A última Cartada escrita por daghda


Capítulo 10
O Esconderijo


Notas iniciais do capítulo

Aproxima-se o dia do nascimento do garoto que irá sobreviver. Mas o Lord das Trevas ainda não conseguiu sucesso em descobrir o paradeiro da família Potter. Sua única fonte, seu único espião já não conseguia os mesmos resultados de alguns meses atrás, antes de receber a marca negra. Restaria-lhe agir mais agressivamente? Ainda restaria mais algum movimento estratégico antes de sair disparando Avada Kedavra pra todo lado?



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Os dias iam passando lentamente na casa improvisada magicamente por Dumbledore e McGonaghal para abrigar os casais ameaçados. Bem mais lentamente aos olhos dos dois impacientes casais, escondidos e fora de ação, do que realmente estava. Todos os dias Tiago perguntava a Dumbledore quem tinha contado sobre a profecia a Voldemort, mas o velho barbudo sempre se esquivava da resposta de algum modo. Ele sabia que não seria nada prudente permitir que Tiago soubesse que fora Snape quem ouvira parte da profecia de uma jovem adivinha chamada Trelawney no Cabeça de Javali. E que teria sido dele que partira a informação, fosse ela oferecida de boa vontade, ou sendo arrancada do rapaz pela poderosa legilimancia que o Lord dominava.


Outra pergunta que faziam constantemente a Dumblerode era como ficariam seus empregos, mas o diretor somente dizia para ficarem tranquilos, que cuidara de tudo, e que depois que tudo terminasse, teriam seus empregos de volta e muito provavelmente, uma ‘Ordem de Merlin’.


Os primeiros membros da ordem a serem aprovados nas investigações, com todas as suspeitas removidas de sobre eles, recuperando as memórias do dia da reunião e adquirindo o direito de visitar os casais foram Lupim, Hestia Jones e a família Weasley, que desde então passaram a se manter o mais discretamente possível hospedados em Hogmeade e os visitava quase todos os dias, adentrando o castelo sob poderosos feitiços desilusórios.


Vários membros da Ordem da Fênix ainda estavam sob intensa investigação e por causa de situações agravantes, ainda estavam sendo observados e ainda não tinham sido submetidos aos interrogatórios.


Sirius e Petigrew estavam nesse grupo: Sirius por ser irmão de Régulo, comensal que entregou a condição de gravidez das duas jovens, mesmo contra a vontade. Existiram sempre ocasiões muito propícias para Sirius mudar de lado. Até agora não tinha dado nenhum motivo de desconfianças, mas as condições mudaram drasticamente. E para Pedro, o fator agravante eram suas frequentes sumidelas. Ninguém sabia dizer onde ele andava nos longos momentos em que estava ausente e simplesmente incomunicável.

Todos os dias Tiago perguntava a quem pudesse pelo paradeiro dos dois amigos e companheiros marotos, e protestava veementemente contra as desconfianças que recaiam sobre eles. “São meus amigos, e eu confio neles! Porque vocês não confiariam? Eles seriam incapazes!”.


Mas as investigações estavam acima disso e deveriam proceder exatamente como planejadas. Por isso os protestos não resultavam em nada.


Por outro lado Pedro Petigrew já tinha percebido que algo estranho pairava no ar. Estranhava o sumiço de Tiago e Lílian, de Frank e Alice. Estranhava a ausência de respostas diferentes de “não se preocupe, eles estão bem” que recebia todas as vezes que perguntava por eles. Notou que vez por outra um membro da ordem era convocado para reuniões particulares, e ao mesmo tempo estava sendo massivamente pressionado por Lord Voldemort que queria resultados, queria o paradeiro de suas novas futuras vítimas.

Petigrew sentia-se a cada instante mais acuado. De um lado, percebia que algo não ia muito bem com a ordem da fênix. Pressentia, como se fosse uma vaga de lembrança, que estava na mira. Por outro lado, seu trabalho junto aos comensais, que fora tão eficiente a ponto de lhe render o direito de ser intitulado um correligionário de Voldemort, que lhe garantira o direito de envergar a marca negra no antebraço esquerdo, agora se mostrava mais estéril que as areias do deserto mais ressequido.

