Isabella Pov

- Chegamos! - os dois disseram ao mesmo tempo.

Meu coração apertou. A sensação de família me atingindo de novo. Ver os dois chegando no apartamento juntos com seus rostos felize. Era pura idiotice, mas o imaginei por um segundo, entrando no apartamento, largando a pasta sobre o sofá e vindo na minha direção para me beijar e perguntar o que teria para o jantar.

Pensamento proibidos! Proibidos! - repeti para mim mesma.

Nessie pulou até o centro da sala e jogou a mochila no sofá.

- Tem comida? - perguntou já indo na direção da cozinha.

- Longe do fogão, Rennesme! - alertei.

Queria ir atrás dela para evitar uma arte, mas meus pés estavam congelados na porta.

Edward ainda sorria e me observava atento.

- Obrigada por ter a trazido. Pode deixar que amanhã eu a levo para escola.

Traduzindo: sem mais visitas surpresas ao meu apartamento.

- Na verdade, eu não posso também buscá-la amanhã, tudo bem para você? - perguntou, entrando e parando de frente para mim.

Revi mentalmente nossa conversa até aqui e cheguei a conclusão de que em nenhum momento tinha o convidado a entrar.

- Tudo bem pra mim sim. - meus pés não obedeceram ao comando de se afastar.

- Preciso trabalhar muito. Vários relatórios, bem... não vou ficar te importunando com isso. Deve estar cansada.

Assenti depressa para que ele saísse logo.

- Então nos vemos depois. Tchau Nessie! - exclamou na direção da cozinha.

- Beijo pai. - parecia estar com a boca cheia.

Ele sorriu e deu mais um passo à frente.

- Boa noite, Bells. - antes que eu reagisse, uma de suas mãos já estava na minha cintura e sua boca alcançou sem mistérios a minha testa.

O choque percorreu meu corpo e o ar saiu ruidosamente pelos meus lábios entreabertos pelo choque.

- Pensa no que disse hoje de manhã. Ainda acho que temos muito o que conversar. - pensei em responder, mas como chegou, se foi.

[...]

Dois dias depois...

- Criança não faz isso! - Alice resmungou - Dindinha vai ficar toda desarrumada. - passou a mão pelo cabelo bem penteado.

- Ai, desculpa, dinda? - Nessie sussurrou, tentando esconder um sorriso.

- Tá bem. Pode pular, se é você eu deixo! - e se agachou no chão, com os braços abertos.

Elas se abraçaram de novo.

- E para mim só sobra carregar as malas. - resmunguei, apontando a mala de mão de Alice que eu carregava.

Simplesmente, dei as costas e sai andando na direção da esteira de malas.

- Sua mãe está muito mal-criada. - comentou.

- Concordo! - essa garota ficava mais abusada a cada dia, mas não me preocupei em parar para discutir.

Estava muito quieta hoje. Tentando não pensar em mais preocupações.

- Aí, eu planejei ficar aqui até o natal. - ouvi parte da conversa das duas - É claro, que liguei para sua avó Renne e disse que estava aqui, e é claro que a chamei para passar o Natal com a gente. - sorri sozinha, pensando no trabalho que isso daria para mim - Seu pai vai passar o Natal com a gente se ele quiser. - olhei para trás e rosnei.

Alice deu um sorrisinho falso e desconversou.

Até que seria bom passar um tempo com minha mãe e Phill. - tentei não pensar na última frase.

- Renne disse que vai trazer os presentes que comprou no cruzeiro... e os presentes de Natal, é claro! O que será que a gente ganhou? - perguntou animada.

Mais uma criança para eu tomar conta, meu Deus!

- Tia, eu quero uma barbie noiva de Natal. - Nessie deixou bem claro.

- E eu quero um namorado que leve ao altar para eu me vestir de barbie noiva. Dá pra dinda, dá? - Alice suspirou.

Foi quando parei no meio do caminho chocada. Dois funcionários do aeroporto colocavam um monte de malas juntas para fora da esteira.

- Aquilo tudo é seu? - contei cinco.

- Tudo o que? Aiin, Bells, não faz essa cara. Até parece que vai morrer. A Nessie leva as mais leves.

- ALICE! - chamei sua atenção.

[...]

- Já a colocou para dormir? - Alice perguntou me oferencendo o balde de pipoca.

- Estava agitada. Você a deixou assim.

- Impressionante como eu sou sempre a culpada de tudo. - resmungou.

- Não está com sono? - perguntei com segundas intenções.

- Pra falar a verdade, não.

- Claro, não foi você que carregou três das cinco malas.

- Aiin, Bells, eu fiz a unha hoje de manhã antes de viajar. Ia borrar tudo.

Encostei a cabeça no sofá e fechei os olhos.

