Jasper Pov

Voltei pra minha sala irritado.

- Sr. Jasper? – a secretária chamou.

- Não tô pra ninguém. Ninguém, okay? – soltei antes de entrar no escritório e fechar a porta.

Sentei na minha cadeira e peguei um remédio para dor-de-cabeça dentro da minha gaveta. Apertei o botão do telefone.

- Srtª Sonia, por favor, me traga um copo d’água gelado. Ime-dia-ta-mente! – tirei o dedo do botão e esperei a água.

Tomei meu remédio e liberei a funcionária.

Flash back on

- Edward? – chamei entrando no apartamento.

Nós precisavamos fazer o trabalho da faculdade, mas ele não atendia o maldito telefone.

- Edward? A porta tá aberta. Tô entrando, hein?! – gritei de novo.

Edward estava muito estranho desde que Bella tinha ido embora sem avisos. Ele ficou uns dois dias fora atrás dela, mas depois de voltou e pareceu se entregar ainda mais na fossa. Subi as escadas em direção ao quarto já que não tinha ninguém na sala.

- Hey, cara. Tá em casa? – perguntei de novo.

A porta do quarto estava encostada e eu abri devagar. Então, achei Edward, largado na cama com um péssimo aspecto e os olhos inchados.

- Hey, Edward. – ele olhou pra mim.

- Sai daqui. Eu quero ficar sozinho.

- Poxa, cara, você tá assim ainda?

- O que acha? – perguntou gritando.

Me assustei um pouco.

- Eu acabo de ir atrás dela... e olha o que ela me deu de volta? – ele pôs a mão no bolso da calça de moleton que vestia e tirou de lá de dentro o anel.

- Viu?! – perguntou derramando mais uma lágrima.

- Eu confiei nela... e olha o que ela faz comigo. – ele levantou o braço e arremessou o anel com tanta força na parede contrária que pensei ter visto o diamante se espatifar

- Edward... calma, por favor?

- CALMA? Você me pede calma? – ele segurou a cabeça entre as mãos.

Eu nunca tinha visto Edward transformado dessa maneira. Sou amigo dele há anos e nunca o tinha visto sequer gritar dessa maneira. Seja o que for que Bella fez, eu tenho certeza que ela não podia ter feito aquilo com ele. Não podia.

Flash back off

Alice Pov

Caixa de entrada: 2 e-mails

De: bellamariesw@yahoo.com

Para: marylilicebrandon@yahoo.com

Juro que se você não atender seu telefone AGORA, eu tomarei medidas drásticas.

De: bellamariesw@yahoo.com

Para: marylilicebrandon@yahoo.com

VOCÊ NÃO LIGOU. TOMEI UMA MEDIDA DRÁSTICA.

Liguei pra Rose. Que droga, Alice!

Olha o que você me forçou a fazer. Na hora que eu falei com ela veio tanta coisa na minha mente. Fiquei toda atrapalhada.

Chegou em Washignton? Como você está?

Beijos.

Bells.

De: marylilicebrandon@yahoo.com

Para: bellamariesw@yahoo.com

Não faça drama. Só esqueci de ligar meu celular depois que sai do avião.

Sim, cheguei bem em casa. Ainda não encontrei com o Jacob, caso você esteja curiosa, mas passei na sua casa para molhar suas plantas e percebi que ele já havia tirado as coisas dele do armário da sala. Sinto muito.

Nem sei se ele vai querer falar comigo, mas é provável que a gente se encontre.

Boa sorte na Alemanha. Não coma muito chucrute.

rsrs

Te amo.

Lice.

Terminei de enviar o e-mail e desliguei o computador, não estava com vontade de fazer nada de tão cansada. Quis me distrair, então liguei o rádio baixinho e deitei no sofá, para tentar relaxar. O telefone de casa tocou e eu fiquei imaginando se seria meu chefe perguntando onde eu estava, Bella atrás de notícias da Nessie, ou Rosalie enchendo minha cabeça, querendo saber se eu perguntei para Renne sobre Edward. Porque minha vida estava tão de pernas para o ar? O telefone tocou de novo avisando que ainda tinha alguém na linha. Levantei com preguiça e atendi, mas antes de responder, tentei desligar o rádio, mas acabei aumentando.

- Ai caramba!

- Alice? – ouvi uma voz do outro lado.

Tentei de novo, mas esses malditos controles não me obedecem. Aumentou ainda mais.