O mais novo comensal da morte se viu forçado a tomar medidas drásticas. Não podia ficar parado, precisava de providências, precisava agir, e dessa forma decidiu fazer suas próprias investigações.


Usando toda a sua capacidade, tanto intelectual como mágica, que não era muita, mas acabou por não deixá-lo na mão, entrou em ação. Começou por fazer uma visita a Sirius (na pequena casinha que ele alugara em Godric’s Hollow, perto dos amigos) fingindo-se preocupado com os amigos. Deixou displicentemente lá um pequeno objeto escondido sob os estofados do sofá: um pequeno grampo mágico. Realmente tinha o formato de um grampo, mas era um objeto enfeitiçado para transmitir o som de todas as vozes que soassem na casa para um receptor em outro ponto: um quarto no ‘Cabeça de Javali’ que ele sempre mantinha alugado anonimamente. O receptor nada mais era do que um copo de cristal enfeitiçado para reproduzir o som das vozes captadas pelo grampo. E foi assim que ele ouviu a conversa de Sírius com Marlene McKinnon. Ela sempre nutrira uma paixão pelo cachorrão, que apesar de nunca tê-la levado completamente a sério, pelo menos gostava dela e, depois dela, se manteve mais, digamos, quieto. Ela o procurou pela manhã e propôs que almoçassem juntos e ele a convidou para almoçar em sua casa. Preparou a sua famosa panqueca de bacon e acendeu velas na mesa. Como último retoque, conjurou flores coloridas e perfumadas. Mas quando ela chegou, ele notou que se mostrava um tanto angustiada e intrigada e que tinha algo importante a dizer.


_Olá, Marlene. Linda como sempre, mas você me parece angustiada;


_E estou Sirius. Há algo que está me preocupando muito, e queria saber se pode me ouvir.


_Sempre estarei aqui para o que você precisar Lene. Então me diga por que quis se encontrar comigo?


_Para lhe contar que fui convocada para uma reunião particular com Dumbledore no ‘Cabeça de Javali’. Você sabe, Sirius, alguma coisa a respeito?


_Muito pouco, Lene. Pelo que pude perceber, todos estão sendo convocados, e saem dessa reunião com atitudes muito diferentes, parece-me, entre aliviados e ansiosos.


_Mas o que acontece nessas reuniões? – perguntou a bruxa, com voz aflita.


_Sinceramente não sei, e creio que não saberei, porque todos que saem dela dizem não poder revelar seu teor, por pedido do tio Dumb. E se assim for, você também não poderá me contar, e eu só vou descobrir quando for convocado. Mas você foi convocada a comparecer na tal reunião quando?


_Recebi um patrono de Dumbledore hoje de manhã e tenho que me apresentar agora, depois do almoço. Daqui vou desaparatar direto para Hogsmeade.


E isso era melhor do que Petigrew poderia ter desejado. Tinha todas as informações de que precisava. Quando, onde, como. Só havia uma coisa que o preocupava: precisaria agir sozinho, e com coragem. Mas seria agora ou nunca. Precisaria pela primeira vez enfrentar sua própria covardia, e precisaria agir de verdade. Sabia que não seria fácil, e amedrontava-o muito o conhecimento de que Marlene McKinnon sabia mandar uma azaração furunculus como ninguém, pois vira muitos colegas sonserinos assistindo aulas de pé por mais de uma semana depois de cruzarem o caminho da bruxa. Talvez precisasse até duelar, e tremia só de pensar nessa possibilidade. A melhor opção seria atraí-la tentando não demonstrar suas intenções. Daria certo, ele era, até que se provasse o contrário, um fiel devoto de Dumbledore e dos Marotos, era membro da Ordem da Fenix, e Marlene não teria motivo algum para não acompanha-lo;


Ficou atento, olhando pela janela do minúsculo quarto no pub mal afamado de Hogsmeade e viu o momento exato em que a bruxa aparatou na rua defronte a porta de entrada. A viu entrando e esperou bem umas quatro horas sem despregar o olhar da rua até que a viu saindo. Precisou agir rápido. Desaparatou do quarto e sentiu imediatamente que largara um tufo de cabelos na nuca para trás, aparatando ao lado da bela moça no exato momento em que ela se preparava para girar e desaparatar.

