Ricardo pov’s

Ela estava com as mãos na minha camisa segurando forte pronta para me derrubar no chão da sala quando a prof. Chamou:

- O que é isso Lucie?

Ela percebeu o que estava fazendo e ficou com cara de tacho. O problema é que ela esqueceu que estava prendendo a minha respiração.

- Lucie, Lucie.

Eu bati nos braços dela com as mãos de leve quando ela lembrou-se e soltou minha camisa.

- Desculpe Prof. É que o Sr. Kepler fica me mandando bilhetinhos com propostas indecentes e elogios obscenos.

Ela falou indignada. Aposto que não foi isso que ela realmente sentiu. Garotas nunca admitem que gostam de bilhetinhos indecentes e obscenos.

Ela sentou como se nada tivesse acontecido e de vez em quando me olhava de rabo de olho.

Uma aula depois quando bateu o sinal para o recreio ela levantou-se rapidamente para fugir dali quando eu segurei no braço dela.

- Desculpa. Mas elas são mesmo maravilhosas.

Eu encarei as coxas dela e ela me deu um forte tapa nas costas.

- Eu não queria aparecer para você hoje de manhã se é isto que pensa. Eu só não pensei que...

- Que alguém estaria na sacada enquanto você se espreguiçava de calcinha?

Ela abriu a boca para dizer algo, mas apenas consentiu com a cabeça.

- Tudo bem. A nossas sacadas infelizmente ficam meio longe uma da outra. Eu não pude ver muito bem.

- Então como diz que as minhas coxas são fantásticas? – ela arqueou uma sobrancelha.

- Eu disse maravilhosas. E isto percebe-se de longe.

Eu olhei para as coxas dela novamente.

- Abusado.

A Lucie virou-se e saiu para o intervalo. Olhando ela de trás também não é nada mal.

Lucie pov’s

Ele realmente não é só abusado. É convencido também. 

No segundo dia de manhã eu me preocupei em vestir primeiro uma roupa decente e depois apareci na sacada, mas ele não estava lá. Não que isso me incomodasse, mas é azar demais ele só estar na sacada quando eu estou de calcinha!

Eu desci e tomei o meu café da manhã calmamente nem me preocupando em chegar cedo na escola, mas um tempo depois eu percebi que chegaria tarde demais. A minha mãe já tinha ido trabalhar no hospital e eu teria que ir andando para escola, no caso correndo por que eu já estava atrasadíssima.

Peguei minha mochila e saí porta afora, um minuto depois eu percebi que ela estava aberta e fechei rapidamente antes de correr de novo.

Eu cheguei dois minutos antes do sinal, tempo para recuperar o fôlego.

Entrei na sala e peguei o lugar de sempre, do lado do Ricardo.

- Decepcionada?

- Com o que?

- Acha que eu não vi a sua cara arrasada por eu não estar na sacada hoje de manhã?

Deus como ele sabe? Eu não sabia se dizia que não era verdade, se sentia nojo do quanto ele era convencido, se perguntava como ele sabia. Resolvi fazer as três coisas,

- Do que você esta falando Ricardo Convencido Kepler e como você pode provar se nem viu nada?

Eu falei irritadíssima e confusamente enquanto a Prof, que estava no meio da chamada, olhou para mim.

- Experimenta olhar pra calçada de vez em quando.

Ele falou baixo sussurrando as palavras enquanto eu ficava vermelha de raiva.