O Cometa escrita por Carol, thammy horan jones, renatatwifan


Capítulo 24
24. Quem tem medo do lobo mau? - parte II


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas cheguei, rsrs.
O capítulo é bem grande para compensar a demora ;)

Boa leitura, minhas pitchulaaas *---*



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23. Quem tem medo do lobo mau? - parte II

P.O.V Jacob Black

-Deus do céu, onde é que o Embry se meteu? - perguntei a Quil.

-Acho que ele foi procurar a Lee... - respondeu-me, distraído.

-Ah, eu sei disso. - falei mal-humorado - Fui eu mesmo que pedi a ele para chamá-la, mas não pode que ele está procurando a Lee até agora. No mínimo deve ter se enroscado em algum rabo de saia por aí.

-Ok, mas o assunto era tão urgente, mesmo? Hoje era o dia de eu cuidar da Claire, cara, a mãe dela me deixaria ficar o dia inteiro com ela na praia...

-Sinto muito. - cortei-o antes que ele começasse a falar sobre o quanto ela era inteligente, engraçadinha ou sobre os castelinhos de areia que eles fariam - Mas não dava para adiar, sério.

Ele deu de ombros.

-Tudo bem, com tanto que não demore muito.

-Se Embry e Leah chegarem logo, não vai demorar. - garanti.

Sentei-me na grama e fiquei encarando o nada, esperando as duas lesmas. Com exceção dos dois, a minha matilha toda já estava presente. Sam também estava, eu o havia chamado para que ouvisse a história e repassasse para os seus, mas confesso que não estava me sentindo muito confiante com relação a isso. Ele também sabia ser chato quando queria, até mais do que eu.

O meu plano era simples: ao invés de explicar toda a situação a eles, eu apenas me transformaria e mostraria a conversa que Nessie e eu tivemos - não toda a conversa, é claro, eu não deixaria que eles vissem nossa discussão.

Para bem da verdade, eu devo dizer que não era só com a parte da briga que eu estava preocupado. Eu simplesmente não conseguia parar de pensar na noite passada, em como Nessie fora maravilhosa, e eu temia não conseguir controlar esses pensamentos quando todos estivessem ligados à minha mente. Bem, eu teria que dar algum jeito, isso é fato. Nada de lobos tarados olhando para a minha garota, nem que fosse só em pensamentos.

Agora eu entendia um pouco a situação de Sam, Jared, e até mesmo a de Paul - embora esse último eu não admitisse nem morto. Eu podia ver o quanto era ruim para eles ter que dividir os momentos mais íntimos que viviam com suas impressões, com um bando de marmanjos.

-Aaaaaah, finalmente, os dois atrasados! - Quil praticamente gritou, tirando-me de meus devaneios e atraindo a minha atenção para Embry e Leah, que chegavam juntos à clareira.

Juntos mesmo, tipo, de mãos dadas e tudo.

Leah olhou para Sam, que estava ali também, e suspendeu as sobrancelhas. Certamente se perguntando o motivo de ele estar presente.

-Eu quero saber quais são as informações tão importantes que Jacob tem. - Sam informou a ela - Depois repasso para a minha alcateia.

Ela apenas deu de ombros, parecendo mortalmente entediada. Será que ela continuaria ranzinza daquele jeito para o resto da vida?

Ao meu lado, Quil começou a bater o pé no chão impacientemente. Sério que aquilo tudo era ansiedade para brincar de esconde-esconde com a Claire? Abafei o riso, e ele me lançou um olhar mortal.

-OK... - comecei antes que ele me desse uma voadora - Eu acho melhor que vocês vejam o que eu tenho a dizer...

-Hein? - o tapado do Seth interrompeu - Como assim?

-Dãah! Nós vamos nos transformar, né, daí podemos ver tudo na cabeça do Jake. Certo, chefe? - Chris olhou para mim em expectativa, parecendo muito orgulhoso de si mesmo por ter entendido a minha intenção.

Precisei de alguns segundos para entender que eu era o ‘chefe’ a quem ele se referia. Rolei os olhos, forçando-me a ter paciência com ele. Christopher era apenas uma criança.

-Isso aí, Chris. - falei - Mas eu não sou seu chefe.

Seth gargalhou, e eu lancei-lhe um olhar de “fica na tua!”.

