O Cometa escrita por Carol, thammy horan jones, renatatwifan


Capítulo 16
16. Aquilo que eu classifico como ‘problema’.


Notas iniciais do capítulo

Ok, me amem muuuuuito por eu ter finalizado e estar postando o capítulo hoje, porque eu estou muito dodói e não posso nem levantar da cama - recomendações médicas.

Aaaah, povo, eu esqueci de falar no último post, mas o capítulo anterior (14) finalizou a primeira fase da fic. Então, consequentemente, com esse cap. eu estou iniciando uma nova fase: mais madura, com mais mistérios... E mais quente também, é claro 66')

P.S. Não é uma nova TEMPORADA, ok, é só uma nova FASE ;D

Espero que gostem, boa leitura...



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15. Aquilo que eu classifico como ‘problema’.

-E o que você acha dessa? - perguntei, apontando para a imagem na tela do meu laptop.

-Muito boa. - ele respondeu, atencioso.

Estávamos nós dois, deitados de bruços em minha cama, escolhendo as fotos de La Push que iriam para o meu trabalho da faculdade. Eu estava em dúvida com relação à imagem da capa, e Jacob não ajudava muito, uma vez que só fazia elogiar todas as imagens que eu lhe mostrava.

-Jacob! - protestei - Você disse isso de todas!

Ele sorriu para mim.

-Porque todas são fantásticas, amor. Você é realmente ótima no que faz.

Abri um sorriso de orelha a orelha.

-Owwn, obrigado, meu Jake. - falei me jogando nele.

Era para ser só uma brincadeirinha, mas ele não entendeu - ou fingiu não entender. Enlaçou a minha cintura com um dos braços, me puxando para cima de seu corpo, enquanto sua outra mão me puxava pela nuca, para ficar mais perto de seu rosto.

Sua língua, lentamente, traçou todo o contorno de meus lábios, arrancando-me um gemido nada santo. Coloquei minhas mãos por baixo de sua camiseta, acariciando cada músculo super definido de seu tanquinho. Nosso beijo estava esquentando, as línguas se buscando freneticamente. Jacob me levava ao delírio quando apertava a minha cintura com força. Era um gesto claramente possessivo, mas quer saber? Eu adorava aquilo!

Passei as unhas com um pouquinho mais de vontade em seu peito, arranhando-o levemente, Jake gemeu sensualmente para mim. Tá querendo me matar, garoto? - é o que eu teria perguntado se minha boca não estivesse muito bem ocupada no momento, beijando o pescoço do meu namorado delicioso. Jacob gostava muito daquilo, eu sabia que o pescoço era seu ponto fraco. Passei a língua delicadamente no espaço logo abaixo de sua orelha. Ele estremeceu.

-Foi você quem pediu. - grunhiu, com um sorriso assustadoramente determinado no rosto.

Virou-me na cama com uma agilidade incrível, ficando sobre mim. Segurou meus braços acima da cabeça e agora era sua vez de me torturar. Abaixou o rosto de forma lenta, soprando seu hálito quente em meu rosto e me fazendo amolecer. Seu sorriso era tão safado que deveria ser considerado crime. Roçou os lábios em meu queixo, bochechas, e no canto de minha boca, sem nunca, no entanto, me beijar de verdade.

Eu já estava ficando muito louca, mas ele ainda não havia terminado. Desceu com seus lábios incandescentes até meu pescoço, deixando um rastro úmido e quente por onde passou. Suas mãos soltaram meus pulsos, descendo lentamente por meus braços. Eu sorria de olhos fechados, as sensações que ele me provocava apenas com essas simples carícias eram tão inexplicavelmente prazerosas que eu não conseguia conter os sons que escapavam da minha boca em forma de gemidos.

Continuou seu caminho, passando as mãos pela lateral dos meus seios e finalmente chegando à minha cintura. Envolveu-a com os dois braços, e eu fiz o mesmo com seu pescoço.

Ele distribuiu beijos quentes por meu colo, até onde o decote da blusa que eu usava permitia, e quando se ajeitou melhor sobre mim eu pude sentir o quão ‘empolgado’ estava com a situação. Engoli em seco, ele riu roucamente em minha pele e então passou a língua, lentamente, no vale entre meus seios.

Eu arfei, agarrando seus cabelos. Os meus batimentos cardíacos estavam completamente desregulares, e aquilo era um pouco constrangedor levando-se em consideração o fato de que ele tinha super audição.

