Um Presente para Edward ! escrita por sisfics


Capítulo 38
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora gente :(
Não tinha post mais no orkut e só deu pra autualiza-las agora.
O cápítulo ta bem grande pela demora :)



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Edward Pov

- Então quais são as novidades? - Vitor perguntou se sentando.

- A audiência foi marcada para a próxima segunda-feira, o senhor não precisa se preocupar com nada além de estar lá às dez em ponto.

- Sim, cancelarei meus compromissos e coisas do tipo, mas acha que serei preso? - estava notadamente nervoso com a situação.

- Mesmo se perdermos o caso, sempre achamos uma forma de reverter em serviços para a comunidade. Não se preocupe desse jeito, Vitor. Esse caso não irá muito longe, confie em nós.

- Sim, sim, se não confiasse não estaria aqui.

- Mas, bem, o senhor tem alguma dúvida que queira tirar antes da audiência? A sua secretária insistiu em dizer que você queria falar comigo pessoalmente, ou então nem precisaria ter vindo.

- Ah, sim, fui eu quem pedi a ela para marcar uma hora. Mas não é nada sobre o nosso caso.

- Não? - estranhei.

- Não. - o olhar de Vitor foi para o porta-retrato atrás de mim com a foto de Bella e Nessie e depois para o da minha mesa - Você e Isabella como estão? E sua filha?

- Muito bem, obrigado por perguntar. Acabamos de voltar de um final de semana com minha família e seremos padrinhos do meu sobrinho.

- Ah, que ótimo. Deve estar orgulhoso.

- Sim, ele terá meu nome. - me gabei.

O jeito expansivo e caloroso de Vitor me permitia transbordar toda a minha alegria. Talvez sentimento tão grande como esse eu só tenha sentido outras três vezes na vida: a primeira vez que Rennesme me chamou de pai logo na primeira semana em minha casa, quando Bella disse que me amava depois de quase dois meses tentando reconquistá-la quando voltou para Nova Iorque e no dia que salvei de um tombo aquela adolescente de olhos cor-de-chocolate.

- Também tenho estado muito feliz nos últimos dias. Minha menina mais velha irá se casar.

- Ah, parabéns. Que ela seja muito feliz.

- Obrigado, meu rapaz. Mas, bem, eu perguntei se vocês estavam bem porque na verdade queria um favor seu, tudo bem?

- Pode dizer, Vitor. - um favor que envolvesse Bella.

Do que ele estava falando?

- Não deve ter passado ainda pela sua cabeça qual o meu real interesse nesse assunto e eu lhe confesso que não tenho nenhum, pois estarei perdendo e muito se Bella decidir mesmo por ir embora. É claro que o trabalho dela será sempre muito bem aproveitado por mim, mas sei o que é melhor profissionalmente para ela no momento. E sei também que vocês dois são completamente apaixonados e sua família linda é um grande fator a pesar no final. Mas ela deveria mesmo se mudar. Não sei se deixá-los aqui é a melhor opção para ela, talvez uma conciliação de interesses, os advogados sabem como é mais lucroso para ambas as partes.

Assenti, mas não estava entendendo coisa alguma. Me perguntei se talvez Vitor não estivesse confundindo alguma outra mulher de seu jornal com a minha. Bella não tinha mencionado nada de se mudar, de me deixar, aquilo só podia ser um incrível engano.

- A sua esposa é uma mulher surpreendente, muito inteligente, perspicaz, ágil e com uma sensibilidade incrível. Desde o início quis trazê-la para trabalhar comigo por uma indicação que recebi e meus objetivos eram colocá-la no comando já que um dos meus grandes amigos do jornal está se aposentando. Mas quero que a convença a ir para Europa, Edward. Será de muita utilidade para Bella, e digo isso como amigo e chefe, talvez se você pudesse conversar com ela.

- Bella? Europa? - Vitor enrugou o cenho.

Fiz um sinal com as mãos para que me perdoasse a interrupção, mas ele não se importou. Tentei assimilar a última fala. Como assim era melhor que Bella fosse para a Europa e eu a tinha que a convencer disso?

- Pode me explicar melhor, Vitor.

- Sim, meu rapaz, essa segunda bolsa que ganhou e essa oportunidade de correspondência é o que Isabella precisa para se aprimorar. É uma profissional maravilhosa, como já disse antes, mas hoje em dia é preciso ser o melhor dos melhores. Senti sua hesitação quando toquei no assunto da última vez e sei que é por causa de vocês.

- É claro, ela está muito hesitante. - fingi saber do assunto.

- É bom saber que vocês já discutiram sobre isso. E qual foi sua opinião?

- Bem, eu disse que a decisão final estava nas mãos dela e que faríamos o impossível para ficar tudo bem no final.

- Que ótimo. Bem, pensei que talvez ela pudesse deixar a filhinha de vocês, mas é algo muito doloroso para ela. Pode-se ver claramente em seus olhos.

- Ela já fez uma vez. Sabe na pele como é difícil. - resmunguei.

Era inevitável não sentir uma pontadinha sequer de irritação e frustração, pois acabara de descobrir uma mentira de Bella com conseqüências muito sérias. Eu não queria ficar longe dela, da nossa filha, e o mesmo se passava em sua cabeça. Mas porque não me contou antes? Poderíamos ter conversado e achado uma resposta. Eu não precisaria ficar com essa cara de assustado na frente do meu cliente.

- Espero que não tenha ficado aborrecido comigo por tê-lo pedido esse favor. Sei que é algo que tem que ser resolvido só entre você e ela. Não deveria estar me metendo em suas vidas.

- Tudo bem, Vitor. Não fiquei aborrecido. Você quis dar um conselho e eu o aceitei. É bom saber que minha esposa trabalha com alguém que realmente se preocupa com ela.

- Com todos os que me ajudam, Edward. Inclusive você. Mas, acho que já é minha hora de ir. Não quero lhe atrapalhar ou importunar mais do que já fiz. Muito obrigado por ter me cedido seu tempo, okay?

- Não há de quê, Vitor. - me levantei, fechando os botões do paletó.

Ele fez o mesmo, então o acompanhei até a porta. Assim que ele sumiu pelo elevador, fui até a mesa de Mel e disse:

- Cancele o encontro que eu teria mais tarde com a Srtª Stuart.

- Mas ela já ligou confirmando, doutor.