- Sabe, eu estava esperando a Nessie ir dormir para falar com você.

- Sobre?

- Edward! - sussurrou.

Levantei a cabeça e a fitei interessada.

- Pensei sobre o que tinha me contado. Porque não conversa com ele, Bells? Só um jantar.

- Não, Alice. Já dei minha resposta a ele e não importa quantas vezes pergunte... eu, simplesmente, não quero me aproximar dele dessa maneira.

- Só para você saber o que ele quer. Um jantar não faz mal a ninguém. Ele não vai te tirar pedaço. - só o meu coração inteiro - Fala com ele da próxima vez que se virem. Porque não?

- Tenho medo, Alice. Não quero me envolver com ele de novo. Já vai ser difícil o bastante conviver com ele quase diariamente esse um ano que vou morar em Nova Iorque. Agora, amizade não. Isso eu não quero.

- Concordo com Jacob. Você precisa esquecer todo esse rancor, Bella.

- Duvido que diria isso se fosse com você.

- Se fosse comigo, eu tenho certeza que você falaria isso. - pegou na minha mão.

- Estou exausta. Vou dormir, está bem? - levantei do sofá - Sabe onde fica seu quarto.

- Aiin, tanto tempo que não morávamos juntas. Isso vai ser legal. - se levantou também e desligou a tv.

- Ah... mal posso esperar!

Ela fez um bico engraçado e fomos dormir.

Edward Pov

- Edward!

- Alice! - me surpreendi - O que está fazendo aqui?

- Quanta sutileza. - brincou.

- Não disse isso. - me desculpei.

- Entra! - saiu da porta para que eu entrasse, mas não era íntimo do apartamento de Bella.

A porta e olhe lá. Ela fechou o trinco atrás de mim.

- Já tomou café?

- É sério, Alice, está morando agora aqui? - perguntei curioso.

- Vim passar um tempo. - deu de ombros.

Mordendo o lábio, ela espiou para dentro do apartamento.

- Pergunte de novo. - sussurrou.

- O que?

- Shhii... fala baixo. - ordenou - Disse: Pergunte de novo à Bella se ela quer jantar com você. Apele! Dê seu jeito. Faça malabares, mas acho que se você se esforçar ela aceita. E depois precisamos ter uma conversa.

Apenas assenti nervoso.

- Ela já está pronta. - Bella apareceu na sala com Nessie no colo - Vai com seu pai. - a pôs no chão e passou direto para a cozinha.

Alice balançou a cabeça, indicando para que eu a seguisse. Apenas, entrei mais na sala, até a cozinha. Ela estava de costas, com um jornal na mão e uma xícara de café na outra.

Me aproximei sem chamar sua atenção.

- Bells... - ela deu um pulo, derramando o café sobre a folhas acizentadas do "The New York Times".

- O que faz aqui dentro? - perguntou ofegante.

Peguei um pano em cima da pia e limpei a bancada para ela.

- Só queria... conversar. - mais difícil do que previ.

- Agora? Eu vou sair para trabalhar e você tem que levar a Nessie par...

- Hoje à noite, às oito e não aceito mais "não".

- Co-como? - gaguejou.

Apoei minha mão ao lado da sua.

- Não peço que faça por mais ninguém, além de mim. Sei que tem seus motivos para ter rancor, mas peço que só por essa noite esqueça tudo... preciso te dizer coisas. Se permita ouvir. - não fugi de seu olhar por um instante, nem ela do meu.

Isso meu deu confiança, até o silêncio dela me dava confiança, mas então eu tive a idéia estúpida de querer tocar seu rosto e antes que consiguisse, ela interrompeu meu gesto.

- Com algumas condições.

- Com algumas condições.

- Papai, va... - Nessie gritou da sala, mas foi interrompida por alguma coisa.

Abaixei a mão que estava solta no ar perto de seu rosto, e ela abaixou seu braço que se estendeu na defensiva.

- Condi-ções? - gaguejei.

- É, condições. Vai desistir por causa disso? - parecia nervosa apesar da frieza ao falar.

- Não.

- Pois bem, a primeira: só falo sobre o que eu quiser. - especificou - Se começar a falar mais do que a própria boca como fazia antigamente, saio de lá na mesma hora.

- Tem boa memória, mas gosta de retorcer um pouco as coisas, você sempre falou mais que eu. - lembrei sorrindo.

Mas ela não gostou da brincadeira. Cruzou os braços e esperou paciente até meu sorriso desaparecer.

- Desculpa? - pedi.

- A outra não diz respeito à mim, e sim a Nessie. - essa eu não entendi.

- Como assim a Nessie?

Estava esperando algo como: "Sem tocar, sem se aproximar, ou sem respirar". Mas fiquei feliz, pois isso me dava abertura.

