Capítulo XXXI – Aniversários

POV Edward

O colégio estava uma bagunça, os professores tinham dificuldades para fazer os alunos ficarem quietos. Ninguém conseguia se concentrar depois dos últimos acontecimentos. Nossos amigos nos contaram que depois que nós corremos para fora do ginásio a cobra no paredão sumiu diante dos olhos de todos. Alguns alunos filmaram com seus celulares e até a imprensa esteve lá.

Eu e meus irmãos faltamos aulas segunda feira para decidirmos o que faríamos se essa guerra chegasse a nós, o que com certeza chegaria. Deixei bem claro que eu iria lutar, que protegeria Bella a todo o custo... Bem, minha família já sabia disso e concordaram comigo. Não iríamos fugir, nós lutaríamos.

Minha bruxinha faltou à semana inteira. Alice nos contou que ela estava triste, mas não chorava, ela apenas ficava quieta em seu canto sofrendo em silêncio. Eu quis ir até lá para cuidar dela, mas minha irmã me convenceu de que minha ex precisava desse tempo para pensar e que isso seria crucial para um futuro próximo.

No colégio, professores, alunos, amigos ou não perguntavam para nós onde estava Bella. Muitos haviam escutado eu e Sirius conversando.

“Sirius? Quem quer matá-la?”

“É mais fácil você perguntar quem não quer matá-la! Você mais do que ninguém sabe como Bella é quando quer criar antipatia... Com seu jeitinho carinhoso e nem um pouco sarcástico você acha que ela tem poucos inimigos?”

Alguns acreditavam que ela tinha fugido outros que havia morrido. Bella tornara-se o maior mistério do lugar. Mas foi na sexta feira que todos calaram a boca.

Ela apareceu para assistir aula. Ficou a maior parte do tempo em silêncio, acompanhava as conversas e sorria levemente, mas eu via em seus olhos como ela estava triste.

A morte de seus melhores amigos a abateu de mais, ainda mais da forma que foi. Algo havia mudado dentro dela. Minha bruxinha nem se quer me deu patada, muito pelo contrário me tratou normalmente como se eu fosse um velho amigo. Foi doce comigo como há muito tempo não era.

Obviamente todos notaram sua mudança e se corroíam de curiosidade para saber o que tinha por trás disso. Mal sabem que era uma tragédia.

Os dias foram passando, estávamos na metade de outubro.

POV Bella

A aula era de inglês, o professor estava empolgado com o projeto de final de ano. As turmas se dividiram em grupos e cada grupo faria uma apresentação em inglês. Podia ser uma peça de teatro, uma obra de arte, uma música... O evento seria aberto para a cidade e teríamos muitas brincadeiras e apresentações.

Com certeza iria lotar, afinal de contas o colégio ficou famoso depois de aparecer na TV por causa da cobra maligna, era como os alunos chamavam a marca negra. A imprensa já havia se programado para aparecer, tinham certeza que conseguiriam um furo de reportagem.

Eu não duvidava disso.

Meu grupo seria responsável pela decoração do palco. Edward não estava em meu grupo, ele estava no grupo dos garotos músicos, parece que eles cantariam algo no evento.

O professor apoiando a idéia resolveu fazer um trabalho com a sala.

- Já que vocês trouxeram um violão vamos fazer o seguinte... Quero que todos tentem escrever uma música, pode ser apenas um parágrafo, depois tentaremos colocá-la em uma melodia... Tem que ser em inglês viu!

Todos pegaram seus cadernos. Eu não tinha nem idéia do que escrever. Se eu fosse passar para a escrita o que eu sentia acho que metade da sala se acabaria em lágrimas.

O professor começou a andar entre as mesas e ver como estava indo o trabalho.

- Oh! Mas você já tem uma música pronta? E até está com partitura, não sabia que compunha músicas! – olhei para a direção da voz do professor e constatei Edward com a boca levemente aberta e com as mãos esticadas para o caderno que o professor segurava. – Ei garotos, o que acham de tocar essa música? – perguntou.

- Não, não! – disse meu ex de olhos esbugalhados.

- Não se sinta envergonhado... – retrucou o professor levando o caderno até o garoto que trouxera o violão.

- Você não quer cantar Edward? Você tem uma voz linda. – disse uma garota de forma melosa.

Revirei meus olhos.

- Não é essa questão, mas não acho boa idéia cantar essa música. – disse Edward nervosamente.

