Um Presente para Edward ! escrita por sisfics


Capítulo 31
Capítulo 30




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Isabella Pov

Entrei em casa e esperava estar sozinha, mas o barulho na cozinha logo me assustou.

- Lice? - gritei.

- Hum?! - perguntou ainda da cozinha.

- Nada não. Vou tomar um banho.

Fui quase correndo para o meu quarto e entrei direto no chuveiro. O perfume daquela mulher parecia estar impregnado nas minhas roupas e eu não estava exagerando quando pensei em queimá-las. Já debaixo d'água pude raciocinar melhor sobre o que tinha feito. Mesmo depois da conversa que tive com Edward onde ele me contou todas as mentiras e pude dizer a ele também o meu ponto de vista, algo ainda estava me incomodando profundamente. Eu não sabia dizer o que era, mas depois daquela tarde doida, descobri que aquele peso se chamava Tanya e agora havia sumido completamente.

Nunca fui a favor de vingança e, sinceramente, aquilo que fiz nem pode ser mesmo considerado algo do tipo, mas ainda assim eu conseguia respirar bem melhor agora.

Não que palavras ou um escândalo qualquer consiga recuperar tudo que eu havia perdido por causa dela. E ao imaginar aquilo o meu ódio só aumentava, todos os natais, os dias dos pais, as vezes que Nessie perguntou quem era o pai dela e, mesmo tempo ficado um bom tempo Jake, todas as noites que me pegava pensando nele.

Nunca pude entender de verdade porque aquele namoro rápido e adolescente tinha me marcado tanto. Sempre pus a responsabilidade em Nessie, pois ela era filha dele, então jamais me permitiria esquecer, não que fosse culpa dela. Mas agora percebo que não era só por isso. Sempre foi mais forte. Corríamos contra o tempo e contra todos, vivíamos num mundo particular tão nosso, tão intenso, que deixou marcas profundas quando acabou.

A sensação de lavar as mãos e saber que Tanya não se atreveria de novo em estragar nossas vidas diminuía aquelas cicatrizes e só me dava mais vontade de ir correndo de encontro a ele e amá-lo. Só de imaginar que essa noite eu poderia jantar com minha família e que dormiria nos braços dele, um sorriso aparecia sem explicação.

Fechei o chuveiro e me vesti ainda no banheiro. Quando apareci no quarto, Alice me esperava.

- Onde foi? - perguntou interessada.

- Er... saí.

- Eu percebi, mas aonde?

- Por aí. Para pensar um pouco. Como foram as compras?

- Ótimas. Aproveitei para comprar o seu presente de Natal, o de Nessie, o da Tia Renne, de Phill e da minha mãe. Por falar nisso, pensei muito sobre o que me contou hoje de manhã e acho melhor você falar a verdade para sua mãe. Se você se sentar com calma para conversar, sei que vai enten... - eu estava distraída guardando meus brincos no porta-jóias, mas a pausa repentina dela me chamou atenção.

- O que houve? - perguntei me virando.

Alice olhava para minha mão com curiosidade e se levantou da cama para ver melhor.

- O que é isso? - perguntou, pegando meu braço.

Foi só aí que vi a mancha clara ao redor do meu pulso. Por ser extremamente branca, minha pele ficava roxa rapidamente e com muita facilidade. Era esse o caso dos quatro dedos que estavam fixados como uma tatuagem, além das marcas de unhas.

- Onde se machucou desse jeito?

- Não exagere, foi só uma batidinha. Bati numa parede qualquer. - tentei me soltar, mas não consegui.

Se Alice ficasse sabendo onde fui, ela daria um chilique. Preferia esconder isso de todos, que ficasse apenas entre eu e Tanya e era suficiente, mas a curiosidade da minha amiga sempre falou mais alto.

- Desde quando parede tem mão e unha? - rosnou.

Consegui me soltar e voltei a guardar os brincos e meu anel.

