Isabella Pov

Na hora do almoço, Alice me ligou pedindo que eu fosse até seu apartamento para comer com ela. Eu não tinha muito tempo por causa de uma reunião que teria com Vitor antes de fechar uma matéria que precisava ser finalizada. Ele também dissera que tinha uma surpresa para mim, mas nada que eu precisasse me preocupar.

Cheguei com pressa ao apartamento e entrei sem bater. Encontrei Alice deitada no sofá com um sorriso de orelha-a-orelha, balançando as pernas de um lado para o outro, aproveitando sua liberdade querida.

- Se livrou do gesso e já está abusando, hein?! - chamei sua atenção.

Ela girou no sofá para me encarar e fez o impossível: aumentou ainda mais seu sorriso.

- Own, amiga, estava com saudades de você.

- Alice, nos vimos ontem quando vim buscar Nessie aqui.

- É, mas você estava com todo aquele mal-humor inexplicável. Aliás, quero que você me conte tintin por tintin do que aconteceu com você e Edward.

- Claro, mocinha, mas não antes de você servir meu almoço. Pensei que você tivesse me chamado para comer. Não estou sentindo nem cheiro de longe de qualquer alimento.

- Serve um sanduíche? - perguntou sem graça.

- Tá de brincadeira?

- E tem que ser frio. - deu de ombros.

- Tá bom, Alice. Tanto faz, só vamos comer agora, tudo bem? Não posso chegar atrasada no jornal e eu quero saber como foi com Jasper ontem.

Imediatamente ouvi seu suspiro e parei congelada na porta da cozinha. Girei nos calcanhares para vê-la de frente e assisti admirada ela revirar os olhos e morder os lábios.

- Alice, você vai explicar i-me-dia-ta-men-te o que foi isso.

Ela pulou do sofá e veio dançando até mim.

- O canalha lembra de tudo. Aquele bobalhão do Jasper me levou para jantar num restaurante japonês do outro lado da cidade ontem a noite. Me fez de idiota antes, eu pensei que ele não se lembrasse de mim da boate, mas parece que sim.

- E te contou isso por livre e espontânea pressão eu imagino. - deu um de seus sorrisinhos tímidos.

- Na verdade, queria mesmo descobrir, então posso dizer que joguei algumas indiretas. Discretas, é claro. Você sabe como sou.

- Tenho idéia. - resmunguei, fuçando a geladeira - Mas adianta um pouco a história e me conta como foi no restaurante.

- Ele é interessante. Gostei muito de tudo e depois ele me levou num lugar para tomarmos alguma coisa. Sabia que ele entende de vinho?

- Imaginei. Edward também desde a época que nos conhecemos. - coloquei alguns frios sobre a mesa, abrindo espaço para fazer o sanduíche - Você podia me ajudar, sabia?

- Ah, você se vira tão bem sozinha. Deixe-me terminar e eu te ajudo. Onde parei? Ah, sim, nos vinhos. Então nós conversamos mais um pouco, mas eu já estava ficando tonta e resolvi parar. Você sabe como fico quando bebo demais.

- Insuportável?

- Alegre. - me fuzilou com os olhos - Então, ele me trouxe em casa, e ... Nos beijamos, mas, para sua informação antes que comece a pensar qualquer asneira, eu o coloquei para fora daqui.

- Aham. E, para sua informação, afinal eu tenho certeza, nem tente desmentir sobre você ficar pensando nesse beijo até a hora que caiu no sono.

- Você não me conhece tão bem assim. - resmungou, fazendo careta.

- Só desde que nascemos. - debochei.

Ela não disse mais nada até que eu terminasse o sanduíche e colocasse num prato na sua frente.

- Vocês vão sair de novo?

- Mudando de assunto: já faz dois dias e você ainda não me explicou porque vocês dois brigaram.

- Edward esqueceu de buscar Nessie na escola naquele dia. Tudo por causa de uma reunião no trabalho.

- Falta grave.

- Eu sei. Fiquei irritada e depois que chegamos em casa discutimos. Ele estava estressado, eu também, brigamos mais por causa da falta de atenção dele nos últimos dias comigo e Nessie em casa, mas ele se desculpou ontem. Prometeu que não faria mais, então fizemos as pazes. Também não dá para ficar brigada com ele muito tempo.