Abri os olhos e, em um flash de consciência, me toquei do que estava fazendo: Eu estava dando ‘aquele’ amasso com meu namorado, na casa dos meus avós, com a porta do quarto aberta!

-Jake. - chamei, ofegante - Eu tenho certeza de que, se tio Jasper visse essa cena, ele repensaria sua decisão de te dar um voto de confiança. - indiquei a porta aberta com a cabeça.

Jacob já estava aqui em casa desde cedo, tinha vindo para conversar com minha tia e pedir a ela que me deixasse ficar em Forks até o final das minhas férias. Alice, como esperado, não viu problema nenhum e só pediu que não esquecêssemos a prevenção - eu corei muito com isso e Jake riu alto. Mas, é claro que tio Jazz quis saber o motivo de eu querer ficar aqui, e aí o negócio complicou um pouco. Tia Allie já sabia do meu namoro, mas eu não queria contar a mais ninguém da família antes de dizer a meus pais, e foi meio difícil convencer Jasper de que a única razão de eu querer continuar aqui eram meus novos amigos e, lógico, meus avós. Ele ficou meio desconfiado, e lançou a Jacob um típico olhar daqueles ‘saquei a jogada, fica esperto’.  

Eu não falei nada para meus avós a respeito da minha permanência aqui, queria primeiro conversar com minha mãe e meu pai. Vovó convidou Jake para almoçar conosco, e a princípio ele ficou meio relutante, mas aí eu fiz a minha melhor cara de cachorrinho sem dono e ele aceitou.

Depois subimos para o meu quarto para que ele me ajudasse com o meu trabalho. Bom, nós não havíamos trabalhado muito, mas isso não importa. Eu realmente me divertira.

-Tudo bem, tem razão. - ele disse.

Me deu um selinho e saiu de cima de mim. Depois me olhou por um longo tempo, um olhar cheio de desejo.

-O que foi? - perguntei, um pouco corada.

Ele acariciou minha bochecha rubra.

-Olha, Ness... não é que eu esteja reclamando, ok? - fitou minhas pernas - Mas esse seu shortinho não está me ajudando muito a manter uma boa aparência com seu tio. Tenho certeza de que ele me flagrou olhando para o território proibido umas duas vezes durante o almoço.

Se antes eu já estava corada, agora tenho certeza de que todo o sangue de meu corpo concentrava-se em minha face.

-Oh, eu já volto. - falei me levantando da cama.

-Aonde você vai?

-Trocar de roupa. - expliquei a ele, que riu.

Dei-lhe a língua, enquanto atravessava o quarto. E então tudo aconteceu muito rápido.

Em um momento eu estava abrindo a porta de meu closet, e no outro Jacob já estava na minha frente, rosnando para o cômodo vazio. Os pelos de sua nuca estavam eriçados, e seu corpo rígido feito pedra. Ele me segurava com força atrás de si, como que para garantir que eu não sairia dali. Puxou o ar com força e seu corpo tremeu fortemente, um rosnado um pouco mais alto rolou por seu peito.

-Jake, amor... - sussurrei quase que inaudivelmente - O que foi?

Não obtive resposta. Ele continuou na mesma posição, e tremendo. Eu estava com medo - com muito medo - daquela sua atitude, ele estava agindo como se... Como se houvesse alguma ameaça dentro do closet.

 -Jake? Eu estou ficando com medo. - minha voz saiu completamente trêmula.

Ele se virou para mim e me empurrou para fora de lá, fechando a porta em seguida. Arregalei os olhos, afinal, o que é que estava acontecendo? Um silêncio mortal se instalou no quarto, e nada de ele sair de lá e me explicar alguma coisa.

Perdi a paciência.

-Jacob?! - chamei um pouco mais alto, batendo na porta freneticamente - Eu não queria ser mal-educada, mas... - tomei fôlego - QUE PORRA  VOCÊ ESTÁ FAZENDO AÍ?

Silêncio. Comecei a bater o pé no chão, nervosa e impaciente. Depois de uns dez segundos ele abriu a porta. Trazia nas mãos um vestido meu, um par de brincos, um colar e um ursinho de pelúcia.

Puxou-me pela mão até a minha cadeira de balanço e me colocou sentada lá. Encostou-se na parede e me olhou fixamente.

-Para quê isso tudo? - perguntei, apontando para os objetos que ele segurava.

Ele ignorou minha pergunta.

-De onde você tem essas coisas? - sua voz estava estranha: trêmula de nervosismo, e como se ele se controlasse para não gritar.