- Bella, o que você tá escondendo de mim? Quem fez isso?

- Ninguém. Já disse que bati em algum lugar. Sabe como sou estabanada.

- E como também não sabe mentir.

Mentive a cabeça baixa, olhando para a penteadeira.

- Isso é loucura sua. Não aconteceu nada.

- Mentirosa! - rosnou - A louca aqui é você. Foi procurá-la, não foi? - aumentou um pouco do tom de voz - Foi, não é?

O meu silêncio foi sua resposta, eu não conseguia mentir para ela.

- Eu sabia! Eu sabia! Eu sabia! - gritou.

- Que estupidez, Alice. Me deixe em paz. - sai do quarto para fugir do esporro, mas ela me seguiu.

- Eu sabia que devia ter conversado com você antes. Queria te dar um tempo para respirar e aproveitar todas essas novidades, mas como eu podia imaginar que você ia procurar aquela mulher assim tão cedo. O que você tem na cabeça, Isabella? - se sentou no sofá comigo, onde eu acabara de me jogar - A culpa é minha, eu não devia ter te deixado sozinha.

- A culpa não é sua, Alice. Sem escândalo, por favor? Eu já sou crescidinha o bastante para saber onde e com quem me meto.

- Mas não parece.

- O que você queria, hein?! Que eu deixasse tudo barato. Eu precisava dizer algumas verdades na cara dela. Passei os últimos sete anos sozinha com minha filha por causa dela.

- Você não estava sozinha, Bella.

- Ah, você sabe o que eu quis dizer. - bufei.

- Você não entende o que EU quero dizer. O problema é que podia ser perigoso. A gente não conhece aquela louca. E se ela tentasse alguma coisa contra você? Como ficaria Nessie? Como ficaria Edward?

- Alice, a Tanya é puta, mas não é louca.

- Isso é o que você pensa. Você não a conhece para saber.

- Olha, foi muito rapido, está bem? Demorei mais tempo para me decidir a ir até lá do que demorei para dizer tudo que queria.

Ela apoiou a mão na cabeça e fechou os olhos com força.

- Como foi? - perguntou um tempo depois.

- Normal.

- Como conseguiu entrar em contato com ela? Foi Rosalie que deu o endereço?

- Não! Rose jamais me daria o endereço dela sem que Edward ficasse sabendo e ela também não é louca.

- Mas você é. - disse para si mesma.

- Alice?!

- Tá. Termina!

- Consegui com uma amiga do jornal.

- Pensei que não iria trabalhar hoje.

- E não fui, mas pedi para um colega do setor financeiro que fizesse uma pesquisa para mim. Eu sabia algumas informações dela. Jamais pude me esquecer, não é mesmo? - esperei um pouco até continuar - Foi mais calmo do que eu pensava. Só precisei entrar e dizer tudo que eu pensava. Não foi fácil deixá-la quieta para me ouvir, mas eu consegui.

- E foi assim que arrumou esse roxo no pulso?

- Deixei piores nela. - resmunguei para mim mesma.

- Não se sinta orgulhosa por isso.

- Não estou me sentindo orgulhosa. Apenas aliviada. Você não pode entender o quanto fez bem para mim dizer tudo que estava entalado na minha garganta todos esses anos.

- É claro que eu entendo, Bella. Acha que quando eu e Rose começamos a investigar essa história toda e descobrimos a verdade sobre Tanya não tivemos vontade de quebrar aquela mulher ao meio, mas no fundo não era realmente importante. Para mim o melhor foi ver vocês três embaixo daquela árvore de Natal ali conversando e sorrindo como uma família. Por favor, me prometa que não vai fazer algo desse tipo de novo, está bem?

Assenti com má vontade e ganhei um meio sorriso.

- Acho melhor ir lá para dentro e maquiar esse braço para que ninguém mais veja e de preferência colocar um remédio nessas marcas de unha.

