Puxar o Seu Trenó escrita por 01


Capítulo 6
Palavras




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Eu ainda lembro bem de algumas coisas que você disse e que me fizeram pensar. Coisas que você disse e que me fizeram te ver como alguém... Talvez sensato. E coisas que você disse que me perfuraram e torturaram. Eu lembro de muitas de suas palavras, de suas exatas palavras, porque elas costumavam valer muito para mim. Muito. E pobre de mim, que acreditava em muitas delas, quase todas. Eu chegava a quase concordar com seu ateísmo, eu chegava à quase concordar com como você via o mundo, mesmo discordando muito.

Palavras, frases como "Deus é um menino com uma fazendinha de formigas", eu acreditava que elas vinham da sua mente brilhante, do seu coração, que mesmo sofrido, era sábio. Eu puxava o seu trenó. Sem dó nem piedade de mim mesmo.

Eu me torturava. Minhas mãos tinham calos, meus pés doíam, minhas pernas estavam trêmulas, e eu ainda acreditava no que você dizia. "Eu vou estar sempre com você". Mentirosa. E quando me contou um pouco sobre si, até aí mentiu. "Matei meus pais", sim, deve tê-los "matado" de vergonha. Você mentiu o tempo todo, e cada palavra sua foi ridícula. Me envergonho de ter estado tão cego. Fui descobrindo aos poucos todas as verdades, todas as contradições das suas mentiras. Descobri recentemente que você ainda se dava ao luxo de plagiar. Não uma, mas duas, três, quatro ou mais frases que me fizeram pensar que você era sábia. Como fui estúpido! Estúpido! E como você foi...

Decepcionante. As suas palavras são tão geladas quanto o gelo desse deserto e tão quentes como a brasa com a qual me queimou. Suas palavras de mentira.


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