Minhas pernas se moviam na maior velocidade que eu podia suportar, o que não era pouco graças a minha habilidade no Quadribol. Ele não devia ter chegado a Sala Comunal ainda, ao menos eu esperava que não.

Cheguei no momento certo. O vi praticamnete adentrando lá quando berrei.

– Espera! – me aproximei, ofegante e totalmente descabelada.

– Acho que não tem muito o que conversarmos, volte pra aquele seu goleiro metido…

Me apoiei em meus joelhos, tentando recuperar o ar.

– Olha… Ele quem me agarrou, eu não tinha a intenção de ficar com ele!

Ele riu cinicamente.

– Mesmo? Vocês não pareciam que iam se separar tão cedo…

– Bom, se dependesse dele não mesmo. – confessei. – Quer dizer…

– Esqueça, Weasley! Está perdendo o seu tempo!

– Haha, vai me chamar pelo sobrenome? Estou falando a verdade, caramba! Não vai acreditar em mim?

– Sabe… Você me falou todas aquelas coisas lá no lago e eu fiquei pensativo. Sério, eu fiquei pensando muito durante esses dias e cheguei a uma conclusão. Eu achei que talvez… Que… Ah, não importa mais!

O loiro tinha uma expressão de decepção.

– Sinto muito. – eu disse sinceramente. – Assumo meu erro, ok? Mas eu juro que nunca gostei do McLaggen. Tá, eu me sinto envergonhadíssima por dizer isso, mas eu só andei flertando com ele e tudo mais pra te causar ciúmes! Eu sei, é ridículo, eu sou ridícula!

– O quê?! Não acredito que você foi tão baixo…

– Eu só queria…

– Para, Rose, chega! Isso é patético. Eu fui um idiota por não ter te notado antes, porque a Rose que eu conheço é a garota mais incrível que existe na Terra! Mas isso não justifica… Você fica de intrigas agora, desde quando faz isso? Quem é você?!

– Eu sou a Rose de sempre!

Scorpius balançou a cabeça negativamente.

– Da Rose de verdade eu posso gostar. De você neste momento, não.

Então, ele adentrou em sua sala comunal. Essa realmente doeu.

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Por que tinha que ser assim? Eu sempre estragava tudo quando parecia que as coisas melhorariam… Scorpius estava magoado e desta vez ele tinha mesmo razão. Não importa se eu havia feito por ele, eu estava errada! Mas como conseguiria o perdão do garoto? Como provar para ele que eu era merecedora do seu interesse?

O feriado de Natal chegou e eu fui para minha casa em Londres. Eu estava me aprontando para a festa que mais tarde aconteceria n’A Toca, quando alguém bateu na porta do meu quarto. Minha mãe entrou, já arrumada para sair.

– E aí, filha? Já tá pronta?

– Quase… Pode fechar meu vestido? – perguntei, me virando de costas para ela.

– Claro.

Suspirei.

– Mãe…

– Diga.

– O que se deve fazer para uma pessoa te desculpar? – aliás eu tenho uma lista de pessoas pra me perdoar… Afinal, não consigo parar de pensar naquela história da Lily e do Lorcan.

Ela terminou de puxar o zíper e me virei para olhá-la. Ela estava com aquela cara de mãe desconfiada.

– O que você aprontou, mocinha?

– Eu me enrolei com umas coisinhas… - droga, ela ainda estava me encarando daquela forma. – Ok, ok, eu conto! Bom, a Lily…

– Te pediu ajuda com um cara?

Arqueei uma sobrancelha.

– É, e ele…

– É um dos gêmeos da Luna, do qual você andou ficando amiga.

– Sim, só que ele…

– É gay.

– Mãe, se você sabe de tudo podia pelo menos me poupar de tentar articular uma explicação.

Ela riu.

– Sua tia me contou. Lily estava desolada, coitada… Eu nem entendo o porquê se não tem nada que ela possa fazer a respeito.

– A Lily andou espalhando por aí essa história, é?

– Não, ela disse só para a Ginny, sua tia que me contou. Não se preocupe quanto a Lily que ela não vai ficar de birra por tanto tempo, mesmo porque daqui a pouco ela se interessa por um outro par de olhos azuis… Quanto o seu amigo, também não tem o que fazer. É normal ele estar cheateado, qualquer um estaria…

– Acho que se o Hugo falasse com ele…

– O Hugo? – a dona Hermione começou a arregalar os olhos.