- Farei sim. Afinal, cadelas transmitem doenças.

- E fatais. - completou.

- Vou fazer isso depois de buscar Nessie na escola, visto uma blusa de manga longa e quando chegar limpo tudo.

- Não será necessário. - disse como se soubesse de uma grande novidade.

- Porque?

- Edward ligou enquanto estava no banho. Ele estava saindo do escritório dele e disse que buscaria Nessie na escola e que os dois estariam te esperando na casa dele.

- Casa dele? - meu coração bateu mais forte.

- Sim. Melhor você fazer uma pequena malinha com roupas também.

- Só as suficiente para essa noite. - murmurei - Quero seguir seu conselho de ir devagar. Foi bem sábio.

- Claro, só não deixe de aproveitar. Sua louca! - segurou um risinho - Bem, vou para o meu quarto. - se pôs de pé num pulo - Quanto a sabedoria que você disse: sempre estará a sua disposição, okay? Agora com licença pois vou planejar a minha noite.

- Vai sair hoje? - perguntei surpresa.

- É. Talvez sair para dançar. A única coisa que tenho que me lembrar é de evitar uma boate que fui.

- Porque?

- Medo de encontrar um idiota que esbarrei uns dias atrás.

- Se é um idiota qualquer porque quer evitar de encontrá-lo de novo?

- Porque ele era um idiota que beija muito bem. Er... quero dizer, porque ele era um abusado, entende?

- Claro! - Alice era mesmo uma peça rara - Sabe pelo menos o nome desse idiota?

- "Jas" alguma coisa. Não foi importante.

- Entendi!

- Vou descansar para ter uma noite boa, tudo bem?

- Pode ir, amiga. Quando eu for embora, tranco a porta.

- Mande um beijo para minha Nessie. - disse antes de ir na direção do seu quarto.

Edward Pov

Me sentei em um dos altos bancos e coloquei Nessie sentada sobre o meu colo e seus livros apoiados na bancada que dividia a cozinha e a sala de jantar. Bella se virou assustada, tirando a cabeça de dentro da geladeira.

- O que vocês dois estão fazendo?

- Nessie pediu ajuda com o trabalho de matemática. - expliquei - Mas talvez você precise da minha ajuda na cozinha, entendeu?

Ela ergueu uma sobrancelha descobrindo na hora as minhas reais intenções. E daí que eu queria ficar a observando? Acho que tenho direito, certo?

Bells voltou a se debruçar na porta da geladeira e pegou algum ingrediente que não vi. O jantar estava com um cheiro maravilhoso e era melhor que Nessie terminasse os exercícios antes de ficar pronto. A ajudei com os que faltava mais rápido do que esperava e depois ficamos os dois observando Bella cozinhar e vasculhar cada canto do ambiente sempre que queria alguma coisa.

- Estou me sentindo um animal no zoológico. - ela sussurrou - Onde está o sal dessa casa?

- Logo ali. - apontei para a porta do armário que ficava ao lado do exaustor do fogão.

Nossa filha escondeu o rosto com as mãos e deu uma risada, então seu rosto se dobrou numa careta de dúvida que eu estava começando a identficar e que me dava um certo medo por eu sempre saber que por aí viria bomba.

- Posso fazer uma pergunta?

Bella espiou por cima dos ombro e fez que sim como a cabeça.

- Nunca nenhum de vocês disseram como conheceram um o outro. Eu queria saber ou vocês vão dizer que "não é coisa pra criança".

Não consegui evitar uma risada com a forma como ela falava. Parecia uma miniatura de Alice que me fez dar uma gargalhada. Bella também riu e, enquanto baixava a chama do fogão, piscou para mim, indicando para que eu respondesse.

- Ora, não sei o que dizer. - resmunguei, dando de ombros.

- Esqueceu? - ela perguntou indignada.

Nessie soltou uma risada.

- Certas coisas eu prefiria esquecer mesmo, como quando você me deu o fora.

