Nada é por Acaso escrita por Paola_B_B


Capítulo 50
Capítulo 11 - O que são lembranças felizes?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Vamos a mais um cap, já aviso que ele está tenso ;)
Chegamos ao prólogo!



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Capítulo XI - O que são lembranças felizes?

POV Bella

Meus olhos estavam fixos no teto enquanto os fones de ouvido praticamente berravam em minhas orelhas uma música que eu não prestava atenção. Deixei que minha mente vagasse em branco, mas nunca consegui ficar vadiando por muito tempo.

Logo algumas memórias vieram a minha cabeça. Memórias de quando estávamos eu, Edward, Sirius e os Cullen, juntos... Nessie ainda estava em minha barriga e nós fazíamos planos para o futuro. Naquela tarde chuvosa Lili e Thiago se juntaram conosco e Harry parecia encantado com a minha enorme barriga.

Esperto como só ele me fitava com seus grandes olhos azuis e então colocava a orelhinha em minha barriga. Então levantava e gargalhava para a sua mãe que lhe dizia que ele ficara em sua barriga também.

Esme quase chorou com a fofura do momento. Meu afilhado apenas balbuciava algumas sílabas sem nexo em uma longa conversa com a minha barriga. Suas mãozinhas espalmadas encantado com o fato de ter outra bebezinha ali dentro.

Suspirei ao notar um movimento no quarto. Hermione me fitava hesitante.

Retirei meus fones.

- Algo errado? - perguntei franzindo a testa.

Ela suspirou e sentou-se em minha cama.

- Harry não confia em você.

- Eu sei. - respondi normalmente.

- E Sirius ficou furioso quando ele contou o que você pediu. - sorri com suas palavras.

- Não preciso ser uma vidente para prever as reações de meu filho.

- Então você é mesmo Bella Swan?

- Ainda tinha dúvidas Hermione? - ergui uma sobrancelha.

Ela tentou esconder seu sorriso.

- Não realmente.

Sentei-me na cama.

- Ninguém sabe meu nome não é? Nem mesmo Harry?

- Não... Ele está bem bravo por eu não contar. Mas não vou fazer isso.

Fiz uma careta.

- Droga Hermione, esperava que você fosse contar a ele.

- Ainda não confio em você. - deu de ombros como se sua afirmação não fosse nada de mais.

Virei meu rosto divertida tentando descobrir o que se passava na cabecinha daquela bruxa tão inteligente.

- Existe um motivo para Sirius querer tanto esconder a sua identidade de Harry e enquanto eu não descobrir isso, irei manter minha boca fechada. - explicou.

- Entendo... Ele acha que eu estou aqui a mando de Voldemort, não é? - perguntei seriamente.

Hermione assentiu com cuidado como se a qualquer momento eu fosse explodir.

- Eu imaginei quando vi seu encontro com Tom-tom em seu sonho.

A bruxa bateu seus cílios rapidamente e gaguejou sem saber o que perguntar, até que se decidiu.

- Você esteve no sonho de Harry? Ele estava todo perturbado quando contou que havia sonhado com você e com voc... Voldemort.

- Eu já sabia que Harry não confiaria em mim tão facilmente, então entrei na mente de Harry e fiz a ligação com Voldemort. Obviamente ele me reconheceu e sorriu, eu retribuí. Acredito que Harry tenha interpretado errado. Eu sou meio sádica às vezes. - dei de ombros. - Mas a facilidade que entrei na mente de seu amigo me assustou. Ele não tem treinado para manter sua mente fechada?

- Ele teve algumas aulas com o professor Snape, mas...

Tive que rir.

- Ok, já entendi... - fiz um sinal de desdém com minha mão. - Vou ver o que posso fazer... Ele precisa aprender a proteger a própria mente, não poderei passar 24 horas por dia detendo Voldemort de o enlouquecer. - pensei rapidamente e decidi ir falar com Sirius. - Vou resolver isso.

Levantei e fui para fora dos dormitórios sem me importar em dar tchau a bruxa.