- Ela não pode saber que vamos... jantar. - gesticulou nervosa para que eu me afastasse.

Fiz o que ela pediu.

- Porque não?

- É apenas uma criança. Não vou dar esperanças para ela sobre... Você me entendeu.

Abaixei o rosto para que não visse meu olhar.

- Tudo bem... aceito suas condições.

Alice Pov

- Papai, va.. - tapei a boca de Nessie.

- Fica quieta, baixinha. - ordenei.

Soltei sua boca e me abaixei ao seu lado.

- Deixa o papai e a mamãe conversar, né?! - pisquei.

- Ah.... tá! Entendi! - balançou a cabeça positivamente.

- Ainda bem!

- Tia?! - olhou para trás e verificou que os dois não pudessem a ouvir - Mamãe vai aceitar, né?!

- Nem que eu tenha que amarrá-la e jogá-la no colo do seu pai, eu a faço ir nesse jantar, okay? - ela assentiu - Bate aqui gata! - pulou para alcançar minha mão.

Esperamos mais alguns minutos, até Edward aparecer na sala e levar Nessie para escola.

- O que aconteceu na cozinha? - perguntei depois de fechar a porta.

- Porque o deixou entrar no meu apartamento? - Bella rosnou.

- Ora, é o pai da sua filha. Ele nunca entrou aqui antes?

Ela parou do meu lado perto da porta.

- Dessa linha. - passou o pé logo depois do carpete - ELE NÃO PASSA! - pulei assustada.

- Porque tudo isso?

- Porque não quero ele perambulando pela minha casa, sabendo tudo que acontece aqui e tudo que se passa na minha vida como se ainda fizesse parte dela. Ele faz parte da vida da Nessie, não da minha. Nessie, sim. Bella, não. Entendeu Alice? - assenti assustada.

- Que bom! E pretendo deixar isso bem claro essa noite. - conclui orgulhosa, ajeitando a saia social.

- ACEITOU!- passei meus braços em volta do seu pescoço, mas ela não esboçou reação de alegria, então a soltei imediatamente.

- Não vou comemorar isso, tudo bem? - lembrou.

- Mas, então, como foi a conversa?

- Não conversei! - rosnou - Apenas disse minhas condições. Pensei muito no que me disse ontem e resolvi aceitar, mas deixei tudo muito claro. - congelei.

- Tudo o que? - só faltava ela ter estragado o jantar, antes dele acontecer.

Ótimo Bella! Assim não tem santo que te junte com esse homem!

Ótimo Bella! Assim não tem santo que te junte com esse homem!

- Não quero que Nessie saiba do jantar e só vou discutir com ele sobre o que eu quiser. Foram minhas condições. Acho que fui bem clara! - percebi que suas mãos estavam tremendo.

Ainda bem que Bella não sabia que Nessie já sabia sobre o jantar. E por mim ela não ficaria sabendo. - deu para entender?

- Sei... e além disso vocês disseram mais alguma coisa?

- Não! Ele só me disse onde é o restaurante e eu disse que estaria lá às oito e meia.

- Ele não vem te buscar?

- NÃO! - se indignou - Não deixei que ele fizesse isso. Sem amizade, Alice. Sem amizade. Ficar minutos trancada com ele dentro de um carro já é demais.

- Entendi! Tem medo de não resistir. Te entendo, é mesmo um pedaço de mal caminho. - falei e sai andando.

- Alice?! - chamou minha atenção.

- Não se preocupe, eu separo um vestido pra você. Economizar seu tempo para quando chegar do trabalho, entende?

- Vou deixar uma coisinha bem clara para você. Eu não tenho medo de não resist...

- Vai se atrasar para o trabalho, Isabella. Não se esqueça que ainda está em fase de teste. - gritei, indo na direção do meu quarto.

- Argh! Te odeio, Brandon!

- Mas não sabe viver sem mim! - logo depois ouvi a porta batendo.

Prepararia algo que Edward ia gostar. Já Bella... (?)

Isabella Pov

- Tem que ter outro! - apertei mais a toalha em volta do meu corpo.

- Olha no seu armário! - Alice deu de ombros e se sentou na minha cama.

- É exatamente o que eu vou fazer. Você não me vence pelo cansaço, peste.

Fui até o meu closet e procurei um vestido, mas só achava roupas sociais que usava no trabalho e algumas camisetas e calças jeans.

- Onde você botou? - perguntei, voltando para o cômodo.

- Pode especificar o que?

- Eu tenho um outro vestido preto. Mais longo que isso. - apontei para o vestido azul marinho em cima da cama.

- Tem? Escondeu aonde? Me empresta? - debochou.

- Vou procurar no seu armário então. - dei língua.

- Não trouxe vestidos. O outono não é propício para isso. - resmugnou antes que eu saísse do quarto.