Era até meio engraçado de ver os dois pirralhos, parecia que competiam na infantilidade.

-Sem chance! - Leah disse, meio histérica - Eu não vou me transformar.

Ah, é... tinha até me esquecido que ela estava toda louca ultimamente - ainda mais do que sempre fora.

Fechei os olhos e respirei fundo.

-Leah, por favor...

-Não! - ela falou firmemente - Eu já sei o que você tem a dizer, Nessie já me contou! - seu tom de voz era, no mínimo, soberbo.

Cerrei os olhos, e daí que a Nessie já contara para ela? Eu queria que todos me ouvissem agora, para que pudéssemos chegar juntos a alguma conclusão.

Resolvi amaciar um pouco o meu tom, para ver se conseguia acabar com aquela besteira dela.

-Não faz mal se você já sabe, eu quero a participação de todos. Por favor, Leah, colabora.

Ela balançou a cabeça em negativa.

-Jacob, eu não quero...

Ah, santa paciência que eu não tenho.

-Mas eu quero! - usei meu tom de alfa - Sinto muito, Lee, você sabe que eu detesto isso, mas... Eu ordeno que você se transforme.

Eu sabia que aquilo não adiantaria de nada, uma vez que ainda estávamos em nossas formas humanas, mas eu precisava ganhar tempo. Se Leah queria me enfrentar, então infelizmente não me deixava opções.

Ela deu um sorrisinho debochado.

-Você sabe que essa autoridade imbecil só funciona quando já estamos transformados.

Bingo! Exatamente como eu pensei que reagiria.

-Eu sei... - falei devagar, estudando-a, e arrisquei me aproximar.

Leah percebeu minha intenção na hora, é óbvio. Ela era bastante esperta, sabia que eu poderia forçá-la a transmutar, e que isso era bem simples para mim: bastava encurralá-la, fazê-la pensar que seria ferida, e pronto.

Ela piscou com força, e uma lágrima rolou por sua bochecha. Droga! Tinha que chorar? Eu detesto ver mulher chorando!

-Então é isso? - perguntou com a voz embargada, olhando em volta - Você vai literalmente me obrigar? Vai me ferir para que eu me transforme?

Eu avancei mais um pouco. Será que ela não percebia? Eu estava tentando ajudá-la! Queria ver o que havia em sua mente que lhe estava causando tanta tristeza. Ela deu um passo para trás, olhando-me com medo, como um animal acuado.

E então eu desisti. Não tinha o direito de interferir no livre-arbítrio dela,

-Não. - falei, sentindo-me a pior pessoa do mundo - Desculpe-me por sequer ter cogitado essa ideia, Leah... Eu jamais seria capaz.

-Não sei se quero te desculpar por isso. - ela disse.

Assenti.

-E você tem toda a razão... - virei-me para os garotos, que nos observavam alarmados, nem piscavam - Bem, pessoal, eu acho que já podemos nos transformar. Leah já sabe do que se trata.

Eles consentiram. Tirei minha bermuda e deixei o calor corroer todo o meu corpo humano, para dar lugar a um lobo gigante. Os outros explodiram logo em seguida.

“Cara, o que foi isso com a Leah?!”

“Ela pirou de vez!”

“O Jake pegou pesado demais.”

“Espero que essa conversa não demore muito.”

“A Lee estava chorando quando eu a encontrei, na praia.”

“O que será que Jacob quer que vejamos com tanta urgência?”

Todas as vozes mentais da matilha invadiram a minha cabeça, deixando-me meio zonzo.

“Gente...” - comecei - “Tem algo que vocês precisam saber sobre aquele cheiro de vampiros que eu captei no quarto da Nessie.”

As atenções, instantaneamente, viraram-se todas para mim.

“Você descobriu alguma coisa?” - Sam perguntou com ansiedade.

“Hm... Sim! Mas creio que nenhum de nós esperava por isso...”

“O quê?” - perguntaram todos juntos.

Fechei os olhos e me concentrei, mostrando a eles tudo o que Nessie havia me dito. Comecei pela história de como seu pai conheceu as irmãs Sawyer, o “clã de Denali”. Depois, mostrei-lhes o que elas realmente eram, e como participavam ativamente da vida de Ness e sua família. Por fim, contei-lhes que eles eram um clã de vampiros ‘vegetarianos’, que não se alimentavam de sangue humano.

