difícil de acreditar. Você sabe que eu não sou uma pessoa normal - ele estreitou os olhos - tudo bem, tudo bem. Você sabe que eu sou um tanto quanto ‘peculiar’ e mesmo assim não se afastou de mim, muito pelo contrário, está aqui perto de mim. Isso para mim é meio que surreal, parece mentira.

            Ele sorriu e segurou minha mão.

            -Mas não é... Aliás, essa é a coisa mais certa que já aconteceu na minha vida. - olhou no fundo dos meus olhos - Você é a coisa mais certa que já me aconteceu. Eu entendo que talvez isso não faça muito sentido para você, mas para mim faz todo o sentido. Eu vou estar ao seu lado sempre, vou ser para você o que você quiser e precisar que eu seja.

            Ele disse isso de uma forma tão profunda e sincera que eu me derreti.

            -Jura? - pedi com a voz falha.

            -Juro.

            Eu o abracei fortemente.

            -Obrigado, você não sabe o quanto isso me deixa feliz. Eu não sei explicar o que estou sentindo, só sei que é algo ótimo. Também não sei dizer o que eu espero para nós dois, você não faz ideia do quanto eu sou traumatizada com isso. - falei meio envergonhada.

            -Tudo ao seu tempo Ness. Eu já te disse que serei o que você precisar que eu seja, e se o que você precisa é de um amigo, então nós podemos ser melhores amigos para sempre. Isso me bastaria se fosse para te ver feliz.

            -Você não existe. - eu falei bobamente.

            -É, eu sei... Sou bom demais para ser real, né? - falou brincando.

            Eu lhe dei um soco no braço.

            -Com certeza... - falei sorrindo - É um poço de modéstia também.

            Nós dois rimos, um riso leve e sem preocupações. Era assim que nos sentíamos sem o peso das meias-verdades.

            De repente eu senti uma gota de água em meu braço, depois em meus cabelos, nariz, ombros...

            -Está chovendo! -eu falei feliz. Há quanto tempo eu não tomava um banho de chuva?

            -Bem observado. - ele falou sorrindo debochadamente.

            -Haha - dei uma risada sarcástica e comecei a correr pela praia, enquanto a chuva só fazia aumentar.

            A sensação de liberdade era incrível! Parecia que eu tinha voltado a ser criança, e isso era demais.

            -O que você está fazendo, sua doida? - ele perguntou rindo. Era assim conosco: A minha felicidade afetava a ele assim como a dele me afetava.

            -Estou sendo feliz! -falei sorrindo.

            Ele veio até mim e me pegou em um abraço protetor, como se quisesse me guardar da chuva.

           

            -OK - falou - Mas você não poderia ser feliz longe dessa chuva? Você não é acostumada com isso, e esse clima frio vai fazer você adoecer...

            -Ah, para com isso papai! - falei satirizando aquele jeito superprotetor dele. - Vamos nos divertir? - pedi com cara de ‘por favorzinho?’.

            -E qual é, exatamente, a sua ideia de diversão?  - perguntou desconfiado.

            Eu ri maleficamente e corri para o mar. Já estava encharcada mesmo, então me joguei na água com roupa e tudo.

            E me arrependi amargamente.

            -Nessie, você está bem? - ele perguntou me abraçando para me proteger do frio, enquanto eu não conseguia parar de bater a porcaria do meu queixo. - Está vendo, sua maluca?! Eu não devia ter deixado você vir... Se você ficar doente a culpa vai ser minha.

            A cena até seria cômica se não fosse trágica: Nós dois, de roupas, no mar, em meio a uma tempestade. Eu estava roxa de frio e as ondas violentas com certeza já teriam me arrastado até o Mar Mediterrâneo se ele não estivesse me segurando firmemente.

            Jacob me levou até a areia, em um lugar protegido pelas árvores, e sentou-se em uma pedra, comigo em seu colo. Abraçou-me e colocou meu rosto em seu pescoço para que eu pudesse me aquecer.

            Céus, como sua pele era quente! Era incandescente, e rapidamente eu consegui voltar a respirar sem sentir dor nos pulmões por causa do frio cortante. Mas, mal eu consegui voltar a respirar e já perdi o fôlego novamente. O cheiro dele era magnífico, tão bom que eu cheguei a me perguntar se era real ou apenas um sonho, fantasia da minha cabeça.

            Quando viu que eu já não estava mais tremendo tanto, ele tirou os cabelos que estavam grudados em meu rosto e perguntou:

            -Melhor?

            Ah, bem melhor... Com certeza muito melhor, você não faz ideia! - pensei.

            -Aham. - murmurei.

            -Tudo bem, agora me responde uma coisa: Você é louca ou o quê? Se jogar no mar no meio de uma tempestade dessas... Sério, você deve ter algum problema nessa cabecinha linda. - falou sorrindo, mas era um sorriso nervoso.

            Eu me senti mal vendo que havia deixado-o realmente preocupado. Eu o havia assustado... Coitadinho (n/a: cuti cuti *-*).

            -Desculpa Jake, eu não queria te deixar preocupado... É só que eu fiquei com muita vontade de fazer aquilo, sabe? Eu senti uma liberdade que há muito tempo não sentia, e apesar do frio, valeu a pena. - falei ainda agarrada a ele.

