A última Cartada escrita por daghda


Capítulo 22
Glória, Reverência. Pompa e Circunstância.


Notas iniciais do capítulo

Nossa... que saudades... passei realmente muuuuito tempo sem postar nada, nem ler nada, nem acessar o Nyah... Juro que não foi por falta de vontade. Nunca imaginei que iria dizer isso... mas foi falta de tempo e condições.
Seja como for... taí mais um importante capítulo da fic... espero que eu não tenha perdido a mão-à-pena. Ah... esse capítulo... espero que gostem...



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Lord Voldemort nunca se imaginou na posição em que se encontrava nesse exato momento. Nunca imaginou se sujeitar a isso. Contudo não estava se sentindo mal. Conseguia encontrar nisso um humor cruel e sarcástico. Aproveitava inclusive para brincar de marionetes. Estava hospedado em um hotel trouxa, disfarçado de trouxa, no meio da ‘Cidade dos Mil Minaretes’. Lançava Impérius a torto e a direito em inúmeros trouxas também hospedados e os fazia se meter em situações as mais vexatórias e vergonhosas possíveis.

 

Contudo, sua ansiedade era tamanha, que sequer dormia. Sendo o bruxo que era, sequer precisou prepará-la: conjurou mesmo uma poção restauradora e tomava-a incessantemente. Queria estar na plenitude de suas energias quando o esperado encontro ocorresse.

 

Sabia que não havia ainda hora nem local marcados. Deveria esperar a coruja do ilustre bruxo que solicitara o encontro. O primeiro contacto o levara a euforia. Estava muito próximo de alcançar uma invencibilidade jamais imaginada por qualquer outro bruxo. Mesmo porque nenhum outro teve a ousadia que o Lord das Trevas teve de conquistar a imortalidade. Nem mesmo o bruxo com o qual ele iria se encontrar.

 

Enfim, a esperada coruja, imponente e muito bem cuidada adentrou majestosamente pela janela propositalmente escancarada do luxuoso hotel do Cairo.

 

‘ 'Lord.

 

Meus cumprimentos ao maior bruxo de todos os tempos.

 

Perdoe-me fazê-lo esperar, mas precisei tomar as últimas providências para que nossa negociata pudesse ocorrer.

 

Estou pronto a recebê-lo em minha mansão tão logo possa chegar até aqui.

 

A localização está no mapa anexado a essa carta.

 

Será um prazer tê-lo em nossa casa.

 

Atenciosamente

 

Nicolau Flamel.'’

 

O Lord Negro, esfuziante, como uma criança diante do mais exuberante presente de natal, inicia o movimento para sua desaparatação, mas desiste, decide ir voando. Pega sua capa antigravidade, depois percebe que ainda está vestido com aquelas hilárias roupas trouxas, e decide trocá-las por roupas bruxas de gala. Iria a mais misteriosa mansão do mundo bruxo. Um movimento sutil com a varinha e se sentiu enfim preparado e vestido para a ocasião. Girou ao redor de si, desaparatou, esqueceu-se que havia decidido ir voando e sequer se apercebeu que já tinha vestido a capa antigravidade.

 

Viu-se parado diante de um magnífico portão. Pode jurar que era todo talhado no mais puro ouro. Ao aproximar-se constatou que realmente o era.

 

Como se toda a propriedade, os arbustos, as pequenas aves, as frondosas árvores e o próprio portão estivessem programados para esperar o Lord das Trevas e reverenciá-lo, tudo ao seu redor parou. Nem a mais leve brisa, nem o farfalhar de um único galho, nem o chilrear de um pássaro sequer, se pode ouvir. E tão silenciosamente quanto, o portão calma e vagarosamente, se abriu sem nenhum ruído para dar passagem a Voldemort.

 

Ele caminhava a passos lentos, saboreando cada segundo de sua glória. Rumava pelo caminho calçado que desemborcava em uma varanda maravilhosa. Podia vislumbrar a parede ricamente pintada, as janelas suntuosas, e a imensa porta em madeira de lei, toda talhada em alto-relevo com características de obra de arte renascentista.