Ao terminar de falar, fiquei olhando para eles em expectativa.

Havia apenas duas palavras na mente de todos eles: “Caralho, mano!”.

Exceto a de Sam, é claro. Como não éramos da mesma alcateia, ele podia selecionar seus pensamentos, mostrando-me apenas o que quisesse que eu visse. Bem, naquele momento acho que ele não queria que eu visse nada.

“HAHAHAHAHAHAHAHA” - adivinha quem era o demente que estava uivando de tanto rir?

Se você disse Quil, parabéns. E, sim, ele estava literalmente uivando.

“Cala a boca, animal!”  - rugi furiosamente - “Você quer a guarda florestal atrás de nós?!”

Ele nem fez menção de parar de rir.

“O que é tão engraçado?” - Embry perguntou confusamente.

“Eu acho que todos vocês me devem desculpas, por terem me chamado de viajão e tal.. HAHAHA, eu estava certo, os tios da Nessie são mesmo vampiros! Aah, esse dia vai entrar para a história!”

Rolei os olhos.

“Você não podia esperar um momento menos tenso para dar uma de panaca, não?” - resmunguei mentalmente.

“Não” - riu-se ele - “Enquanto vocês não admitirem que eu sou foda, considerem-me o panaca do ano, porque eu não vou parar de rir.”

Bufei. Aquilo era tão Quil.

 “Tudo bem, cara, eu admito que você estava certo e que nós não devíamos ter debochado tanto, mas... Você? Foda? SO-NHA!”

Ele estreitou os olhos para mim.

“Idiota.”

Todos os lobos riram, a não ser, é claro...

“Jacob.” - Sam me chamou sem muita paciência - “Acho que agora não é hora para brincadeiras. E você, Quil, controle-se.”

Revirei os olhos, lá vai ele dar uma de “lobo mau”.

“Lobo mau?” - seu tom de indignação me fez ficar sério imediatamente - “Eu acho que você não está entendendo a seriedade da situação! Sua namorada tem amigos vampiros, e você quer que nós não façamos nada contra eles para que ela não fique triste. Percebe o quanto isso é favorável aos sanguessugas? Muito simples para eles, não?Basta fazer amizade com uma menina humana e ingênua, mas que tem um poder inimaginável sobre o líder de seus inimigos, e pronto! Eles estão livres para matar e destruir à vontade!”

Senti-me tremer de irritação ao ouvir suas palavras, Sam estava viajando total!

“Eles  são amigos da família da Nessie desde muito antes de ela nascer!” - falei secamente - “E não tem nada desse negócio de matar e destruir, eles se alimentam apenas de animais.”

“É o que eles dizem, mas não se pode confiar em sanguessugas. Além do mais, quem te garante que eles conhecem a família de Renesmee há tanto tempo? Eles podem tê-la descoberto depois que você sofreu o imprinting, e convencido-a a ajudá-los...”

Sua voz mental foi calada pelos meus rosnados. Eu senti os pelos do meu corpo se eriçando, meu focinho recuando sobre os dentes.

“O que você está insinuando, Sam? Que Nessie mentiu para mim? Que ela é uma espécie de espiã, ou... ?”

“JAKE!” - Quil e Embry pensaram juntos, alarmados por ver que eu avançava lentamente para Sam. Leah, que fitava os próprios pés até então, levantou a cabeça e nos olhou em confusão.

“Eu não estou insinuando nada, Jacob! Mas que essa história é muito estranha, ah, isso ela é! É muita coincidência, você não acha?

Sam e eu estávamos numa perigosa dança, agora. Eu avançava para ele, ele recuava, fazendo com que ficássemos nos encarando enquanto nos movíamos em círculos.

“Eu não acho nada! Se você quer se pagar de idiota, dizendo que os vampiros tem algum tipo de plano maligno  para dominar o mundo, ou, hm... fique à vontade. Apenas pense bem antes de envolver o nome da minha garota nisso! Renesmee não tem culpa de nada! - rosnei alto, furioso.

“Jake, SE ACALMA, cara!” - Seth pediu nervosamente. Eu puxei o ar com força, tentando fazer o que ele me pedia.

Chris, coitado, estava com os olhos arregalados. Ele nunca havia presenciado uma cena assim.