Se ele fosse humano ele estaria suando frio. O que era muito estranho. Ele nunca teve vergonha de suas composições, muito menos de cantar.

Franzi minha testa.

O professor não ligou para os protestos do vampiro e mandou que o garoto tocasse e cantasse a música. Com a partitura e a letra ele pode fazê-lo sem preocupações.

Mas o que me surpreendeu foi que aquela música era para mim, eu não tinha dúvidas disso e não pude evitar que meus olhos queimassem com a vontade de chorar.

http://www.youtube.com/watch?v=LdaqQcbZrfM&feature=related [Heartless – The Fray][N/a: Sugestão da Ray ;)]

Olhei para Edward e ele me olhava com dor como se pedisse desculpas. Fechei meus olhos deixando uma lágrima solitária escorrer e então a limpei rudemente com a manga do meu casaco depois desviei meu olhar.

Ele estava certo, eu não era nada mais além do que uma mulher sem coração.

POV Edward

Poucos na sala entenderam a letra já que era em inglês, mas esses poucos estavam com feições assustadas e admiradas. Eu queria me matar por estar folheando algumas letras antigas em meu caderno e ter deixado o professor pegar justamente essa. A música que compus quando parecia que Bella queria me atirar pedras na cabeça. Mas depois desses 3 meses muita coisa mudou e eu não a considero mais desta forma.

Para ajudar o professor começou a traduzir a letra em voz alta para toda a sala e obviamente todos olharam para Bella que fitou o professor. Seus olhos vermelhos de choro. Meu coração se quebrou ao vê-la daquela forma.

- Posso ir ao banheiro professor? – perguntou ela com a voz esganiçada e o professor assentiu assustado.

Senti meu corpo murchar.

- Era por isso que eu não queria que cantassem. – murmurei.

Obviamente que ela entenderia a música, Bella conhece mais idiomas do que se pode imaginar. Até fala a língua das cobras, por que não entenderia uma simples música em inglês! Argh! Por que tudo sempre dá errado?

- Maninho você marca de mais! – disse Alice sorridente.

Olhei entediado para ela.

- Vá se ferrar Alice! – ela riu me ignorando.

- Devia compor uma música para pedir desculpas e não para acusá-la de ser fria. – comentou e eu revirei meus olhos.

Alice parecia sentir prazer em expor minha vida amorosa aos quatro ventos.

O professor me devolveu o caderno com cara de quem havia feito merda. Pois é, ele percebeu o que tinha feito.

Assim que bateu o sinal sai correndo atrás dela, mas parei de repente já que ela estava encostada na parede ao lado da porta.

- Bella aquela música... – comecei a falar afobado, mas ela me cortou.

- Tudo bem Edward, relaxe. – disse de modo suave e então voltou para a sala.

Fiquei ali parado, sem reação... Tudo bem que eu não queria que Bella brigasse comigo, ou fosse estúpida como ela vem sendo... Mas essa mudança repentina está me assustando!

[...]

POV Bella

Os dias estavam passando sem eu perceber. Alice lembrou-me ontem que daqui a cinco dias é meu aniversário... É muito irônico eu nascer justo no dia das bruxas... Mas o que eu posso fazer não é mesmo? Lembro-me que quando eu ainda estudava em Hogwarts no dia das bruxas tinha uma super festa e quando estávamos no meio do banquete com todos os alunos sentados a mesa, Philip e Sophia subiam na mesa e puxavam o coro do parabéns. Lembro-me que ficava vermelha de vergonha e me escondia debaixo da mesa depois quando os ânimos se acalmavam eu brigava com eles por terem me feito pagar o maior mico da minha vida, depois riamos feito idiotas e no ano seguinte eles faziam a mesma coisa.

E quando eu comecei a dar aulas então... Hun, pensei que tinha me livrado desses micos, mas eles me fizeram uma surpresa aparecendo na escola e fazendo a maior zorra.

Sorri com minhas lembranças e funguei. Meus melhores amigos... Meus irmãos...

Engoli meu choro e segui para o colégio.

Hoje somente Edward, Rose e Emm tinham vindo para o colégio. Meu ex estava estranho. Ele andou sozinho de todos, ficava horas olhando para o nada e eu podia ver no fundo de seus olhos que ele estava triste, mas uma tristeza que eu conhecia muito bem.

No intervalo eu e meus amigos ficamos com Emm e Rose. Edward se isolou em um canto da área gramada.