            Ele pegou a ponta dos meus cabelos e espremeu para tirar a água enquanto falava:

           

            -OK, dessa vez você está perdoada, e eu espero que não haja uma próxima vez, a não ser que você queira me matar do coração. - disse tentando se manter sério, mas falhou vergonhosamente, e no final já exibia aquele sorrisão. O meu sorriso.

            -Tudo bem. - falei - Não vai haver uma próxima vez. Pelo menos não quando estiver chovendo.

            Ele levantou-se da pedra, me pôs de pé e ficou analisando o meu estado.

            -Os seus lábios estão azuis! Ah, Ness... Se você ficar doente eu vou me sentir tão culpado! - falou torturado.

            -Menos, né? Por favor, até parece que eu nunca peguei uma gripe na vida. - eu disse tentando acalmá-lo -  E tem mais: Você não me forçou a entrar na água, eu fui porque quis. Agora pare de se martirizar por besteira garoto!

            Ele sorriu, me pegou no colo novamente e saiu de baixo do abrigo das árvores correndo.

            -Hey, eu posso andar! - protestei.

            Ele não me deu ouvidos, continuou correndo.

            Quando vi, já havíamos saído da praia e estávamos em uma rua.

            -Onde você está me levando? - perguntei.

            -Para a minha casa. - respondeu simplesmente.

            -O quê?! Ponha-me no chão, Jacob! Essa cena é meio estranha, sabe? As pessoas vão achar que você está me sequestrando.

            Ele riu.

            -Acho que essas pessoas a quem você se refere devem estar mais preocupadas em se proteger da chuva do que ficar reparando em qualquer movimentação estranha na rua.

            Eu estava boquiaberta. Ele corria em uma velocidade assombrosa, comigo em seu colo como se eu pesasse cinco quilos, conversava normalmente sem ficar ofegante, e ainda tinha um detalhe: Em nossas cabeças despencava uma tempestade torrencial.

            Eu apenas escondi o rosto em seu peito para me proteger da chuva e não morrer afogada, enquanto ele corria.

           

            Nós estávamos completamente encharcados quando chegamos a uma casinha, que eu presumi ser a dele.

            Era pequena, com janelas estreitas e tinta vermelha desbotada. Parecia um celeiro minúsculo, e a palavra mais perfeita para descrevê-la, pelo menos na minha cabeça, era aconchego.

            Ele subiu uma pequena rampa e perguntou se eu estava bem. Eu falei que sim e ele me pôs no chão.

            -Rachel, corre aqui! - falou enquanto abria a porta.

            Ela logo apareceu na soleira da porta. Eu vi que ela iria falar alguma coisa para ele, provavelmente uma bronca, pela sua expressão. Mas quando me viu ali, meio escondida atrás dele e igualmente encharcada, ela fez uma cara de ‘Meu, eu não entendi’ e saiu da porta para que pudéssemos entrar.

            -Vocês podem, por favor, me explicar o que significa isso? - perguntou com as mãos na cintura.

            Jacob ignorou-a, entrou em casa e, quando viu que eu tinha ficado para trás, perguntou:

            -Você não quer entrar?

            -Ah, Jake... Eu estou encharcada, vou molhar todo o assoalho. - falei baixinho.

            Ele riu e me puxou pela mão.

            -Rach, será que você poderia pegar umas toalhas para a Ness? - perguntou para a irmã.

            Ela nos lançou um olhar desconfiado, mas sorriu e disse:

            -Claro, eu já volto!

            E saiu rapidamente, adentrando um dos quartos.

            A porta ainda estava aberta e o vento frio contra o meu corpo molhado me fez tremer violentamente. Jacob percebeu. Foi até a porta e a fechou.

            -Você quer tomar um banho quente? - perguntou vindo até mim.

            -Ah, eu adoraria... Mas eu não tenho roupas para vestir depois. - falei meio envergonhada.

            Ele pegou minha mão e me guiou até o pequeno banheiro. Acendeu a luz e regulou a temperatura do chuveiro.

            -Quando você terminar pode vestir as roupas da Rachel. Ela já vai trazer uma toalha de banho para você. - falou.

            Quando ele estava saindo do banheiro eu o chamei:

            -Jacob?

            Ele virou-se rapidamente.

            -Sim? - perguntou.

            -Obrigado.

            Sorriu para mim e saiu do banheiro.

            Eu sorri de volta e fechei a porta. Liguei o chuveiro e comecei a relaxar os músculos embaixo da água quente.

            Eu estava me sentindo absurdamente bem. Eu e Jacob estávamos bem. Nós agora poderíamos tentar uma aproximação de verdade.

            Havíamos posto as cartas à mesa e agora a única coisa que tínhamos que fazer era dar o nosso melhor para que pudéssemos ser feliz, pois a felicidade de um refletia a do outro.

            Terminei o banho e Rachel me entregou a toalha e umas roupas suas. Vesti o conjunto de moletom que ficava um pouco grande em mim e saí do banheiro para passar o resto da tarde me divertindo como nunca junto daqueles dois.


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Notas finais do capítulo

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Beeeeijos,

Ana.