- Foi o que eu disse, Bells. Está na cara que você não pode cobrar nada muito firme ainda dele. É quase uma novidade ter você e Nessie em casa. Errar é humano.

- Eu sei. Também não deveria ter descontado nele toda a responsabilidade. Não gostei mesmo foi da hora que estavamos brigando e ele disse coisas não muito legais sobre o meu trabalho.

- As pessoas dizem besteiras quando estão nervosas. E, me desculpe pelo que vou dizer, mas você deixa qualquer um nervoso.

- Eu também te amo, Alice. - deu uma risada baixa antes de abocanhar o sanduíche.

- Ele deve estar com muita coisa na cabeça. Quer passar todo o tempo do mundo com você e Nessie para recuperar o que perderam, mas ao mesmo tempo está sendo cobrado pelo sócio por causa da venda da empresa e todas essas coisas.

- Venda da empresa? - perguntei quase engasgando.

- É. - enrugou o cenho, talvez se perguntando se tinha dito alguma coisa de errado - Jasper me contou ontem que estão pensando em vender o escritório para uma empressa maior. Como uma incorporação. É um empresa estrangeira e está de olho neles faz mais de um ano. Edward não falou?

- Não. Eu jamais imaginei.

- Edward não quer vender a empresa, mas Jasper está louco para se livrar dela. No caso o seu maridinho seria o maior beneficiário. Ele tem mais da metade daquilo tudo. Jasper é minoritário.

- Como sabe de tudo isso? - ela deu de ombros enquanto se levanta para buscar um suco na geladeira.

- Ele falou ontem enquanto estávamos bebendo.

- Você fuzilou o pobre homem de perguntas.

- Eu queria saber se ele é o tipo de atropelador em série ou não. Estou traumatizada, sabia? Vocês deviam ver também meu lado.

Ri de sua cara desolada, mas logo me concentrei também nos problemas de Edward. Não entendia porque ele não tinha me contado sobre esse problema, eu poderia ajudá-lo sempre que precisasse, mas talvez ele me quisesse fora de seus negócios.

- Está pensando no porquê dele não ter te contado? - perguntou voltando a mesa com os copos.

- Sim. Me perguntando porque ele não quis dividir isso comigo.

- Ah, Bells, antes de vocês duas aparecerem a vida do Edward era resumida ao escritório. Na época que eu e Rose estávamos correndo atrás daquela mulher que eu não gosto de pronunciar o nome, ela me contou que ele não era muito envolvido com qualquer coisa que não fossem os negócios. Esquecia até mesmo da família. Então, agora que vocês estão aqui, talvez ele só queira mudar completamente de uma vez por todas. É compreensível.

- Você deve ter razão nesse sentido.

- Mas, me tira uma dúvida. Porque você mesma não foi buscá-la?

- Porque o mundo é minúsculo. - me olhou com uma sobrancelha erguida - Eu também tinha uma reunião de trabalho e por coincidência era a mesma de Edward. Parece que o escritório deles está cuidando desse processo milionário que o jornal sofreu.

- Isso é bom ou ruim?

- Bem, eu não sei se vou ter tanto contato assim com os advogado, mas eu acho que se depender do Sr. Vitor isso vai acabar acontecendo. Será bom se não misturarmos as coisas. Ruim se for o contrário. Sabe o quanto odeio levar problemas do trabalho para casa. Você se lembra daquela época que passei com Jacob?

- Lembro. Mas vamos mudar de assunto. - assenti, pegando mais um pedaço do sanduíche - Sua mãe ligou ontem. - sussurrou cautelosa.

- Porque Renne liga mais para você do que para mim?

- Ela ligou para falar do Jacob. - segurei a respiração por um segundo, esperando Alice terminar de falar - A mãe dele está preocupada...

- Aconteceu alguma coisa? - interrompi.

- Não com a saúde dele. Desde antes do Natal ele já está recuperado do acidente. Quero dizer, só com alguns poucos cuidados, mas é que durante uns exames que ele estava fazendo parece que veio com uma idéia de sair do emprego e vender o apartamento.