“Tudo bem, Jacob, desculpe-me. Acusar a sua impressão não é certo. Mas eu estou confuso e nervoso, esse tipo de situação não é nada típico.”  Sam se desculpou, admitindo que agira precipitadamente.

“Está certo.” - concedi - “É algo realmente fora do comum, mas nós teremos que aprender a conviver com isso. Não digo tratá-los como amigos ou algo assim, nem acho que isso seja possível. Mas eles vão vir para cá, talvez no final do ano, e nós poderemos esclarecer toda a história. Peço a todos vocês que ao  menos tentem não matá-los, por favor.”

Todos eles assentiram, minha matilha sentindo o peso da ordem do alfa em minhas palavras. Senti um grande alívio ao ver que eles não pareciam relutantes em seguir esse comando, sentiam-se seguros em relação ao modo como eu julgava os vampiros. Sentiam-se seguros em relação à minha liderança.

Sorri ao me dar conta de que, de um jeito indireto e meio torto, Nessie também tinha alguma autoridade sobre a matilha: se ela confiava nos vampiros, eu também confiava; e se eu confiava, todos os lobos o faziam igualmente.

Dispensei os garotos e corri para casa para tomar um banho e comer alguma coisa. Mais tarde eu daria uma passadinha na casa da Ness para dar um cheiro nela, afinal hoje era o meu último dia de férias. A partir de amanhã eu voltaria para o trabalho na oficina do senhor Drew, em Forks, e só teria tempo para vê-la no final do expediente, à noite.

P.O.V  Nessie

-Nossa, eu estou morrendo de fome. - Alice resmungou assim que entramos em casa.

Mais cedo, Esme e eu havíamos levado Emm, Rose e Henry no aeroporto, e ficamos lá esperando o voo de Jazz e Alice - durante vinte minutos apenas, eles haviam saído cedo.

Mal colocamos os pés dentro de casa, e a grávida maluca já voou para a cozinha. Eu ri, acompanhada de Esme, e rumamos para a cozinha também, enquanto tio Jasper levava duas malas para cima.

-Vovô! - cantarolei, ao encontrar Carlisle sentado à mesa, bebericando uma xícara de chá.

-Olá, querida! - ele me acolheu em seu abraço confortável.

Eu sentia saudades de meu avô, pois mesmo estando na casa dele, eram raras as vezes que eu o via. Ele passava bastante tempo no hospital.

Sentei-me ao seu lado e me servi de um pastel quentinho que Marie havia acabado de pôr à mesa.

-E então, como foram de viagem? - ele perguntou para Alice, sorrindo, enquanto analisava a barriguinha de cinco meses que carregava seu mais novo netinho.

-Ótimo, embora Cory e eu tenhamos quase sufocado com tantos casacos que eu vesti para evitar um resfriado. - ela estremeceu.

Sorri ao imaginar Alice praticamente soterrada sob uns quinhentos casacos. Tudo por seu bebê.

-Como estão nossos amigos? - continuou suas perguntas, era clara a saudade que ele sentia dos Sawyer.

Pedi licença a eles e me retirei da cozinha. A noite já havia caído e eu estava com frio e um pouco cansada, subi para o meu quarto e fui tomar um banho quente.

Assim que terminei de escovar meus dentes e vesti meu pijama, Alice entrou em meu quarto. Vidente.

-E aí? Conversou com ele? - ela me perguntou com os olhinhos brilhando de curiosidade, fechando a porta atrás de si.

Fiz que sim com a cabeça, sorrindo de canto.

-E o que ele disse? Falaaa logo!

Eu ri, revirando os olhos.

-Ai, tia, esse seu jeito serelepe ainda vai acabar fazendo mal para o meu afilhado, sabia? - provoquei.

Alice estalou o beiço, me olhando com impaciência.

-Tudo bem, tudo bem! - rendi-me - Eu falei com ele, contei tudo. Jacob pirou um pouco, como já era de se esperar, e nós tivemos uma discussão nada bonita. Maaas, eu acho que consegui fazê-lo entender, no final das contas, a importância dos Sawyer para a nossa família, e ele disse que daria aos nossos amigos o “benefício da dúvida”. - fiz aspas no ar.

Ela estreitou os olhos em desconfiança, e um risinho malicioso já se espalhava em seus lábios.

-Você fez com que ele entendesse? - perguntou, sacana - Acho que até posso imaginar como. Aposto que envolve você, na cama dele, com poucas roupas.