Ela se assustou e olhou para o mirrado e encardido bruxinho diante dela.


_Pedro, você me assustou. – disse, tentando disfarçar da voz a zanga que deveras sentia pelo susto que levara. – O que você está fazendo?


_Estava à toa em casa e pensei em vir tomar alguma coisa em Hogsmead, então vim para cá. O que acha de me acompanhar Marlene? Aqui ou no ‘Três Vassouras’?


_Mas, Rabicho. Você mora em Londres. Porque sair de lá e viajar até aqui só para tomar alguma coisa?


Marlene desconfiou de algo, e Rabicho percebeu isto. Mudanças de planos. O melhor que ele poderia fazer seria petrificá-la e leva-la a força. Tirou a varinha discretamente e mandou a azaração mentalmente. Funcionou melhor do que ele esperava, mas ela percebeu o que ele fizera e antes de ser atingida em cheio e cair em seu colo com o corpo endurecido, ele sentiu a força do feitiço que ela mandara, acompanhado de uma dor lancinante na parte interna das coxas: furúnculos brotaram em toda a área.

Mas ele conseguira. Capturou um membro da ordem que estivera na reunião da qual ninguém se lembra, e sabia que, se ela já tinha sido convocada para a já famosa reunião particular com Dumbledore, da qual todos saíam diferentes, ela sabia do que se tratava. Desaparatou diretamente no seu quarto na pequena e malcuidada casa dos Petigrew e trancou sua porta com um ‘coloportus’ feito às pressas, amarrou os punhos e os tornozelos da bruxa com firmeza e a deitou em sua cama bamba, desfez o ‘petrificus totalus’ e iniciou investindo sua raquítica legilimancia sobre ela, o que não deu resultados. Tentou forçá-la a dizer algo através de tortura, mas além da sua inabilidade com as maldições que causavam dor, sabia que não poderia exagerar, porque tortura em demasia poderia prejudicar a eficácia do feitiço de memória que usaria depois, para garantir que ninguém desconfiasse ainda mais dele.


Por fim tivera que recorrer a Snape. Deixou Marlene McKinnon amarrada e sob um feitiço emudecedor. Desaparatou diante de outra cabana, também em um bairro pobre de Londres, torcendo para encontrar o colega comensal em casa. Precisou implorar, chorar, se humilhar, mas enfim conseguiu convencê-lo a ceder algumas gotas de 'verita serum'. Era difusamente sabido entre os Comensais da Morte que este não andava sem alguns frascos que ele mesmo, com sua renomada habilidade no manejo de poções, preparava.


Enfim com a 'verita serum' de Snape em mãos, e administrado fartamente em sua vítima, conseguira descobrir sobre a investigação, sobre as suspeitas de traição, mas a determinação e a lealdade da jovem mulher era tamanha que ao questionar sobre o paradeiro dos Potter e dos Longbotton, não houve feitiço que fizesse a destemida bruxa voltar a abrir a boca a falar.


Vendo enfim que não conseguiria resultado melhor, aplicou com muito cuidado, atenção esforço o feitiço da memória na pobre refém:


_'obliviate'.


Disse de um susto num movimento ágil com a varinha, surpreendendo até a si mesmo com a precisão que alcançara. Percebeu que pelo menos nesse feitiço tinha sido bem sucedido. Ali estava a mulher com a lembrança totalmente apagada, sem nenhuma sequela. Agora era apenas implantar a singela memória que ele tão dedicadamente criara para a amiga e correligionária, onde os dois aparecem sentados a uma mesinha em casinha dele, tomando chá e reclamando saudades dos Potter.


Mais tarde se apresentaria trêmulo e amedrontado diante do Lord:


_Meu Lord, estamos correndo perigo, todo o plano, eu estou correndo perigo...