- Ainda assim, cancele. Diga que tive um problema sério na família. Meus pais morreram num acidente de avião. Trágico. - fui na direção da sala.

- Doutor? - Mel chamou de novo.

- Invente qualquer coisa, pelo amor de Deus.

Entrei, afrouxei a nó da gravata e peguei logo meu celular.

Pensei imediatamente em ligar para Bella e perguntar que história era aquela, mas não era o tipo de coisa que poderíamos discutir ao telefone. Eu ainda estava impaciente demais, o que não daria certo, eu conhecia meu gênio de cão e acabaria soltando alguma besteira que a ofenderia.

Por isso desisti da idéia e tentei raciocinar direito sobre tudo. A peça chave da história que me deixara tão chateado foi o fato de Bella não ter confiado em mim para me contar sobre a novidade. Será que ela estava pensando de novo em sair do país sem dar explicação alguma e me deixar com Nessie? Sacudi a cabeça afastando o pensamente maldoso. Ela não podia ter medo de mim, o que estava acontecendo?

Me sentei sobre a mesa, de frente para a grande janela que costumava ficar atrás de mim com visão privilegiada para a cidade e para o porta-retrato. Terminei de tirar a gravata, também fiz o mesmo com o paletó e abri os botões da camisa. Estava me sentindo abafado.

Me debrucei sobre o telefone, liguei para a mesa de Mel que logo atendeu meio assustada.

- Pois não, Dr. Cullen?

- Traga-me um café bem forte, por favor?

- Sim, senhor. - em menos de cinco minutos, ela bateu na porta me trazendo uma xícara que deixou na beira da mesa.

Ela tentou avisar alguma coisa, mas pedi que se retirasse. Então fiquei lá tentando imaginar uma forma de tocar no assunto com Bella. Se era mesmo a oportunidade de uma correspondência, então significava morar fora do país por talvez anos. Mas Nessie tinha sua escola e amigos, eu tinha minha empresa e sem esquecer nossas famílias.

Eu já tinha comprado o anel, fazia planos para pedí-la em casamento muito em breve e tomo esse banho de água fria.

- Edward? - sua voz e sua mão no meu ombro me pegaram de surpresa.

Deixei a xícara ainda cheia pela metade cair sobre minha virilha. Saltei do tampo de madeira e gemi de dor, pois o líquido fervia minha pele.

- Ah, que droga.

- Deixe-me ajudar, doutor. - Madison pousou a mão ali.

Isabella Pov

- Não deve brigar dessa maneira com ele. Seja mais paciente, Rennesme. Ele é seu amiguinho.

- Mas ele me dá nos nervos, mamãe. - descemos do elevador.

Parei um segundo olhando para os lados, me lembrando do caminho até a sala de Edward, então virei a esquerda e continuei o passo. Nossa filha estava grande demais, já faria sete anos em breve e ainda assim ficava me pedindo colo, por isso parei por um segundo e a desci.

- Poxa. - reclamou.

- Você já está bem grandinha, mocinha. - segurei sua mão e continuamos a andar, enquanto ela reclamava sobre o amiguinho de classe.

Era o mesmo que os pais separados teriam outro filho o que a fez fazer aquela pergunta fatídica a Edward. Ri com minha lembrança, então algo chamou nossa atenção. Jasper me chamou surpreso e paramos. Ele estava acompanhado por um rapaz que discutia algo com ele, apontando freneticamente para algo numa pasta, mas ele pediu que esperasse, então veio até nós.

- O que fazem aqui? - me cumprimentou, depois se agachou e tirando Nessie do chão lhe deu um enorme abraço.

- Viemos levar seu sócio para casa. Acho que não deveria ter deixado o seu amigo falando sozinho. - apontei com a cabeça para o homem encostado numa das grandes paredes de vidro que dividiam o andar da "Cullen & Hale".

- Estagiários estressados, deixe-os. Sabem chegar à sala de Edward?

- Sim, me disseram na recepção.

- Ele deve estar atendendo um cliente agora, mas fale com a secretária dele e ela lhe dará o que precisar para esperar, tudo bem?

- Obrigada.

- Não há de quê. Er... Alice está bem?

- Maravilhosa. - tentei não sorrir.

- Ah, claro, vou falar com ela ainda hoje. - riu sem graça - Até mais, Bella. Até mais, baixinha. - beijou os cabelos de Nessie que sorriu.

- Ele está caidinho pela tia Alice, né mãe?! - sussurrou quando ele já tinha ido.

- Só não repita isso perto da sua madrinha. - a puxei pela mão para chegarmos mais rápido a sala de Edward.

A mesa de mogno da secretária de Edward estava vazia e o telefone fora do gancho.

- Podemos ver o papai agora? - Nessie perguntou, balançando minha mão de um lado para o outro.

A porta estava entreaberta o que talvez significasse que não estava mais com cliente algum. A secretária havia sumido, então não havia quem me anunciasse, por isso assenti para Nessie e chegamos à porta. Empurrei a maçaneta devagar, mas não acreditei no que vi.

Edward estava meio sentado em sua mesa, com a camisa completamente aberta e uma mulher em pé entre suas pernas apoiava a mão em sua coxa e levava a outro até seu ombro.

- Melhor não. - eu o ouvi dizer ao segurar o pulso dela com firmeza.

- Papai? - Nessie entrou sorridente logo atrás de mim.

Ela passou por minhas pernas, deu alguns passos para dentro, mas congelou ao ver a mulher estranha. Ela se afastou de Edward num solavanco tão forte que bateu no armário logo atrás fazendo a minha foto com Nessie cair. Edward girou assustado, me encarou com seus olhos arregalados e tentou dizer alguma coisa.

- Viemos te buscar, papai. - Nessie disse tomando a frente, indo para perto da mesa de onde ele logo pulou e a buscou no colo.

- Que ótimo, filha. Que surpresa boa, amor. - disse para mim.

- Concordo. - rosnei.

Notei que nossa filha encarava a estranha com os olhos apertados. Meu peito doeu, minhas carnes queimaram de ciúmes, tive vontade de gritar e perguntar o que aquelazinha estava fazendo ali naquela situação. Mas eu era adulta, nossa filha estava ali, e eu não perguntaria mais nada.

- Acho que devo apresentar. Bella essa é uma cliente minha a Srtª Stuart.

- Então essa é sua bela esposa, Dr. Cullen. É um prazer finalmente conhecer a mulher que fisgou o coração do meu advogado.