POV Edward

Eu e meus irmãos fomos até a sala de Dumbledore. Ele me repreendeu por entrar no dormitório da Grifinória, mas por fim suspirou dizendo que tudo estava saindo de seu controle. Afinal, quando Bella estava no meio ela acabava sempre trabalhando sozinha. Decidiu que nós não precisávamos mais usar capas, pois com todos os acontecimentos os alunos já sabiam como nós éramos então não fazia sentido nos manter no escuro.

Para mim não fez diferença, às vezes esqueço que estou com aquela túnica. Porém Alice quicou feliz e correu abraçar o bruxo que ficou surpreso com o ato inesperado de minha irmã.

Emmett gargalhou revirando seus olhos enquanto Jasper tentava esconder seu rosto de vergonha da esposa.

- E quanto a mim? - perguntou Rose com o tom tristonho. - Vou poder continuar tendo aulas? Acabei me revelando quando Tânia apareceu.

- Eu estava pensando em seu caso Rosálie... Apesar de saber que receberei muitas reclamações de pais, decidir por permitir que continue do mesmo modo que antes... Porém agora seus colegas saberão de sua situação.

- Nessie também terá problemas quanto a isso. - murmurou Alice com o olhar distante então me fitou tristemente. - Ela precisa de colo de pai.

Sem mais delongas saí da sala do diretor seguindo pelos corredores. Me senti um tanto estranho por milhares de olhares sobre mim. Mas então meu desconforto deu espaço para pena, pois minha filha corria totalmente magoada com seus "amigos" que a acusaram de ser uma sanguessuga mentirosa.

Antes que ela me visse eu me choquei contra ela a abraçando no meio do corredor.

- Tudo bem meu bem, vai ficar tudo bem. - consolei olhando feio para os tais amigos.

Levei Nessie até nossa torre. A pobrezinha estava arrasada. No caminho notei minha bruxinha olhar assustada para nós e logo percebi ela seguindo para o mesmo lugar em que estávamos.

Bella me olhou significativamente e seguiu para a lareira acendendo o fogo com um pequeno murmurar de feitiço. Logo fez aparecer um pequeno caldeirão sobre o fogo no qual uma pequena quantidade de água esperava a fervura. Ela me olhou preocupada enquanto nossa filha chorava em meu colo.

- Nessie... Vamos, levante. Se acalme um pouco. Sua mãe lhe fez um chá. - ela ergueu a cabeça rapidamente assustada e procurou por sua mãe.

Seus lindos olhos verdes estavam quase vermelhos de tanto chorar e ela se encolheu fungando.

Bella entregou a xícara de chá sem nada dizer. Porém eu a conhecia muito bem para saber que seu coração de mãe estava apertado de preocupação.

- O que aconteceu? - perguntou minha bruxinha tentando segurar o desespero de sua voz.

- Todos sabem que eu sou filha de um vampiro... Disseram que eu era uma sanguessuga traíra... Que só mentia...

- Não liga para eles Nessie... Humanos costumam agir desta maneira quando tem medo. - expliquei com um leve sorriso.

Nessie me olhou desolada e eu sabia que tinha muito mais por vir. Tentei ler sua mente que a pouco gritava pelos corredores, mas ela a bloqueou assim como sua mãe havia lhe ensinado quando ela era ainda uma garotinha.

- Disseram que eu matei minha mãe ao nascer. Eu gritei dizendo que não era verdade, que minha mãe estava viva e eles disseram que eu fui enganada que quem eu pensava ser minha mãe na verdade não era, já que eu só conseguiria nascer se rasgasse o ventre de minha mãe de dentro para fora.

Ela estava assustada. Bella nem se fala.

- Quem foi o filho da puta que falou isso para você? - rugiu furiosa.

- É verdade? - perguntou desolada.

- É claro que não Nessie! Por Dio! Eu sou sua mãe, e mesmo que você não goste disso você saiu da minha barriga!

- Eu tentei te rasgar? - perguntou com um fio de voz.