_Como eu previra rabicho, sabia que não seria corajoso o suficiente. Mas daí a criticar meus planos, acha mesmo que existe alguma imperfeição nos meus planos, Rabicho?


_De forma alguma Meu Lord, apenas ocorre que a ordem já desconfia que haja um traidor. Eles já sabem sobre a ameaça aos bebês. Estão se preparando e podem... podem me descobrir...


_Não se sentiria privilegiado se tivesse a chance de morrer por nossa causa Rabicho?


Todos os pelos do corpo mirrado do garoto se arrepiaram de terror, mas pensou antes de falar e respondeu:


_Não, Meu Lord, seria uma honra, uma verdadeira... – gaguejou e tremelicou– é somente que morto não posso mais ser útil, mas, se o Lord me ajudasse...


_Diz logo o que quer Rabicho, não me esgote a paciência...


_se o Lord pudesse me ajudar a retirar a marca por algum t...


Aos gritos o Lord responde:


_Ninguém tira a marca, ninguém deserta do grupo, a única maneira de sair é MORRENDO, entendeu? MORRENDO. - disse isso mesclando na voz e na fisionomia raiva, escárnio, crueldade e divertimento mórbido, levantando ameaçadoramente a varinha na direção do assustado e covarde bruxo, sem, no entanto ter real intenção de usá-la, somente pelo prazer de ver o estafermo empalidecer de susto e se desculpar.


_Não, nunca, não quero desertar, sou feliz em ser um seu servo, Meu Lord, mas eles estão investigando e podem pedir para ver meu braço, se houvesse um jeito de apenas torna-la invisível, Meu Lord, apenas para não destruir o disfarce, sei que seria mais útil e conseguiria revelar o esconderijo dos Longbotton e dos...


_Os Longbotton não me interessam. Tenho certeza que o meu oponente vai nascer dos Potter. Aquele traidor de sangue imundo, só poderia gerar um porco imundo que ousaria um dia tentar me confrontar. Os Potter precisam morrer, preciso matá-los todos, rapidamente, antes que o filhote daqueles ratos infectos nasça.


Nesse momento chegava Snape na sala, atendendo a um chamado de Voldemort, que precisava de uma poção seca-sangue para misturar escondido à bebida de uma imunda sangue-ruim que andava fazendo estragos no ministério.


Ele com certeza ouvira as últimas palavras do Lord, e isso lhe gelou o coração e paralizou-lhe as pernas. Foi nesse momento que Snape se sentiu mais em prova na vida. Sabia que era bom em oclumencia, mas será que sua habilidade iria ser páreo para o Lord Poderoso?


Num primeiro momento sentiu-se falhar e o Lord conseguiu acessar as memórias que denunciavam sua paixão platônica por Lílian, mas essa invasão pareceu fortalecê-lo. Primeiro o medo embotou seus pensamentos e os embaralhou. Depois o mesmo medo anestesiou suas reações facilitando que ele voltasse à sua condição habitual de frieza e indiferença. Mas foi quando um pesar imenso por ter revelado ao Lord sobre a profecia tomou conta de seu íntimo, sem que ele demonstrasse isso por gestos, em seu semblante ou através dos olhos, foi que notou brotar o mais poderoso bloqueio e a mais sublime forma convencer o Lord de sua honestidade.


Porque a partir desse momento Snape passou a ser capaz de não somente bloquear o Lord como também de lhe enviar lembranças falsas, estrato de sua própria imaginação, que convenciam bem ao Lord Negro. Este outro jamais sequer desconfiou da veracidade das memórias falsas de Snape.




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Notas finais do capítulo

Acima de tudo quero agradecer imensamente a todos que acessaram e leram a história até aqui, e agradeço também os reviews, apesar de serem em numero muito inferior ao fluxo de leitores. Sei que foram sinceros. Espero que continuem gostando dos textos, me esforço por fazer o melhor. Por isso, peço que deixem reviews com opiniões sinceras e críticas construtivas para que eu melhore sempre mais. uma verdade? o review revitaliza nosso animo de escrever, quem nunca se viu empolgado a escrever depois de ler um bom review? Eu fico, podem ter certeza.