- Também é um prazer. - arranquei Nessie dos braços de Edward e a pus no chão.

- Não sabia que você estava trabalhando, Edward. Nos vemos em casa. Me desculpe atrapalhar. - não deixei que respondesse e logo fui embora.

Edward Pov

Cheguei em casa tarde como não chegava desde que Bella viera morar comigo. Ela poderia tomar isso como um mal sinal, ainda mais depois de tudo que viu ou pensou ter visto no meu escritório mais cedo. A cena idiota daquela mulher mimada e infantil com certeza me custaria uma boa briga. Jasper dissera que eu estava exagerando e que Madison poderia mesmo ter entendido meu jeito de ser com alguma insinuação, mas eu sabia que aquela mulher dava em cima de mim desde a primeira vez que entrou na minha sala.

Como compensação, eu pegaria os dois casos em andamento de Jasper para que ele ficasse como o novo advogado da Srtª Stuart. Nem que eu ficasse sobrecarregado, mas simplesmente não trabalharia mais para ela.

A mesa do jantar não estava posta, Bella e Nessie não estavam na sala e a maioria das luzes foram apagadas. Me senti mal por isso, pois sabia que ninguém estava me esperando. Bella saiu tão aborrecida do escritório, esperava que estivesse mais calma. Quanto a mim, que eu não fosse lembrar da maldita proposta de emprego na Europa que fiquei sabendo por Vitor.

Subi as escadas, parando no corredor para prestar atenção no murmurinho vindo do quarto de Nessie. Parei, me recostando no portal ainda com o paletó em uma mão e uma pasta na outra, e comecei a observá-las.

Bella estava sentada no chão cantarolando algo para Rennesme que, coberta até o pescoço, se abraçava com vontade à Fofo. A luz do pequeno abajur iluminava as duas, por isso pude ver que Nessie não estava mais acordada. Ao contrário, ressonava enquanto a mãe lhe fazia carinho.

Longos minutos depois, Bella diminuiu a voz até parar, esperou um pouco e depois se levantou. Ela já estava vestida para dormir, se abraçou com frio ou por algo que pensou, puxou a coberta de nossa filha um pouco para o lado e se virou para sair do quarto. Ela tomou um susto ao me ver. Me encarou por um bom tempo até que suspirou e passou por mim com desprezo.

A segui até nosso quarto, fechei a porta ao passar, mas não tranquei. Bella foi para o banheiro, enquanto desfazia seu coque e soltava os fios uns dos outros com as pontas dos dedos. Coloquei a pasta e o paletó sobre uma das poltronas de nosso quarto que ficavam de frente para a janela.

Fiquei um tempo pensando, mastigando a hostilidade e planejando algo para dizer. Por algum motivo, me lembrei de quando adolescente e fazia alguma besteira e a pior parte de tudo era sempre ter que encarar meu pai. Ele não abria a boca para despejar um grito, uma palavra sequer, bastava um olhar. O silêncio sabia como gritar mais alto.

Ouvi o som do interruptor do banheiro sendo desligado, então Bella saiu de lá ainda mexendo nos cabelos só que de forma apreensiva agora. Ela andou até seu lado da cama e começou a puxar o edredom.

- Seu jantar está no forno... - quase rosnou.

- Bella. - a interrompi.

- O que houve? - perguntou me encarando com uma mão no quadril.

- Odeio quando faz isso.

- Faço o quê, Edward?

- Fingi que não está acontecendo nada.

- Queria que eu discutisse dentro do quarto da nossa filha? Ah, tá, desculpa? Da próxima vez vou me lembrar.

- A gente precisa discutir?

- Não, mas é óbvio que não. Entrei hoje na sua sala, te encontrei sentado em sua mesa, com a camisa aberta, uma mulher que eu não conheço entre suas pernas com uma mão na sua coxa se debruçando para o seu rosto. Provavelmente para tirar um cisco do seu olho, com certeza. É claro que não precisamos discutir.

- Por favor, não seja hostil nem debochada. Você entendeu tudo errado. Foi como eu disse, a Srtª Stuart é só uma cliente.

- Também queria ter uma clientela assim. - sorriu amarelo.

- Isabella?!

- Só me faça um favor? A casa é sua, a cama é sua, por isso vai dormir aqui comigo, mas sequer pense em me tocar. - voltou sua atenção para as roupas de cama e se deitou.

- Não vai dormir, estamos conversando.

- Só há conversa se duas pessoas querem.

- Então você não quer conversar, mas pelo menos vai ouvir. Não é o que você está pensando. Há uma explicação para cada coisa que disse. Eu estava sentado em minha mesa com a camisa aberta porque estava tentando relaxar.

- E provavelmente conseguiu.

- Eu pedi que minha secretária cancelasse meu encontro com aquela mulher porque queria ficar sozinho para pensar, mas ela não conseguiu e não fiquei sabendo porque não dei oportunidade para ela falar. Eu estava estressado, Bella.

- Estressado? Com o quê, amor? - debochou.

- Com você. - gritei.

Fiz a pior coisa que poderia fazer numa hora dessa: perdi meu controle e gritei. Ainda por cima joguei a culpa sobre os ombros dela. Apesar de ser a verdade, tudo isso começou mesmo porque fiquei aborrecido com a história de Vitor, jamais poderia dizer que a culpada era ela.

Não era a reação que eu esperava, os olhos de Bella ficaram tristes e caíram para o lençol. Ficamos em silêncio por vários minutos, sentia o grito ainda ecoar na minha garganta, torci para que não tenha acordado Nessie. Respirei fundo e tomei iniciativa.

- Meu amor, não foi isso que eu quis dizer.

- Sei. - sussurrou.

- É sério, por favor, não pense besteiras.

- Não estou pensando nada. - finalmente se deitou, me dando as costas.

- Me desculpe? Não deveria ter gritado. Olha, eu pedi um tempo para ficar sozinho porque estava pensando sobre umas coisas, sobre nós dois, Bella. Pedi que cancelassem a reunião, mas quando vi ela já estava na minha sala. Deixei café cair na calça, ela foi tentar me ajudar e você chegou na hora e interpretou tudo errado. Talvez não tenha errado tanto assim. Aquela mulher estava mesmo dando em cima de mim, não é de hoje, mas você viu que eu estava tentando fazer com que ela não se aproximasse.

- Se ela dá em cima de você há mais tempo porque não falou antes?

- Você gostaria de saber?

