One Of The Boys escrita por Anna C


Capítulo 7
Losing Grip


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse capítulo está mais longo que o habitual e tem alguns fatos um pouco mais complexos digamos... Tenham mente aberta ^^' Porque afinal é algo completamente normal.



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Como eu mencionei, era incrível, mas com o passar dos segundos tornou-se estranho. Scorpius deu a entender que estava arrependido. Ele se afastou bruscamente, como se separasse imãs de polaridades diferentes, pareceu fazer mais esforço que o necessário. Eu fui empurrada contra o tronco da árvore e o fitei, meio assustada.


Tudo aquilo era demais pra minha mente processar. Por Merlin! Eu acabara de receber meu primeiro beijo? E espera… Tinha sido do Scorpius? Por iniciativa dele? Ah, não era possível. Talvez tivesse caído uma jaca na minha cabeça, eu havia desmaiado e aquilo tudo não passava de um sonho surreal… Faria bem mais sentido. Porém desta vez não se tratava da minha imaginação, o corvinal havia pirado de vez.


– O que acabou de acontecer? – Scorpius parecia ter levado um balaço na cabeça.


Pela primeira vez fiquei sem fala. Não estava nervosa nem gaguejando, simplemente não conseguia emitir um som sequer.


– Você… Você... – ele continuava meio atordoado, buscando as palavras na sua mente confusa. – Fez isso por ele não foi? – ficou indignado de repente. – Não é? Ah, mas o que é que eu fiz… - estava dividido entre se repreender e me acusar. – Qual é a dificuldade em controlar seus impulsos, Scorpius? Mas, mas… Por que você não podia ficar do mesmo jeito de sempre? Tinha que complicar as coisas? – agora sabia que era a mim que ele se dirigia. – Estava tudo muito claro até você resolver virar uma garota…


– Eu sempre fui! – berrei. Ele arregalou os olhos, não devendo estar esperando que eu dissesse alguma coisa, mas continuei. – Quantas vezes vou ter que repetir, eu sempre fui! Se fiz isso por alguém, foi por você, genialidade! Nunca senti nada assim antes, nem de longe. Certo, eu jamais fui atraente, desejável ou sensível como as outras garotas… Mas isso nunca me impediu de sentir o que elas sentem, exatamente da mesma forma. Droga, amar é uma merda! – bufei, cruzando os braços.


“E você é um idiota! Eu sempre estive aqui, o tempo todo. Se você fizesse um esforcinho mínimo talvez reparasse que eu era a única dos seus amigos que não coçava o saco nem tinha pelos na axila… Mas não, eu tive que dar uma ajudinha pra você enxergar esses pequenos detalhes, me transformando radicalmente. Não tem problema, foi bom por vários outros motivos, mas isso não justifica a sua cegueira. Caramba! Como alguém pode ser tão tapado? E ainda por cima tão presunçoso?! É né, porque você não espera que me beijando assim do nada e ainda por cima vindo com essa de que ‘está confuso, pois sou uma garota, mas não sabe se gosta de mim ou se só se sente atraído por causa da minha nova aparência’ não vá causar dano algum? Eu não sou uma marionete! Não brinque com os meus sentimentos, tá legal? Pra você pode ser só um beijo, mas pra mim… É uma espera de uma vida inteira que resultou em… Frustração." – finalizei, suspirando.


– Rose, - sua voz era fraca e cautelosa. – você está chorando.


Sentia meu rosto encharcado. Meus olhos doíam e eu não havia me dado conta até aquele momento. A última vez que eu havia chorado devia ter sido há mais de dez anos e então, por causa daquele garoto eu estava derramando lágrimas, as quais tinham um gosto terrivelmente salgado.


– Mas que droga! – exclamei, enxugando desajeitadamente a face. Sai correndo dali o mais rápido que pude, mas não tinha fôlego para ir muito longe.


Parei próxima aos jardins, ofegando.


– Ele vai ver só no jogo de sexta.

–x--x--x--x-

Então o último jogo antes dos feriados de fim de ano havia chegado. Era naquela sexta feira de Dezembro que eu detonaria a Corvinal com quantas “balaçadas” meu time fosse capaz de dar.


Ao som da voz de Ryan Campbell, o jogo era narrado:


“Bem vindos a outra partida de Quadribol! Desta vez o confronto é entre a Grifinória e a Corvinal! E agora os times estão entrando em campo, a multidão indo a loucura!”


A Lufa-lufa torcia pela nossa equipe, enquanto que a Sonserina queria que nós perdessemos a qualquer custo. Albus era o único que se dividia ali, tendo o rosto pintado metade de amarelo e vermelho, e no outro lado cinza e azul. Ele estava sendo fuzilado com o olhar por todo o povo sonserino a sua volta. Tadinho…


Após as instruções de sempre, o apito soou.