- Enlouqueceu?

- Basicamente. Sue está preocupada com o que ele está planejando ou "não-planejando" fazer. Ainda assim, acho Jake responsável demais para fazer qualquer besteira.

- Também acho. Sabe Alice, às vezes, sinto um pouco de falta dele. - ela me encarou, cruzando os braços como se soubesse que eu estava mentindo - Quero dizer, muita falta dele.

- Era de se esperar, Bells. Vocês ficaram tanto tempo juntos. Bem, eu espero mesmo que isso seja só falta e que você não esteja se sentindo culpada por ter acabado. - dei de ombros - Ah, Bella!

- Vamos mudar de assunto.

- Tudo bem, mas não para o assunto "Jasper".

- Ah, poxa, eu só queria saber se vocês vão sair de novo.

- Se ele me ligar. - fingiu não se importar.

- É claro que ele vai ligar, sua boba. Deixe de idiotice.

Meu celular tocou, e atendi enquanto a assistia revirar os olhos. Era o telefone pessoal do escritório do Sr. Vitor, por isso fui até a sala para atendê-lo.

- Pois não?

- Isabella? Oh, bem, eu sei que você está em seu horário de almoço, e mil desculpas por te atrapalhar, mas precisei adiantar um compromisso e quis ligar para desmarcar nossa reunião. - Vitor era o tipo de pessoa que gostava de se aproximar de todos, por isso era difícil até mesmo pedir que a secretária desmarcasse a reunião.

Em pouco tempo pude perceber que ele sempre fazia essas coisas pessoalmente.

- Por mim tudo, senhor. Marco com sua secretária uma outra hora assim que chegar na redação.

- É claro... hum... bem, se você viesse para cá agora poderíamos evitar isso. Seria possível ou vai atrapalhar sua refeição?

- Não, por mim tudo bem. Chego o mais depressa que puder então.

- Obrigado Isabella. Então vou avisar a Leona para que te deixe entrar assim que chegar. Até daqui a pouco.

- Até. - desliguei o celular e voltei para cozinha - Fim de recreio. Tenho que voltar correndo para o jornal por causa de uma reunião com o chefe.

- Tudo bem. - Alice deu de ombros - Só não seja demitida. - dei um beijo no alto de sua cabeça quando passei por ela já com a bolsa.

- Se cuida, baixinha.

- Quer que eu vá buscar Nessie hoje também? - gritou quando eu já estava na porta.

- Não, obrigada. Eu mesma faço.

Saí com pressa de lá e cheguei o mais depressa que o trânsito infernal de Nova Iorque me permitiu. Leona, a secretária particular de Vitor, me esperava sentada atrás de sua mesa com seus grandes óculos redondos. Ela sorriu com os olhos ao me ver e apontou para a porta, abaixando o rosto de novo para os papéis que estava lendo. Bati duas vezes, entrei, então ele me mandou sentar em uma das grandes cadeiras pretas de frente para si. Vitor ajeitou a barriga dentro do terno italiano, um tique nervoso fácil de ser identificado e deu um largo sorriso.

- Bem, bem, Isabella. Acho que você não me contou das novidades.

- Novidades? - perguntei sem entender coisa alguma.

- Sim, a universidade entrou em contato comigo também, antes que você o fizesse.

- Universidade? Do que o senhor está falando? - ele inclinou a cabeça e deu um meio sorriso.

- Acho que me preciptei. - disse para si mesmo.

Dentro de uma de suas gavetas, encontrou um envelope de carta que eu reconheci quase de imediato. Recebi uns iguais meses atrás com a proposta da bolsa de estudos para a pós-graduação na Alemanha. Vitor me entregou os papéis com um sorriso.

- Parece que chegou antes para mim do que para você. É uma nova proposta de bolsa, só que dessa vez para um mestrado e tem mais.

- Mais?

- Sim, leia o papel e você vai entender. - hesitei por alguns segundos, mas logo abri o envelope e puxei a carta de dentro.