- Talvez sim. - voltou a se virar e me encarar - Talvez não. Você tentou? Mas essa não é a questão. Ela dava em cima de você? Então cortasse o mal logo no início, pouparia muito tempo, não acha?

- Fiz isso. Não é minha culpa que aquela mulher não tenha entendido que eu não queria nada com ela.

- Você se esforçou ou foi mais importante ser educado com a cliente para não perder o caso?

- Bella.

- Responde. - elevou o tom de voz.

- Você me conhece. - fiz uma pausa, pensando nas palavras para ser sincero e não aborrecê-la ainda mais - Fui direto e educado. Deixei suficientemente claro que não me interessava nem um pouco toda a demonstração e as insinuações dela. - afrouxei o nó da gravata - Acho que ela não notou o quanto amo a mulher que chamo de esposa e que não a trocaria por nada. - tirei a peça e a joguei sobre a poltrona.

Bella não disse mais nada, apenas me assistiu caminhar até o banheiro. Entrei, tranquei a porta e tomei uma ducha quente para tentar relaxar e esquecer os problemas que choveram durante o dia. Só eu sei o quanto tive que me segurar para não a contra atacar com uma resposta como: "Me contar que vai para a Europa também nos pouparia muito tempo, não acha?".

Saí, e comecei a me secar, pensando no quanto seus olhos ficaram tristes. Fui duro demais? Não, é claro que não. Ela estava errada, porque mentiu, porque quis tirar satisfação de uma situação que nem quis ouvir direito a minha perspectiva, e porque me deixava louco.

Me olhei no espelho, completamente cansado e derrotado, afinal odiava brigar com Bella. Suas reações também me pegaram de surpresa. Ela era estourada e preciptada, mas estava mais sensível como agora quando gritei, ou ainda como quando entrou na sala e me viu com Madison. Eu pensei que seus lindos olhos iam derreter. Aquela desgraçada ia me pagar.

Quando saí do quarto, não muito tempo depois, percebi que ela já estava dormindo e tinha uma mancha de água seca ao lado dos olhos.

Isabella Pov

- Mas eu não quero, mamãe. - me ajoelhei na sua frente.

- Não tem que querer, Rennesme. Tome logo, assim vai melhorar.

Edward apareceu na cozinha, parando uns instante para nos observar. Ainda retorcendo o rosto de anjo numa careta, Nessie pegou o copo da minha mão e tomou o remédio, antes tapando o nariz para minimizar o sofrimento. Ela terminou, colocou a língua para fora e reclamou.

- Isso é uma droga.

- Mocinha. - eu e Edward dissemos juntos.

Levei o copo até a pia, Nessie me seguiu agarrando minhas pernas, por isso acariciei seus cachos e sussurrei:

- Suba e pegue sua mochila. Coloque o casaco e venha rápido. Estamos atrasadas. - ela sorriu e correu.

- Atrasadas para quê? - Edward perguntou terminando de fechar os botões da camisa social - Porque Rennesme não está de uniforme?

- Ela não vai para a escola. Vou deixá-la com Alice e de lá saio para o trabalho.

- Porque?

- Ela teve febre essa noite. - minha vontade de olhar em seus olhos era imensa, mas estava resistindo.

- Febre? Porque não me chamou de madrugada para cuidar dela?

- Posso cuidar sozinha da minha filha. Fiz isso por bastante tempo. - ele não respondeu por alguns segundos até que, batendo forte com a mão na coxa, reclamou.

- Que idiotice, Isabella. Ela é nossa fillha. Precisamos dividir as responsabilidades.

- Você tinha trabalho pela manhã.

- Como se você também não tivesse. - suspirou cansado - Espero que não tenha sido por causa de ontem a noite e a nossa discussão. - fui até a mesa e me apoei no tampo, tentando fazer com que o ar entrasse regularmente.

A voz dele estava fria quando voltou a falar.

- Espero que tenha entendido tudo o que eu disse ontem à noite. Não era minha intenção gritar, você sabe que eu te amo e gostaria que você esquecesse tudo o que aconteceu. Se for possível.

- Tá. - sussurrei quase sem voz.

O perfume de Edward estava mais próximo, virei o rosto e o notei parado logo atrás de mim.

- Me ajuda com a gravata? - perguntou ainda me avaliando.

Assenti, fiz com que ele se sentasse sobre o tampo da mesa e peguei a gravata vermelha de sua mão. A passei por seu pescoço, levantando antes o colarinho para ajustá-la. Ele sempre se atrapalhava ao fazer um nó, eu amava o fato de ser desajeitado nisso e todo o tempo que gastei o arrumando não consegui deixar de pensar nas mãos daquela mulher ontem e em toda a situação.

Edward não parecia satisfeito com alguma coisa, me doía imaginar que era comigo, mas ao erguer o olhar por um breve segundo e ver que ele também não me olhava me fez ter a certeza de que era comigo. Seus músculos estavam tensos, não da forma retesada que eu também ficava quando estávamos próximos, mas por nervosismo.

- Você está estranho. - resmunguei sem vontade.

- Eu diria o mesmo de você. - respondeu frio.

Não queria acreditar que o que tinha visto naquela sala fosse algo demais. Edward tinha se explicado, tentei acreditar na sua justificativa, mas nada justificava a maneira como estava me olhando agora. Se ele queria me pedir perdão e tentar me convencer de que não estava com aquela mulher, então porque estava tão diferente?

- Terminado. - aproximei o nó de sua garganta, então ele mordeu o lábio inferior e tocou minha nuca.

Seus dedos se infiltraram entre meus fios, uma de suas mãos segurou firmemente minha cintura e me trouxe para ainda mais perto até que eu deitasse eu seu peito. Eu estava sensível ao toque de Edward, como se não conseguisse me controlar, aliás eu estava sensível a tudo.

- Olhe nos meus olhos, Bella. - murmurou.

Levantei um pouco o rosto para encará-lo, então vi o tamanho de sua preocupação ali naquela ruga que surgira entre seus olhos.

- Quer me dizer alguma coisa? - demorei um pouco para entender, então neguei com a cabeça o fazendo torcer os lábios.

- E você? - perguntei.

- Não. Pegue suas coisas e ajude Rennesme. Vou levar vocês comigo.

- Obrigada.

Ainda nos olhamos por um bom tempo até que Nessie entrou na cozinha com sua mochilinha. Ele não quis tomar café, então fomos logo para o apartamento de Alice. Chegando lá, disse o que tinha acontecido e por experiências anteriores minha amiga ficou tranquila para cuidar da pequena.