- Qual é o problema com ele? – perguntou Drica.

- Hoje é aniversário de morte dos pais de Edward e de Alice. – explicou Rose.

- Todo ano Alice chora sem parar, ela ainda se culpa pela morte dos pais, já que foi ela quem abriu a porta da casa para o assassino... Por isso ela faltou hoje e Jazz ficou com ela para tentar confortá-la... Edward já é diferente... Ele não chora, ele guarda tudo dentro dele e se isola do mundo exatamente como Bella faz. – fiz uma careta com a comparação – Acho que ele quer parecer forte, mas é inútil já que ele sofre tanto quanto a baixinha. – contou Emm. – Mas esse ano ele está diferente.

- Diferente como? – perguntou Caio.

- Bom... Digamos que meu mano faz mais o estilo revoltado... Então é muito fácil vê-lo com muita raiva nessa data, talvez por esse motivo ele se isole, para não agredir ninguém que não tenha culpa... Mas esse ano eu não o vejo com raiva... Ele parece confuso... Talvez seja por que ele saiba que James está morto e não tem mais alguém para procurar para se vingar ou fazer justiça.

- James... Não é aquele cara que esteve aqui no colégio? O de olhos vermelhos e muito estranho? Que ameaçou a Bella de morte? – perguntou Patri com cara de pensativa.

- Difícil encontrar alguém que não queira me matar. – murmurei olhando na direção de Edward.

- Esse mesmo! – afirmou Rose.

- Ele está morto? – perguntou Caio.

Ops... Acho que eles vão ter que explicar essa história por que eu...

- É... – gaguejou Emm.

Não fiquei para escutar, andei lentamente em direção a Edward.

Ajoelhei-me em sua frente.

Sentindo minha presença ele ergueu a cabeça. Emm estava certo, Edward estava completamente confuso.

- Não deveria guardar tudo dentro de si... Não é nada legal sentir o peso no peito que está sentindo. – disse solidária.

- Olha só quem fala. – revidou desviando o olhar.

- Eu me abri para você. – lembrei em um murmúrio magoado.

O vampiro pareceu surpreso com a entonação de minha voz e me olhou como se me analisasse, como se procurasse encontrar algo dentro dos meus olhos, algo que nem mesmo eu sabia o que era.

Ficamos em silêncio por alguns segundos apenas nos encarando até que ele desviou o olhar. Ele não falaria nada.

- Meus pais também foram assassinados. – comentei perdida em lembranças. – Sempre existiram bruxos das trevas, usando magia negra, uma magia que nem eles conhecem direito e por algum motivo eles estavam atrás de mim. Até hoje não sei o por quê. Eu tinha apenas 17 anos nem havia descoberto que eu não podia envelhecer e já era perseguida... Sabe? Eu não costumava ser como eu sou hoje, eu não era tão metida e nem humilhava ninguém. Hun! Eu costumava ser a menininha doce, a que não via maldade em ninguém. Mas o que aconteceu com meus pais foi algo que ajudou a me transformar no que eu sou hoje... Mamãe não teria nenhum orgulho de mim se me visse caçando... – sorri amargamente.

Suspirei e continuei o meu monólogo.

- Papai me fez prometer que ficaria escondida não importasse o que acontecesse, como boa filha que eu era fiz o que ele mandou. Os bruxos invadiram minha casa. Mamãe e papai começaram a brigar com eles. Eu era o motivo, eles queriam a mim por alguma razão. Então eles começaram a lutar. Os bruxos das trevas estavam em maior número e quando conseguiram, facilmente, dominar meus pais eles começaram a tortura. Eles queriam saber de qualquer forma onde eu estava, mas meus pais se recusavam a falar. Eu estava escondida em baixo da cama e vi exatamente tudo. Em um momento eu resolvi sair dali, implorar que parassem com aquilo. Mas meu pai deitado ao chão e se contorcendo de dor fez negativo com os olhos e eu continuei encolhida em meu lugar.

Engoli em seco e continuei.

- Não se surpreenda por eles não terem saído procurando pelos armários da casa ou em baixo das camas. A verdade é que bruxos são burros, pois se tornam dependentes de mais da magia e esquecem que possuem pernas e braços... Talvez por não usar somente a magia é que eu tenha me dado tão bem como auror, não sei... Depois que eles foram embora eu jurei a mim mesma que iria me vingar. A raiva me consumia por dentro e a doçura que existia antes dentro de mim desapareceu e em seu lugar surgiu à amargura.

