One Of The Boys escrita por Anna C


Capítulo 4
Reflection


Notas iniciais do capítulo

Eu seeei! Demorei muito pra postar esse. E sinto que até dezembro as postagens fiquem assim mesmo meio demoradas, mas pensem, são só umas três semanas... E eu não quis dizer que não postarei até lá, então não desanimem :D



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As aulas haviam acabado e eu tinha um período livre antes do almoço. Resolvi que iria para a sala comunal da Grifinória. Entrei na sala discretamente, tentando ao máximo não atrair os olhares para mim, porém o meu esforço foi em vão. Todos no local me analisavam como se vissem alguma aberração de sete olhos ou coisa do tipo. Fui até meus primos, não conseguindo esconder meu ar de irritação.


– Pelas calças de Merlin, será que vocês poderiam pelo menos disfarçar? – encarei Fred e logo a seguir sua irmã mais nova. Roxanne parecia que choraria a qualquer segundo.


– R-Ro-Rose? – ela me chamou. A voz era tão trêmula e chorosa que senti um aperto do peito. – O que houve com você?


Ouvi um assobio vindo de Fred que tinha um sorrisinho petulante.


– E você dizia que não parecia uma garota… Olha, mesmo se fosse um travesti eu pegava!


– Ai, pelo amor de Deus! – arremessei a mão na testa. – Agora forçou demais… Isso é, bem hã… Uma experiência.


Já podia ver as lágrimas grossas se formando nos olhos da minha prima. A garotinha com duas tranças caindo nos ombros se jogou em mim, me abraçando.


– Você era tão incrível, Rose! Agora você está que nem as outras, não é mais especial! Por que teve que se vender, por quê??


Fred tentava puxá-la para longe de mim e eu estava devidamente impressionada.


– Já chega, maninha… - Fred conseguiu separá-la de mim e agora afagava seus cabelos. Ela se esquivou.


– Rose, você tinha tanta personalidade… Perdeu completamente sua essência. Minha heroína me decepcionou! – então Roxanne saiu correndo escada acima.


– Nem dá bola pra ela… Você tá é demais! – o garoto de cabelos cacheados tentava não me deixar abalar pelo que sua irmã dissera. Piscou para mim e logo depois deixou o lugar.


Fiquei intrigada com as palavras daquela segundanista de trancinhas. Tá certo que aquilo não era nem um pouco ‘eu’, mas a mudança funcionou. Ele me notou! Mas… Valeria mesmo a pena me transformar completamente por alguém, desprezando todos os traços que me definem como quem eu sou? Ok, após essa reflexão profunda, estou com um pé atrás nessa coisa de transformação.


–x--x--x--x-


Cerca de quarenta minutos depois, chegou a tão esperada hora do almoço. Sempre revezamos onde sentar, às vezes eu comia na mesa da Sonserina e certos dias era na mesa da Corvinal… Após ver Scorpius e Albus conversando sentados à mesa da minha casa, soube que era minha vez de bancar a ‘anfitriã’.


– Oi… - os cumprimentei menos timidamente que no começo do dia. Dessa vez acho que não precisava dar beijos, ou precisava? Cara, essas regras femininas são muito complicadas…


Ambos sorriram, enquanto me acomodava no banco. Scorpius se remexeu em seu lugar ao meu lado, como se estivesse desconfortável. De repente o ar ficou pesado. Não era pra menos... O Albus ficou com o garfo pairando no ar, apenas me encarando com aquele sorriso cheio de malícia. Ao mesmo tempo, sentia que Scorpius queria me olhar e dizer algo, mas estava apreensivo.


Me servi fingindo não notar nada, mas após a quinta garfada, cansei.


– O que é que vocês dois têm?! – meu tom era um pouco mais agressivo do que deveria de acordo com as dicas da minha prima, mas não pude me conter. – Se a intenção de vocês era me deixar zangada, estão conseguindo, podem crer!


– Não é todo dia que Rose Weasley fica tão... Arrumada. – Albus deu os ombros.


– Hum, – fiz uma careta de desdém. – sei, sei...


– É, você tá... Bem bonita. – Scorpius brincava com a comida em seu prato, não me olhava de jeito nenhum.


Fiquei sensibilizada e sorri.


– Valeu.


– Mas...


Gelei. Ao ouvir a palavra adversativa, tive certeza de que se não estivesse sentada, teria desabado no chão. “Mas”? O que ele queria dizer com esse “mas”? O próprio Scorpius me disse que tinha gostado, estaria voltando atrás assim de repente por que razão?