Vitor me deu o tempo necessário para ler tudo e assimilar toda a informação o que demorou bastante. Captei rápido a idéia da segunda bolsa de estudos, mas a proposta a segunda parte é que estava me fazendo suar frio nas mãos.

- Isso quer dizer...

- Quer dizer que você pode continuar trabalhando para mim só que como correspondente na Alemanha enquanto completa o curso. Você poderá viajará por toda a Europa como correspondente e é claro que terá ajuda, por isso fiquei tão...

- Mas, Sr. Vitor, não querendo interromper o senhor, mas dois anos é muita coisa. - minha voz sumiu no final da frase.

Eu sentia minha garganta se fechar com a idéia. Era mesmo uma proposta tentadora, mas não tinha como ficar longe de Nessie e Edward, e eu não tinha certeza se eles estavam dispostos a se mudar comigo.

- Sim, dois anos para concluir o curso, mas depois que você começar a viver lá, não vai querer voltar. A Europa é...

- Eu conheço quase todos os países europeus e sei de tudo isso, senhor. Mas essa não é a questão. Quero dizer, não teria como eu tentar fazer esse curso aqui mesmo no país? Já tentei de outras vezes bolsa, talvez consiga agora.

- Bem, a decisão é sua. Você leu no papel que tem o prazo de dois meses para se decidir. Mas sei que vai pensar bem sobre essa oportunidade. Os estudos, o fato de morar fora do país e não se esqueça do salário.

Ele era um homem bom, mas não o tipo que aceita um não como resposta. Era claro pelo seu olhar.

- Tudo bem, Sr. Vitor. Eu vou pensar na proposta. Era esse o motivo da reunião?

- E queria mais? - perguntou sorrindo - Pode ir, Isabella.

Forcei um sorriso, deixei a carta em cima de sua mesa e fui embora. Voltei para minha mesa e confesso que não consegui mais trabalhar até a hora de ir embora. Ver Nessie só me deixou ainda mais ansiosa. Durante o jantar decidi que não contaria aquilo para Edward, pelo menos não imediatamente. Seria melhor pensar sobre aquele assunto sem o peso do que Edward também estaria pensando. Além do mais, sabia que ele ficaria um pouco chateado, o conhecia o bastante para entender seus motivos.

Também não era algo imediato, teria bastante tempo para avaliar a proposta que ainda nem passara de verdade pelas minhas mãos.

Edward Pov

Ela tirou o casaco, que parecia quente demais para o final do inverno, o jogando sobre o colo.

- Que bom que pôde me receber mais cedo, Dr. Cullen. É bom saber que serei sempre tão bem recebida assim.

Mel saiu pela porta com um cara que teria me feito rir se fosse a Srª Stuart na minha frente.

- Ah, claro, problemas familiares são sempre compreendidos facilmente. É um mal de que todos sofrem. - tentei ser simpático, mas a arrogância daquela mulher não me agradava nem um pouco.

- Não sei se seu ex-marido querendo quebrar seu carro se encaixa em problemas familiares. Estaria mais para insanidade. Usaremos isso contra ele no tribunal, certo? Por favor, diga que sim.

- É, bem, ainda não marcamos audiência alguma, mas quero mesmo que a senhora me conte sobre esse episódio.

- Tem que ser aqui? Poderia ser num jantar. É bem mais agradável e sinceramente estou faminta. - murmurou, se apoiando sobre a mesa.

- Não seria má idéia, mas já tenho um compromisso inadiável a noite. Seria melhor manter tudo aqui dentro do escritório mesmo.

Ela olhou sobre meus ombros para a foto de Nessie e Bella no Central Park.

- Entendo. É um compromisso e tanto.

- Sim. É mesmo. Mas, entrando no assunto principal, existe umas procurações que seriam interessantes que a senhora...

- E um drink? Ao menos um café, caso você não goste de beber no trabalho. E já pedi que me chame de senhorita.

- Claro, Srtª Stuart, mas eu estou mesmo muito ocupado essa tarde e...

- Não vou insistir. - ela se curvou mais, apoiou uma das mãos no meu braço e puxou os papéis da minha mão - Esse é motivo da reunião?

Eu assenti e tentei mais uma vez explicar sem sucesso.