Uni as sobrancelhas.

-Perdão? Acho que não entendi a pergunta.

Jacob respirou fundo, e tremeu ao fazê-lo.

-Eu só quero saber de onde são essas coisas, Nessie.

Olhei-o com desconfiança, ele estava meio que me... interrogando? Semicerrei os olhos.

-Hei, eu não roubei isso. - fiz graça para descontrair um pouco.

Mas ele não riu, o que me deixou bastante nervosa. Pelo visto, o negócio era sério. Resolvi colaborar.

-Eu estou um pouco confusa. Você, tipo, quer saber aonde essas coisas foram

compradas, ou...?

Jacob assentiu, um pouco impaciente.

-Exato. Diga-me qualquer coisa sobre a origem delas.

Fechei os olhos, tentando lembrar. Mas era uma tarefa muito difícil! Primeiro que eu raramente fazia compras, fossem roupas, joias, perfumes... Sempre quem se encarregava disso era Alice. E Rosalie, é claro. E segundo: era impossível eu lembrar - embora as duas sempre me contassem todos os detalhes de suas idas às compras - onde é que elas compravam cada peça de roupa, porque, cara, era muita coisa.

E, além do mais, de todas as coisas que tinham em meu closet, ele estava me perguntando justo sobre as mais difíceis de eu saber, pois haviam sido presentes.

-Bom, eu... Eu não sei, Jake. - admiti - Os brincos, o colar e o vestido eu ganhei de presente de natal.

-E o urso? - indagou, desconfiado.

-Foi um presente também.

Ele fechou os olhos com força, cerrando as mãos em punhos.

-Você não faz ideia de onde esses presentes foram comprados?

Neguei com a cabeça.

-Pergunte à Alice, então. - sugeriu.

-Não foi Alice quem me deu, foram os meus tios do Alasca. Bom, na verdade eles não são meus tios... Não exatamente. São amigos íntimos da minha família. - uni as sobrancelhas, levantando-me da cadeira - Mas por que diabos você está tão interessado nisso?

Ele apertou o maxilar com força, inflando as narinas.

-Porque essas coisas, Ness - apontou para o chão, onde havia largado os objetos - Estão impregnadas com cheiro de sanguessugas. Vampiros.

Arregalei os olhos e meu queixo caiu.

-Isso não é sério, é? Quero dizer, você... - parei de falar ao ver sua expressão impassível, confirmando tudo - Oh, você tem certeza disso?

Ele assentiu, pesaroso.

-E tem mais. - anunciou - Esse cheiro não me é estranho. Na realidade ele é bastante... Familiar. Eu nunca vou me esquecer desse futum horrível, foi por causa dele que eu me separei da matilha de Sam.

Franzi o cenho.

-Estou boiando. - declarei.

Jacob fez um muxoxo.

-Eu já te contei a história, Ness. Sobre os frios que não se alimentam de humanos. O cheiro que eu captei nas suas roupas é deles.

De repente eu me senti bastante aliviada.

-Ah, bom... Então não é tão grave assim, né?

Ele me olhou indignado.

-Como assim ‘não é tão grave’?

Rolei os olhos.

-Se eles não se alimentam de sangue humano, então...

-Argh, Nessie, francamente! - interrompeu-me - Não diga besteiras, o negócio é sim muito grave. Eles são vampiros!

Minhas narinas se inflaram.

-Tudo bem, não precisa ser grosseiro. - falei, seca - Eu só não vejo o porquê de tanto nervosismo. Não é como se esses vampiros estivessem aqui, prontos para me atacar.

Ele me puxou para seu peito, acariciando meus cabelos.

-Desculpe, eu acabei descontando a minha frustração em você.

Arqueei uma sobrancelha.

-Frustração?

-É. Eu simplesmente não consigo achar uma explicação decente para isso. E eu tenho que achar, essa é a minha função: te proteger de tudo o que represente perigo. Mas o problema é que eu nem sei onde está o perigo! - a angústia em sua voz era quase palpável.

Acariciei seu rosto, tentando acalmá-lo.

-Fica frio, nós vamos descobrir o que isso tudo significa.

Ele me apertou contra o seu corpo.

-É o que eu espero. - e saiu me rebocando do quarto.

Jacob estava muito tenso. Sua respiração ainda estava irregular e o rosto um pouco pálido.

-Aonde vamos? - perguntei enquanto descíamos as escadas.

-Falar com Sam e os outros.