Ela pegou os pratos e talheres para pôr a mesa.

- Sabe, Nessie, eu já te contei que quando conheci seu pai estava de férias aqui em Nova Iorque, se lembra? - a criança assentiu completamente entrertida - Lembra quando disse que nós nos vimos num jogo de beisebol?

- Depois você não disse mais nada. - ela respondeu, encostando seu cabeça no meu peito e fazendo um lindo biquinho.

- Depois disso, filhota. A sua Tia Alice fugiu com a sua mãe de mim, mas coincidentemente nos encontramos um tempo depois.

Vi Bella segurar um sorriso debochado.

- Onde, pai?

- Er... - essa eu não sabia responder.

Jamais contaria nem metade da nossa verdadeira história para nossa filha, definitivamente.

- Num antigo lugar onde a gente ia para dançar, filhota. Mas, voltando o assunto, como foi mesmo o dia seguinte, Edward?

Bella estava adorando me deixar constrangido e provavelmente minhas bochechas estavam vermelhas assim como meu pescoço e minhas orelhas.

- Bem, eu te procurei no dia seguinte para a gente sair, se lembra? - menti um pouco.

A verdade era que ela tinha dormido no meu antigo apartamento e depois a levei para o hotel, sem perder a oportunidade de pegar seu telefone.

- Você só pegou meu telefone. - sorri por saber que ela se lembrava exatamente dos detalhes.

Então foi a minha vez de deixá-la vermelha.

- Então, você se lembra que me deu o telefone errado de propósito. - Bella corou, enquanto terminava de por a mesa e me olhou com os olhos fulmegando de raiva.

- Mamãe?! Que feio! - Nessie ralhou, me fazendo rir.

- É claro, eu achava que ele era louco. Seu pai sempre teve cara de maluco.

- Tadinho! - Nessie exclamou.

Pela primeira vez me senti protegido no meio daquela conversa toda. Finalmente, alguém estava tomando minhas dores.

- Ele só fica com cara de tantan quando tá com fome, mamãe.

A empurrei para frente para que pudesse ver seus olhos ligeiramente fechados e seu sorriso, enquanto tentava segurar uma gargalhada que Bella não evitou.

- Então é assim?

A peguei no colo e pus na cadeira ao lado da minha na cabeceira, contornei a mesa até estar perto de Bella e a abracei por trás, lhe dando um beijo no ombro.

- Mesmo eu tendo cara de maluco, sua mãe não resistiu quando viu seu pai sentado, tomando café na Starbucks uns dias depois.

- Na verdade, filha, achei primeiro que seu pai estava me seguindo, mas relevei e que talvez pudesse dar uma chance, certo? Ele estava tão bonitinho ali sentado, lendo... o que mesmo que você estava lendo?

- Nada muito importante que mereça ser lembrado. Eu estava lendo o código civil por causa de uma prova que teria dois dias depois.

- E esse é o final da história, criança. - Bella bateu palmas de leve - Que tal subir e lavar a mão, pois preparei um risoto que você tanto gosta e estará frio se você demorar.

Nessie se levantou correndo e fechou a porta do banheiro do andar debaixo. Aproveitei que estávamos sozinhos, então sentei Bella no tampo da mesa e entrei entre suas pernas, buscando seus lábios com fome. Estava com saudades do gosto dela. Seus dedos se enrolaram nos meus cabelos nuca e puxaram minha boca para longe.

- O jantar vai queimar. - alertou, sem ar.

- Não terá desculpas mais tarde.

- E nem vou querer dar desculpas mais tarde. - pulou da mesa e foi rebolando até a cozinha.

Alguns segundos depois, Nessie apareceu bem mais satisfeita e com sua curiosidade saciada para jantarmos em família, algo que eu começava a me acostumar. Acostumar de uma maneira boa. Só eu sabia o quanto estava me sentindo feliz com as duas perto de mim.


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