Um Presente para Edward ! escrita por sisfics


Capítulo 8
Capítulo 7




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Edward Pov

Dois dias depois.

- Você vai se atrasar. – e me atrasar também.

A porta do banheiro se abriu.

- Edward, o senhor me ajuda? – Rennesme perguntou.

O pouco de rosto que aparecia na fresta da porta estava amedrontado.

- O que você... quer? – perguntei com medo.

Sei lá, vai que é alguma coisa que eu não soubesse, ou me deixasse, ah, sei lá.

Ela abriu a porta e apareceu vestindo o uniforme da escola. Uma blusinha branca de meia manga com uma saia azul royal de linho. Os sapatos pretos, bem lustrados.

- O que você quer pequena? – perguntei vendo que ela já estava vestida.

Pelo menos isso.

- Eu não consigo prender o cabelo sozinha. – resmungou com impaciência cruzando os braços.

Fez uma cara tão bonitinha que me fez sorrir.

- Não sei se vou conseguir. – confessei dando de ombros.

- Você pode... tentar? – perguntou sacudindo as mãos em apreensão.

Sorri com seu gesto.

Ela saiu da frente e eu entrei no banheiro.

- O que eu faço? – perguntei pondo as mãos na cintura.

Ela esticou os braços na minha direção e eu a peguei no colo a sentando na pia.

- Você tem que pentear primeiro. – disse sorrindo e me entregando um pente.

Ela virou de costas e eu comecei a pentear com cuidado para não puxar os fios.

- Eu tenho mesmo que ir pra escola? – perguntou.

Pude ver pelo espelho que ela fazia bico.

- Er... tem!

- Porque? – essa era a frase preferida dessa criança.

Porque agora? Porque assim? Porque desse jeito? Porque você trablha? Porque você só come pizza? Isso me deixava tonto.

- Porque... você precisa estudar... e...er... você precisa ficar num lugar, enquanto eu trabalho.

- Hum... É igual a creche? – perguntou confusa.

- Mais ou menos. É só um pouquinho diferente. Você na escola vai estudar.

- Ah tá! – respondeu esclarecida.

- Terminei! – conclui de pentear seus cachos.

- Agora prende. – disse me dando um elástico cor-de-rosa.

Juntei todos os fios num rabo-de-cavalo alto. Coloquei alguns fios fujões dentro das minhas mãos.

- Será que eles vão gostar de mim? – perguntou enrugando o cenho fazendo cara de realmente preocupada.

- Ué... porque eles não gostariam?

- Não sei. – respondeu sincera.

Prendi os cabelos com o elástico e soltei.

- Está bom?

Ela virou o rosto de lado olhando o penteado no espelho. Avaliou se forma demorada, ajeitando uns fios atrás da orelha.

- Ficou muito bom, Edward.

Se virou sorrindo, me abraçou e depois me deu um beijo na bochecha.

- Agora vamos pra escola?

Ela fez uma careta.

- Se eu ficar com vontade de vir pra casa... posso pedir pra te chamar? – perguntou com medo.

Não, não poderia, mas como não resistir àqueles grandes olhos verdes. Eu tinha que ser sincero, mas não magoá-la.

- Eu tenho certeza que você não vai pedir. Você vai se dar bem, pequena. – ela sorriu com o encorajamento.

- Então, vamos. – a peguei no colo e fui em direção à sala.

[...]

Eu estava no meu escritório avaliando alguns relatórios, quando meu telefone celular tocou.

- Alô?!

- Sr. Cullen? - a voz desconhecida me surpreendeu.

- Pois não?

- Aqui é do colégio da sua filha. Ocorreu um pequeno problema e Rennesme está no pronto-socorro...

- QUE? - interrompi sentindo meu peito apertar.

[...]

Eu estava correndo nos corredores largos de armários na direção que a professora havia me dado. Vi uma placa no final do corredor escrita: “Enfermaria”. Abri a porta rápido e uma mulher baixa de óculos olhou pra mim.

- Minha filha... ela se mac...

- Sim, senhor Cullen. Ela está aqui dentro. Me acompanhe. – segui a mulher até uma outra salinha com uma maca.

Rennesme estava deitada com um médico ao seu lado.

Me aproximei devagar.

- Nessie?! – chamei.

Ela se virou pra mim com o rostinho todo machucado.

- Edward. – respondeu sorrindo.

A professora estranhou a forma como me chamou.

- Você está bem, querida? – perguntei pegando sua mão.