Assenti prontamente, era disso que eu precisava. Falar com os outros lobos, ver se eles tinham algum palpite, uma opinião, qualquer coisa. Eu só queria sair daquela inércia em que nos encontrávamos: sabendo que tinha algo de muito errado acontecendo, e sem nada a fazer. Porque sim, eu estava realmente amedrontada com aquilo, só não podia deixar transparecer, pois era claro o quanto Jacob necessitava ser tranquilizado. Ele estava quase botando um ovo de tanto nervosismo.

‘Calma, amor. Eu estou aqui, não? Isso há de ser nada.’ - falei-lhe silenciosamente, através de nossas mãos entrelaçadas.

Avisei a meus avós que iria dar uma volta com Jake e seguimos para fora de casa, em direção ao seu Rabbit.

[...]

-Mas isso é... Isso é impossível! Como assim “rastro de sanguessugas nas coisas da Ness”? - Leah perguntou, puxando os cabelos da nuca com força.

Jacob se inquietou, bufando. Eu me ajeitei melhor em seu colo e beijei seu rosto para acamá-lo. Sorri ao ver sua expressão relaxar, ele roçou seu nariz no meu em um beijinho de esquimó e envolveu minha cintura com seus braços fortes.

-Como eu já disse, Leah: Não sei! Estávamos, Nessie e eu, em seu quarto, quando ela abriu a porta do closet e aquele cheiro nojento me atingiu como um soco na boca do estômago.

-Isso é muito esquisito - Sam disse - E, sem dúvida, é um grande problema também. Não existe nenhuma explicação lógica.

Ficamos todos em silêncio. Um silêncio agourento e incômodo.

Estávamos reunidos em uma clareira na floresta. Todos os lobos - tanto a matilha de Jake quanto a de Sam - e eu. E, por mais medo que eu pudesse estar sentindo naquele momento, por causa do negócio do vampiro, um sentimento de excitação me dominava. Era incrível, eu estava participando de uma reunião das alcateias!

-E se, por acaso, isso for uma fantasia sexual do vampiro? - Quil sugeriu.

Todos nós olhamos para ele de cenho franzido. Ele tomou aquilo como um estímulo para continuar falando, e assim o fez.

-É assim: A Nessie é meio que o fetiche do vampiro, sacaram? Primeiro ele presenteia ela com o ursinho de pelúcia, daí ela acha fofo e cai de amores por ele. Depois ele dá as joias e o vestido e convida ela para dançar. E então ele a leva para a cripta dele e...

Parou de falar quando viu a expressão dos lobos. E a minha também. Nós estávamos, tipo, “WTF?!

Embry foi o primeiro a se recompor e conseguir dizer alguma coisa:

-Tu cheirou cueca, animal?

-Eu acho que é de tanto assistir Backyardigans com a Claire - Brady falou, pensativo - Sabem, aquilo mexe com o cérebro das pessoas.

Quil fez uma careta, parecia sentir-se ofendido. Eu olhei para Jacob, que estava... Sei lá, não tem como descrever, ele estava com cara de ‘O.o

-Ah, qual é, gente... - Quil tentou novamente - Vocês conhecem a lenda do súcubo e do íncubo, aqueles que... Bom, vocês sabem. Eles dão uns pegas na garota antes de sugar o sang...

Parou novamente, mas dessa vez por causa dos rosnados de Leah e Jacob. Os dois lhe lançavam olhares tão mortais que até eu fiquei assustada.

-Sério, às vezes dá até medo de fazer parte da mesma matilha que esse cara - Chris resmungou - Ele devia ganhar um daqueles crachás que os garotinhos do Centro Psiquiátrico de Forks têm: “Tenha paciência comigo, sou uma criança especial”.

Quil lhe mostrou o dedo do meio.

É, aquele mesmo.

Jake afundou o rosto em meus cabelos e suspirou, cansado.

-Pelo menos eu estou tentando encontrar uma explicação, ao contrário de vocês.

Jared bufou.

-Quil, sem querer ser estúpido, mano, mas CALA ESSA BOCA!

-É - Paul concordou - Cada vez que você fala me dá mais vontade de socar a sua cara.

Tá, esquece aquele negócio de reunião de alcateias. Eu estava me sentindo como em um recreio na escola com a turminha da sexta série.

O garoto ignorou os dois e voltou-se para mim, olhando-me com esperança.

-E aí, Ness? Você concorda comigo, né?

Eu arqueei uma sobrancelha.

