Sala Vazia escrita por Jade Amorim


Capítulo 8
Especulação




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Sala vazia.

Capítulo 7.

Tomei o documento em mãos e passei a ler cada linha atentamente. O balancete que pedira não era completo, apenas a entrada e saída de cada mês decorrente do ultimo ano.

De acordo com ele a empresa estava fechando no vermelho há meses, mas o que Naruto me passara era exatamente o contrário. Nunca tínhamos produzido tanto quanto no decorrer deste ano.

Chamei Kurenai pelo interfone, e esperei que adentrasse na sala.

- Algum problema?

- Sim, e dos grandes – respondi, passando as mãos nervosamente pelos cabelos. – De acordo com o balancete a empresa está endividada até o pescoço.

Pude ver a morena arquear a sobrancelha e entrar a passos rápidos até ficar ao meu lado. Colocou um dos longos dedos no documento, lendo rapidamente todo seu conteúdo. Balançava a cabeça negativamente.

- Isso não está certo, supervisionei o trabalho de Naruto atentamente, ele fez tudo muito bem. Claro que não tínhamos acesso a este documento, já que apenas você pode solicitá-lo, mas em momento algum fomos alertados de déficit no capital por Orochimaru.

- Acha que podem ter errado nos cálculos? – Perguntei, esperançoso.

- Não, duvido muito. Essas empresas não são de cometer erros, Kakashi. Mas... – mordeu o lábio inferior, nervosa. – Orochimaru apareceu esses dias com um carro importado caro demais para o salário dele. Não quero levantar suspeitas, nem nada, mas estranhei.

Olhei-a em pé ao meu lado e me recostei na poltrona enquanto assimilava suas suspeitas. Era uma possibilidade, pois por mais que parecesse improvável, Orochimaru nunca foi do tipo que se confia cegamente. Principalmente com aquela cara de cobra asmática, como diria Naruto.

Contudo, não podia sair por aí acusando e enquanto relia cada linha atentamente falei para Kurenai de forma quase automática:

- Ligue para Naruto e para o advogado, chame-os aqui agora. E também mandem fazer outro balancete, desta vez minucioso.

Kurenai assentiu e saiu da sala a passos rápidos, voltando logo em seguida, colocando a cabeça no vão da porta.

- Isso significa também cancelar a reunião?

- Exatamente.

Enquanto esperava por Naruto e o advogado, levantei-me e sorvi um pouco mais de whisky. Que se danassem as convenções! A bebida forte certamente acalmaria meus nervos.

Como chegamos a tal ponto? Exasperei-me. Se não tivesse agido feito um rato acuado, tivesse me trancafiado em casa tal qual um covarde, nada disso certamente teria acontecido.

Orochimaru... Orochimaru... Não acreditava ser possível a traição, ele trabalhava comigo a quase uma década e possuía regalias demais para cometer certas atrocidades. Contudo, quem há de entender a mente doentia de certas pessoas?

Foi tendo esse pensamento que ouvi uma batida na porta e a cabeça do dito  cujo aparecer pela fresta. Observei aquele rosto afilado e olhos amarelados e contive uma careta, o homem parecia prestes a entrar em decomposição.

- Entre, iria mesmo pedir para te chamar. – Falei, voltando para minha mesa com meu devido copo de whisky em mãos.

- Chefinho! – ele começou, com sua vozinha fina e falsamente bajuladora. Estreitei os olhos. – Kurenai não estava na mesa dela e por isso fui entrando.

- Não se preocupe por isso, pedi para que ela fizesse algumas coisas para mim.

Ele abanou a mão como se dissesse que aquilo era insignificante. Talvez tenha passado tempo o suficiente longe para me esquecer de como ele era bajulador e, analisando bem, falso.

- Fiquei sabendo que estava de volta e mal pude acreditar! Fiz questão de vir pessoalmente ver como estava. – Ele sorriu, levantando uma garrafa de whisky importada. – Trouxe de presente para você, Kakashi. – direcionou os olhos para a mesa onde ficavam as bebidas e soltou uma risadinha. – creio que a sua já esteja acabando.

Depois das suspeitas levantadas, ponderei, é comum ficar procurando indícios de culpa na pessoa, contudo aquilo estava sendo um pouco demais para uma mente que fica procurando chifre em cabeça de cavalo. Falso, falso, falso.

Soltei um suspiro resignado e abaixei os olhos para o documento que continuava na minha mesa. Sabia não ser o mais indicado a se fazer num numa investigação, mas não pude conter-me e acabei por entregar a folha ao homem sentado do outro lado da minha mesa.

- Pode me explicar isso?

Vi o sorriso que antes adornava seu rosto diminuir até se tornar uma linha rígida, enquanto passava os olhos pelo documento.

- Quando pediu isso?

- Assim que voltei, e fiquei surpreso, você não avisou ninguém deste déficit.

O homem de  longos cabelos negros levantou os lábios denotando escárnio. Sacudiu a cabeça negativamente e me devolveu o documento.

- Não há déficit nenhum, esta empresa de merda que você contratou que não fez o serviço direito. Aliás, sou eu quem cuida do financeiro, devia ter pedido a mim, senhor Hatake.

Senhor Hatake. Retribuí o sorriso com mais veneno que ele. Raras eram as vezes em que Orochimaru me tratava com tanta formalidade e, geralmente, era quando ele tentava me convencer de algo, mas mesmo assim, jamais trancados em uma sala.