Bella ficou muda assim como eu. O ar ficou pesado de repente.

- Sim. - respondeu minha bruxinha seriamente.

- É por isso que não me ama? - a voz de Nessie ficou fria e meus olhos arregalaram com sua pergunta assim como os olhos de minha noiva.

- O que?

- Não é uma pergunta difícil, basta responder sim ou não.

- Você realmente acha que eu não te amo? - perguntou Bella com a voz fria como gelo.

E lá vamos nós de novo. Mas que diabos! Eu quase conseguia enxergar as faíscas saindo de seus olhos. Bella estava magoada. Nessie estava magoada. E as duas agem da mesma forma quando isso acontece.

- Você alguma vez me mostrou isso?! Alguma vez me abraçou em vez de brigar comigo?! Mai! [Nunca] Sempre me trata como qualquer uma, nunca está por perto quando eu preciso e quando está fica em cima como se eu fosse revelar quem você é a qualquer momento! Se me odeia tanto por que não me matou antes que eu nascesse?! Assim não precisaria me renegar para seus amigos bruxos! Não precisa mais mentir dizendo que não sou sua filha! Porque para mim agora isso é a verdade! Você não é minha mãe! Não tem sentimentos e duvido até mesmo do tal do amor que diz sentir pelo babbo!

Eu estava completamente chocado com as palavras de Nessie. Bella simplesmente deu as costas e saiu, eu conseguia sentir a sua dor como se ela fosse a minha.

- Covarde! - grunhiu Vanessa e aquilo me subiu a cabeça.

- Calada! - rugi.

Seus olhos se arregalaram para mim. E eu entendia sua feição de medo. Minhas presas estavam expostas e meus olhos ferozes. Eu estava furioso!

- Cansei dessas briguinhas sem sentido de vocês!

- Sem sentido? Ela...

- Stai zitto! [Cala a boca] Ela é sua mãe! O mínimo que deve a ela é respeito! Por Dio Vanessa! Sua mãe a ama mais do que tudo. Quatas vezes mais vou ter que repetir que você e Sirius são as criatúras mais amadas por ela? Será que não percebe?

- Ela não...

- Já mandei calar a boca! - rugi novamente.

Ela se encolheu e me olhou magoada.

- Não quero saber de drama agora Vanessa. - falei seriamente recolhendo as minhas presas. - Você tem alguma noção do que fez com sua mãe? Tem alguma noção da dor que lhe causou com suas infundadas palavras? Sua madre iria se jogar de um penhasco para savar-te. Se Jasper não tivesse a segurado ela teria enfrentado um de seus maiores medos para que sua filha ingrata não se machucasse! Ela poderia até mesmo morrer com a queda, por que ao contrário de nós dois, ela não iria se regenerar e voltar a vida. Você realmete acha que alguém capaz de morrer por você não te ama?

Deixei que ela pensasse em minhas palavras e fui caçar. Eu estava muito irritado para qualquer outra atividade. Claro que a preocupação com a minha bruxinha era imensa, porém não vou conseguir consola-la se eu continuar nessa pilha.

POV Bella

Meio cambaleante andei pelos corredores vazios. A essa hora da tarde os alunos deveriam estar em suas ultimas aulas ou então estudando na biblioteca.

A dor em meu peito era corrosiva e minha garganta doía por estar prendendo o choro. Acabei por me deparar com Sirius na porta de sua sala. Sem pensar no que eu realmente estava fazendo simplesmente o abracei afundando meu rosto em seu peito.

Então solucei me afastando, pois meu próprio filho não retribuiu o meu abraço e ainda me olhava com desprezo.

- Eu não aguento mais isso Sirius. - solucei. - Vamos conversar, por favor. - supliquei.

- Você quer conversar? - perguntou irônico. - Agora você quer conversar?

- Sirius... - choraminguei já prevendo o que iria acontecer.

Eu me machucaria... Ainda mais do que já estava.

- Como pode invadir a mente de Harry? - inquiriu furioso.