Edward olhou para mim. Seus olhos vermelhos de choro. Minha voz estava embargada quando eu continuei.

- Eu cacei todos aqueles envolvidos com a morte de meus pais... Um há um eu os matei. E quando chegou ao ultimo eu me desesperei, pois foi neste momento que eu percebi que de nada adiantou acabar com eles, a minha dor não diminuiu, a minha raiva era a máscara do meu sofrimento. E finalmente percebi que o que eu queria não era vingança, eu queria ressurreição... Eu queria meus pais de volta, eu queria que eles estivessem vivos ali, que apenas me abraçassem e me consolassem dizendo que tudo não passou de um pesadelo.

Solucei alto.

- Mas isso não aconteceu. Era impossível de acontecer. Não importa o que eu fizesse eu não os traria de volta Edward. – controlei meu choro e então sussurrei. - Por que eles se foram, todos eles... E não importa o que tentemos fazer nada pode trazê-los novamente.

http://www.youtube.com/watch?v=sRw9U5r2XRk&feature=fvw [Within Temptation - All I Need]

POV Edward

Não consegui mais segurar e simplesmente enterrei meu rosto nas pernas de Bella. Senti suas mãos acariciarem meus cabelos.

Eu estava tão confuso. Todo ano nesta data eu planejava uma maneira de achar James, eu sempre soube que ele estava vivo e o motivo por ter fingido que eu acreditava em minha família quando diziam que ele estava morto era para não magoá-los.

Mas hoje eu não tinha o que planejar, pois James estava morto finalmente. Pensei que com sua morte eu me sentiria mais leve. Mas ao contrário disso eu me sentia estranho. Eu não sabia o que sentir. Meu peito doía em agonia, em impotência.

- O que você está sentindo é desespero. Passou muito tempo mascarando sua dor com o sentimento de vingança... Agora não consegue mais segurá-la dentro do seu peito. – murmurou Bella solidária.

Ela mais do que ninguém sabia o que eu estava sentindo.

- Mas não prenda, deixe que saia. Não vou mentir para você e dizer que esse sentimento vai diminuir, que essa dor vai sumir... Você ainda vai senti-la por todos os dias de sua vida. Mas com o tempo você aprende a conviver com ela.

POV Bella

Ao longe o sinal tocava mostrando o fim do intervalo. Edward continuava deitado em minhas pernas e nem fez menção de levantar. Bem... Não seria eu a tirá-lo dali.

- Vocês vão para a sala? – sussurrou Patri ao se aproximar.

Fiz negativo com a cabeça e ela assentiu com compaixão antes de seguir seu caminho.

Depois do que aconteceu com meus amigos eu venho pensando. Meu modo de ser não está certo. Com minha arrogância eu afasto todos os que amo. E vai chegar um momento que ficarei sozinha, esse é o meu destino e não há quem possa me tirar deste caminho. Por este motivo tenho feito ao máximo para não brigar com aqueles que eu amo, mesmo que o que eles façam me deixem com vontade de estourar.

Preciso parar de ser tão egoísta e pensar nos sentimentos dos outros antes de abrir minha bocona!

Edward levantou de minhas pernas e me olhou perdido.

- Fica comigo hoje? Não precisamos conversar... Eu só quero...

- Uma companhia. – completei sorrindo levemente e ele assentiu. – Tudo bem...

Fomos para a minha casa em silêncio, um silêncio bom, cada um perdido em seus pensamentos. A única palavra que trocamos foi quando estávamos pulando o muro do colégio, ou melhor, Edward pulando comigo no colo. Novamente ele pediu para que eu fechasse meus olhos e eu o fiz sem duvidar ou sentir medo.

POV Edward

Bella me surpreendeu quando disse para eu dirigir para a sua casa. Estacionei na frente do prédio e nós entramos de mãos dadas tranquilamente. O porteiro sorriu para nós.

“Ae garoto! Conseguiu ser perdoado!”

Minha bruxinha convidou-me novamente para entrar em sua casa e se eu não visse em seus olhos que ela estava sendo sincera, seja lá o porquê disso, eu desconfiaria dessa sua súbita mudança.