- Eu não quero vestir esse treco. O Edward vai pensar errado de mim. - gritei.

- E quem te garante que ele quer alguma coisa contigo? Ele só quer conversar, Bella. Nem vai ficar reparando se você está vestindo isso.. - apontou para a peça - Ou se está nua.

- Vou me vestir. - rosnei.

Já estava atrasada. Não poderia continuar me prendendo a detalhes e implicâncias de Alice.

- Pode passar um pouco mais de blush, né?! Está pálida. - comentou se apoiando na porta do banheiro.

- A cara é minha! - cantarolei.

- A noite também! - retruncou.

- Estou pronta, só falta me vestir. E graças a você já estou atrasada. Quer sair para eu colocar a roupa?

- Tudo bem! - saiu em silêncio.

Terminei de me vestir e voltei para o quarto. Ela ainda estava ali na cama.

- Sabe como me sinto te vendo bonita desse jeito? - perguntou.

- Como a culpada? - debochei.

- Não! - rosnou - Me sinto como em Sex and the city. Você vestida desse jeito... tá pra matar, hein? - brincou.

- Alice, não tá ajudando.

- Eu sei, amor.

- Olha, Nessie tem que estar na cama em uma hora. Se precisar de mim, estarei com o celular. Quando eu chegar, não quero conversas. E, por favor, se ela perguntar... eu apenas sai, okay?

Assentiu prontamente.

- Até... mais. - não sabia que horas ia chegar.

Consegui pegar um táxi na porta do prédio e ir até o restaurante que tinha me dito mais cedo. Como começar a conversa? Como me comportar na frente dele? Perguntas que inevitavelmente vinham na minha cabeça e não recebiam respostas.

- Apenas haja com naturalidade! - me aconselhei.

- Tá falando comigo, moça? - o taxista perguntou.

- Er... não.

- Hum... aparece cada maluco! - sussurrou.

Alguns minutos depois, ele parou em frente ao restaurante. Segui com calma até a recepcionista que me indicou a mesa, onde ele estava com a cabeça baixa.

Edward Pov

- Boa noite. - a voz dela me chamou atenção.

Me levantei rápido demais e quase derrubei a cadeira. Ela riu baixo e tentou esconder o rosto.

- Pode rir. Eu sempre me atrapalho. - sussurrei - Boa noite também! - levantou o rosto e sorriu.

O sorriso mais lindo do mundo. Seu cabelo estava preso num rabo de cavalo bem puxado. O rosto claro, com as bochechas um pouco rosadas.

Vestindo azul. Já disse o quanto ela fica linda de azul? Puxei a cadeira para que se sentasse. Não parecia muito confortável.

Tentei quebrar aquele clima horrível, mas até que o garçom saiu da mesa com nossos pedidos, ela não mudava as feições.

Era pra me dar medo? Tá conseguindo, sabia?

- Nessie perguntou alguma coisa? - perguntei.

- Não. Estava concentrada no dever de casa quando sai de casa. Nem percebeu que eu já tinha ido.

- Provavelmente era matemática. Ela puxou a mim. - brinquei.

Consegui arrancar um sorriso seu.

- Obrigado por não ter falado nada.

- Tudo bem...

- Er... bem... - percebi que esfregou as mãos na perna por debaixo da mesa - O que quer conversar?

- Direta! Gosto disso. Nem precisei comentar sobre o tempo, que aliás está horrível. - ela deu um meio sorriso.

- Olha, eu...

- Bella, sei que você tem ...er... se controlado ao máximo nos últimos tempos para me "aguentar" perto de vocês. - a cortei - E não gosto de te deixar desconfortável.

- Não me deixa desconfortável, que idéia! - mentiu.

- Você nunca souber mentir muito bem. - sussurrei.

Seus olhos se fecharam como se quisesse controlar alguma coisa que viesse em sua mente.

- Está se sentindo bem?

- É para eu ser sincera?

- É o que espero.

- Então, para começar, você não devia ter me chamado para um jantar. Você mesmo disse que acha que me sinto desconfortável contigo, então porque passar uma noite como essa? - apontou para o restaurante.

- Porque...- engoli em seco - Era um modo de ficarmos sozinhos. Bella, eu quero te perguntar tanta coisa sobre...

- O passado? Não! Lembre-se da minha única condição, por favor? Sem assuntos que eu não quero.

Suspirei vencido e me recostei na cadeira. Foi quando tive a idéia de como encaminhá-la para a conversa que eu queria.

- Promete me responder só uma coisa então?

- Dependendo da sua pergunta. - deu de ombros.

- Quantas vezes pensou em me procurar? É minha única curiosidade. Porque, sinceramente, pensei em fazer isso o tempo todo.