- Tudo bem, então. - pegou uma caneta sobre minha mesa e começou a assinar todos os papéis.

- Srtª Stuart, não deveria ler primeiro?

- Depois resolvemos isso. Talvez numa hora que você esteja mais livre ou coisa parecida. Estou cansada de ler papéis e mais papéis. Deixo isso na sua mão.

Ela terminou de assinar a última página e se levantou.

- Mais algum ponto que o senhor queira discutir?

- A senhorita não vai...

- Ah, sim vou ler tudo que quiser, mas numa próxima vez. Tenho outros compromissos e acho que o que eu tinha que fazer aqui já foi feito. Minha presença não é mais tão importante. Só continue seu trabalho e nos veremos depois. Em breve, eu espero.

- Sim. - respondi de má vontade.

Eu sinceramente não entendia as intenções daquela mulher. As vezes parecia tão interessada no processo, outras vezes mais interessada em qualquer outra coisa, mas seu jeito arrogante e insensato me irritava. Jasper tinha que pegar esse caso ou a responderia de uma forma não muito agradável se ela saísse com mais daqueles olhares de deboche. Madison Stuart me lembrava alguém, mas não sabia exatamente quem. Estreitei os olhos com um pouco de dificuldade para ver seu rosto com a claridade. Ela sorriu, vestiu seu casaco pesado e voltou a sair pela porta encontrando Mel de frente antes que a fechasse. Elas se olharam e dessa vez não segurei a risada quando minha secretária veio até minha mesa com sua agenda.

- Você precisa ser mais simpática. - resmunguei.

- Desculpe, Dr.Cullen. Essa... quero dizer, sua cliente me dá arrepios.

- Tudo bem. Você não é a única. Só não fale isso alto o suficiente para que ela escute. - ela riu baixo, enquanto eu pegava os papéis que Madison tinha acabado de assinar para analisá-los mais uma vez.

Se ela era irresponsável o suficiente para assinar, eu não seria canalha o suficiente para não ver de novo se tinha algo errado.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntei.

- Não, é só um recado que anotei agora da sua irmã. Ela pediu que o senhor ligasse para ela agora mesmo. - Mel estava calma a dizer.

- O tom de voz dela no telefone era como o seu agora ou mais para a explosão de uma bomba nuclear? - já estava com o celular na mão pronto para digitar os números.

- Mais para acabei de ganhar um colar de brilhantes.

- Ah, sim, obrigado pela informação.

- Tudo bem, doutor. Se precisar. - saiu da sala, me deixando sozinho para falar com Rose que não demorou muito para atender.

- Edward?! Quantas saudades, baixinho.

- Como está meu sobrinho?

- Deixando a mãe louca de tanto tédio. Mas adivinhe? O médico me deu ótimas notícias e disse que, tomando alguns cuidados, eu poderei viajar no próximo final de semana.

- Viajar, Rose? Para onde vocês vão?

- Vocês? Eu quis dizer: nós. Papai ligou e parece que mamãe acabou com a maldita reforma que eles começaram antes do Natal em casa e... Ops, chutou! - riu completamente em polgada antes de recomeçar - Eles nos querem lá para um final de semana e você simplesmente não pode recusar.

Bella Pov

- Obrigada. - falei sem ar, assim que entrei no apartamento de Alice.

- Ah, eu sabia que teria que buscar Nessie. Você anda trabalhando demais.

- Teve um problema na edição e eu não quis deixar tudo para amanhã. Mas eu não me atrasei muito, atrasei?

- Só meia-hora. - Alice deu de ombros - Nessie nem percebeu. Ela está lá no meu quarto tomando um chocolate quente com caramelos.

- Você mima demais essa garota. - joguei minha bolsa e meu casaco sobre o sofá.

- Sim, claro, como se ela não fosse mimada por todos.

Saí em direção ao seu quarto, e entrando lá encontrei Nessie sentada com as perninhas cruzadas na ponta da cama, tomando seu chocolate e assistindo desenhos.

- Hey, filhota. - me sentei ao seu lado e dei vários beijos em sua bochecha.

- Assim eu vou derrubar o chocolate na cama da tia Alice, mamãe. - fez manha.