“E começa o jogo! A possa da Goles é dos grifinórios que tentam partir pro ataque. Weasley passa para Masterson, que voa em direção ao gol. Vai tentar o arremesso e… DEZ PONTOS PARA A GRIFINÓRIA! Bela jogada de Zeke Masterson! Enquanto isso, Malfoy e Rogers parecem perdidos, à procura do pomo…”


Tudo estava indo muito bem… Do jeito que jogávamos, não poderíamos perder! Até que...


“Vejam! Malfoy avistou o pomo!”


Droga! Não podia ser! E onde estava a nossa lerda apanhadora? Do outro lado do campo?!


– Me dá esse bastão! – arranquei da mão de um dos meus batedores e acertei o balaço com toda força na direção de Scorpius.


O loiro desviou.


– Ele tem um sensor ou o quê?!


Helen Rogers, a apanhadora, finalmente localizou a bolinha dourada e começou a caçá-la. O jogo voltava a ficar disputado.


– Vamos, Helen… - eu cruzava os dedos.


ISSO!


Scorpius se descuidou por um segundo apenas e essa foi a deixa.


“Duzentos e setenta à cem! Grifinória é a vencedora da partida!”

–x--x--x--x-

Vitórias eram sempre seguidas de pequenas festas na sala Comunal. Lily veio falar comigo assim que me encontrou sentada no sofá em frente a lareira.


– Ótima partida, Rose! E olha que eu nem gosto de esportes, é na verdade bem nojento, vocês saem todos melecados de suor… Mas mesmo assim, parabéns.


– Valeu, eu acho. – ergui uma sobrancelha pra ela.


De repente o olhar dela pareceu ficar cheio de segundas intenções. Na certa, só havia vindo até mim pedir alguma coisa.


– E então, Rosita… Você é agora amiga do Lorcan Scamander, não é?


A essa altura acho que já podia me considerar amiga dele… Afinal, depois de tudo que ele fez por mim, não tendo nada pra ganhar em troca…


– É, acho que sim. – sorri levemente, mas mantive a desconfiança. – Por quê?


– Bom, eu… - corou. – Queria saber se você poderia falar com ele por mim…


Meu. Deus.


– Como é? Você tá a fim do loiro paranormal?!


– Paranormal? – ela arregalou os olhos.


– Deixa isso pra lá… Mas é sério isso?


Ela deu os ombros, evitando me olhar.


– Tudo bem, quando eu o vir…


– Não adie pra depois, ele está logo ali… - Lily apontou discretamente para um canto da sala onde havia uma estátua com que Lorcan parecia conversar. Ele estava falando com mármore?!


Apesar disso, minha prima não pareceu com menos interesse, estava ansiosa para que eu cedesse e fosse até ele.


– Ok, então. – suspirei.


Me aproximei lentamente, tentando não interromper a conversa ou fosse o que fosse.


– Er, Lorcan? – o chamei.


– Oi, Rose! – ele sorriu para mim.


– O que exatamente você está fazendo?


– Só falando com um velho amigo, nada demais…


A estátua era o velho amigo? Melhor não discutir…


– Ah, certo. Bem, eu acabo de me tocar que eu falo tanto sobre minha vida amorosa e sei tão pouco sobre a sua… Eu queria saber, se por um acaso, você não está interessado em ninguém.


– Por que a pergunta?- ele cruzou os braços, me fitando com curiosidade.


– Por nada. – menti.


Lorcan sorriu novamente.


– Na verdade, há alguém. Mas essa pessoa… Bom, seria impossível. – o loiro adquiriu uma expressão triste.


– Não fale assim! Me diz, como ela é… Quem sabe eu adivinhe.


– Vejamos, essa pessoa é aqui da Grifinória. Está dois anos atrás de nós e tem cabelos ruivos e olhos castanhos…


Por Merlin! A Lily era a única grifinória do quarto ano de cabelos ruivos e olhos castanhos! Não havia alternativa, ele tinha que estar falando dela.


Eu não podia deixar de sorrir com a coincidência.


– Por acaso seria alguém que é do meu parentesco, proximamente a lareira nesse momento? – lancei um olhar indicativo, mais do que satisfeita.


– Sim! – Lorcan transformou sua angústia em animação. – Você por acaso sabe se…


– Lorcan, acabamos de conversar e pode ter certeza de que o alvo da noite é você. – pisquei para ele.


– Vamos até lá então!


Voltando à Lily, ela papeava com meu irmão Hugo. Os dois pararam no momento em que nos pusemos a sua frente.


– Lorcan! – Lily exclamou maravilhada, ajeitando os cabelos sem mesmo notar.


– Oi… - ele sorriu levemente para a ruiva. – Hugo, tudo bem? – se voltou com um sorriso duas vezes maior para ele.


– Claro. – meu irmão respondeu, dando de ombros.


– Ótimo!