– ...Espero que você não fique toda cheia de frescuras e chiliques que nem as outras garotas!


Ri com ironia.


– Você não sabe fazer um elogio sem uma crítica em seguida?


– Eu não estou criticando, só acho que as garotas em geral são muito enjoadas...


– Eu sou uma garota caso você não saiba. Sempre fui, tá?


Por um momento o corvinal ficou apenas me encarando, franzindo a testa e pensando em algo para dizer.


– Eu... Eu sei disso.


– Ah, é? Pois nunca pareceu notar!


Ele revirou os olhos.


– Nem vem! Você sempre foi uma garota... A coisa é que você nunca exerceu bem sua função.


– COMO É!? Está me chamando de ‘machona’, é isso!?


– Scorpius, cala a boca... – Albus advertiu, olhando a cena com receio. O loiro mal deu ouvidos para ele, pois não prezava a própria vida.


– Não, mas você estava bem perto disso! – me provocou.


– Olha, não é por que eu estou de unhas feitas que eu não posso socar essa sua cara, doninha albina!


Scorpius parou um segundo, como se tivesse se dado conta de algo. Me segurou pelos ombros, seus olhos nos meus olhos.


– Por que de repente quis ficar assim? – me perguntou, bruscamente.


Eu não conseguia piscar.


– I-isso importa?


Passados uns quinze segundos, Scorpius bufou e saiu andando. Me voltei para meu primo, confusa.


– Que é que deu nele?


Albus foi de grande ajuda e deu de ombros, retornando a atenção para seu almoço.


–x--x--x--x-


Sentada num monte de grama perto da casinha de Hagrid estava eu, perdida em pensamentos.


Mas o que deu errado? Estava indo tudo tão bem e então, o mundo desmoronou. Além da Roxanne, ninguém tinha feito nenhuma objeção a minha nova aparência e comportamento, até aquele momento… O que mudou?


– Nem liga pro Malfoy… Ele só ficou meio confuso. – alguém disse as minhas costas e me virei para ver quem era.


– Lorcan? Como sabia que eu estava aqui?


– Um pressentimento. – se sentou ao meu lado.


Medo.


– Mas sabe, Rose, mudar radicalmente por um cara não é a solução.


– O QUÊ?! – arregalei os olhos.


– É, ele tem que gostar de você por quem você é e não por…


– Ei, ei! Volta a fita. Como é que você sabe?


– Hã… Digamos que eu tenha um sexto sentido.


– Você vê gente morta?!


Scamander riu com gosto.


– Não com frequência, mas esbarro com o Barão Sangrento às vezes…


Medo. Muito medo.


– Ah, mas você tem que entender! Ele nem sabia que eu era uma garota até ontem! Pareceu gostar da mudança, mas então ficou aí só me dando patada...


– Dê um tempo pra ele se acostumar com a ideia, afinal é uma novidade e tanto!


Revirei os olhos e abracei meus joelhos, com o olhar vazio voltado para a Floresta Proibida.


– Deixa eu colocar isso de outra forma. Agora como vai ser? Digo, daqui pra frente?


Verdade, eu só pensei em fazê-lo se tocar, mas não pensei no que aconteceria com a gente realizando minhas vontades. Será que ele vai ficar agindo assim estranho para sempre? Ou eu posso continuar sendo amiga dele pelo menos? Meu Deus, como fui burra! Ele já tem uma namorada... Não é porque ele tem outra opção que vai largar aquela megera. E Scorpius não me vê propriamente como ‘opção’, nem em seus mais loucos devaneios pensaria que tudo isso foi por sua causa.


– Foi uma ideia estúpida. – peguei uma pedrinha qualquer e a joguei para longe. Arremessei-a com tanta força que a perdi de vista quase que no mesmo segundo.


– Não foi. – Lorcan sorria para mim de forma tão reconfortante, que até me senti mal de não poder retribuir devido ao meu mau humor. – O principal já foi resolvido. Nós vamos dar um jeito...


Comecei a encará-lo duvidosamente.


– Hã... Lorcan. Por que exatamente está me ajudando e desde quando estamos ‘nessa’ juntos? Digo, nem amigos somos direito.


– Bom, eu não sei. Algo me dizia que você precisava de ajuda. Algo do qual você sequer tem consciência... – a expressão no rosto dele era realmente sinistra.


Medo. Muito Medo. Medo pra caramba.


Bom, de ajuda estou necessitada então quem sou eu pra reclamar, não é?


–x--x--x--x--x--x--x--x-



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Notas finais do capítulo

Por que os garotos são tão confusos? Ora querem, ora não... Vai entender.