Seus olhinhos estavam vermelhos e inchados de chorar.

- Agora eu tô. Já não tá doendo.

- O que aconteceu? – perguntei me dirigindo a mulher.

- Na hora do intervalo ela foi subir no escorrega mais alto e se desequilibrou. Caiu em cima de um arbusto o que aliviou a queda, mas em compensação, se arranhou toda com os galhos, mas ela está bem. Foi socorrida a tempo.

- Graças a Deus! – sussurrei passando as mãos em seus braços.

O rosto estava cheio de arranhões e os braços também.

- Isso que é primeiro dia de aula. – brinquei já menos preocupado.

Ela riu deixando aparecer suas covinhas.

Me senti mais aliviado vendo que ela estava bem ali perto de mim. Eu não resistia a aquele sorrisinho.

[...]

Eu a estava carregando no colo com sua mochila roxa nas minhas costas e indo na direção do portão, quando o sinal tocou e várias outras crianças invadiram os corredores correndo, brincando e gritando. Eu já tinha me esquecido como era engraçada essa hora do dia. A hora da saída era sempre a melhor. Nós já estávamos no pátio quando um menininho loiro apareceu do meu lado.

- Hey, Nessie! – o garoto continuava a pular.

Rennesme olhou pra baixo e sorriu.

- Oi Frederic.

- Ah... me chama de Fred. – disse fazendo um sinal com a mão.

O pequeno ajeitou a mochila enorme nas costas e olhou pra mim.

- Esse que é seu pai?

Nessie se ajeitou diferente no meu colo e me olhou de rabo-de-olho. Sem palavras, ela apenas sacudiu a cabeça assentindo.

- Hum... Oi Tio! – ele gritou me dando um aceno.

- Oi...- respondi. Tio? Tá de brincadeira comigo, né?!

Nessie pediu pra sair do meu colo e eu a pus no chão. Ela fez uma careta com um pouco de dor na perna.

- Tem certeza que não quer ficar no colo? – perguntei preocupado.

Ela negou.

- Seu pai parece legal. – o menino disse sorrindo.

Agora o portão da escola estava bem próximo.

- Até que você não se machucou muito, né?! – ele disse olhando para os arranhões.

Nessie agarrou a minha calça enquanto caminhava devagar.

- É... acho que não.

- Ainda bem que você destruiu o arbusto. Nunca gostei dele mesmo. – Frederic respondeu rindo.

Olhei pra baixo e os dois estavam em gargalhadas com suas covinhas nas bochechas.

Chegamos ao portão e ele ficou para o lado de dentro, provavelmente esperando os pais.

- Tchau Frederic. A gente se vê amanhã. – Nessie disse acenando.

O menino inclinou a cabeça pra um lado.

- Quando é amanhã? – pelo visto a mania de perguntas não era exclusiva de Nessie.

Ela estreitou os olhos procurando uma resposta e pareceu ter uma idéia.

- É depois que a gente dorme e acorda. – respondeu como se fosse óbvio.

Ri com a resposta e com a cara de esclarecido do menino.

- Ah tá...Então até amanhã. – ele disse antes de correr até o outro lado do portão.

Peguei Nessie no colo de novo e a levei para o carro. Entrei, arrancando logo em seguida.

- Edward? – ela me chamou.

Olhei para seu rostinho pelo retrovisor.

- Oi?!

- Eu atrapalhei você no trabalho?

- Não. Porque a pergunta? – talvez em outros tempos eu me incomodaria de sair no meio de qualquer coisa para isso, mas em outros tempos eu jamais pensei em me preocupar tanto com uma pessoa só.

- Porque você veio correndo pra ver se eu tava bem e...

- Nessie, eu não me importo de vir correndo te ajudar. – as palavras saíram naturalmente de mim.

Demorei uns minutos para me dar conta de que era eu mesmo quem dizia aquilo. O sorriso dela me atingiu numa velocidade que nem mesmo eu sei descrever. Foi quando tive uma idéia.

- Hey. – ela me olhou atenta – Que tal a gente fazer um passeio?

Sua expressão se iluminou.

- Quero sim! – disse balançando as mãos.

- Você já foi ao Central Park?

Ela negou eufórica.

As vezes ela me lembrava... Alice. Ri com a memória da louca amiga de Bella.

- Então você vai hoje.

[...]