Parei para analisar a cena por um instante. Lily mal se continha, completamente afobada por ser supostamente correspondida por Lorcan. Já este… Não, ele não parecia sequer ligar para presença de Lily ali, apenas encarava Hugo cheio de expectativas. Foi então que notei como a descrição do meu amigo loiro se encaixava perfeitamente. Ruivo, olhos castanhos, grifinório do quarto ano, meu parente… Esse era o meu irmão.


– Ferrou! – lancei a mão a testa.


Minha prima enfim notou que estava recebendo pouquissima atenção de seu pretendente. Hugo começou a ficar constrangido com o olhar penetrante que Lorcan lhe lançava. Tenso, tenso, tenso…


– E-eu acho que, hã, ouvi a Rogers me chamando… - Hugo foi se levantando do sofá e sumindo no meio do povo da festa, deixando nós três sozinhos.


A expressão de Lorcan era de confusão.


– Rose, eu não entendo… Você me disse que estava interessado em mim!


– Er, é que eu confudi as coisas… - mordi o lábio inferior. – Achei que você estava falando dela. – apontei, para Lily, que estava abismada.


– V-você é… É… - ela tentava encontrar as palavras.


– Gay. – ele completou, falando na maior naturalidade. – Vocês não sabiam?


Não! Eu não sabia! Se eu soubesse não teria alimentado as esperanças de ninguém. No que eu fui me meter…


– POR QUÊ?! – Lily berrou em tom choroso, saindo correndo.


– Que vergonha… - eu cobri minha visão, não conseguindo nem olhar na cara dele. – Olha, eu não fazia a menor ideia! Desculpa mesmo…


Lorcan suspirou, realmente chateado.


– Não tem problema… Eu não te disse que era impossível?


Meu coração estava partido com aquela carinha de cachorro abandonado que ele fazia.


– Se você quer algo com o meu irmão, acho que seria bastante difícil, porque ele não é…


– Eu sei.


Eu nunca fora boa em consolar as pessoas, muito pelo contrário. Um completo desastre.


– Não desanima, tem muitos homens por aí que são! Digo, na escola assumidos devem ter uns cinco…


Ele me olhava, descrente no que ouvia.


– Acho que pra mim já deu de festa. – virou as costas para mim, indo em direção as escadas para os dormitórios.


– Lorcan, espera aí…


Não consegui impedi-lo. Mas o que ele esperava? O que eu posso fazer se meu irmão não é gay? Eu nem sabia que ele era, senão teria tido mais cuidado com o que eu falava. Acho que o magoei… Ah, mas que ótimo.


– Rose, me acompanha? – Phoebus segurou meu braço inesperadamente e começou a me levar para fora da sala.


– Phoebus, agora não… - eu protestei, mas ele mal me ouviu.


Ao atravessarmos o quadro, nos encontramos sozinhos no topo da escadaria.


Ele segurou meu rosto em suas mãos. Podia prever facilmente o que ele faria, mas não teria tempo de para-lo.


Em questão de milésimos ele havia levado sua boca de encontro com a minha. Eu não queria, não agora! Estava confusa demais quanto a tudo… Minha intenção ainda era causar ciúmes em Scorpius, queria deixá-lo possesso de raiva, mas ao mesmo tempo só queria me entender com ele. Já havia ganhado o jogo de lavada, já tinha tido minha vingança.


Tentei me separar de Phoebus, mas o garoto não queria se desgrudar de mim.


De repente, algo foi arremessado contra nós. Era leve, mas possuia espinhos, que fizeram um leve corte na bochecha do grifinório que me beijava. Era um buquê. Um buquê de rosas.


– Bravo. – Scorpius nos encarava, com nojo e batia palmas de ironia.


Só assim pra o outro garoto se soltar de mim.


– O que pensa que está fazendo, Malfoy? Não viu que estávamos ocupados?


– Vi sim… Só tinha passado aqui pra falar que foi um belo jogo, muito justo. Jogou bem, Weasley. Ah, e só pra constar, eu terminei com a Artemis…


Fiquei imobilizada por um tempo. Aquele dia estava terminando da pior maneira possível! Magoei minha prima e um amigo, e agora que Scorpius tinha vindo acertar as coisas comigo eu faço uma coisa dessas?


– Não que isso seja de alguma importância, vejo que você tinha algo melhor pra fazer.


Ele saiu dramaticamente de cena, me deixando lá parada. Senti um estranho formigamento nas pálpebras. Eu não choraria de novo, choraria?


Phoebus voltou-se para mim, beijando meu pescoço.


– Onde paramos?


– Paramos por aqui! – falei em um tom um tanto agressivo.


– Como é? Todos essas semanas dando em cima de mim pra dar pra trás? Nem pensar. – ele insistiu, segurando meus braços com força, mas eu o chutei entre as pernas. Ele caiu de joelhos no chão, levando as mãos ao local atingido. – Sua… Ugh…


Era só o que me faltava, ser assediada por um mauricinho metido a galã…

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Notas finais do capítulo

Não me matem! Por favor? ^^'