Fomos até seu quarto. Bella jogou seu tênis longe e se pendurou em seu armário para pegar um cobertor. Em quanto isso eu tirava meus calçados com certa lentidão. Eu ainda me sentia atônito. Não pude evitar notar o ursinho de pelúcia que estava sobre a sua cama, o mesmo que eu dera a ela quando fomos ao parque de diversões.

- Bella? – chamei e ela me olhou curiosa. – Porque está tão diferente nesses últimos dias? Sei que o que aconteceu te abalou, mas... Você não é assim.

- Talvez eu tenha cansado de minha própria personalidade, talvez tenha percebido que não é legal ser tão arrogante ou metida. – respondeu com um sorrisinho brincalhão nos lábios.

Pulou do armário para o chão e então jogou a coberta em sua cama. Olhei descrente e então revirei os olhos. Ela riu.

- Não acredita em mim? – perguntou divertida.

Não me dei ao trabalho de responder, apenas ergui uma sobrancelha. Ela sorriu mais abertamente.

- Ok, você me pegou... – revirou os olhos ainda sorrindo, mas agora ele não era mais verdadeiro e seus olhos demonstravam tristeza. – Existem fatos que acontecem em nossa vida que nos faz perceber que certas coisas não dependem de nós, que por mais que queiramos mudar certas atitudes só depende daquele ser querer, não posso simplesmente enfiar na cabeça de alguém o que eu penso e nem posso fazer com que esse alguém aja de acordo com o que eu quero.

- Não estou entendendo nada do que você está dizendo. – murmurei sentando na cama.

Bella suspirou.

POV Bella

Talvez quando você entenda seja tarde de mais...

- O que eu quero dizer é que cansei de dar murro em ponta de faca... Agora eu vou simplesmente deixar... Rolar. – dei de ombros e me sentei na cama. – Talvez seja melhor eu mudar algumas de minhas atitudes.

Edward ficou me olhando ainda confuso.

http://www.youtube.com/watch?v=JDzKEvV5G9E [Não precisa mudar – Ivete e Saulo]

Suspirei mais uma vez e deitei em minha cama, enrolei minhas pernas no cobertor e liguei a TV baixinho. O vampiro olhou para mim e sorriu de uma maneira estranha.

- O que foi? – perguntei sentindo minhas bochechas corarem... Nus, já nem sei quando foi a ultima vez que corei envergonhada.

- Nada. – disse ele sorrindo e fazendo negativo com a cabeça.

Edward deitou ao meu lado sem se cobrir. Ele não olhava para a TV, ele olhava para mim. Voltei meu olhar e o fitei. Seus olhos pareciam enxergar minha alma e eu me senti incomodada com aquilo.

- Você não precisa mudar. – murmurou ele. – Você possui péssimos defeitos, mas eles também são ótimas qualidades.

Ergui uma sobrancelha e ele revirou os olhos.

- Você é arrogante e metida esses são seus piores defeitos, porém você é segura e destemida o que são suas maiores qualidades, mas dependendo do ponto de vista são a mesma coisa. – explicou-me e eu dei de ombros bocejando.

- Talvez... – murmurei me abraçando ainda mais no ursinho e fechando meus olhos.

- Bella? – chamou ele em um sussurro.

- Hum? – perguntei sem abrir os olhos.

- Obrigado, por hoje... Por tudo.

- De nada. – respondi sonolenta e ele riu baixinho.

A inconsciência me chamava. Senti uma movimentação na cama e me aconcheguei nos braços de meu ex-namorado-vampiro, sem me preocupar com mais nada.

[...]

Acordei com uma batida a minha porta. Abri meus olhos lentamente para me acostumar com a claridade. Olhei em direção a porta e vi Alice, Jasper, Drica e Patri. Eles sorriam levemente. Bocejei e tentei me levantar, mas tinha um braço me prendendo.

Tentei ergue-lo, mas o aperto se intensificou e eu fui puxada ainda mais para perto de Edward. A única coisa que nos “separava” era meu urso de pelúcia.

- Er, socorro? – pedi olhando para a porta e eles prenderam o riso.

Eu podia me virar e berrar para meu ex-namorado me soltar, mas não tive coragem de acordá-lo. Eu podia ver em seu rosto que ele ainda sofria.

Jazz veio em meu auxilio e ergueu o braço de Edward. Escorreguei para fora da  cama e meu ex-cunhado soltou o irmão que instintivamente abraçou o urso de pelúcia. Apertei meus lábios para não rir alto, se Emmett visse essa cena iria gargalhar muito alto.