Pelo jeito a Lily não contou a história inteira… Eu sempre falo mais do que devo!

– Esquece, mãe, não tem nada a ver.

– Certo… - ela preferiu deixar passar.

– Obrigada, mãe. – sorri para ela.

Ela sorriu de volta com muita empolgação.

– Você está linda, querida! Nunca havia te visto com os cabelos soltos e tão bem cuidados. Está usando vestido, meu Deus! Quando foi a última vez que te vi sem aquelas roupas largadonas? – lá vem mais uma... Eu era tão masculina assim, poxa?! – E você está diferente no geral mesmo… Nunca temos essas conversas de garotas, de mãe pra filha… Mas eu adorei que tenha me procurado pra conversar! Não hesite, ajudarei sempre que puder! – ela beijou minha testa e saiu do quarto.

Bom, pelo menos estava mais relaxada com aquela história... Porém, não era motivo pra deixar tudo como estava! Tinha que consertar tudo e por as coisas nos devidos lugares.

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Após os feriados, estava de volta à escola e decidida a resolver meus problemas.

Comecei por Lorcan. Afinal, ele tinha se tornado alguém muito importante para mim nos últimos meses e ver nossa amizade se desfazer por um baita deslize meu não era justo.

Ele estava cabisbaixo nos jardins, refletindo ou algo assim sentado sob a sombra de uma árvore qualquer.

– Anda, vai lá! – empurrei meu irmão para que ele fosse até o outro grifinório. O Hugo já havia sacado o interesse de Lorcan por ele de cara e bom, não posso dizer que reagiu muito bem. Mas depois que tive uma conversa com ele, o convenci a falar com o loiro.

Fiquei atrás de uma moita, parecendo uma louca engalfinhada nas folhas e galhos. Ah, o que foi? Eu queria ouvir o que estava acontecendo...

– Oi. – Hugo chamou a atenção de Lorcan. Este levantou a cabeça e um brilho nos olhos dele surgiu, mas não demorou a se dissipar. Meu irmão se sentou ao seu lado e prosseguiu. – Achei que talvez a gente devesse conversar... Sabe o que é? É que... Eu não jogo nesse time entende?

Lorcan riu.

– Relaxa, Weasley. Não tem problema... Não ache estranho eu dizer isso, mas é que eu só queria te conhecer melhor... Você me pareceu interessante. Sabe, no meio da multidão, sempre se destacou.

Se Hugo estava constrangido ou desconfortável com o comentário, desta vez soube disfarçar bem. Não notei nada, nadinha mesmo.

– Olha, se você quer que estejamos juntos ou coisa assim, foi mal mas não vai acontecer... Porém – o loiro o encarou, aprestando o máximo de atenção. –, não vejo problema algum em sermos amigos. Amigos pra valer! – o ruivo lhe deu um soquinho no braço.

Pelo sorriso no rosto do Scamander, eu havia conseguido seu perdão! Ele não sabia que eu mexera uns pauzinhos ali e aqui, mas tudo bem, as coisas voltariam ao normal. Bom, menos um...

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– Rosita... – eu fui abordada no corredor horas depois. Lily estava lá acenando para mim e eu pasmei. Não era no Lorcan que ela estava abraçada? COMO ASSIM?!

Me aproximei intrigada, com as mãos na cintura.

– Oi, Lily. Me diga, por que o...

– Ah, você já conhece o Lysander, né?

– Lysander?! – só então notei que o garoto usava o uniforme da corvinal e não da grifinória.

Ele era fisicamente idêntico ao irmão gêmeo, mas parecia estar completamente desligado do mundo. Quer dizer, conhecendo melhor o Lorcan, vi que ele não era só um pouco avoado não, mas o Lysander com certeza ganhava dele nesse quesito.

– Vamos andando, então. Tchau, priminha! Vem, querido... – eles se afastaram de mim.

– Já te contei o que são piolhos de toupeira? – ouvi ele perguntando ao longe e em seguida um gritinho de nojo de Lily. Vai entender!

Bem, parece que o problema da Lily também foi resolvido. Sabe, ela tem um gosto muito estranho pra meninos... Enfim, só faltou uma coisa, uma coisinha de nada: reconquistar Scorpius Malfoy.

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