Senti-me corar, mas resolvi entrar na brincadeira. Era divertido.

-Como você pode pensar uma coisa dessas a meu respeito, Alice? Por Deus! É claro que eu não estava com poucas roupas!

Alice apenas arqueou uma sobrancelha.

-Eu estava sem roupa nenhuma! - gritei e cobri meu rosto com as duas mãos, ela caiu na gargalhada.

-Eu sa-bi-aaa! - cantarolou, batendo palminhas - Te falei que meu plano era infalível.

Eu ri.

-Realmente infalível.

-E como foi? Me conta, me contaaaaa! Eu quero detalhes! - puxou-me para a minha cama e me fez sentar de frente para ela.

-Ah, foi lindo, tia! - suspirei apaixonadamente - Jacob foi tão carinhoso, e paciente, e perfeito, e... - abaixei o tom de voz para um sussurro - Gostoso.

Ela riu alto, enquanto eu corava infinitamente.

-Então a minha menininha agora é uma mulher! - falou emocionada, e eu sorri. Aquilo era exatamente o que minha mãe diria.

Mamãe! Eu tinha que ligar para ela!

Levantei-me da cama rapidamente e peguei meu celular

-Ah, Nessie? - Alice me chamou quando eu comecei a discar - Eu se fosse você, não ligaria para seus pais agora.

Franzi a testa, confusa.

-Por quê?

Ela riu.

-Porque vai atrapalhar o momento deles. - lançou-me uma piscadela.

Eu chacoalhei a cabeça para dispersar a cena perturbadora que se formou em minha mente.

-Argh! Você podia ter falado qualquer outra coisa! - reclamei desgostosa, fazendo-a rir ainda mais.

-Hm... Mas falando sério agora, querida: vocês usaram proteção, certo? - a seriedade com que ela perguntou nem era típica de sua pessoa.

Rolei os olhos.

-É claro que usamos, Alice! Jake é muito responsáv... - deixei minha voz morrer ao lembrar do “banho” que ele me deu hoje pela manhã - Droga! - exclamei baixinho.

Lindo, Renesmee! Depois de horas é que você vai lembrar da bendita camisinha! E agora?

Senti-me meio tonta de repente, e minha garganta secou... Será que já eram os sintomas da gravidez?

Ok, piada idiota.

-RENESMEE CARLIE! - um grito me trouxe de volta à realidade, juntamente com uma Alice muito louca batendo palmas na frente do meu rosto.

Dei um pulo de susto.

-Ai! - reclamei - O que foi?

-O que foi? - ela repetiu, incrédula - O que foi?! Você meio que entra em transe aí, de uma hora para a outra, e ainda pergunta “o que foi?”?!

-É que eu... - balancei a cabeça, tentando ordenar meus pensamentos.

Certo, eu tinha que contar à Alice. Ela era mais experiente do que eu, saberia como me ajudar. Será que me sugeriria a pílula do dia seguinte? Desesperei-me com isso, eu não teria coragem para tomar! Não teria coragem para impedir uma possível fecundação, matando uma vida dentro de mim.

-É que eu...? - ela me incentivou.

-Eu estou grávida. - rendi-me com um suspiro, e depois de tê-las proferido, aquelas palavras começaram a rodar dentro da minha cabeça - Ai, droga! Eu estou grávida! Eu estou grávida! - eu falava histericamente, já desesperada.

Alice apenas me olhava em confusão, enquanto eu secava - tentava secar - as lágrimas de pânico que rolavam por meu rosto uma atrás da outra.

-Mas como isso? - perguntou sem entender nada, segurando-me firmemente pelos ombros - A sua primeira vez não foi ontem?

-F-foi. - consegui responder com a voz falha.

-E vocês não usaram camisinha? - ela realmente não estava entendendo.

Assenti.

-Ontem, sim... Mas hoje, não!

Ela franziu a testa, parecia mais confusa do que o Henry quando não entendia as piadas babacas do tio Emm.

-Ok, vocês transaram sem camisinha. Agora só me explica uma coisa... - respirou fundo - Como é que você tem tanta certeza de que está grávida? Porque eu não vejo filhos no seu futuro!

Endireitei-me na cama, sentando-me de pernas cruzadas como se estivesse meditando.