Afroxei o nó da gravata e a tirei pela cabeça, colocando do meu lado junto do paletó. Abri o primeiro botão da camisa e tomei um pouco do sorvete que eu tinha nas mãos.

- Hum... tá bom! – Nessie disse tomando o dela.

Estávamos sentados de frente para um gramado bem verde. Algumas árvores já apresentavam algumas folhas secas com a proximidade do outono.

Flash back on

- Deixa. Por favor? – pedi fazendo bico.

- Não adianta. Eu não vou tirar foto. – Bella fez birra tentando tirar a máquina da minha mão.

Estávamos sentados no chão em cima de uma toalha e o vento frio do outono batia ricocheteando na nossa pele. Eu queria tanto tirar uma foto nossa, mas ela ficava com aquela frescura de “Tô feia!”, “Meu cabelo tá horrível”. Então, tive uma idéia.

- Poxa, Bells, você é muito má. Tem noção que a gente só tem uma foto juntos?

- Depois a gente tira mais. Agora não. Por favor? – pediu se aproximando.

- Tudo bem. – respondi de má vontade – Mas pra compensar você vai ter que me dar um beijo. – sussurrei sorrindo.

Ela sorriu também e se aproximou nos unindo. Suas mãos repousaram calmamente no meu rosto, enquanto nossos lábios se moviam calmos. Sem que ela percebesse, movi meu braço e tirei uma foto nossa. O barulho a fez nos separar.

- Não acredito! – rosnou irritada – Você é podre, Cullen.

Ri da sua cara e olhei a foto.

- Ah... poxa, Bella. A foto ficou linda. Olha só. – lhe mostrei.

Nós nos beijando com as árvores atrás. Duas almas se encaixando numa tarde comum. Eu gostava de nos ver assim. Como duas almas que se encaixavam, se completavam. Ela era parte de mim assim como eu parte dela.

Flash back off

- Hey?! – os bracinhos se balançavam na minha frente.

Percebi que eu estava extremamente distraído lembrando dela.

- O que houve? – perguntei me ajeitando no banco.

- É que o senhor ficou olhando pro nada sorrindo. Achei estranho. – respondeu sincera.

- Eu só me distraí. – vi que ela estava toda lambuzada de sorvete de chocolate e ri.

- O que houve? – perguntou irritadinha.

- Você tá toda suja. – ela ergueu uma sobrancelha e tentou olhar pra própria cara fazendo uma careta.

Ri ainda mais. Segurei um guardanapo e limpei seu rostinho. Ela fazia caretas diversas o que piorava meu trabalho já difícil de fazer. Quando terminei tinha um pedaço de guarnapo no seu nariz.

- Acho que tava melhor antes. – respondeu soprando o guardanapo.

Ri ainda mais e tomei mais um pouco do sorvete que começava a derreter na minha mão.

- E então? A escola foi tão ruim assim? – perguntei.

Ela sacudiu as perninhas penduradas no banco.

- Foi bem legal, sabe?! Eu cheguei e a professora me apresentou pra turma. Ela disse que era importante, mas não sei porque. Aí, ela me colocou sentada do lado do Frederic. Ele é meio birutinha. – girou o dedo nas têmporas – Mas é legal. Aí, ele me apresentou outras crianças. – parou um pouco pra tomar o sorvete.

- Quem? – perguntei tomando mais do meu.

- Ah... a Genevieve, a Nathaly, e o Gregory.

- Vocês brincaram no recreio?

- Brincamos. Muito, mas depois que eu cai, a gente não brincou mais. – falou dando de ombros.

- Como você caiu?

- Ah... eu subi lá em cima no escorrega alto e quando cheguei lá eu “pá” no chão. – ela respondeu fazendo a sonorização e tudo.

- Aí, veio todo mundo pra cima de mim, mas eu tava toda suja e arranhada.

Senti uma aflição só de imaginar a cena. Imaginar que ela poderia ter se machucado mais. Que ela podia ter batido com a cabeça. Meu peito apertou. Que diabos está acontecendo?

- Você tem que tomar mais cuidado, quando for brincar. Cuidado ao correr e subir em lugares altos, tudo bem?

Ela assentiu.

- Sua Tia Rose vai querer me matar por isso. – sussurrei.

Ela riu tapando a boca.

- Você ainda tá sentindo dor na perna? – perguntei preocupado.

Estava cogitando a idéia de levá-la a um hospital onde pudesse ser melhor atendida e não na enfermaria da escola, mas a professora havia me garantido que eles haviam feito todos os testes e exames necessários.