 

Sabia em seu íntimo que, ao chegar diante da magnífica porta, esta se comportaria de maneira idêntica ao portão e abrir-se-ia reverentemente para sua passagem.

 

Surpreendeu-se. O rosto feminino entalhado na rica madeira moveu graciosamente seus lábios e pronunciou em uma voz que, mais tarde, Voldemort constataria ser a voz de Madame Flamel:

 

"Seja Bem vindo à nossa residência, Lord das Trevas".

 

E imediatamente que a formosa escultura terminou de proferir essas palavras à porta se abriu revelando aos olhos maravilhados do Lord Negro um suntuoso Hall, ornado de abajures esplêndidos. Todas as paredes vestidas dos mais ricos e, segundo parecia, antigos tapetes persas, alguns encimados por impressionantes telas dos mais inesperados artistas da história. O piso em mármore branco refletia sua roupa negra e causava uma sensação vertiginosa de estar andando sobre um piso transparente e ter logo abaixo dos seus pés, outro indivíduo andando de cabeça para baixo, desafiando a gravidade.

 

O lord saboreava cada instante, cada sensação, e sabia que estava a caminho, e a cada passo se via mais próximo, de sua mais sublime invulnerabilidade.

 

Uma senhora ricamente vestida, com um impecável coque prendendo seus cabelos loiros caminhava em sua direção com um malicioso sorriso nos lábios.

 

Ao aproximar-se, fez uma reverência que impressionou o Lord. Curvou-se diante dele e, ao fazê-lo, o tom loiro dourado dos cabelos foram se alterando gradativamente diante dos seus olhos para um tom negro luminoso e jovial.

 

_Metamorfomaga?

 

_Herdei de meu pai. Sinto-me honrada e feliz em poder conhecê-lo, meu Lord.

 

_ A recíproca é verdadeira, Sra Flamel. Ainda mais por ser recebido pela Sra pessoalmente.

 

_Se puder fazer o obséquio de me seguir, meu marido espera por você no escritório. Depois de sua reunião terei muito prazer em apresentar-lhe toda a mansão.

 

_Será um prazer.

 

Ainda dedicando todo seu esforço para absorver e observar todos os detalhes ao seu redor, para guardar todos os detalhes em sua memória, o Lord sentia-se radiantemente vitorioso. Acabou por quase cometer uma pequena gafe. Quase não notou que Madame Flamel parava diante de uma discreta, porém sofisticada porta.

 

_Meu marido o aguarda. Entre por favor.

 

_Obrigado Sra Flamel. Diz o Lord, tomando-lhe a mão e beijando-a gentilmente, sem, porém, curvar-se diante dela.

 

O gabinete era relativamente pequeno e simples. Contudo exsudava conforto e aconchego.

 

_Uma honra, meu Lord. Disse sorridente o homem esguio enquanto se levantava de sua confortável poltrona e reverenciava Voldemort.

 

O Lord, nem mesmo ele, diante da sutil imponência do homem á sua frente, conseguiu resistir, e quando deu por si, estava devolvendo a reverência com outra. Sentiu-se desconfortável pela sutil intimidação que o homem suscitava, mas sabia que não era momento para deixar isso transparecer. Sorriu, e se esforçou para não permitir que esse sorriso soasse sarcástico. Para isso suscitou um de seus antigos talentos: o de encantar a quem lhe conviesse conquistar.

 

Com um movimento muito sutil de sua varinha, Flamel fez uma duplicata da poltrona onde estava aconchegado, idêntica, e convidou o Lord a se sentar apenas com um gesto.

 

Os dois devidamente acomodados começaram enfim a conversar, em um tom trivial, mas com os semblantes bem mais sérios, atentos e compenetrados do que alguns minutos antes, quando pousaram pela primeira vez os olhos um no outro.

 

_Como deixei bem explicito na carta que lhe enviei, meu Lord. Sou simpático à sua causa. Deve saber que tenho mais idade do que possa imaginar. Vivi tempo suficiente para constatar a miséria e a putrefação dos trouxas. Eles não merecem existir, senão como escravos da raça superior que são os bruxos. São menos do que elfos, e também mais inúteis.