- Alô? - atendi histérica.

- Alice? - uma voz feliz me chamou - Sou eu. Tia Renne. Como está, querida?

- Tia? – gritei de novo tentando baixar a porcaria do som.

- Alice? Você tá aí?

Larguei o telefone e fui até a parede desligando o rádio na tomada.

- Arranquei o mal pela raiz. – resmunguei antes de voltar para o telefone.

Peguei o telefone e ainda pude ouvir Tia Renne dizendo: “Tem um rádio louco aqui tocando, que que eu faço?”

- Tia? – chamei.

- Li? Ó céus! Você estava dando uma festa?

- Não, desculpa. Meu rádio deu uma de louco aqui. Tudo bem com a senhora?

- Own, querida. Tudo ótimo. Liguei só pra conversar sobre o recado que você deixou pra mim. Você sabe que eu só atendi porque é você, não é mesmo?

- Eu sei, tia.

- Ah! O Phill tá mandando um beijo e ele disse que se você chamá-lo de tio de novo vai ficar sem o presente que nós compramos para você.

- Presente? Oba! – bati palmas quicando no sofá.

Tia Renne jamais esquecia de mim. Até porque eu não deixava ninguém me esquecer, não é mesmo?!

- Claro que sim, querida. Estamos levando vários para você, Bella, minha pequena Nessie, Jake. – um estalo veio na minha cabeça quando a ouvi falar o nome de Nessie.

- Tia... er... desculpa te interromper.

- Tudo bem, fofa.

- Mas é que eu preciso perguntar uma coisa pra senhora.

- Ah, sim! O telefonema. Pergunte.

- Bem, eu não sei direito como perguntar isso para senhora. Eu tenho certeza que você ficará receosa ao responder, mas acredite tia, eu estou mais receosa ainda em perguntar.

- Você está me deixando preocupada.

- Eu sei, por isso vou desenbuchar de uma vez. Renne, depois que eu e Bella voltamos de Nova Iorque e ela estava grávida...

- Onde quer chegar? – perguntou me interrompendo.

- Eu queria saber... se o... Edward procurou a senhora alguma vez. Ele ligou? Ou chegou a ir a Forks?

- Alice, porque essas perguntas? Aconteceu alguma coisa que eu não saiba?

Sim, sua filha foi para Alemanha e deixou sua neta em Nova Iorque com o pai que nem sabia que ela existia. – as palavras vieram na ponta da língua, mas tive que as engolir.

- Não. Claro que não aconteceu nada. É só por curiosidade.

- Sim, entendo. Bella está com você ou ela já foi para Alemanha?

- Já foi.

- E Nessie?

- Está tomando banho. – menti.

- Uhum. Olha, eu nunca falei isso para Bella, nem pra ninguém, e quero que continue assim, ouviu?! – perguntou me deixando nervosa.

Aproximei ainda mais o fone do ouvido.

- Ouvi sim e prometo que nunca vou contar nada pra ninguém. – adiantei – É claro, se a senhora for me contar alguma coisa... vai?

- Vou! – respondeu nervosa – O Edward procurou a Bella sim. Ele ligou uma vez pro celular dela, uma das poucas vezes que ela deixava aquele aparelho ligado depois que fugiu de Nova Iorque. Eu lembro que atendi sem ver o número e quando eu disse alô, ele gritou: “Bella, onde você está? Eu preciso falar com você, meu amor. Onde você está?”. Blá blá blá. Eu tentei explicar pra ele que não era a Bella, que era a Renne, mas não deu tempo. Logo em seguida, a ligação caiu.

- Mais o que? – perguntei já exterminando o esmalte das minhas unhas com os dentes.

- Bem, um tempo depois. Acho que uns dois dias depois, uma moça ligou perguntando o endereço, porque o Edward queria, porque ele queria ir atrás da Bella e perguntar o que estava acontecendo. E como você sabe que eu sempre quis que ela conversasse com ele pelo menos, mas ela nunca me deu ouvidos.

- Eu sei. Eu sei! – respondi sem paciência – Mas você deu o endereço tia?

- Dei!

- E ele veio?

- Claro que não, Alice. Se ele tivesse vindo você acha mesmo que você não saberia.

- É... tem razão. Mas você disse à Rose o endereço certo tia?

- Rose? Quem é Rose? – perguntou confusa.

- Ora, a irmã do Edward, não foi com ela que a senhora falou?