-... Hm, Quil... - comecei - Foram os meus tios que me deram os presentes, e não um - fiz uma careta - súcubo. E não me leva a mal, não, ok? Mas essa sua ideia foi a coisa mais estúpida que eu já ouvi nesses meus tenros dezenove anos.

Jacob riu, dando uma mordidinha em meu pescoço, enquanto os outros lobos riam alto da cara do amigo.

Quil olhou a todos com indignação.

-Cara, só não vê quem não quer, e vocês são muito cegos. - e então ele soltou sua pérola - Está na cara que os tios da Nessie são vampiros.

Todos nós explodimos em sonoras gargalhadas - até Sam, que se mantivera sério até agora. Quil fechou a cara, mas, depois de alguns segundos, começou a rir junto. Tenho certeza de que aquela era a maior besteira que ele já tinha falado na vida.

Mas, de certa forma, aquelas asneiras vieram para bem: o clima de tensão havia se dissipado aos poucos e agora estavam todos mais relaxados. Até Jacob. Seu peito estava colado em minhas costas e eu podia sentir seus batimentos cardíacos um pouco mais calmos.

Eu também estava mais tranquila. É claro que a preocupação ainda existia, mas agora não havia mais medo. Eu me sentia absolutamente segura no meio dos meus amigos (n/a: talvez por eles serem um bando de lobisomens, neh..) e, além do mais, o abraço firme de Jake me dizia que ele sempre me protegeria.

-Olha, gente, deixando de lado as teorias conspiratórias do Quil... - Seth começou - O que, exatamente, nós vamos fazer a respeito do sanguessuga?

Alguns olharam automaticamente para Jacob, outros para Sam. Agora eu podia entender Jake quando ele dizia que ‘responsabilidade de alfa’ era um porre.

-Bom, eu acho que não podemos fazer nada além de cuidar muito bem da segurança da Ness. - Sam disse, apertando os lábios - Eu sinto muito, Jake, realmente queria que houvesse algo a mais, algo que pudesse resolver isso. Mas nós estamos completamente no escuro, não sabemos como o cheiro foi parar lá, então...

-Tudo bem, Sam - Jacob interrompeu, um tanto quanto rude - Eu entendo.

Mas pela cara dele, não estava nada contente com a situação.

-Jake, mano... Nós vamos fazer tudo o que pudermos e até o que não pudermos para protegê-la. - Embry disse, solidário.

-É isso aí. Conta com a gente. - Quil reforçou.

Jake assentiu.

-Claro, claro. - deu um longo suspiro - Obrigado pela atenção, pessoal.

Todos sorriram para ele, pesarosamente. A preocupação ainda os dominava.

-Vamos, Ness? - ele me chamou.

Levantei a cabeça de seu peito e fitei-o nos olhos. Seu olhar praticamente me implorava para fugir dali com ele.

-Tudo bem. - falei, me pondo de pé.

Jake entrelaçou nossas mãos e me puxou, saindo dali com certa pressa.

-Ãh, Jacob? - Sam chamou.

-Sim? - falou sem se virar.

-O cheiro era só dentro do quarto ou havia rastros de...

-Só dentro. - Jake disse secamente - Não se preocupe, Sam, a reserva e a sua Emily não estão em perigo. É só a minha impressão que corre riscos.

Sam balançou a cabeça, mas não disse nada. Deve ter percebido que Jacob estava nervoso demais e por isso falava coisas sem pensar.

Eu apertei sua mão - ‘Relaxa, Jake’ -, sorri agradecidamente para os garotos e então nós saímos de lá.

Jacob nos guiou por uma trilha íngreme na floresta, andando muito mais devagar do que eu sei que ele faria se estivesse sozinho. Ele era muito cuidadoso comigo e sabia que aquelas pedras cheias de musgo e os cipós e galhos de árvore pelo caminho eram grandes obstáculos para mim.

-Eu acho que seria mais fácil se eu te carregasse, não? - falou com um sorriso sacana.

Estreitei os olhos para ele.

-Você está me chamando de lerda ou é impressão minha?

Jake riu.

-É só sua impressão. - e acariciou minha bochecha com o polegar.

Eu sorri e fechei os olhos. Quando os abri novamente, já estava suspensa em seus braços. A facilidade com que ele me carregava sempre me deixaria fascinada, como se o meu peso não fizesse a mínima diferença.

-Eu posso andar! - resmunguei.

Ele riu novamente.