-Então... Existe alguma possibilidade de eu não estar? - uma pontinha de esperança tingia a minha voz.

Alice deu um tapinha em minha testa.

-Desde que idade você tem aula de Educação Sexual na escola, hein? As professoras nunca te ensinaram que não usar preservativo não significa, necessariamente, que você vá engravidar?

Senti-me meio burra naquele momento. É claro que eu sabia que nós, mulheres, temos períodos de fertilidade, mas eu nunca havia parado para contar os dias do mês e descobrir em quais deles eu estava fértil. Até porque, minha menstruação nunca fora lá muito regular.

-Óbvio que eu sabia disso! - falei meio ofendida - Mas eu nunca precisei me preocupar com esse tipo de coisa, né. Então, eu não faço ideia se hoje eu estou fértil ou não!

Ela me lançou um olhar de “relaxa aí”, fechou os olhos  e respirou fundo, concentrando-se.

Vamos lá, veja alguma coisa, veja alguma coisa! - eu torcia silenciosamente.

Trinta e sete segundos depois, ela abriu os olhos sorrindo.

-Sua menstruação chega em seis dias. - informou-me calmamente.

Eu deixei meu corpo cair para trás, no colchão macio, e suspirei de alívio.

Man, QUE SUS-TO!

-Acho que depois dessa, eu preciso tomar um porre. - declarei.

Alice riu.

-Não. Depois dessa, você precisa tomar juízo. - eu rolei os olhos - Que tal ir a um ginecologista e pedir para ele te receitar uma pílula anticoncepcional?

Assenti cansada. Mais uma vez eu estava me sentindo a pessoa mais inexperiente e ingênua do mundo, nem sei como Jacob podia se sentir tão atraído por mim. 

-Sugestão anotada. - falei, ela riu novamente.

Levantou-se da cama.

-Agora eu vou arrumar o resto das malas.

Ergui a cabeça rapidamente.

-Malas? Você acabou de chegar do Alasca!

Ela assentiu.

-Sim, mas dessa vez é para ir para casa, querida. Jazz e eu voltaremos para Nova York ainda essa semana.

-Já?!

-Nessie, nós viemos para cá com o plano de ficar apenas vinte dias, lembra? Agora já faz mais de um mês, eu tenho que voltar. O Edgar é muito competente, mas nós sempre estivemos em três para organizar aquela agência, e agora ele está sozinho. Coitado, deve estar quase louco sem nós duas por lá.  

Eu tive que concordar, Alice tinha razão. Se fosse outra pessoa que não Edgar, a agência já teria fechado as portas.

-E você? - ela perguntou delicadamente - Quando pretende voltar?

Suspirei pesadamente.

-Em duas semanas, no máximo. - respondi com pesar - Eu preciso estar lá pelo menos uma semana antes da volta à faculdade.

Se tinha um assunto no qual eu não conseguia nem pensar, esse assunto era a minha volta para NY. Era terrível me imaginar longe de Jacob, e acho que Alice entendia isso.

-Tudo bem, querida. Mas olha: se você quiser ficar aqui até o seu último dia de férias, faça isso, não se preocupe que Edgar e eu seguramos as pontas por lá.

Sorri para ela.

-Obrigado, tia.

-De nada, minha flor. - ela veio até mim e me deu um beijo na testa - Vista um casaco e vá até a varanda... - sorriu - Você vai receber visita.

Meu coração acelerou.

-Jacob?

-As minhas visões estão apagadas. - ela confirmou, saindo do meu quarto em seguida.

Mais do que depressa, fiz o que me foi dito. Depois voei escada a baixo, parando apenas na sala para ajeitar o meu cabelo no espelho da estante.

Assim que passei pela porta e desci as escadas externas, Jake saiu da floresta ao lado da casa. O sorriso maravilhoso estampado em seu rosto por me ver ali esperando por ele.

-Pensei que teria de escalar até a sua janela. - falou sem tirar o sorriso, enquanto encurtava a distância entre nós.

-Hmm... - foi a resposta mais coerente que eu consegui formular quando ele me deu “aquela” pegada.

Afundou o rosto na curva do meu pescoço e eu fiquei molinha sentindo-o distribuir beijos, mordidas e chupões por ali.

-J-jake? - consegui chamá-lo sofregamente - Você não quer entrar? Está frio aqui fora.