- Tudo bem, eu paro se você me der um beijo. - se desprendendo um pouco da tv, ela se esticou até beijar minha bochecha, ficando corada.

- Agora, chega, mamãe.

- Mas você não vai me contar o que fez hoje na escola?

- Fizemos vários ditados hoje. A professora leu um livro novo. Eu brinquei no recreio com o Frederic e a Geneviéve. E só? Porque a senhora não foi me buscar na escola? - perguntou ainda olhando para frente.

- A mamãe precisou resolver umas últimas coisas no trabalho, mas sabe como é o trânsito, certo meu bem?

- Sim, uma confusão. - imitou a voz do pai.

Sorri admirando seu rosto. Há muito tempo não parava alguns minutos para observar minha filha, ver como ela estava crescendo, mudando as fisionomias e a personalidade. Ficamos um tempo assistindo o programa juntos, mas o telefone tocou, o que me fez acordar de novo. Alice atendeu na sala e ficou bastante tempo conversando, mas não pude ouvir quem era. Rennesme terminou o chocolate, então peguei a caneca e levei para a cozinha. Alice estava lá com as mãos apoiadas na pia, respirando controladamente e olhando para o telefone sobre a bancada da pia.

- Quem era? - ela deu um pulo ao ouvir minha voz.

- Quem era o quê?

- No telefone, Alice. Com quem estava falando.

- Ninguém importante. Então, como foi na reunião com seu chefe? Sem problemas, certo?

- Quem me dera poder dizer mesmo que estou sem problemas. Na verdade, eu recebi uma nova proposta de voltar para Alemanha.

- Ai, que ótimo! - ela explodiu, mas de forma diferente da normal.

- Seria ótimo se não fosse para ir e não voltar. Mas falamos disso depois, não quero que Nessie ouça, e principalmente que Edward saiba.

- Vai esconder dele? Bella, isso não vai dar certo.

- Não vou esconder, só omitir por um tempo. Pelo menos até me decidir. E também não sei como contar a ele, mas vamos mudar de assunto. Afinal, quem era?

Alice abaixou os olhos para não me encarar.

- Já disse que não era ninguém de importante. - deu de ombros.

- Você está me escondendo alguma coisa, Alice? - ela não sabia mesmo mentir para mim, apesar de tentar.

- Claro que não. Lembra que você disse...

- Alice? - puxei seu braço para que me olhasse no olho - Pode dizer de quem era aquele telefonema. Sem omissões.

- Não importa, Bells. Era.... era.... era só o Jasper. Mas ele precisou desligar porque estava ocupado e disse que me ligaria quando chegasse em casa. Não estou querendo te expulsar, amiga. Mas se Jasper já está saindo do escritório, então Edward também. É melhor que você vá para casa para ficar com ele.

- Ah, sem querer me expulsar mas já expulsando, certo?

Nessie apareceu com sua mochila, já colocando o casaco.

- Mãe, nós temos que ir.

- Como?

- É, papai ligou para cá quando eu cheguei. Ele disse que tem uma surpresa para mim e eu também tenho um monte de trabalho de casa.

- Ah, claro, vamos! - ela pegou minha mão e me puxava para a sala.

Busquei minha bolsa, me despedi de Alice e descemos para pegar um táxi. A viagem foi tranquila, enquanto Nessie contava o que o pai tinha dito para ela ao telefone, mas foi já chegando em casa que me lembrei que Alice tinha ficado me devendo uma resposta. Ou ela achava mesmo que eu acreditei em toda aquela baboseira de Jasper?

Edward já estava em casa, só então vi que já estava bem tarde, talvez assistir desenhos com Nessie tenha demorado mais do que eu pensara. Ele trouxe o jantar de um restaurante italiano para me poupar do trabalho. Enquanto eu tomava banho, ele ajudou Nessie com o dela e a vestiu. Depois, ele foi relaxar, enquanto eu a ajudava com o trabalho de casa. Ele desceu com o cabelo bagunçado e molhado, arrumou a mesa para o jantar e nos chamou para comer.

- Eu acho que você está me mimando. - não que ele não fosse um homem gentil, mas estava querendo agradar demais dessa maneira.