- Não. – ela ficou pensativa alguns instantes – Acho que o nome dela era... Vânia... Não! Era Tanya. – disse em tom de que acabara de ter uma idéia.

E eu tinha acabado de ter uma também.

Isabella Pov

De: jakeblack@yahoo.com

Para: bellamariesw@yahoo.com

Oi,

Er... sei que é estranho eu te mandando esse e-mail, mas fiquei preocupado com você. Queria saber se você chegou bem na Alemanha, se você está se cuidando. Queria ter notícias da Nessie. Sei que nós terminamos tudo aquilo que tínhamos, mas você sabe que eu ainda... gosto muito de você para simplesmente ignorar tudo que você representou.

Por favor, quero que continuemos amigos e peço milhões de desculpas pela grosseiria que fiz com você quando você me contou o que iria fazer.

Eu te amo demais pra te perder e foi por isso que eu fiz aquilo.

Me desculpa? Mesmo.

Já tirei todas as minhas coisas do seu apartamento e pretendo dar a chave à Alice assim que eu a encontrar. Quis tirar logo tudo para te deixar livre.

Até mais.

Jacob.

Flash back on

Eu estava sentada na cozinha tomando um suco e estudando, quando a campainha tocou. Me levantei com preguiça e atendi a porta.

- Jacob?! – perguntei surpresa.

Ele me olhou dos pés à cabeça com os olhos tristes.

- Bella... er... oi.

Fiquei paralisada o olhando. A última vez que eu o tinha visto fora quando eu estava com cinco meses de gravidez.

- Posso entrar? – ele perguntou temeroso.

- Er... po-pode! – sai da frente para que ele entrasse e assim o fez.

Ele foi direto pro sofá do nosso apartamento.

- A Alice tá? – perguntou se sentando.

- Você quer falar com ela... eu chamo num instante. – andei em direção ao corredor.

- Bells?! – me chamou carinhoso – Eu quero falar com você mesmo.

Meu peito apertou e me virei de novo pra ele. Ele bateu com a mão no espaço vazio ao seu lado no sofá, me chamando para sentar com ele.

Eu estava nervosa. O que Jacob queria comigo?

Fui até o sofá e me sentei próxima. Ele me olhou cabisbaixo.

- Eu só perguntei porque eu queria conversar a sós contigo.

- Então pode falar, a Lice tá dormindo lá dentro com a Nes... – o nome dela morreu antes de sair completo.

Eu estava envergonhada. Jacob ficou muito magoado quando soube que eu estava namorando Edward em Nova Iorque. E ficou ainda pior quando eu voltei grávida dele. Nós chegamos a discutir uma vez quando eu ainda estava nos primeiros meses e nem quando eu tive que ser internada aos sete meses por causa da pressão alta ele foi me visitar. Eu sabia que era difícil pra ele. E era também muito difícil pra mim.

- Bem, assim é melhor. – respondeu abaixando a cabeça – Sei que pode ser muito estranho eu vir te procurar depois de tanto tempo, mas eu precisava falar com você.

Ele parou por um instante tentando escolher as palavras.

- Pode dizer, Jake. – ele levantou os olhos melancólicos me fitando interessado – Você pode falar qualquer coisa pra mim. – encorajei.

- Não tenho medo do que eu vou dizer, e sim do que você vai me responder.

- Você não vai saber se não disser.

- Bella, é muito complicado..

- Eu entendo tudo, Jacob. Não é complicado só para você.

- Eu te amo, Bella. – ele disse rápido demais.

Fiquei ainda alguns segundos absorvendo cada palavra, mas era difícil. Essa era a última coisa que eu pensei em ouvir dele. Talvez desculpas. Chingamentos e brigas foram a minha primeira opção. Mas “eu te amo”? Jamais!

- Eu sabia que você ia reagir assim. – ele se levantou correndo – Eu vou embora. Eu nem devia ter vindo aqui. – corri atrá dele, antes que saísse porta afora.

- Espera Jake. – segurei seu braço.

- Não... er... é melhor eu ir embora. Você tem que ficar com sua filha.

- Jake, eu quero conversar com você.

Ele parou ainda de costas.

- Eu devia ter procurado uma hora melhor pra falar com você. – disse com pesar.

- Você não ia achar. Do jeito que eu te conheço... – dei uma risada fraca – você ia ficar dias esperando por alguma coisa, até tomar coragem, e se você perder essa lufada, vai demorar bastante até a próxima.