-Eu estou quente. - ele provocou, indicando seu torso nu.

Rolei os olhos.

-Você é quente. - lancei-lhe uma piscadela.

Ele deu uma risada rouca.

-É você quem está dizendo... - apertei os olhos - Tudo bem, vamos entrar, eu não quero que você adoeça.

Sorri e entrelacei nossas mãos...

-É sério, Jake, você não sentiu frio mais nenhuma vezinha depois que se transformou pela primeira vez? - perguntei enquanto nos sentávamos no carpete em frente à lareira, na sala de estar.

Jacob balançou a cabeça.

-Nope.

-Isso é muito louco. - declarei, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ele me puxou para o seu colo, colocando-me de frente para ele e ficou em silêncio, apenas me olhando. Aliás, me olhando, não. Me venerando - essa sim era a palavra correta.

Eu sinceramente não entendia o que ele tanto via em mim. Não que eu fosse feia, mas eu sempre me considerara meio “sem sal”. No entanto, ele me olhava como se eu fosse a coisa mais linda do mundo. Era realmente difícil de entender.

Outra coisa que eu não compreendia era o tal do imprinting que ele sofrera comigo. Quero dizer, por que justo comigo? - Não que eu não gostasse, longe disso, mas é que não tinha muita lógica. Embora nós nos completássemos de uma forma inexplicável, era inegável o fato de que pertencíamos a mundos diferentes.

Às vezes eu me pegava pensando - ou me torturando - se não seria melhor para ele se tivesse sofrido imprinting com uma moça da reserva. Uma que não morasse do outro lado do país, que pudesse estar sempre ao lado dele.

É claro que eu pretendia me mudar para La Push depois da faculdade - meus planos pós-formatura mudaram muito quando Jake e eu começamos a namorar -, ter uma casinha perto da praia, casar com ele, até em ter filhos eu pensava - ora, vejam só. Mas isso ainda demoraria um pouco: eu ainda tinha um semestre de faculdade pela frente, e era muito nova para me “juntar”.

Pensar nisso tudo me dava uma pequena palhinha de todas as barreiras que ainda teríamos de transpor até o nosso “felizes para sempre”, e eu sabia que se a impressão dele fosse alguém como Kim ou Emily - até mesmo Claire -, muito sofrimento seria evitado. A saudade louca que ele sentiria de mim - não maior do que a que eu sentiria dele -; a angústia por não saber como eu estou e não poder me proteger até dos mosquitos à minha volta - como ele sempre fazia -; a preocupação com o fato de que eu tinha uma forte amizade com seres que eram seus inimigos naturais...

-Um beijo pelos seus pensamentos. - sua voz rouca sussurrada em meu ouvido me tirou daqueles pensamentos infelizes, trazendo-me de volta à confortável sala de estar dos meus avós, e de volta para seus braços quentes e aconchegantes.

Os braços do meu amor - de onde eu não deveria ter me desligado para ficar pensando  bobagem. Jake era tudo para mim e, de alguma forma, eu também era tudo para ele. E o resto é resto - como ele mesmo dissera.

-Eu só estava pensando no quanto eu te amo, e no quanto vai ser difícil ficar longe de você. - sussurrei de volta, enterrando minha cabeça em seu peito.

Jacob suspirou.

-Nós podemos superar qualquer distância, minha pequena. - pegou minha mão esquerda e ergueu-a, indicando a pulseira de promessa Quileute que se fechava em torno do meu pulso - O meu espírito guerreiro vai com você onde quer que você vá, te guardando e protegendo. E só o amor que tem dentro de mim já é o suficiente para nós dois, para manter a chama ardendo. Porque eu te amo mais do que se julgaria possível alguém amar outra pessoa.

Eu sorri com emoção e cobri seus lábios com os meus. Não precisava de mais nada agora: ele dissera tudo o que eu queria ouvir.

Jake me abraçou ternamente e ficou acariciando minhas costas enquanto sua língua brincava com a minha. Sorri entre o beijo quando umas de suas mãos desceu até a minha coxa e apertou-a. Ele mordeu levemente o meu lábio inferior, e depois escorregou os lábios pelo meu maxilar, descendo até meu pescoço.

-Você quer ficar por aqui essa noite? - nem disfarcei a excitação.

Ele fingiu pensar.

-Hm... Depende da proposta. - disse com falsa seriedade.