- Ele não se machucou. - sussurrei.

- Mas ficou apavorado! Que porra Bella! Será que não percebe que a cada ano que passa se torna ainda mais egoista? Faz tudo sozinha, não confia em ninguém!

Meus lábios tremeram.

- 12 anos! 12 anos em Askaban! - rugiu. - E você nem se quer me procurou as escondidas para saber a minha versão de tudo.

Deus só podia estar me castigando por todos aqueles que matei e torturei! Só pode!

Me encolhi, ele estava certo quanto a eu não ter ido procurá-lo, mesmo escondida.

- Acreditou em tudo o que os idiotas do ministério disseram! Como se sente agora ao saber que não fui eu que entreguei sua irmãzinha para Voldemort? Não precisa dizer, eu vejo o arrependimento em seus olhos.

- É o que parece Sirius. - sussurrei e saí dali.

Parece que os dois combinaram em jogar as coisas em minha cara. 

12 anos! 12 anos em Askaban! Nunca irei me perdoar por ter deixado meu próprio filho a mercê da "justiça" do ministério. Como ousaram tê-lo acusado de entregar seus melhores amigos a Voldemort? Pelo amor de Deus! Sirius foi criado por mim! Como eles acham que eu poderia deixar que ele se deixasse passar para o lado das trevas? Ridículos!

Porém mais ridículo ainda é Sirius achar que eu não lutei em cada dia da minha vida atrás de provas que o inocentassem. Ingrato do caralho! Esse seu pensamento é o que mais me magoa em suas atitudes. O desprezo em seu olhar me corrói em tristeza. E por experiências passadas, todos sabem como eu demonstro minha dor. Sarcasmo, raiva, brigas...

Minha vida simplesmente se tornou um inferno. Minha filha me odeia, acha que eu não a amo, que eu não amo seu pai, me acha ausente e quando estou presente me acusa de ser mandona. Obviamente sua má criação me tira do sério e acabamos discutindo sempre. Edward tenta se manter neutro entre eu e Nessie, mas ele sempre acaba indo consolá-la ao invés de mim, não o culpo, afinal ela é sua filha também. Meu afilhado nem sabe que sou sua madrinha, graças a Sirius ele evita a minha presença e pensa que eu sou alguém a mando de Voldemort para vigiá-lo. Os alunos da escola simplesmente me evitam depois dos últimos acontecimentos e não entendem como Dumbledore ainda não me expulsou.

Não ligo para o medo deles. É normal que me temam... Depois que eu me revelei uma animaga e ainda matei uma vampira apenas com o olhar...

E agora aqui estou eu. Sozinha. Chorando de saudades de Sophia e Philip, pois eram eles que me consolavam quando algo ruim acontecia no colégio.

Como se minha tristeza não fosse suficiente tudo começou a esfriar e eu me senti ainda mais depressiva do que normalmente. O lago a minha frente congelou. Levantei-me rapidamente sabendo exatamente o que estava por vir.

A nuvem negra de dementadores ainda estava longe, mas eu não poderia permitir que chegasse a Hogwarts.

Sozinha eu corri e aparatei para uma boa distância do castelo para segurar os dementadores. Eu só espero que eu esteja forte o suficiente para mandá-los ao inferno como da última vez.

POV Edward

Simplesmente odiava ver as duas pessoas que eu mais amo nesta vida brigando desse jeito. Eu já estou de saco cheio desta merda.

Sei que Vanessa ficará magoada comigo por ter mandado-a se calar. Mas Bella está certa. Nossa filha ficou muito mimada e precisava de uns puxões de orelha de vez em quando. Mas até então quem fez isso foi minha bruxinha e assim Vanessa fazia o senhor drama dizendo que sua mãe não a amava e blá.blá,blá.

Vanessa estava cega e suas acusações eram infundadas.

Bufei voltando da floresta e indo em direção ao castelo, mas um clarão prateado me chamou a atenção. Agucei minha visão e ofeguei ao ver que era Bella. Puta que pariu!