Agora era quase como se tivesse escrito culpado na testa dele em luzes de neon piscantes. Peguei o documento e o guardei com cuidado.

- É a mesma empresa de sempre que fez o balancete, mas não se preocupe que já mandei Kurenai requisitar um outro. – Orochimaru estreitou os olhos.

- Deixe que faço isso, patrão. É o meu serviço, afinal de contas.

- Não precisa se preocupar com nada, fiquei muito tempo longe deste lugar e gostaria de dedilhar cada acontecimento. Agora, pode se retirar, tenho muito trabalho à fazer e creio que esteja na mesma situação.

Os olhos deles se estreitaram e os lábios ficaram mais finos, mostrando o nítido desagrado de ser dispensado das próprias funções. Estava abrindo a porta quando o chamei novamente e ele se virou, indagador.

- Obrigado pela garrafa, será de grande serventia.

Orochimaru sorriu quase maldosamente e se retirou.

- Ei, Kakashi, o que aquela cobra peçonhenta veio fazer aqui de novo? – Perguntou Naruto já entrando na sala como se fosse a sua própria. Atrás de si estava Shikamaru, o advogado da família.

- Orochimaru veio me visitar para afirmar que está muito feliz com a minha volta. – Soltei um sorrisinho petulante. – E para me deixar um presente, um bom e velho Ballantine’s¹.

- Paga pau filho-da-mãe... – resmungou o loiro. – Quando eu estava sentado aí não ganhava nem um cafezinho.

Shikamaru soltou um “problemático” e sentou-se numa das cadeiras em frente a minha mesa. Naruto repetiu o gesto num grande suspiro.

- Qual o problema?

Em silêncio repassei-lhe os documentos, ambos passaram os olhos para em poucos minutos o mesmo voltar para minhas mãos.

- Isso está errado! – protestou o loiro.

Olhei para sua expressão indignada e confusa, obviamente perguntava-se onde tinha se enganado.

- Tenho a impressão de que não esteja. Mas não creio que a situação seja essa por má administração e sim por desvio de dinheiro.

- Interessante. – Pronunciou-se Shikamaru, que agora parecia ter deixado de lado a expressão sonolenta para uma cheia de curiosidade. – Alguma suspeita?

- Orochimaru.

Naruto arqueou a sobrancelha.

- É ele quem faz os balancetes, Kakashi. Por que cargas d’água não teria camuflado a situação?

- Por que desta vez não foi ele quem encaminhou o pedido, e sim eu mesmo. Ele sabia tanto quanto você sobre este documento.

- É uma possibilidade, Kakashi. – O Nara começou. – O certo seria comunicarmos a polícia ou contratarmos um detetive, além de manter o caso no mais absoluto sigilo.

- Era exatamente isso que pensei em fazer, por isso mandei chamá-lo. Gostaria de dar entrada em alguns papéis também, mas vemos isso mais tarde. Preciso de uma indicação sua.

O moreno suspirou tentando forçar a mente a se recordar de alguém.

- Bom, terei de olhar e fazer alguns contatos, mas pode deixar que logo, logo resolvo isto para você.

- E quanto a mim, Kakashi?

Assentia com a cabeça para Shikamaru quando voltei meus olhos para um Naruto com a expressão muito desconfiada. Abri um leve sorriso calmante.

- Não se preocupe, só mandei te chamar para lhe colocar a par de toda a situação. Sei que é extremamente competente, Naruto.

Ele sorriu mais tranqüilo e anunciou sua saída. Despedimo-nos e fiquei a sós com Shikamaru. O resto do dia correu de maneira tranqüila enquanto eu e o Nara discutíamos uma papelada e toda uma burocracia para certas licenciaturas.

Fui lembrar-me que precisava almoçar já passava das três da tarde e optei por um lanche simples. Revisei alguns documentos e peguei as chaves.

Sakura.

Lembrei-me da rósea. Como será que havia sido o dia dela? Bom, esperava eu que menos turbulento que o meu.

Bellantine's - Whisky importado caríssimo e delicioso.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Cá estou eu depois de meses de ter deixado essa fanfic em hiatus. Eu sei que pode parecer maldade, mas sinto-me pouco incentivada a continuá-la. Sorte (ou talvez azar) de vocês que eu prometi que a terminaria e por isso já construí um mapa de tudo que irá acontecer em cada capítulo, até o final.Este saiu meio medíocre, eu sei. Envergonho-me dele. Mas era uma parte necessária antes de começar as mudanças radicais.A PARTIR DE AGORA ESTA FANFIC SERÁ ESCRITA EM TERCEIRA PESSOA.Era um dos principais motivos para sentir bloqueio, não conseguia digitar de maneira correta sem perder a linha de raciocínio além de que em segunda pessoa fica mais fácil de explorar vários ângulos e cenários da história, sem que o personagem principal esteja obrigatoriamente no lugar.Estamos exatamente no meio da fanfic, ainda nos faltam sete capítulos mais o epílogo. Como estou escrevendo três longs ao mesmo tempo, farei uma força para postar um capítulo por mês, já que dedicarei uma semana para cada história e outra para minhas one-shots (que até hoje não saíram do começo).Espero que entendam tudo. Obrigado a quem ainda continua lendo.Beijos.