Ele me deixou no meu trabalho, e quase correndo fui até minha mesa. Sentei de frente para o computador sabendo a pilha de trabalho que teria para fazer, mas antes peguei meu celular e liguei para Alice.

- Oi. - atendeu uns segundos depois.

- Ela está perto?

- Não, acabou de cair no sono. Como vai ser?

- Ligue para Jake e diga que não podemos nos ver hoje porque eu tenho que ficar até mais tarde. Diga que eu tenho uma reunião e também que Rennesme está meio doentinha.

- Tudo bem, eu falo com ele imediatamente. Mas você vai me contar o real motivo ou vou ter que ficar de fora de novo? - olhei em volta para ver se eu poderia ter aquela conversar ali.

- Bem, ontem criei coragem de contar a Edward sobre tudo, quero dizer, sobre a chegada de Jacob, suas intenções, os encontros e também sobre a proposta de recebi aqui no trabalho, então fui até seu escritório. Quando cheguei lá, o encontrei com uma mulher... - não completei a frase.

- Como assim com uma mulher, Isabella? O Edward...

- Não, quero dizer, acho que não. Ele me explicou a história, deu uma razão para cada coisa embaraçosa da tal situação. Mas você sabe como eu sou.

- Incrédula. Então, perdeu a coragem, brigou com Edward, vocês discutiram e por isso estavam com aquelas caras.

- Na verdade sim, mas a cara dele hoje de manhã é por outro motivo.

- Qual?

- Não sei qual é, mas preciso desligar. Não estou me sentindo bem e tenho muito trabalho.

- O que está sentindo?

- Enjôo. Deve ser a mesma coisa que Nessie. Me preocupo com minha saúde mais tarde. Adeus, Alice.

- Até mais, amiga.

Desliguei o aparelho, respirei um pouco, mas tive que levantar para ir até o banheiro. Estava forte demais.

No dia seguinte.

- Oi. - abriu seu grande sorriso quase cobrindo suas bochechas avermelhadas - Entre, por favor?

Dei licença e observei Jacob passar por mim com passos tímidos parando logo e se sacudindo com um pouco de frio. Fechei a porta e o avaliei por uns segundos. Seus ombros estavam molhados, assim como os cabelos e as calças quase até o joelho. Quando voltei a olhar em seus olhos, ele parecia se desculpar.

- Achei que seria uma ótima caminhada do meu hotel até aqui. Fui surpreendido.

- Tudo bem. Quer uma toalha?

- E algo quente para tomar.

Entramos mais, então corri lá dentro até o armário do banheiro e busquei uma toalha de rosto para que se secasse. Ao voltar para sala, encontrei Alice pendurada em seu pescoço.

- Oi, Jake. - exclamou - Minha nossa, você está parecendo um cachorro molhado. - se afastou com uma careta, então entreguei a tolha para ele - Vou buscar um café que acabei de preparar.

- Sente-se. - ele foi até o sofá comigo, se sentou bem no meio e eu me acomodei no braço do móvel com as pernas a seu lado.

- Nessie está melhor? - perguntou passando a toalha pelos fios negros.

- Sim, foi só um sustinho. Coisas de crianças.

- Sabe do que me lembrei enquanto falava com Alice ao telefone ontem?

- O que?

- Aquela vez que estávamos em Forks na casa da sua mãe para uma visita, então no meio da noite Nessie entrou no nosso quarto chorando com dor-de-ouvido e você caiu da cama de tão assustada. - corei assentindo.

- Sim, passamos a manhã toda no pronto-socorro. - ficamos em silêncio alguns segundos, ele me observou enquanto prendia a vontade de falar com os dentes cravados nos lábios.

- Trouxe os papéis para você ler. Pode ficar com eles o quanto for necessário, levar para um advogado se quiser. As cláusulas devem estar do jeito que você achar melhor.

- Tudo bem. Confio em você. Eu vou só ler tudo e assinar.

- Aqui está. - Alice apareceu com duas xícaras de café, entregou uma a ele e outra a mim.

- Não quero. Obrigada. - repudiei sentindo a estranha e incômoda sensação nauseante crescer no fundo da garganta.

- O que houve?

- Estou enjoada de novo. Tome você, por favor? - ela deu de ombros e se sentou ao lado de Jake que ainda me olhava ao passar os braços ao redor de Alice.

- Hey, estive pensando o quanto você deve estar solitário naquele quarto de hotel. O que faz o dia todo?

- Leio e assisto tv à cabo. Porque? Quer me tirar desse tédio?

- Posso te apresentar uns lugares legais. Pela nossa velha amizade. Entendo seu tédio, não tenho nada para fazer na maior parte do meu tempo.

- Porque não arranja um emprego?

- Estamos falando de Nova Iorque, Black. Há dez Alices para cada vaga.

- Dez "Alices"? - ri de seu exagero.

- Vamos fugir antes que todas nos encontrem, Bells? - Jake ganhou um tapa - Hey, onde está a velha amizade?

- Escondida atrás de dez Alices. Mas então, quer fazer alguma coisa ou não?

- Que tal jantarmos amanhã?

- Almoço sim, Jantar não. Já tenho compromisso. - seus olhos brilharam.

- Hum, mesmo? Quer dizer que você já fisgou um engomadinho da bolsa de valores?

- Não, um advogado divertido, bonito, íntegro, encantador e enólogo*.

- Pobre coitado. Você deve estar massacrando o idiota como faz com todos.

- Eu sou um anjo.

- Ah, com certeza. - eu e Jake dissemos juntos.

Aproveitei a oportunidade para pegar os papéis de sua mão e disse que ia até a cozinha para lê-los. Os dois continuaram conversando animadamente sobre Jasper, e apesar de gostar de ficar perto de Jacob, queria que ele fosse embora o mais depressa possível. Amava muito o meu amigo, só que isso me fazia mal e era a última coisa que queria nesse momento.

Prestei atenção em todas as cláusulas do contrato de venda, li pelo menos três vezes antes de assinar em cada linha que tinha meu nome embaixo. Também rubriquei onde pediam e me levantei. Me celular vibrou no meu bolso, meu coração batendo mais forte ao ver o nome de Edward piscar na tela.