Ela está lutando sozinha.

Uma nuvem densa de dementadores fazia pressão contra o escudo que minha bruxinha projetava. Exatamente como há 15, porém desta vez eram muito mais e eu não tinha certeza se Bella conseguiria lutar sozinha.

Corri para o castelo e entrei no grande salão onde o jantar ocorria. Procurei pelo bruxo de longa barba branca e o encontrei falando com Sirius perto da mesa dos alunos. Muitos alunos pararam suas conversas quando me viram entrar.

Aproximei-me dos dois bruxos. Sirius fechou a cara para mim como uma criança birrenta. O ignorei.

– Está acontecendo a mesma coisa que há 15 anos. - avisei no tom mais baixo possível para que somente os dois ouvissem, mas acho que os garotos que estavam à mesa também escutaram.

Entre eles Harry e seus melhores amigos.

Dumbledore me olhou entendo a seriedade, mas mantendo a calma perguntou.

– Muito aconteceu há 15 anos, o que exatamente está havendo?

– Dementadores.

Sirius deu um passo para trás, seus olhos arregalando de medo.

– Mas desta vez são mais. - continuei. - Não sei se ela irá conseguir segurá-los sozinha.

– Monitores! Levem seus alunos para os seus dormitórios! Nenhum aluno tem permissão para sair até que eu o diga! - ordenou o diretor e então chamou os professores com um aceno.

Dumbledore virou-se para mim.

– Sei que é difícil para você, mas poderia ficar aqui? - perguntou.

– Desculpe, mas não aguento mais um momento longe de Bella.

Eu realmente não aguentava, esses poucos minutos estavam me matando sem saber se ela estava ou não bem.

– Alice, Jasper e Emmett ficarão na porta de cada uma das casas. E Rose está dentro de outra, não precisam de mim aqui. - argumentei sobre os ombros e corri.

Se o mesmo acontecesse, Bella ficaria fraca de mais podendo até mesmo morr... Novamente, porém desta vez não acredito que exista volta.

Acho que nunca corri tão rápido em minha vida. Meus pés empurravam o chão com uma força desnecessária, porém não parei. Olhando para o céu percebi que a densa camada de dementadores era quase nula, isso quer dizer que Bella está ganhando, certo?

Aquela sensação de desespero só aumentava a medida que eu me aproximava.

Foi então que o gelo em meu peito me paralisou por um segundo.

Bella tinha o corpo curvado em direção ao dementador que pairava a cima de sua cabeça. Percebi que sua varinha estava no chão. Seu rosto não expressava dor e seus olhos não demonstravam vida.

A fúria apoderou-se do meu corpo e eu rugi pulando naquele ser que estava prestes a matar minha noiva.

Ele se afastou com o meu ataque. Segurei Bella com um braço enquanto arreganhava meus dentes para a criatura. E antes que eu pudesse fazer qualquer coisa uma forte luz o atingiu mandando-o para longe.

Olhei rapidamente para todos os lados procurando por mais algum perigo. Meus extintos estavam todos ligados no máximo me fazendo rosnar para os bruxos que ali apareceram.

- Leve-a para o castelo Edward. – a voz de Dumbledore me trouxe um pouco de racionalidade.

Voltei meu olhar para Bella que tinha feridas por todo seu rosto e braços. Ela estava desmaiada e fria demais, se não fosse o leve bater de seu coração eu poderia dizer que não mais havia vida.

Passei um braço por baixo de seus joelhos e a levei para o calor das paredes de Hogwarts.

Senti um nó formando em minha garganta enquanto observava minha bruxinha. Algo me dizia que as coisas não estariam bem quando ela acordasse. Meus passos eram lentos enquanto eu a levava pelos corredores, ao chegar perto dos dormitórios escutei a briga dos monitores com os alunos para que eles ficassem dentro de suas “casas”, porém tudo ficou em silêncio quando me avistaram com Bella desmaiada em meus braços.

