Queime tudo até as chamas encherem o chão de fumaça

E comece de novo quando seu coração for uma sala vazia

Com as paredes do mais escuro azul

Permiti-me apenas fechar os olhos e sentir o frenesi que invadia o meu corpo violentamente. Estava arrepiado até o ultimo fio de cabelo. Se sentisse isso há algumas semanas teria corrido para meu quarto, mas não, neste momento era apreciável. A sensação era de liberdade recém adquirida, no mesmo tempo em que estava eufórico por poder ver a luz do sol tinha receio do novo, medo do futuro sem toda aquelas coisas da qual estava habituado.

A fumaça era amena, mas me fazia tossir, contudo não queria me afastar e perder sequer um segundo da dança avermelhada do fogo. Plástico derretendo, fotos encolhendo-se em pequenos círculos de cores disformes para no fim ter o mesmo fim do papel, cinzas.

Todas as recordações dos últimos anos estavam queimando no canto da sala. O número de coisas que me apeguei nos últimos anos de depressão eram maiores do que conseguia me lembrar, mas agora não tinha importância. Livrar-me-ia de tudo para recomeçar.