Eu ri.

-Bem, que eu saiba é você que tem que fazer a proposta, e depois me convencer a aceitá-la. - entrei em seu joguinho, acariciando sua nuca com as pontas dos dedos.

Jacob ergueu o rosto para me olhar, seus olhos me pediam desculpa.

-Eu bem que eu queria, meu amor, mas não posso. Amanhã eu tenho trabalho cedo em Forks.

Fiz beicinho.

-Aaah, Jake. - resmunguei - Dorme aqui, por favor, a gente não precisa fazer nada.

Ele balançou a cabeça.

-Você acha mesmo que, se eu ficasse, nós aguentaríamos ficar sem fazer nada?

Assenti prontamente, ele riu e lançou um olhar cético às minhas mãos, que acariciavam seu abdome delicioso.

Prendi o riso.

-Ah, sabe... A gente podia fazer um “nada” mais interessante. - tentei seduzir.

Jacob se levantou comigo em seus braços e rumou para as escadas.

-Aonde vamos? - perguntei animada.

-Eu vou te colocar na cama antes que você me corrompa. - seria possível uma resposta mais broxante do que essa?

Meu queixo caiu.

-Você não vai ficar? - eu estava incrédula.

-Prometo te compensar por isso em breve. - piscou para mim.

Cruzei os braços no peito, emburrada.

Jake subiu as escadas e caminhou até meu quarto em extremo silêncio. Acho que não queria que tio Jasper o pegasse aqui.

-Nessie... - falou torturado quando, ao me colocar na cama, eu virei a cara para ele - Por favor, princesa, entenda que eu preciso ir. Não vou conseguir se você estiver brava comigo.

-Umpf, ótimo! - bufei.

Ok, admito que eu estava sendo infantil.

-Você fica irresistível com esse beicinho, sabia? - sussurrou em meu ouvido, deitando-se sobre mim.

-Nem tão irresistível assim, né. - rebati - Afinal, eu fui REJEITADA pelo meu namorado.

Ele fez um muxoxo.

-Como se te rejeitar fosse algo possível... - foi aproximando o rosto do meu - Aliás, isso é algo que me irrita um pouco. O fato de que todo o macho dessa droga de mundo rastejaria aos seus pés para conseguir uma chance. Eu sei que têm muitos só esperando um deslize meu.

Quando nossos lábios estavam quase se tocando, eu o parei. Jacob me olhou confuso.

-Eu estou irritada com você, e não é com um beijo que isso vai mudar. - avisei.

Ele tombou a cabeça para o lado, sabia que eu já estava cedendo.

-E com dois beijos? - perguntou, maroto.

Não pude segurar o riso, e isso o fez ver que havia ganhado aquela. Bem, não que eu me importasse tanto assim em me render: tendo um namorado como Jacob, de uma forma ou de outra eu sairia lucrando.

Ele segurou  meu queixo, fazendo-me olhar em seus olhos.

-Você faz ideia do quanto eu te desejo, garota? - apertou meu corpo contra o seu - Se eu pudesse, passaria o resto da minha vida trancado em um quarto com você. Mas eu preciso trabalhar, agora mais do que nunca, para garantir o nosso futuro. Juntos.

E então ele me beijou, daquele jeito que me tirava o ar e me fazia sentir borboletas no estômago.

-Obrigado, Ness... - falou quando eu soltei seus lábios.

Olhei-o sem entender.

-Por quê?

Ele sorriu ao esclarecer:

-Por existir.

Beijou minha testa e depois saiu pela sacada do meu quarto.

Eu ainda sorria bobamente quando, depois de uns bons minutos, consegui sussurrar: “Não há de quê”.


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Notas finais do capítulo

Báah, dessa vez demorou, né... Podem xingar à vontade, eu mereço.

Maas e aí? Gostaram?
Caraaa, talvez o próximo demore de novo ): Mas agora é por uma boa causa: a autora d’O Cometa não é mais desempregada, weeeeeeeee! Gente, fui contratada ada ada! (empolgação total --‘). Eu vou trabalhar o dia inteiro e estudar à noite (as aulas voltaram ao normal, finalmente), então pesa um pouquinho para mim, né...
Porém, eu juuuuro que vou tentar postar pelo menos a cada quinze dias, ok?
Isso, é claro, vai depender do apoio de vocês .-.

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