- O que aconteceu? – Sirius parecia realmente assustado com o estado de minha bruxinha, mas eu não liguei.

Olhei-o friamente.

- O que você acha que aconteceu? – minha voz estava extremamente rouca e meus olhos queimavam em lágrimas que não caíram.

Seu rosto ficou mais branco do que o normal e sua mente gritou me perguntando se ela estava viva. A culpa lhe corroeu ao lembrar-se da briga que tiveram mais cedo. Porém antes que eu pudesse responder sua pergunta Nessie me chamou.

- Papai? – sua voz estava trêmula e ela já me olhava com lágrimas nos olhos ao lado de Rose.

- Não se preocupe... Ela ficará bem. – suspirei.

- Porque seu coração bate desta maneira? – perguntou minha filha engolindo em seco.

- Ela só está fraca Nessie... Edward leve logo sua noiva para a enfermaria, vão cuidar dela. – eu assenti as palavras de Rose.

Comecei meus passos lentos para a enfermaria, porém as palavras de Sirius me chamaram a atenção.

- Porque ela insiste em lutar sozinha?

- Ela não teve escolha Sirius. – respondi friamente e o olhei sobre meus ombros. – E talvez ela não tivesse sofrido tanto se as pessoas que ela mais ama não tivessem pisado em seu coração.

O silêncio se fez presente entre todos e um clima pesado se apoderou do ambiente. Senhor Nicolas se aproximou de mim.

- Ela é forte Edward, logo está de pé mandando todo mundo para lugares feios.

- Assim espero meu amigo. – sussurrei querendo que seu otimismo me atingisse.

[...]

POV Bella

Abri meus olhos e logo a claridade me cegou. Pisquei tentando me acostumar. Não demorou para eu encontrar um par de olhos dourados me fitando com um sentimento que não consegui identificar.

Eu sabia que tinha que retribuir aquele olhar, mas eu simplesmente não sabia como o fazer.

- Finalmente! – exclamou Edward me abraçando. – Não aguentava mais esperá-la abrir seus olhos. – disse ele com a voz rouca.

Retribui o abraço, porém não o sentimento. Meu coração parecia vazio e por mais que eu olhasse para meu noivo eu não conseguia lembrar como eu me apaixonei por ele. Nem se quer lembrava-me o porquê de estar com ele. Tudo em minha mente parecia borrado de mais, como se eu nunca tivesse enxergado realmente bem.

- Bella? – perguntou hesitante se afastando para fitar meu rosto.

Seus olhos me mostraram dor. Mas nada fiz para impedi-la de aparecer neles.

- Minha bruxinha, qual é o problema? O que há? – perguntou com carinho, mas tudo o que fiz foi virar um pouco a minha cabeça tentando lembrar de algum momento em minha vida que fui feliz ao lado de Edward.

Eu sabia que existiam momentos, mas eles simplesmente não vieram a minha mente.

- Por Dio Bella! Fale alguma coisa! Está me preocupando.

Abri minha boca para responder alguma coisa, mas simplesmente não sabia o que dizer. Sentia como metade da minha vida estivesse apagada.

Virei meu rosto e olhei pela janela. Não queria encarar o rosto do vampiro. Fechei meus olhos tentando achar em minha mente algo concreto, porém tudo o que achei foram episódios de dor, tristeza, desespero, sofrimento, culpa...

Senti as lágrimas banhando meu rosto quando lembrei do ultimo dia em que vi meus pais... O dia de suas mortes. E de repente percebi que eu não conseguia me lembrar de nada feliz ao lado deles.

A compreensão se apoderou do meu ser. Os dementadores tinham as levado. Me levaram todas as lembranças felizes que um dia cheguei a ter. E agora eu não mais sabia o que era uma lembrança feliz.


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Notas finais do capítulo

Pois é meu povo o negócio ficou tenso para o lado da Bella... Próximo cap teremos Tom-tom aparecendo no castelo ;)
Gente! Para quem ainda não deu pelo menos uma olhadinha no meu blog vai lá! mahfics.blogspot.com