*Enologia - é a ciência ou arte que estuda todos os aspectos relativos ao vinho, desde o plantio, escolha do solo, produção, envelhecimento e engarrafamento. Alice se referiu a Jasper como um enólogo, porém deve-se ter faculdade de enologia e existem pouquíssimas ao redor do mundo.

- Alô. - atendi uns segundos depois.

- Oi, Bells. Onde você está?

- Na Alice. Saí um pouco mais cedo hoje. Já vou sair daqui para buscar a Nessie.

- Tudo bem. Também saí mais cedo e estou na porta esperando a turma dela. Passo aí para te buscar depois, tudo bem?

- Claro, Edward. Er... obrigada, mas não precisa correr.

- Eu sei, lá vem ela, nos vemos daqui a pouco. - desligamos.

Eu precisava tirar Jacob o mais depressa possível do apartamento. Fui para a sala com um sorriso no rosto e a resma nas mãos. Os dois me olharam, Alice tinha lágrimas escorrendo por suas bochechas e Jake ainda gargalhava.

- Chorando de tanto rir? - perguntei.

- Ai, esse garoto um dia ainda me mata.

- Todas amam meu senso de humor. É incrível. - se gabou.

- Vai começar. - resmunguei a fazendo soltar mais uma risada e uma lágrima - Aqui estão, Jacob. - ele olhou para minha mão, depois com um sorriso triste me encarou.

- Leu com atenção?

- Muita.

- Assinou?

- Tudo certinho.

- Ah. - sorriu para Alice, depois acariciou seu rosto e a beijou na testa - Não quero atrapalhar vocês, então acho que já vou. - droga, eu não queria ter sido grossa.

- Não estou te expulsando, Jake. - ele se levantou, deu um passo para frente e envolveu meu pulso com sua mão quente.

- Eu sei, Bells. Me leva até lá o táxi, por favor? - seus olhos negros me prenderam, assenti feito uma boba e deixei que segurasse minha mão.

- Eu te ligo amanhã cedo, Lice. - gritou já do corredor.

Ficamos em silêncio até estarmos na portaria. Olhei para os dois lados, visivelmente nervosa, por isso Jake largou meu braço. Um dos funcionários do prédio se dispôs a chamar um táxi para meu amigo, por isso aguardamos.

- Então, eu venho aqui amanhã essa hora mesmo para...

- Eu sei. - ri nervosa - Se tiver algum contra-tempo, peço para Alice entrar em contato com você.

- Você está bem, Bella?

- Mais ou menos. Meio zonza, já vai passar. - ele sorriu com algo que pensou e suspirou.

- Posso te fazer uma pergunta? Promete que será sincera?

Engoli em seco, mas precisava saber qual era a pergunta, então assenti e me abracei mais forte.

- Você está feliz com ele? - minha garganta fechou e assenti sem palavras - Isso é ótimo. - consegui ver seu esforço em manter a voz firme e limpa - Vocês vão se casar?

- Eu... Como? - fiquei aturdida.

- Casar, Bella. Um relação reconhecida pelo Estado e pela igreja ou por qualquer outra coisa que se queira. Simplesmente, casar, assim como pretendíamos fazer há muito tempo.

- Não sei. Eu, realmente, não tenho idéia. Porque está falando disso agora?

- Não precisa ficar nervosa. Só não consegui conter minha curiosidade. Sente-se mal em falar abertamente sobre isso comigo?

- Acho que sim.

- Não sinta, Bella. Pensei ter deixado claro no hospital o quanto te queria livre de qualquer culpa. Aliás, acho que essa é a única coisa que odeio sobre você. Sua mania irritante de assumir os erros dos outros. Ainda assim é adorável.

- Eu...

- Escute. - segurou minha mão e me puxou para mais perto, segurando assim meu queixo para que o encarasse - Eu prometo que, depois dessa semana, só ouvirá falar de mim outra vez quando o dinheiro do apartamento estiver entrando em sua conta. - sorriu.

- Jacob.

- Deixe-me terminar? - sorri com a cara que fazia - Sei o que deve estar pensando, você é fácil demais de ler, Bella. Sei que não quer atrapalhar sua relação, mas também não quer me magoar. Sei que o ama, como um dia eu te amei, sei que será muito feliz. Você sabe que eu nunca quebro nenhuma das minhas promessas e eu prometo que nunca mais a farei se sentir assim de novo. Prometo que vou sair da sua vida, vou sumir, nunca mais te procurar.

- Não é isso que eu quero, Jake. Eu só não quero mais...

- Sentir o que eu sinto. - riu sem humor.

- Senhor, seu táxi chegou. - disseram atrás de nós.

- Só há um jeito. Será fácil para você. Um dia também será para mim. Até amanhã, Bella. - ele se aproximou mais, beijou minha testa e depois se foi.

Edward Pov

O trânsito fluiu com tanta rapidez que em cinco minutos estávamos na rua do prédio de Alice. Ao virar na esquina, um ciclista maluco cruzou a frente do meu carro, quase não dando tempo de frear. O imbecil levantou os braços praguejando alguma merda e depois foi para a calçada. Os dois processos que eram antes de Jasper, os quais troquei para que ele tomasse frente com a Srtª Stuart, foram parar no chão do carro.

- Merda.

Como sempre não havia vagas, pois as poucas ficavam reservadas a moradores, mas um homem que já me conhecia e estava na portaria resolveu me ajudar. Logo ele saiu carregando o pequeno pino laranja e eu pude manobrar ainda sendo observado.

Desliguei o carro, agradecendo com a mão o funcionário do prédio que me permitiu estacionar. Nessie dormia no banco de trás, mas antes de acordá-la, me agachei para pegar meus papéis que caíram no chão. Quando levantei de novo o rosto e olhei na direção da portaria, me surpreendi encontrando Bella e um outro homem que acabavam de parar ali. E eu sabia quem era ele.

- Mais um segredo. - rosnei para mim mesmo.

Era mais como uma pergunta, mas minha voz não sairia limpa com minha garganta fechando de ódio daquela maneira. Os nós dos meus dedos reclamaram da força que eu aplicava em torno do volante, mas sequer me movi.

Conversaram certo tempo, os olhos de Bella sempre pregados no chão até que ele deu um passo para frente, segurou sua mão e a aproximou para pegar seu queixo entre os dedos. Os dois continuaram conversando, ele sorriu, ela também, e um tempo depois um outro funcionário do prédio disse algo atrás dos dois. Por leitura labial, o entendi dizer: "Até amanhã, Bella". Eles trocaram mais um olhar, se aproximaram, os lábios dele tocaram sua testa e depois se soltaram. Jacob andou até o táxi que o esperava no meio-fio.

