Amor e ódio entre Duas Sacadas escrita por Lorelei


Capítulo 20
Capítulo 20




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Lucie pov’s

Eu estava em frente ao espelho. Toda de preto e socialmente vestida aquilo não conseguia esconder a minha tristeza e o meu corpo que tremia.

- Lucie vamos.

A minha mãe me chamou. Ela também estava aflita.

- O que é isso?

Ela apontou para as malas na minha cama quando viu que não havia nenhuma roupa no armário e tudo estava guardado.

- Você tem chance de ficar comigo?

Ela suspirou.

- Lucie espero que tudo fique bem. Foi um erro proibi-lo de te ver aqueles anos, mas você também queria assim.

- Eu não estou te acusando de nada mãe. Só estou dizendo que eu sei que vou morar com ele a partir de agora.

- Eu prometo que vou fazer você voltar ta bom filha.

Eu a olhei com compaixão. Estava mais arrasado do que eu.

- Eu sei que você vai mãe. Mas você poderia me deixar um momento sozinha?

- Esta bem. Mas não demora logo nós temos que ir.

Eu fui até a sacada e peguei uma pedra que tinha no vaso de flores e joguei na sacada do Ricardo.

Garoto surdo! Tive que jogar mais quatro pedras até ele vir.

- Quem morreu Lucie?

Ele apareceu comendo uma maçã calmamente.

- Eu. Isso nos próximos minutos.

- Veio me convidar pro seu funeral?

- Não. Vim me despedir. A audiência é hoje.

Ele começou a se engasgar com a maçã.

- Ta tudo bem Ricardo? Respira. Você se engasgou?

Ele tossiu mais um pouco.

- Tudo bem. Mas a audiência é hoje? Hoje mesmo?

- Daqui a pouco. Por isso eu vim me despedir.

- Mas você vai embora?

- Ao que tudo indica, sim.

- Nossa Lucie. Que horrível, eu vou sentir tanta sua falta.

- Eu imagino.

- É sério, afinal só você consegue encher o meu taco de beiseball com sangue de ladrões, se perder no mar comigo, se empanturrar de sorvete. Pensando bem eu vou sentir mais falta de você do que eu pensava.

- Eu também vou sentir falta de você. Afinal nunca nenhum garoto transformou a minha casa em motel, a minha sacada em ponto de encontro.

- Mas admita Lucie. Você gosta de mim.

- Eu? Gostar de você? Pode até ser Ricardo,. Mas se for muito pouco. Pouquíssimo.

- Pois eu te amo muito, mesmo.

Eu corei fortemente e ouvi minha mãe me chamar. Joguei um beijo pra ele e fui embora.

Ricardo pov’s

Eu não saí da sacada um minuto naquele dia. Só quando a mãe da Lucie chegou, e chegou sozinha é que eu consegui acreditar que ela não voltaria.

Desci correndo a escada e antes mesmo da Sra. Elena encostar na maçaneta da porta e a abordei.

- Boa atrde D. Elena.

- Boa tarde.

- A Lucie?

- O que você acha? Ficou com o api dela.

- Mas ela não vai mais voltar?

- Isso eu também queria saber Ricardo.

A voz desapontada dela me cortou o coração. A Lucie havia mesmo ido embora mas dentro de mim ainda tinha alguma coisa que dizia que ela ia voltar.

Três semanas depois

- Henrique?

- Ricardo como vai?

Ele me abraçou enquanto eu tentava similar as coisas. Meu primo Henrique, malas e a família reunida e feliz.

- Vou bem, Henrique. Bem. E você?

- Muito bem! Ainda mais agora que eu vim pra ficar.

- Veio pra que?

- Pra ficar oras. Os meus padrinhos não falaram nada pra você?

Ele olhou para a minha mãe e o meu pai.

- Não disseram. Não disseram nada.

- Pois eu estou dizendo agora. Não é fantástico? Eu vou ficar no quarto ao lado do seu a gente vai ser como irmãos agora.

- Irmãos?

- É Ricardo. Dividir as coisas, tomar café juntos.

Eu não conseguia mais raciocinar direito. O Henrique é meu primo. Ele é totalmente diferente da nossa família. Ele é o exemplo, o certo. Eu sou o errado. Ele é a luz, eu as trevas, ele é o branco eu o preto. Ou melhor ele é o loiro de olhos verdes, e eu o moreno de olhos negros.

Desde que eu me conheço por gente eu ouço os meus pais, que são padrinhos dele, falarem maravilhas do Henrique. Ele tira notas boas, ele é inteligente, ele tem namoradas de família. Tudo mentira. Só eu sabia o quanto tudo que ele vivia era uma fachada. Na verdade ele pagava um certo nerd pra fazer os trabalhos dele e tinha varias garotas alem da oficial, nisso a gente não se difere muito, eu até gosto dele a gente se dá bem, mas imagina: desde os 8 anos eu sou comparado a ele. E agora ele esta na minha casa para morar com a gente.

- Mas sem querer ofender. Você por acaso não tem uma casa e uma família? Se quer um irmão adote um.

- Bem, tenho. Mas o colégio em que eu estudava fechou. E você esta em uma das melhores escolas do país, papai e mamãe também queriam que eu estudasse em um bom colégio.

- Vamos querido, não seja desagradável com o seu primo e ajude-o a levar as malas dele para o quarto.

Eu peguei as duas malas dele e levei até o quarto de hospedes, que daqui pra frente seria o quarto do Ricardo. O maior problema é que o quarto de hospedes fica ao lado do meu, sendo assim a sacada fica ao lado da minha, nem pensar na Lucie em paz eu não vou poder mais. 


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