Saímos do quarto e fomos em direção a sala. Minhas amigas tinham olhares curiosos sobre mim, o que fiz questão de ignorar.

- Como ele está? – perguntou Alice baixinho.

- Na mesma... Acredite Lice, eu sei o que ele ta sentindo e apesar de tudo o que passamos eu nunca desejei que ele sentisse isso... – murmurei.

- Eu sei...

- E você como está? – perguntei fitando seus olhos tristes.

- Não tão mal quanto meu irmão... – disse triste e depois ergueu a cabeça rapidamente e sorriu. – Mas amanhã já estaremos bem!

Sorri para ela.

As garotas tinham vindo aqui para nós decidirmos os materiais que precisaríamos comprar para a decoração do palco. Jasper sorria sentado no sofá ao ver sua fadinha mais alegrinha.

- Então é isso... Ah! – finalizou Alice o assunto do palco e então começou a bater palminhas feito doida. – E a sua festa de aniversário Bella?! Onde você quer que seja?!

- Er, Lice... Sei que você estava empolgada com isso... Mas não acho uma boa idéia... – murmurei olhando minhas mãos, não seria nada legal comemorar meu aniversário sem a presença de meus melhores amigos.

- Mas...

- Lice. – chamou Jasper a repreendendo e eu a vi pela primeira vez resignada.

- Ok... Mas ano que vem você não me escapa! – concluiu e eu revirei meus olhos.

POV Edward

Acordei com gargalhadas, espreguicei-me lentamente e sorri ao lembrar que estava no quarto de Bella. Em minha mão estava um ursinho de pelúcia. Sorri mais largo ainda ao lembrar que minha bruxinha dormia abraçada a ele. Deixei-o em cima da cama e me levantei.

Iria até a cozinha ao que parece. As garotas riam feito doidas, me senti melhor quando ouvi a risada de minha irmã, sinal de que ela está melhor. Antes que eu seguisse meus pensamentos eu vi algo que me chamou atenção.

Não sei por que aquele livro em seu bidê me fez ir até ele e abri-lo, mas eu tive uma grande surpresa quando encontrei uma rosa vermelha dentro. Ela estava seca e fez minha mente viajar até o dia em que dei a Bella essa rosa. Nesse dia eu estava tão nervoso que ela não me aceitasse por eu ser um vampiro que em minha mente insana eu só queria que ela tivesse uma lembrança minha, uma lembrança física, caso ela não me aceitasse.

Aquela tarde foi a primeira das muitas tardes perfeitas que tivemos.

[...]

POV Bella

Cheguei cedo ao colégio. Hoje nós não teríamos aula nenhuma já que pelo dia inteiro iríamos confeccionar os enfeites para o palco, os garotos ajeitariam o som, ensaiariam um pouco... Cada grupo se organizaria hoje. A apresentação seria em na metade de novembro e equivaleria a nota final de todos os alunos.

O salão estava vazio. Andei com tranqüilidade até o palco e coloquei minha bolsa sobre ele. Suspirei lembrando-me de hoje cedinho quando Sirius me acordou com um super café da manhã me desejando feliz aniversário. Sorri para ele, mas meus olhos transmitiram tristeza eu andava muito aflita nos últimos dias todos imaginavam que era pela morte de meus amigos, mas tinha mais coisas além disso. Percebendo minha angustia, o bruxo se emocionou ao me perguntar se podia me chamar de mãe, pois apesar de minhas loucuras ele sempre me considerou como tal, mas nunca soube se eu me aborreceria com isso ou não.

Com lágrimas nos olhos eu o abracei como nunca antes transmitindo todo o meu amor por ele, um abraço contendo muito mais que emoção, contendo uma despedida. E disse com a voz embargada que ele poderia me chamar de mãe quando quisesse, pois eu me sentiria a mulher mais feliz do mundo.

Fechei meus olhos ao senti-los arder, então os abri e me deparei com uma rosa vermelha. Senti meus olhos enxerem d’água novamente.

POV Edward

Entrei no salão, apenas Bella estava lá, em pé encostada no palco e de costas para mim. Aproximei-me lentamente com a rosa em minha mão. Minha bruxinha estava distraída sem se mexer.

- Buon compleanno[feliz aniversário] – disse baixo estendendo a rosa ao lado de seu rosto.

Ela olhou para a flor surpresa, e então seus olhos encheram d’água.