 

_ É uma lisonja saber que um homem de sua envergadura compreende e apóia meus intentos.

 

_Sei também que anda enfrentando alguns obstáculos e ameaças.

 

A essa afirmação, Voldemort sentiu a contrariedade consumir-lhe mais fortemente, mas ainda conseguiu manter-se composto.

_Isso é fato, mas nada que veramente me ameace.

 

_Contudo, deixei claro que pretendo fazer-lhe uma oferta. Pretendo dar a você uma pedra filosofal, idêntica a que possuo, e que me garante a longevidade da qual posso me gabar, e gozando de perfeita saúde e juventude, como pode ver com os próprios olhos.

 

_Isso muito me alegra e apraz, Senhor Flamel. Contudo, creio que essa reunião destina-se à negociação de como isso se dará. Imagino que deve haver algo que eu possa lhe oferecer em troca, não?

 

_Na verdade, não, meu Lord. Como sabe, a pedra filosofal pode gerar duas poções distintas. Uma que é capaz de transformar qualquer metal banhado por ela no mais puro e valioso ouro. Portanto pode averiguar que nada material ou financeiro me falta. E creio que essa riqueza pode vir a calhar para o financiamento de seus projetos. Estou certo?

 

Um tanto desconcertado, Voldemort apenas meneia afirmativamente a cabeça.

 

 

_E a segunda poção que a pedra é capaz de gerar é simplesmente o elixir da longa-vida, que não apenas é capaz de coibir a ação do tempo sobre seu corpo material, impedindo que ele envelheça ou entre em falência, como pode curar um incontável de enfermidades, principalmente todas as feridas físicas do corpo.

 

_Não há nada no mundo que me pudesse ser mais útil, Senhor Flamel.

 

_Exatamente. E por isso quero dá-la a você, na expectativa de ver o mundo bruxo enfim imperando sobre os repugnantes trouxas, ou talvez, exterminando a todos.

 

_Mais uma vez insisto. Sob que condições o Sr vai me dar essa pedra?

 

_Apenas sob a condição de tê-la finalizada. Nesse exato momento estou finalizando a produção da pedra com a qual pretendo presenteá-lo. Ainda essa semana ficará pronta. Então poderá testá-la ainda aqui, em minha presença, e constatar os maravilhosos efeitos que ela pode proporcionar.

 

O Lord sentia-se desconcertado. Sentia uma forte tendência a desconfiar das intenções de Flamel. O que o levaria a oferecê-lo tão facilmente a pedra? Mas estava muito próximo de consegui-la, e não valia a pena perder essa oportunidade por receios. Decidiu levar adiante toda aquela situação. Concluiu então aquilo que lhe soou mais confortável:

 

_Só posso concluir, então, Sr Flamel, que conquistei um poderoso aliado.

 

_Exatamente. Quero deixar claro que não quero participar sob nenhuma circunstância diretamente das batalhas. Pessoalmente tenho uma certa preguiça de guerras e revoluções hoje em dia. Mas a resposta é positiva. Quero contribuir à sua causa.

 

_Então só posso lhe ser grato.

 

_Não seja. Se sair vitorioso, eu é que lhe serei grato.

 

_Então, quanto verei a pedra?

 

_Tão logo ela fique pronta. – Nesse momento a porta do gabinete se abriu e mais uma vez a Sra Flamel entra. Mas dessa vez, ainda descalça, os cabelos lhe caiam soltos pelos ombros e colo, totalmente ruivos. – Queira acompanhar minha esposa, meu Lord. Ela lhe mostrará a mansão.


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Notas finais do capítulo

Bem... que bom que eu tinha os esqueletos desse e de mais alguns capítulos adiante... e posso dizer que minha memória também não me deixou na mão... estou conseguindo lembrar detalhe por detalhe tudo o que planejei para a fic, além daquilo que registrei no esqueleto dela... agora vou mandar para a frente e ver se consigo soltar mais alguns capítulos bem rapidamente...
espero que gostem, mais uma vez desculpem meu sumiço, mas to de volta e muito feliz por ter voltado...
Abraços
Daghda Mac Bel



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