O carro logo arrancou, Bella sequer olhou para trás. Ao contrário, ficou um tempo parada fitando o chão. Ela estava chorando.

Meu maior desejo era pular do Volvo, andar até lá, agarrar seu braço e perguntar aos berros o que aquele homem estava fazendo em Nova Iorque, no apartamento dela, se aproximando daquela maneira. Ele não sabia que agora ela morava comigo, que era minha mulher? Porque Isabella permitiu que ele a tocasse?

Era estupidez me sentir ameaçado, no fundo sabia isso, mas não pude evitar. Meus sentidos de propriedade era tão fortes quanto errados. Isabella me escolhera e jamais conseguiria apagar seu passado, mas ele tinha sido seu noivo. Ele tinha sido seu amparo, seu companheiro e a suposta figura de pai para nossa filha pelos longos sete anos que fui privado de amá-las. Por isso era demais para mim.

Bella levantou o rosto quando o funcionário tocou seu ombro e depois correu para dentro. Gastei um longo tempo respirando, me acalmando, antes de sair do carro, dar a volta até o banco de trás do outro lado e buscar Nessie no colo.

Ela ainda dormia pesado quando parei ao lado do homem para pedir uma informação.

- Com licença, poderia me dizer se aquele rapaz que acabou de sair naquele táxi ficou aqui por muito tempo?

- Desculpe, senhor. Mas não o vi entrando.

- E quando foi a última vez que esteve aqui?

- Alguns dias. Talvez três.

- Ah, sim, obrigado.

Preferi não pensar em nada, pelo menos não até estar no apartamento. Alice demorou para abrir a porta e sorriu com certo receio ao me ver.

- Oi Edward.

- Olá, baixinha. Onde está Bella?

- No banheiro. Acho que não está se sentindo bem.

- Ah. - deitei Nessie no sofá - Ela caiu pesado no sono quando saiu da escola. Acho que é cansaço de ontem, dá uma olhadinha nela que eu vou ver como a Bells está, tudo bem?

- Não precisa. - Alice segurou meu braço.

- Mas eu faço questão. - fui até a primeira porta do corredor, bati duas vezes de leve, mas a porta estava aberta.

Entrei sorrateiro, chamando seu nome e me surpreendi ao encontrá-la passando mal de verdade.

- Droga, Edward, sai daqui. - resmungou.

Rapidamente cheguei as suas costas e prendi seus cabelos num rabo-de-cavalo. Seus músculos se tensionaram, ela buscou o ar mais uma vez e se debruçou mais antes de vomitar. Passei a mão na sua nuca, sua pele suava frio, estava muito nervosa. Sua mão empurrou minha coxa com força uma, duas vezes, então quando pôde falar Bella implorou:

- Sai daqui, anda. Eu preciso ficar sozinha.

- Mas você.

- Por favor, vai embora. - ainda chorando me empurrou com ainda mais vontade.

Minha única escolha era deixá-la só como queria. Na sala, Alice me esperava de braços cruzados e uma careta estampada no rosto.

- O que aconteceu? - perguntei.

- Deixe-a sozinha. Ela não está se sentindo bem desde ontem. Ela é grandinha, sabe se cuidar, então só espere. As pessoas ficam nervosas assim mesmo quando não se sentem bem.

- O que houve antes? - enrugou o cenho - Que eu chegasse, Alice. O que houve?

- Nada.

- Porque ela está chorando?

- Está nervosa, Edward. Quer uma água, um café? Eu pego.

- Não, obrigado. - me sentei no sofá, puxando as pernas de Nessie para que ficassem sobre meu colo.

Nós esperamos. Alice ligou a tv, fingiu que assistia, mas notei o quanto estava ansiosa. Para mim pareceu uma eternidade até Bella sair do banheiro andando apoiada na parede. Antes que eu pudesse me levantar, ela pediu com a voz alta, mas rouca:

- Me leva para casa, por favor? - assenti, então acordei Nessie que resmungou um pouco, mas se levantou ao ver que a mãe não passava bem .

Ela me abraçou pela cintura, apoiando a cabeça em meu peito, para que andasse melhor. A levei de volta para casa e, assim que chegamos, Bella entrou no banho e quis deitar, pedindo desculpas por não poder ficar comigo e Nessie. Ela dormiu muito pesado aquela noite, me fazendo ficar ainda mais preocupado com sua saúde e com o que tinha acontecido entre ela e Jacob. Se ele a visitaria amanhã, então eu também ia aparecer para dar um oi.

No dia seguinte.

- Venho mais tarde para buscá-la.

- Você está procurando briga com Bella. - Rose apoiou a mão na barriga e suspirou cansada - Porque nunca me dá ouvidos? Deixe de ser tão infantil. Vai estragar as coisas com a mulher que ama se fizer isso.

- Ela está mentindo para mim. Eu não consigo, Rosalie. Preciso muito ir até lá e ver com meus próprios olhos o que está acontecendo.

- Você vai se alterar, eu sei que vai. E se ela tivesse feito a mesma coisa quando te encontrou no escritório com a sua cliente?

- Só preciso de uma forma para Bella me contar logo a verdade sobre tudo.

- Que tal conversar?

- Volto antes do jantar, tudo bem? - saí da cozinha sendo seguido pela minha irmã - Nessie, papai já volta para te buscar, tá?

Ela, que brincava com Gloria no chão, sorriu, deu tchau com sua pequena mãozinha e mandou um beijo. Saí do apartamento de Rose ainda a ouvindo resmungar consigo mesma. Prometi que não brigaria, pelo menos não com ela. Ao chegar no prédio, estacionei e subi sem que a portaria ligasse para Alice.

Parei na porta para tomar um pouco de coragem e toquei a campainha. Em um minuto ela veio atender rindo. Pela sua cara de espanto soube que esperava outra pessoa. Se apoiou no portal, formando uma barreira e, tentando sorrir, perguntou:

- Edward, o que faz aqui? Bella ainda não chegou.

- Mas eu posso entrar?

- Você não foi buscar Nessie na escola? Sua filha está te esperando. - tentou segurar meu corpo.

- Ela está na casa de Rosalie se divertindo com a prima. - a abracei e fechei a porta.