- Eu só queria que as coisas fossem como naquele dia. – murmurei fitando seu rosto, ela suspirou e pegou a rosa.

Finalmente olhando em meus olhos murmurou.

- Eu também. – nesse momento meu coração se encheu de esperanças e eu me aproximei, sentia o desespero tingir meu rosto, um desespero para ter Bella novamente logo.

- As coisas podem voltar a ser o que eram Bella, isso só depende de você. – disse rapidamente deixando meu estado emocional interferir em minha voz.

Minha bruxinha sorriu fraco e se aproximou ainda mais de mim, nossos corpos quase se encostando e em momento nenhum ela deixou de fitar meus olhos. Sua mão direita subiu até meu rosto e repousou em minha bochecha.

- As coisas nunca voltaram a ser como eram Edward. – sua voz era calma e suave, mas isso não evitou a dor que me causou.

POV Bella

Sua expressão desmoronou se tornando uma dor aparente ainda maior. Senti minha garganta fechar, mas eu precisava acabar com isso antes que seja tarde de mais e eu não tenha mais tempo.

POV Edward

Fechei meus olhos para segurar minhas lágrimas.

- Edward, por favor, olhe para mim. – pediu, sua mão ainda em meu rosto, mas agora seu dedão fazia movimentos circulares delicados em minha face.

Fiz o que ela mandou, senti meus olhos acumularem mais lágrimas assim que fitei os olhos chocolate de Bella, eles estavam cheios de compaixão e brilhavam devido à umidade. Quando ela começou a falar sua voz era cheia de emoção e sinceridade.

- Eu te amo Edward... Amo de uma maneira absurda... Amo de uma maneira errada, pois te amo mais do que a mim mesma e isso é errado. Nunca podemos amar outro mais do que a nós mesmos, pois quando isso acontece nós sofremos, nos machucamos e é isso que está acontecendo... Você não tem idéia de como quero voltar contigo, voltar a ficar ao seu lado... Mas eu não posso Edward, não depois do que aconteceu... Eu não confio mais em você e não existe relacionamento que resista a desconfiança... Um relacionamento assim não é saudável, ele é cheio de brigas e intrigas e isso apenas nos feri mais e mais... É um relacionamento sem futuro, com a certeza de um fim doloroso... Eu não quero sofrer mais, não quero ficar com alguém com o qual não posso confiar... Que não posso acreditar... Por favor, entenda isso.

As lágrimas já escorriam por nossas faces. Bella se aproximou de meu rosto e ficou na ponta dos pés para tocar meus lábios. Fechei meus olhos sentido o calor de sua boca contra a minha, não ouve movimento, apenas um encostar rápido de apenas alguns segundos. E a dor me rasgava por dentro.

Ela desencostou, mas eu mantive meus olhos fechados, tentando reprimir toda aquela dor que estava prestes a explodir meu peito. Limpei rapidamente minhas bochechas com a manga da camisa.

POV Bella

Meu rosto estava molhado, mas não me atrevi a me mexer para secar minhas lágrimas.

- Então por que vem me tratando bem nesses últimos dias? Porque cuidou de mim? Nunca tive tantas esperanças como nos últimos dias Bella, eu realmente achei que você estava cedendo. – disse ele com dor.

Meu rosto entortou com a culpa.

- Me desculpe se te dei falsas esperanças Edward. – murmurei. – Mas, por favor, chega disso... Será que não percebe que nossos corações apenas sangram com nossas atitudes impensadas?

- Não se desiste de uma paixão Bella. Não vou desistir de você. – disse ele sério.

Não consegui identificar o sentimento em seus olhos, mas suas palavras me desesperaram. Levei minhas mãos ao rosto e implorei entre soluços.

- Prego Edward! Non fa questo! Desidero che è felice, ma mi non otterrò questo con, prego, io lo dò in su! Libera il mio cuore di questa catena di dolore che lo arresta in questo labirinto dei sufferings! Va per provarlo per essere felice lontano da voi! Per favore!  [Por favor Edward! Não faça isso! Eu quero que seja feliz, mas não conseguirá isso comigo, por favor, desista de mim! Liberta meu coração dessa corrente de dor que me prende nesse labirinto de sofrimentos! Deixe-me tentar ser feliz longe de você! Por favor!]

Senti braços frios envolverem meu corpo e me puxarem para perto. Eu não agüentava mais tanta dor, então simplesmente chorei em seu peito.