- Só amaciando a fera.

- Sobre a novidade, papai? - Nessie interrompeu.

- Se comer tudo, eu conto. - ele se sentou, então começamos a refeição.

- Quer dizer que eu preciso ser amaciada para receber qualquer notícia. Desde quando eu sou uma fera? - nossa filha riu, respondendo a pergunta.

- Ah, então é uma opinião geral?

- Não é isso, mamãe. É que você as vezes é meio difícil.

- Meio difícil? Eu vou lembrar disso no futuro. Para os dois. - apontei com o garfo para Edward e Nessie.

Eles riram, então ele puxou um outro assunto, tentando fugir daquilo que nós duas queríamos tanto saber. Quando terminamos o jantar, ela mal deu tempo de respirarmos e logo pulou da cadeira para o colo do pai.

- Então, qual era a surpresa?

- Você é curiosa demais. Mal terminei o jantar, filha.

- Mas eu quero saber, papai. Não seja mau.

- Tudo bem então. Vamos lá... er... Hoje sua tia Rosalie me ligou enquanto estava no trabalho e disse que seus avós terminaram a reforma da casa deles e por isso nos convidaram a passar um final de semana com el...

- Oba! - Nessie gritou, pulando do colo dele - Vamos viajar com a Tia Rose e o Tio Emmett para a casa do vovô Carlisle?

Assim que terminou de falar a única coisa que passava pela minha cabela era: final de semana com Esme.

- Oh, merda. - eu sussurrei só para mim.

- Sim, filha, é claro que vamos, se sua mãe quiser ir também. - os dois se viraram para mim com aquele olhar de cachorro pidão.

Nessei sem perder tempo deu a volta na mesa e começou a implorar.

- Nós vamos, certo mamãe? Eu quero ficar com o barrigão da tia Rose. Nós vamos, não vamos? Vamos, sim. Vamos, mamãe. Diz que sim.

- Diz que sim, Bella. - ele sorriu sem graça.

Depois de muito ouvir seus pedidos, assenti com a cabeça, mas também dei um olhar bem fatal na direção de Edward. Nessie pulou de alegria e me deu um beijo na bochecha.

- Filha, já que você está tão feliz, porque não leva os pratos para a cozinha. Com cuidado para não deixar cair.

- Tudo bem, mamãe. Eu faço tudo que a senhora pedir. - falou ainda rindo.

Ela pegou primeiro o meu prato que estava mais próximo e foi andando devagar até o outro cômodo.

- Você é mesmo mau. Como pode me fazer uma pergunta dessa na frente de Nessie? Você sabia que eu não conseguiria dizer não. - ela voltou para buscar outro prato, então voltou para a cozinha.

- Esse era o objetivo. - bufei - Ah, Bella, qual o problema de passar um final de semana na casa dos meus pais? Vamos parar com essa birra, tudo bem? - fizemos uma pausa para Nessie não ouvir de novo.

- Ela, sua mãe, ficou sem falar comigo durante toda a noite de natal. Acha que por um milagre me convidou assim com tanta boa vontade para passar o final de semana embaixo do teto dela? Carlisle parece gostar de mim, mas você sabe que sua mãe não. Eu já disse que sim e não vou voltar atrás ainda mais por Nessie. Mas, por favor, me ajude a tirar da cabeça da sua mãe que eu vou te fazer mal.

- É claro que eu vou fazer isso, meu amor. É o que eu mais quero. - pegou minha mão e me beijou meu anel - Prometo que não vou te deixar sozinha em momento algum durante esses dias.

Aquilo era bom e ao mesmo tempo ruim, pois Esme me olhava da sua forma mais odiosa principalmente quando eu estava ao lado de Edward, mas eu resistiria.

- Aliás, isso não vai ser muito difícil. Eu amo ficar perto de você. - sussurrou.

Me aproximei, passei minha mão por sua nuca e o beijei.

- Por falar nisso, estou com saudades de você... - murmurei em seus lábios.

- Eu também.

Continuei o beijando, desejando esquecer do medo de enfrentar aquela víbora, pensando somente na noite que eu queria ter com ele.