-Nessa trilha? Eu acho que não, pequena.

Eu lhe mostrei a língua e ele se inclinou para mim, prendendo-a entre seus dentes. Arregalei os olhos, surpresa, fazendo-o rir. Jacob parou de andar e roçou seus lábios nos meus, chupando a minha língua antes de aprofundar o beijo. Eu passei uma das mãos em torno de seu pescoço enquanto a outra estava espalmada em seu peito, e arfei quando ele deu um mordidinha em meu lábio inferior.

-O que você... ? - falei ofegante, quando ele largou minha boca.

Ele deu de ombros.

-Quem mostra a língua pede beijo.

Eu ri e beijei seu pescoço, descansando a cabeça ali, em seu ombro. Jake continuou caminhando, a impressão que eu tinha era de que seus pés encontravam sozinhos o caminho, sem que ele tivesse que pensar muito sobre qual rumo tomar. Com certeza ele conhecia muito bem aquela região.

Logo estávamos saindo da floresta, na estradinha de barro onde ele havia deixado seu Rabbit. Ele me pôs no chão, e eu comecei a caminhar em direção ao carro, mas parei quando vi que ele tinha ficado para trás.

-Jake, o que houve?

Ele estava parado, encarando nada em especial, os olhos semicerrados.

-O que quer, Leah? - perguntou, desconfiado.

Uni as sobrancelhas e andei até seu lado. Peguei sua mão. ‘Leah?’

Um barulho de gravetos sendo esmagados me chamou a atenção, olhei para a mata, procurando a origem do som. Não demorou muito e um lobo acinzentado muito grande - não tanto quanto os outros, mas ainda assim, enorme - apareceu. Ele estava triste, pude perceber, e por meio segundo seus grandes olhos caíram sobre as nossas mãos, minha e de Jake, entrelaçadas. Voltou a olhar para cima, encarando Jacob nos olhos.

-Leah, o que está rolando? - ele voltou a perguntar.

Leah. Então aquele era o lobo-Leah. Ela lançou a Jake um olhar significativo antes de voltar à floresta,  ele assentiu. Eu estava absolutamente confusa. Uns quinze segundos depois ela já estava de volta. Vestia um short jeans muito surrado e uma regata azul. Veio até nós.

-Eu só queria... - respirou fundo - Só queria dizer que estou com você, Jake. Mais do que os outros. Eu vou fazer de tudo para ajudar a proteger o seu imprinting. - essa última parte saiu em um sussurro de dor.

Jacob aquiesceu.

-Isso é ótimo, Lee. Muito obrigado. - ainda havia desconfiança em sua voz.

-Disponha. - ela murmurou - Tchau, gente.

Olhou novamente para nós dois, e depois saiu rapidamente de lá. Eu consegui ouvir o som de sua transformação, com certeza ela estava nervosa, pois não teve tempo nem de tirar suas roupas.

-Ela está bem? - perguntei para Jacob.

-Eu não sei. - ele disse pesarosamente - Só sei que eu já vi aquela dor nos olhos dela antes, por causa de Sam, mas dessa vez eu não sei o motivo.

Nos conduziu até seu carro.

-Eu vou te levar para a minha casa. - anunciou - De agora em diante você não passa mais nem um mísero segundo sem que tenha pelo menos um lobo por perto.

Eu iria protestar, mas decidi não fazê-lo. Se Jake achava melhor assim, então eu não iria discordar dele. E, além do mais, eu estava mesmo com medo daquilo... Cheiro de vampiro nas minhas coisas? Isso era algo muito, mas muito ruim mesmo.

Enquanto Jake dirigia em direção à sua casa, eu fiquei acariciando sua nuca com as pontas dos dedos, tentando acalmá-lo. Ele estava muito mais amedrontado do que eu com aquilo tudo, e, definitivamente, precisava relaxar. A tensão emanava de seu corpo em ondas.

Estiquei-me até ele - o máximo que o cinto de segurança me permitia, e beijei seu rosto com carinho. “Eu te amo” - sussurrei - “tudo vai ficar bem”. Ele descansou a mão direita em minha perna e me deu um selinho rápido, sem tirar os olhos da estrada.

-Tudo tem que ficar bem. - a frase foi um murmúrio quase inaudível.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Alguém tem algum palpite? E o Quil, hein... Está mais certo do que a turma poderia imaginar *O*-------------------------Geeente, não esqueçam dos reviews, sem eles eu me sinto forever alone, kkkkkkkkkkkkkkkk'