- Não! Tô com dor mais não. O senhor vai ter que se acostumar. Eu sempre caio.

- Sempre?

- É. Sempre. Eu até já tomei ponto. – ela levantou o rosto e me mostro uma pequena cicatriz no queixo – Aqui foram cinco pontos porque eu caí de cara no chão. – me mostrou uma pequena cicatriz no joelho – Esse aqui eu não lembro. Ainda era muito pequena. – falou como se já fosse muito grande e me fez rir – Minha mãe disse que eu cai quando tava correndo na festa de aniversário da vovó Renne. E eu tinha três anos. Eu tomei quatro pontos aqui. Minha mão disse que eu sou desastrada que nem ela, mas eu acho que ela ainda é pior, sabe?! Ela aparece cheia de roxos na perna. Esbarra em tudo quanto é lugar. E cai toda hora, como se tivesse uma banana no pé.

Gargalhei com sua comparação.

- Sua mãe é mesmo muito atrapalhada. Eu me lembro que uma vez quando ela tava no banheiro penteando o cabelo e tomou um tombo muito feio. – ela ficou em pé no banco me olhando interessada – Ela caiu e bateu com o cotovelo. Ficou gritando feito uma doida por mim. Quando eu cheguei lá ela tinha aberto o cotovelo, acredita? – ela comeu mais um pedaço da casquinha do sorvete – Eu tive que levar ela pro hospital e ajudar ela a comer por quase uma semana, porque ela não conseguia dobrar o braço.

- Eu já vi essa cicatriz da mamãe. – respondeu encostando-se a mim pensativa.

Quando parei de falar, me dei conta de que tocar no nome de Bella e em minhas lembranças não era tão dolorido quando eu estava com Nessie. Pensar nela não era mais um sacrifício ao lado da nossa filha. Pelo contrário, era confortável. Algo necessário. Um cobertor no frio, algo que me acalentasse, que me fizesse bem.

Rennesme era uma parte dela, então seria inútil tentar não pensar nisso com aquela criança do meu lado. O rosto dela, suas feições, sua maneira de ser. Era idiotice tentar fugir.

- Quer brincar? – perguntei terminando o sorvete.

O tamanho do seu sorriso me impressionou.

- Sim. – ela disse pulando em mim e me abraçando.

- Então, termina seu sorvete. – disse com dificuldade pelo abraço.

Ela engoliu tudo e me deu a mão. Acho que diminuiu uns vinte anos na minha idade. Eu parecia uma criança brincando com ela de pega-pega na grama. Ela correu em volta de uma árvore até que eu a peguei e puxei pro meu colo, fazendo cócegas na sua barriga. Ela era tão linda. Seu sorriso e as caras que fazia quando conseguia me alcançar. Já era fim de tarde quando voltamos pra casa. Ela estava completamente cansada e chegou a tirar um cochilo no carro. Fiz nosso jantar e depois fui colocá-la na cama a pedido dela.

Ela rodava com sua camisola que ia até o pé e carregava o “fofo” nas mãos. Tirei o edredom e apontei pra cama. Ela veio correndo e se deitou.

- Você vai me levar amanhã pra escola? – perguntou abraçada ao ursinho.

- Vou.

- Eu gostei do passeio hoje. – disse sorrindo.

- Também gostei muito. – respondi prendendo seus cabelos atrás da orelha

- Obrigada. – sussurrou já sonolenta.

- Boa noite, Nessie. - falei a cobrindo.

Me levantei da cama e fui andando em direção à porta.

- Boa noite... pai. - a frase me pegou de surpresa.

Parei segurando o portal. Eu ouvi mesmo isso? Olhei pra ela que tinha o rosto amedrontado e receoso.

- Você... me chamou... de pai? – perguntei com muita dificuldade.

Fui preenchido por uma alegria, uma euforia e ao mesmo tempo uma apreensão. Eu estava feliz por isso, mas eu não poderia estar. Era dificil de explicar o que estava sentindo.

- Eu... posso te chamar... de pai? – ela perguntou assustada.

Era como se um pedaço do meu peito estivesse voltando ao seu lugar.

Sendo curado, restaurado com apenas uma palavra.

Três letras que me fizeram sorrir involuntariamente.

Me aproximei da cama de novo, me sentando do seu lado.

- Claro... que você pode me chamar de pai. – sorriu feliz – Boa noite, filha. – lhe dei um beijo na testa e voltei pra porta.


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