Ele deu um sorriso tímido e voltou seus olhos pra mim.

- Você me conhece mesmo.

- Claro! – soltei seu braço quando ele largou a maçaneta.

- Eu não sei como começar... – disse com dificuldade.

- Só fala. – respondei pondo minhas mãos no bolso do short.

- Tá bem.... Bella, eu sei que fui um estúpido com você quando você voltou de Nova Iorque...

- Você só foi sincero. – sussurrei.

- Eu fui um perfeito idiota, Bella.

- Não foi. Eu no seu lugar faria o mesmo.

- Não... você não faria. Eu te conheço e sei que não faria. – respondeu triste – Eu fui um babaca te tratando daquela forma. Eu te magooei e nem fui te visitar no hospital quando você foi ter o neném... e...

- Você não precisa se desculpar, eu já disse.

- Você é benevolente demais pra admitir que eu estava errado.

- Você não estava errado. Só um pouco irritado, mas essas coisas passam.

- Eu sei. Eu fiquei tempo demais pensando em tudo e percebi que você não tinha culpa de nada. Eu sempre soube que você nunca gostou de mim como eu gostava de você. E até concordei, apesar do ciúmes, em dar um tempo do namoro. Mas quando eu soube que você tava namorando aquele cara em Nova Iorque... – ele rosnou com nojo – Eu fiquei com tanto ódio... e quando soube que vocês iam morar junto... eu...

Senti a dor das lembranças aparecendo de novo. Eu não gostav de falar, muito menos de lembrar desse assunto.

- Jacob, para, por favor? – pedi abaixando o rosto.

- Você ainda o ama, né?! – perguntou com dor como eu.

- Não. – menti.

- Não acredito em você.

- Eu odeio aquele, cara. – quase gritei, mas tentei manter o tom da minha voz mais baixo que o histerismo.

- Bella, eu não vim aqui falar dele. Vim falar da gente.

- Então, volte pro assunto, por favor? – pedi engolindo uma lágrima.

- Eu tentei não pensar em você e não pensar na sua filha e em tudo isso... mas eu te amo e não consigo ficar longe de você.

Levantei o rosto o encarando. Cada palvra era sincera, eu podia ver em seus olhos.

- Eu entendo que você não sinta nada por mim. Mas eu queria muito... que nós ... Continuassemos... – de repente um choro estridente veio de dentro do apartamento.

- Aii... é a Nessie. – corri até lá.

Cheguei no quarto e Alice estava pegando Nessie no colo.

- Deixa que eu faço, Lice. – peguei minha filha do colo dela que balançou a cabeça sonolenta e voltou pra cama.

Sai do quarto para deixar Alice dormir direito. Fui a ninando até a sala.

- Nana nenêm. Que a cuca vem pegar. Papai foi pra roça e mamãe foi trabalhar. – cantei.

Comecei a só cantarolar, enquanto andava de um lado pro lado. Depois de alguns minutos, seus pequenos olhinhos verdes foram se fechando até o sono chegar.

Respirei aliviada e me sentei no sofá. Jacob ainda me esperava na porta e foi se aproximando devagar.

- Desculpa por isso? – pedi sussurrando.

- Você não precisa pedir desculpas por nada. – ele olhou para Nessie – Uau! Ela é linda. – sussurrou também.

- Quer pegar? – perguntei oferecendo a criança nos meus braços.

Ele balançou a cabeça negando, mas eu coloquei mesmo assim.

- Cuidado com a cabecinha. – ensinei a posição do braço.

- Viu?! Não é difícil.

- Ela vai acordar.

- Vai não. – respondi ajeitando o cobertorzinho que estava em volta dela.

Ele a observou por muito tempo, ninando de leve, enquanto eu olhava seu rosto ficando mais sereno.

- Você não terminou de dizer. – falei de repente chamando a sua atenção.

Ele levantou os olhos.

- Eu quero que nós continuemos amigos, Bella. Você ainda é muito importante pra mim pra eu te esquecer de uma hora pra outra. – deu uma boa olhada de novo em Nessie – E seria legal ficar perto da pequenininha. O que acha?

Sorri extremamente feliz. Um peso que tiraram de mim.

- Seria perfeito. – sussurrei me aproximando e lhe dando um abraço improvisado, tomando cuidado com a pequena em seus braços.

Flash back off