Entramos, ele sequer se moveu. Alice parou me segurando pelo ombro e gemeu algo que não pude ouvir. Jacob finalmente levantou o rosto pálido, mas não demonstrou nenhuma reação. Ele estava aqui de novo, eu não podia acreditar nisso, viera de verdade.

- Edward. - ela puxou meu braço um pouco para trás.

- O que houve, Alice? Não vai me apresentar seu amigo? - se levantou ansioso - Acho que nunca pudemos nos conhecer.

- Vai embora, por favor? - pediu novamente.

Respirei fundo, resgatando a frieza para reagir àquela situação, mas não consegui ser assim tão bem sucedido.

- Pode me largar. Não sou nenhum cachorro. - segurei sua mão e ela o fez - Que engraçado, ouvi seu nome tanto tempo, você é como eu esperava.

- Não ouviu mais tempo do que eu o seu. Agora, com licença, preciso ir. - deu um passo para frente, mas joguei meu corpo na frente da porta o parando.

- É bom ver que está bem de saúde. Se recuperou rápido, pelo que soube seu acidente fora muito grave.

- Er... mais ou menos. Prefiro pensar que foi um aviso de alguém para que eu começasse a viver minha vida de verdade, mas se não se incomoda, eu preciso voltar para o meu hotel. Tive um dia longo com Alice e quero descansar.

- Dia longo? Espero que tenham se divertido.

- Muito.

- Mas o que te traz em Nova Iorque? - agora sim estava começando a me alterar.

- Uma visita. Resolver uns probleminhas. Alice, o dia foi ótimo com você. A gente se vê um outro dia.

- Jake? - ela chamou, em seguida puxou de novo o meu braço para que saísse da frente, então ele pode ir até a porta e abrí-la - Pare com isso, Edward. Você não sabe o que está acontecendo.

- Já que ninguém me conta, tenho que descobrir. - me soltei dela e o segui.

Ele já estava perto do elevador quando chamei seu nome de novo. Ficou tenso, apertou o botão três vezes seguidas antes de se virar com um sorriso debochado.

- Pois não?

- Tem certeza que foi só isso que veio fazer aqui? Afinal, para se atravessar o país deve-se ter um bom motivo.

- O bom motivo que você não teve? - perdi o controle, quando dei por mim já estava partindo para cima dele, mas Alice me segurou a tempo.

- Seu idiota, você não sabe de nada do que aconteceu, lave sua boca antes de falar de mim, desgraçado.

- Edward, cale-se.

- Pelo visto, você aproveitou bastante a minha falta naquela época. - o elevador chegou no andar - Mas as coisas mudam.

- Ah, meu Deus. - Bella apareceu atrás dele.

- Hora de ir. Não preciso ficar para ouvir isso. - se virou, antes olhando para Bella com tristeza, então entrou no elevador.

- O que está acontecendo aqui? - ela ainda segurava a porta.

- Ótima pergunta. Eu também gostaria de saber o que seu ex-noivo estava fazendo no seu ex-apartamento te esperando.

- E quem disse que eu a estava esperando?

- Não sou idiota. Agora cale-se.

- Edward, chega. - Bella apoiou a mão no meu peito e rosnou - É melhor se acalmar e se calar, você não sabe o que está acontecendo.

- Pelo visto você está adorando me tirar da sua vida, não é? Primeiro a bolsa de estudos e a correspondência fora do país e agora a visita do seu ex-noivo. Graças a quem mesmo eu não sei o que está acontecendo?

- Quem lhe contou?

- Não importa quem contou, Isabella. O problema é que não foi você.

Ela abriu a boca para tentar responder, mas ainda estava surpresa demais com toda a situação e com o que eu havia revelado.

- Não vai me contar porque vocês dois estavam conversando ontem na portaria? E sua resposta para o jornal? Sim ou não? Pensei que você confiasse em mim.

- E como posso confiar se está agindo desse jeito só porque descobriu duas besteiras ínfimas como essas? Toda vez que eu omitir algo, você fará esse show?

- Besteiras? Não foi omissão, você mentiu. Eu não vou mais falar sobre isso. - tirei sua mão de mim e entrei no elevador - A gente conversa em casa.

Apertei o térreo, e antes que ela pudesse dizer alguma coisa, a porta já se fechava. Olhei para o lado, Jacob estava calado até que também me encarou e fez uma careta.

- Qual o problema?

- Bella merecia coisa melhor.

- Bella merecia você?

- Pelo menos ela nunca reclamou enquanto estávamos juntos.

Apertei o botão do elevador, fazendo a caixa parar entre o andar cinco e seis e um alarme soar. Agarrei Jacob pela camisa e o joguei contra a parede.

- Repete o que disse, desgraçado.

- O que houve? Está se sentindo ameaçado, imbecil?

- Você vai sair de perto da minha Bella e da minha filha, entendeu?

- Engraçado como enche a boca para falar 'minha filha', mas se você soubesse quem foi o primeiro que ela chamou de pai. - não pude mais me reprimir e lhe dei um belo soco no queixo.

O soltei para que caísse no chão, apertei com força o botão e voltamos a andar. Ele se levantou, segurando o rosto, mas parecia que não ia mesmo reagir.

- Só para que você saiba, Edward, eu vim para Nova Iorque, não para encontrar Bella com o objetivo de tentar reconquistá-la, de ficar com ela ou ainda de roubar a sua filha de você. Eu não preciso de nada disso. As marcas, as lembranças, que deixei nas duas e elas deixaram em mim são inesquecíveis de uma forma que você nunca vai entender se continuar com essa sua cabeça-dura e inflexível. Eu vim para Nova Iorque, seu idiota, porque queria deixar Bella livre, quebrar qualquer elo que ainda pudéssemos ter justamente para não sofrer mais e nem fazê-la sofrer. Infelizmente, há pessoas que nem em um milhão de anos poderão entender que amor não significa estar junto, mas querer que o outro fique bem e seja feliz. Espero que você descubra o mais depressa o possível o valor da mulher que você acaba de magoar lá em cima ou vai ficar sem ela. E eu conheço muito bem Isabella para afirmar isso.

Chegamos ao nível da rua, a porta de ferro se abriu, ele me observou dos pés a cabeça mais uma vez e sussurrou:

- Não precisa se preocupar, nunca mais vou dar notícias e poderá enfim respirar em paz. Quanto ao soco, eu não me importo. Você tomará um muito mais forte quando perceber a besteira que está fazendo.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez desculpas!