Amor e ódio entre Duas Sacadas escrita por Lorelei
Lucie pov’s
Eu estava em frente ao espelho. Toda de preto e socialmente vestida aquilo não conseguia esconder a minha tristeza e o meu corpo que tremia.
- Lucie vamos.
A minha mãe me chamou. Ela também estava aflita.
- O que é isso?
Ela apontou para as malas na minha cama quando viu que não havia nenhuma roupa no armário e tudo estava guardado.
- Você tem chance de ficar comigo?
Ela suspirou.
- Lucie espero que tudo fique bem. Foi um erro proibi-lo de te ver aqueles anos, mas você também queria assim.
- Eu não estou te acusando de nada mãe. Só estou dizendo que eu sei que vou morar com ele a partir de agora.
- Eu prometo que vou fazer você voltar ta bom filha.
Eu a olhei com compaixão. Estava mais arrasado do que eu.
- Eu sei que você vai mãe. Mas você poderia me deixar um momento sozinha?
- Esta bem. Mas não demora logo nós temos que ir.
Eu fui até a sacada e peguei uma pedra que tinha no vaso de flores e joguei na sacada do Ricardo.
Garoto surdo! Tive que jogar mais quatro pedras até ele vir.
- Quem morreu Lucie?
Ele apareceu comendo uma maçã calmamente.
- Eu. Isso nos próximos minutos.
- Veio me convidar pro seu funeral?
- Não. Vim me despedir. A audiência é hoje.
Ele começou a se engasgar com a maçã.
- Ta tudo bem Ricardo? Respira. Você se engasgou?
Ele tossiu mais um pouco.
- Tudo bem. Mas a audiência é hoje? Hoje mesmo?
- Daqui a pouco. Por isso eu vim me despedir.
- Mas você vai embora?
- Ao que tudo indica, sim.
- Nossa Lucie. Que horrível, eu vou sentir tanta sua falta.
- Eu imagino.
- É sério, afinal só você consegue encher o meu taco de beiseball com sangue de ladrões, se perder no mar comigo, se empanturrar de sorvete. Pensando bem eu vou sentir mais falta de você do que eu pensava.
- Eu também vou sentir falta de você. Afinal nunca nenhum garoto transformou a minha casa em motel, a minha sacada em ponto de encontro.
- Mas admita Lucie. Você gosta de mim.
- Eu? Gostar de você? Pode até ser Ricardo,. Mas se for muito pouco. Pouquíssimo.
- Pois eu te amo muito, mesmo.
Eu corei fortemente e ouvi minha mãe me chamar. Joguei um beijo pra ele e fui embora.
Ricardo pov’s
Eu não saí da sacada um minuto naquele dia. Só quando a mãe da Lucie chegou, e chegou sozinha é que eu consegui acreditar que ela não voltaria.
Desci correndo a escada e antes mesmo da Sra. Elena encostar na maçaneta da porta e a abordei.
- Boa atrde D. Elena.
- Boa tarde.
- A Lucie?
- O que você acha? Ficou com o api dela.
- Mas ela não vai mais voltar?
- Isso eu também queria saber Ricardo.
A voz desapontada dela me cortou o coração. A Lucie havia mesmo ido embora mas dentro de mim ainda tinha alguma coisa que dizia que ela ia voltar.
Três semanas depois
- Henrique?
- Ricardo como vai?
Ele me abraçou enquanto eu tentava similar as coisas. Meu primo Henrique, malas e a família reunida e feliz.
- Vou bem, Henrique. Bem. E você?
- Muito bem! Ainda mais agora que eu vim pra ficar.
- Veio pra que?
- Pra ficar oras. Os meus padrinhos não falaram nada pra você?
Ele olhou para a minha mãe e o meu pai.
- Não disseram. Não disseram nada.
- Pois eu estou dizendo agora. Não é fantástico? Eu vou ficar no quarto ao lado do seu a gente vai ser como irmãos agora.
- Irmãos?
- É Ricardo. Dividir as coisas, tomar café juntos.
Eu não conseguia mais raciocinar direito. O Henrique é meu primo. Ele é totalmente diferente da nossa família. Ele é o exemplo, o certo. Eu sou o errado. Ele é a luz, eu as trevas, ele é o branco eu o preto. Ou melhor ele é o loiro de olhos verdes, e eu o moreno de olhos negros.
Desde que eu me conheço por gente eu ouço os meus pais, que são padrinhos dele, falarem maravilhas do Henrique. Ele tira notas boas, ele é inteligente, ele tem namoradas de família. Tudo mentira. Só eu sabia o quanto tudo que ele vivia era uma fachada. Na verdade ele pagava um certo nerd pra fazer os trabalhos dele e tinha varias garotas alem da oficial, nisso a gente não se difere muito, eu até gosto dele a gente se dá bem, mas imagina: desde os 8 anos eu sou comparado a ele. E agora ele esta na minha casa para morar com a gente.
- Mas sem querer ofender. Você por acaso não tem uma casa e uma família? Se quer um irmão adote um.
- Bem, tenho. Mas o colégio em que eu estudava fechou. E você esta em uma das melhores escolas do país, papai e mamãe também queriam que eu estudasse em um bom colégio.
- Vamos querido, não seja desagradável com o seu primo e ajude-o a levar as malas dele para o quarto.
Eu peguei as duas malas dele e levei até o quarto de hospedes, que daqui pra frente seria o quarto do Ricardo. O maior problema é que o quarto de hospedes fica ao lado do meu, sendo assim a sacada fica ao lado da minha, nem pensar na Lucie em paz eu não vou poder mais.
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